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Detecção e prevenção da deficiência visual na infância.

CEGUERA Y DEFICIENCIA VISUAL EN EL MUNDO

2.3 Detecção e prevenção da deficiência visual na infância.

A prevenção da deficiência visual, assim como das demais deficiências, é um assunto que deve interessar a todos os cidadãos, visto que, conforme as estatísticas, uma em cada dez pessoas tem algum tipo de deficiência. Todos os avanços conquistados nesta área, do ponto de vista médico, psicológico e educacional nos indicam uma eficiente alternativa: a prevenção.

O primeiro passo é conhecer as causas e manifestações das deficiências para saber como evitá-las. É importante frisar que a deficiência, de modo geral, pode ser considerada como uma condição na qual a pessoa não consegue realizar algumas atividades consideradas normais para o ser humano. Essa condição é provocada por algum dano ou sequela física ou motora, visual, auditiva ou mental.

As deficiências, dentre elas a visual, não são doenças, mas podem ser causadas por uma doença, assim como por: acidentes, por fatores orgânicos ou hereditários e por fatores genéticos, como já comentamos neste mesmo capítulo. Conforme Coll (1995), de 30 a 40% dos casos de deficiência poderiam ser evitados com medidas preventivas. As práticas preventivas devem ser aplicadas em diferentes momentos: Pré-concepcional (antes da gravidez), Pré-natal (durante a gravidez), Perinatal (no momento do parto) e Pós-natal (após o nascimento).

O comportamento preventivo deve ter início logo que o casal decida ter um bebê, conhecendo as suas condições de saúde para gerar uma criança, porque os riscos de má formação do feto, geralmente, ocorrem durante as primeiras semanas da

gestação. O primeiro passo, portanto, é buscar acompanhamento médico. Através de uma série de exames, é possível eliminar alguns riscos de problemas com o bebê.

Além das causas hereditárias, algumas deficiências podem ser provocadas por problemas de saúde da futura gestante. Diversos exames contribuem para a prevenção de grande parte desses riscos. Entre esses exames, os principais são: Hemograma, Glicemia, reação Sorológica para Sífilis, HIV (AIDS), Tipagem Sanguínea.

Estes exames permitem constatações importantes. Por exemplo, doenças, tais como: rubéola, sífilis e toxoplasmose adquiridas durante o primeiro trimestre de gravidez podem provocar má formação do feto, deficiência visual, abortamento, deficiência auditiva, microcefalia e deficiência mental.

Durante os primeiros anos de vida, a criança também está sujeita a adquirir algum tipo de deficiência. De modo geral, doenças como meningite, sarampo, além de traumatismos, ingestão de alimentos contaminados, intoxicação por medicamentos, produtos de limpeza, acidentes com soda cáustica, instrumentos cortantes, fogo, são as causas mais frequentes das deficiências nesta fase da vida da criança. Além disso, desnutrição, problemas metabólicos e maus tratos na primeira infância, também, podem causar deficiência visual.

Como prevenção, recomenda-se levar a criança mensalmente ao pediatra, pelo menos no primeiro ano de vida; seguir a tabela de vacinação, priorizar o aleitamento materno e utilizar medicamentos somente com orientação médica. A prática preventiva é importante em todos os períodos. A prevenção é, sem dúvida, um compromisso muito importante que cada um de nós deve ter na questão das deficiências e doenças.

É certo afirmar que os problemas de visão, muitas vezes, passam despercebidos aos pais e aos professores, manifestando-se, com frequência, no momento em que aumentam, na escola, os níveis de exigência quanto ao desempenho visual da criança para enxergar de perto.

Quando os problemas visuais são detectados precocemente isso poderá contribuir, positivamente, para o desenvolvimento global da criança, desde que lhe sejam proporcionadas condições de estimulação adequadas às suas necessidades, favorecendo o desenvolvimento máximo de suas potencialidades e minimizando as limitações impostas pela perda visual.

