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Orientação pedagógica aos professores e equipe técnica das escolas municipais

CEGUERA Y DEFICIENCIA VISUAL EN EL MUNDO

ANO Nº DE ESCOLAS

2.5.1.1 Orientação pedagógica aos professores e equipe técnica das escolas municipais

O programa de capacitação dos professores, priorizado pela Secretaria Municipal de Educação, para atender às necessidades dos professores e dos alunos com deficiência, em 1995, era constituído de seminários, cursos, serviço de itinerância, debates e estudos através de módulos, na tentativa de que os profissionais envolvidos, no projeto iniciado, pudessem se instrumentalizar e, assim, exercerem suas práticas educativas com mais segurança.

Em 1996, o Conselho Municipal de Educação, promulgou a Resolução nº 01/96, ainda em vigor, que fixa normas relativas à educação de alunos portadores de deficiência, considerando a Constituição Federal vigente, o art. 9º da Lei Federal nº 5.692, de 11 de agosto de 1971; os art. 2º e 8º da Lei Federal nº 7.853, de 24 de outubro de 1989; os artigos 153, 154, 156 e 165 da Lei Orgânica do Município da cidade do Natal e a Lei Municipal nº 4.090, de 03 de junho de 1992 a fim de garantir o acesso e permanência de todos os alunos na escola.

45 Inclusão educacional - “prática da inclusão de todos – independente de seu talento, deficiência, origem

socioeconômica ou origem cultural – em escolas e salas de aula provedoras, onde todas as necessidades dos alunos são satisfeitas” (Stainback,1999, p. 21)

Em pesquisa realizada por Castro (1997, p. 89) verificou-se que a integração do aluno com deficiência na escola pública municipal de Natal, “tornou mais evidente as dificuldades das professoras no trabalho pedagógico com todos os alunos e, não apenas com aqueles com deficiência, devido às suas condições de trabalho e de sua formação". Verificou-se, ainda, que: "as professoras necessitam mais de fundamentação para uma prática escolar que considere a diversidade dos alunos, que respeite suas diferenças e que façam intervenções pedagógicas que os ajudem a avançar em suas aprendizagens" (CASTRO, 1997. P.89).

Tentando minimizar estas dificuldades, a Secretaria Municipal de Educação (SME) firmou parcerias, a partir de 1997, com instituições especializadas, tais como: Centro Sistema Universal Verbo Tonal de Audição Guberiana (SUVAG), Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte (IERC), Centro de Reabilitação Infantil (CRI), Centro Estadual de Educação Especial, também denominado de “Centrinho” (CEEE), Programa da Pessoa Portadora de Deficiência (PPD), Clínica Pedagógica Professor Heitor Carrilho, entre outras, para efetivação de diagnóstico clínico e acompanhamento daquelas crianças que necessitam de assistência especializada. Parcerias estas continuadas nos anos seguintes.

A SME continuou e continua favorecendo a formação continuada e em serviço de seus professores sobre a educação de pessoas com necessidades especiais, através da realização de: estudos mensais por pólo; oficinas pedagógicas; orientações específicas por tipo de deficiência atendida; visita às escolas, em atendimento ao chamado das mesmas; cursos de atualização e aperfeiçoamento para profissionais da educação e seminários, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte; minicursos de LIBRAS, de Braille, entre outros; orientações

quanto à adequação do espaço escolar, do número de alunos por sala, dos materiais didáticos, da estrutura física e de ações pedagógicas que facilitem a intervenção do professor e promovam o desenvolvimento das potencialidades de cada aluno, independentemente de suas condições.

Todas essas ações buscam considerar o respeito às diferenças dos alunos matriculados nas escolas da rede municipal, a fim de desfazer o mito da homogeneidade - ainda persistente em muitas das suas escolas que, no dizer de Esteban (1999, p. 34), “só serve para escamotear que crianças diferentes, criadas em contextos diferentes, expostas a realidades diferentes, desenvolvem, consequentemente, habilidades e conhecimentos diferentes”.

Embora a diferença não signifique a capacidade de uns para aprender e a incapacidade de outros, sua existência aponta a necessidade de que o trabalho escolar possa incorporar a heterogeneidade que constitui o real, sendo construído a partir dessas diferenças, que o tornam mais rico e dinâmico.

Analisando os dados coletados através da pesquisa efetivada em 1995 pelos técnicos da Secretaria de Educação do Município e da investigação de Castro (1997), percebemos que as angústias em relação ao desenvolvimento de ações pedagógicas significativas junto às crianças com deficiência continuam presentes, assim como a preocupação em torno das condições de trabalho e de formação oferecidas. Isso poderá estar ocasionando, muitas vezes - entre outros fatores - apenas a inserção dessas crianças, jovens e adultos com deficiência, no convívio escolar com os outros alunos, sem que se efetivem, entre os mesmos, trocas significativas de aprendizagem.

Em 2002, conforme dados da Secretaria Municipal de Educação de Natal, em 50 escolas da rede encontravam-se matriculados 403 alunos que apresentavam

necessidades educacionais especiais, na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos, conforme podemos visualizar no quadro 4. Se compararmos estes dados com a matrícula de 2000 e 2001, verificaremos que ocorreu uma ampliação do total de alunos atendidos na rede municipal, em 2002.

ANO Nº DE ESCOLAS DV DA DF DM MD CT OUTRO S TOTAL 2000 53 25 69 32 97 25 4 88 340 2001 47 11 54 23 99 43 7 74 311 2002 50 30 53 33 130 19 17 121 403

Q. 4Alunos matriculados por tipo deficiência na rede municipal de ensino de Natal/RN - 2000 a

2002.

LEGENDA: DV – Deficiência visual; DA – Deficiência Auditiva; DF – Deficiência Física; DM – Deficiência Mental; MD – Múltiplas deficiências; CT – Condutas Típicas.

Fonte: SME/DPI/Censo Escolar - Março/2000.

Objetivando a continuidade do processo de inclusão de crianças, jovens e adultos de forma satisfatória, algumas ações foram realizadas pela SME, tais como: implantação em escolas municipais, no ano de 2003/2004, de seis Salas de Apoio Pedagógico Especializado; ampliação de parcerias com outras instituições, de forma a contribuir para a realização de atendimentos especializados, nos âmbitos pedagógicos, afetivo e social; adesão a programas de formação em serviço do Ministério de Educação, como por exemplo, o Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (PROFA) e os Parâmetros em Ação (PCN); realização de cursos de atualização de professores em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Estas ações foram implantadas com o objetivo de melhor atender às necessidades educacionais de todos os educandos, contribuindo assim para a efetivação de uma escola e de uma sociedade inclusiva, tendo por base os princípios da abordagem sociocultural, que nos alerta para a compreensão e o respeito aos processos de aprendizagem dos educandos, tal como discutiremos no capítulo a seguir. Quanto à rede privada, em Natal, algumas escolas vêm desenvolvendo, desde a década de 80 do século XX, um trabalho pedagógico com educandos com necessidades educacionais especiais, em classes regulares, como é o caso do Instituto Educacional Casa Escola e da Cooperativa Educacional – COEDUC. A primeira instituição citada vem pautando, ao longo desses anos, suas ações didático- pedagógicas nos princípios da inclusão e nos fundamentos da abordagem sócio histórica, sobre a qual teceremos, no capítulo 4, algumas considerações em torno de suas implicações no tratamento de ações pedagógicas frente a educandos cegos.

CAPÍTULO 4A CONCEPÇÃO SÓCIO- HISTÓRICA E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O