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Educação de pessoas com necessidades educacionais especiais no Rio Grande do Norte – uma síntese.

CEGUERA Y DEFICIENCIA VISUAL EN EL MUNDO

CAPÍTULO 3 CEGUEIRA: CONCEPÇÕES E RELAÇÕES EDUCACIONAIS REVELADAS NO DECORRER DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE.

2.5 Educação de pessoas com necessidades educacionais especiais no Rio Grande do Norte – uma síntese.

No Rio Grande do Norte, o atendimento às pessoas com necessidades educacionais especiais parece não ter fugido ao percurso vivenciado por tantos outros

considerados deficientes, por terem alguma limitação física, mental, sensorial, no transcorrer da história da humanidade. De acordo com dados do Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte, as pessoas com deficiência somente começaram a receber atendimento institucional específico, no Rio Grande do Norte, em 16 de julho de 1952, quando o médico Ricardo César Paes Barreto fundou essa instituição que, na ocasião, recebeu o nome de Instituto de Proteção aos Cegos e Surdos-Mudos.

Conforme Martins (1997), a instituição funcionava em um prédio cedido pelo Lions Club Natal, no bairro das Rocas, até 1983, e desenvolvia um trabalho exclusivamente assistencialista, pois se detinha apenas na doação de alimentos.

Em 1972, a Secretaria de Educação e Cultura – SEC/RN, criou, no Instituto de Proteção aos Cegos e Surdos-Mudos, uma classe para atendimento educacional das pessoas cegas, sob a responsabilidade da professora Regina Coeli Pinto de Freitas, especialista na área. De acordo com Martins (1997), dos 90 cegos, na faixa etária entre 18 a 45 anos, então matriculados, na instituição, apenas 8frequentavam as aulas.

A partir de 1978, o instituto passou a ser denominado como Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte – IERC, passando a ser dada, paulatinamente, maior ênfase a aspectos relativos à educação e à reabilitação de pessoas cegas, buscando, assim, superar a visão paternalista anteriormente predominante. Nesta época, o IERC atendeu a 55 educandos com deficiência visual, em regime de internato e semi-internato, desenvolvendo os serviços de: estimulação precoce; escolaridade básica (1ª a 4ª séries do I Grau); reabilitação (envolvendo

atividades de vida diária, orientação e mobilidade, educação física, esportes, terapia ocupacional, entre outros).

Em 1983, a instituição foi transferida para o bairro do Alecrim, onde se instalou numa sede própria, construída em terreno doado pelo governo do Estado e aí se encontra até hoje.

Em 2003, atendeu a 160 pessoas com deficiência visual na faixa etária entre 0 a 45 anos, tendo como propósitos não só a reabilitação e a educação, mas também a habilitação das pessoas cegas ou com deficiências visuais graves. Buscou, pois, proporcionar as mesmas oportunidades para um pleno desenvolvimento, bem como para a sua integração ou reintegração à sociedade, possibilitando-lhes maior independência e autonomia (IERC, 2003).

No Programa do IERC são oferecidas atualmente: Atividades da Vida Diária; Orientação, Mobilidade e Locomoção; Música; Educação Física; Oficina Pedagógica; Psicomotricidade; Teatro; Informática; Estimulação essencial; Serviço psicológico; Serviço de assistência social; Serviço de assistência médica e oftalmológica, em parceria com o Hospital Onofre Lopes.

Também é oferecido o ensino em Classes de Alfabetização - onde são atendidas crianças de 6 a 7 anos de idade. Nestas classes, as crianças continuam a receber orientações quanto ao desenvolvimento sensorial e à socialização. As crianças cegas são alfabetizadas através da escrita Braille e aquelas com visão reduzida são alfabetizadas utilizando-se materiais didáticos e letras ampliadas e recursos ópticos adequados à sua condição. O atendimento de alfabetização, também, é dirigido a pessoas fora da faixa escolar. Além das classes de alfabetização, também é oferecido o ensino de 1ª a 4ª séries – que se realiza através de atividades pedagógicas,

envolvendo as mesmas disciplinas da grade curricular do ensino comum, visando propiciar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades.

Esta instituição tem se mantido através de convênios firmados com os governos Estadual, Federal e Municipal e de doações dos associados e campanhas filantrópicas.

No tocante ao atendimento educacional a pessoas com outros tipos necessidade especiais, podemos destacar que, em 5 de abril de 1955, em Natal/RN, foi criada a Sociedade Professor Heitor Carrilho, sob a iniciativa do médico psiquiatra Severino Lopes da Silva e do Sr. Militão Chaves, com o objetivo de atender aos egressos de hospitais psiquiátricos, passando, posteriormente, - a pedido da comunidade, - a atender educandos que não se adaptavam ao contexto escolar. Conforme Martins (1997, p. 119),

o trabalho implantado baseou-se em modelo europeu, idealizado por Maria Soriano Lopes, diretora da Escola Central de Crianças Anormais de Madrid, que na época, era, um dos maiores expoentes mundiais na área. Foi influenciado, também, pelo trabalho desenvolvido no pavilhão Infantil Victor Soares, anexo ao Hospital Juliano Moreira, em Salvador.

No decorrer dos anos, a Sociedade Professor Heitor Carrilho, expandiu seus serviços dando não só prioridade à educação e reabilitação, mas também para “o estudo e conscientização comunitária dos problemas relativos à pessoa portadora de deficiência”. (MARTINS, 1997, p. 120). Atualmente, continua prestando seus serviços a

pessoas com deficiência mental e auditiva, oferecendo atendimento médico, social, pedagógico e fonoaudiológico.

Quatro anos depois, em 1959, foi criada, também em Natal, a Associação de Pais e Amigos de Excepcionais – APAE, por iniciativa de pais que viam ser negado o direito de seus filhos estarem matriculados nas escolas regulares. Inicialmente, funcionava nas dependências da Clínica Heitor Carrilho, passando, em 1978, para uma sede própria, dando continuidade ao trabalho de educação e reabilitação de pessoas com deficiência mental.

Outras instituições foram implantadas no decorrer dos anos, em todo o estado do Rio Grande do Norte, para atender a pessoas com deficiência, apoiadas pelo poder público e por outras instituições financiadoras de âmbito nacional e internacional.

Em 1971, foi criada pela Secretaria da Educação e Cultura – SEC/RN, a Subcoordenadoria de Ensino Especial, em cumprimento ao artigo 9º, da Lei 5.692/71. Essa iniciativa foi possível devido ao grande número de crianças que apresentavam dificuldades de aprendizagem, precisando, portanto, de atendimento específico.

Considerando as informações de Martins (1977), em fins de 1972, a SEC/RN, baseada em dados estatísticos levantados pela Clínica Heitor Carrilho, quanto ao percentual de alunos deficientes no Estado elaborou seu primeiro projeto para atender a crianças que apresentavam déficits de aprendizagem. No ano seguinte implantou 3 classes especiais nas escolas estaduais Izabel Gondim e Presidente Kennedy, com a finalidade de prestar atendimento educacional a 25 alunos com deficiência mental leve.

Concomitantemente, a SEC/RN preocupou-se com a formação de técnicos e docentes para atuarem nessa área educacional, o que continua a fazer nos dias atuais.

No quadro 1 podemos visualizar a matrícula de alunos com deficiência em escolas da rede estadual, a partir de 1972 até 1990.