Em todas as situações escolares, os professores em particular têm, normalmente, oportunidade de observar sinais, sintomas, posturas e condutas do aluno, que indicam a necessidade de encaminhamento a um exame clínico. Os sintomas e os sinais mais comuns de alterações visuais, apontados por Bruno (1996, p.5,6), são:

 Sintomas: tonturas, naúseas e dor de cabeça; sensibilidade excessiva à luz (fotofobia); visão dupla ou embaçada durante ou após a leitura;

 Sinais: aperta e esfrega os olhos, irritação, olhos avermelhados e/ou lacrimejantes, pálpebras com as bordas avermelhadas ou inchadas, purgações e terçóis, estrabismo, nistagmo, crostas na área de implante dos cílios.

Prosseguindo, a autora alerta para algumas condutas, que podem ser facilmente perceptíveis pelos educadores, tais como:

franzir a testa ou piscar muito para fixar perto ou longe; dificuldade para seguimento de objeto; cautela excessiva ao andar; tropeçar e cair com frequência; desatenção e falta de interesse; inquietação , irritabilidade ou nervosismo excessivo após trabalho visual prolongado a curta distância, dificuldade para leitura e escrita; aproximar-se muito do objeto que está sendo visto; postura inadequada; fadiga ao esforço visual, fechar ou cobrir um dos olhos durante a leitura; segurar o livro, habitualmente, muito perto, muito longe ou em outras posições incomuns ao ler.

Entendemos que a prevenção da cegueira consiste na formação de mentalidades que deverão envolver a participação de todas as pessoas e de todas as áreas profissionais e, conforme Souto Júnior (1998, p.10), pode ocorrer em três níveis distintos e de muita importância:

 Primária - aquela que busca evitar o surto do fator causal através de aconselhamento genético, vacinação contra infecções, oxigenação racional dos prematuros, medidas de proteção dos operários, exames oftalmológicos etc;

 Secundária - quando não se pode evitar o surto da doença, empenhamo-nos em impedir que ela evolua para a cegueira através de diagnóstico precoce e de tratamento adequado;

 Terciária - que não previne propriamente a cegueira, mas os malefícios dela decorrentes, através da reabilitação e recuperação.

A National Society for the Prevention of Blindness - EUA (Sociedade Nacional de Prevenção da Cegueira dos Estados Unidos da América) recomenda, como teste mínimo de prevenção da cegueira para crianças em idade escolar, um teste anual com a Tabela de Snellen para medir a visão, como podemos verificar a seguir, na figura 7:

FIGURA 7. Tabela de Snellen.

Fonte: Oliveira (2001; p. 27).

Esta tabela consiste em fileiras da letra “E” maiúscula apontando para várias direções, em linhas com impressão de tamanhos diferentes. Cada fileira de letras de determinado tamanho tem uma designação de distância. Por exemplo: Para uma pessoa com visão de 20/200, com exceção das letras de cima da tabela, as demais são indecifráveis.

O teste de Snellen é amplamente empregado, em todos os países, por ser simples e poder ser rapidamente administrado pelo professor, por agentes de saúde e enfermeiros com crianças e pessoas que não sabem ler. Mas tem suas limitações, pois,

conforme atesta Telford e Sawrey (1988, p. 472), detecta apenas a visão central, não detectando a hipermetropia, a presbiopia ou o estrabismo.

No Brasil, o Ministério da Saúde tem promovido, nos últimos anos, campanhas de prevenção da cegueira nas escolas, onde educadores aplicam o teste de Snellen com todas as crianças da primeira fase do Ensino Fundamental I (1ª a 4ª série).

Porém, todo o trabalho realizado pelos educadores esbarra nas dificuldades posteriores, como é o caso do encaminhamento aos oftalmologistas, de crianças nas quais se detecta grande dificuldade para enxergar de perto ou de longe. O que se dá em razão de, praticamente, não existir esse tipo de profissional nos sistemas públicos de Saúde ou mesmo, quando a consulta é efetivada, surge a dificuldade de conseguir as lentes e os óculos, devido à situação financeira precária de muitos de nossos estudantes de escola pública, como é o caso aqui da cidade do Natal/RN.

Faz-se necessário e urgente que os governos: federal, estadual e municipal criem condições efetivas para que a população tenha garantido o direito a um sistema de saúde preventivo e de qualidade. As Campanhas são de extrema importância, mas podem cair no vazio devido à falta de reais condições para que sejam postas em prática na sua completude e, assim, possam se estabelecer como ações permanentes, efetivas e eficazes.

2.4Dificuldades provocadas pela alteração no Campo visual e/ou Acuidade visual