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3.1. Oficiais Públicos Datas Extremas: 1389-1498;

3.1.5. Diferenças geográficas

A importância e complexidade político-económica dos concelhos e o seu custo de vida influíram na remuneração do oficialato local. Assim, é sem surpresas que se constata que os oficiais da cidade de Lisboa foram os mais bem pagos a nível nacional. Pelos primeiros anos de 1470, o escrivão da edilidade lisboeta recebia mais de 8000 reais (5553 reais e três moios de trigo), quando os seus congéneres portuense e funchalense auferiam, respectivamente, apenas 3000 e 1000 reais, o que perfazia uma diferença na ordem dos 166 e 700%. Na mesma

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Alguns destes salários devem ser tidos como aproximados, já que incluem o valor do trigo atribuído a diversos oficiais, valor que foi calculado a partir do preço de 15 reais por alqueire (preço registado em Lisboa no ano de 1473) e calculando o moio em 64 alqueires.

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Alguns destes salários devem ser tidos como aproximados, já que incluem o valor do trigo atribuído a diversos oficiais, valor que foi calculado a partir do preço de 30 reais por alqueire (preço registado em Tomar no ano de 1498) e calculando o moio em 64 alqueires.

linha, o porteiro lisboeta recebia mais de 3500 reais (2700 reais e um moio de trigo) quando o porteiro portuense ganhava apenas 1500 reais e o funchalense uns escassos 600 reais.

Pelos finais de Quatrocentos, o tesoureiro portuense recebia 1500 reais quando, em Lisboa, o mesmo cargo era detentor de mais de 13600 reais (6000 reais e quatro moios de trigo), numa diferença de remuneração que ultrapassava os 800%. Por sua vez, o escrivão lisboeta receberia mais de 11700 reais (6000 reais e três moios de trigo) quando os seus congéneres portuense, funchalense e montemorense auferiam todos 3000 reais (diferença de 2900%). Note-se como o mantimento do escrivão portuense estagnou ao contrário do que aconteceu com o dos escrivães lisboeta e funchalense, cujo aumento poderá ser uma resposta ao maior custo de vida e inflação desses espaços. Se o salário do escrivão portuense estagnou, o mantimento do porteiro da mesma edilidade subiu até aos 3000 reais, ultrapassando os cerca de 1500 reais do porteiro montemorense. Ainda assim, ficava longe dos 4900 reais (3000 reais e um moio de trigo) pagos pela vereação lisboeta ao seu oficial.

Refira-se, finalmente, o facto de, em 1422, o porteiro da edilidade montemorense auferir o dobro do mantimento atribuído ao mesmo oficial do concelho de Sabonha (integrando os lugares de Alcochete, Aldeia Galega, Sarilhos e Samouco)373, ou seja, 1000 e 500 reais, respectivamente.

Quadros XII, XIII, XIV e XV:ADMINISTRAÇÕES PÚBLICAS: HIERARQUIA, DIFERENÇA E EVOLUÇÃO (1389-1498)

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Livro da Vereação de Alcochete…, p. 11.

Casa dos contos de Lisboa (1389-1395)374

Comarca da Beira (1431-1435)375

Vereação do Porto (1450-1497)376

Cargo Salário facial prata g de Cargo Salário facial prata g de Cargo Salário facial prata g de

Contador 1200 l. 1104 a 1608 Corregedor 12000 r. 3300 a 3948 Escrivão da câmara 3000 r. 300 a 690 Juiz 1200 l. 1104 a 1608 Contador c. 5386 r. 1481 a 1772 Porteiro da câmara 1500 a 3000 r. 101 a 345 Escrivão 600 l. 552 a 804 Escrivão dos contos 2915 r. 802 a 959 Tesoureiro do concelho 1500 r. 152

Feitor 600 l. 552 a 804 Porteiro dos contos c. 1441 r. 396 a 474 do concelho Procurador 1000 a 1500 r. 115 a 152 Moço 300 l. 276 a 402 Almoxarife c. 731 r. 201 a 241 Enc. do relógio 400 a 560 r. 48 a 127

Escrivão do almoxarifado c. 615 172 a 202 Solicitador 600 r. 60 Porteiro do almoxarifado 324 r. 89 a 107 Juiz dos Varejos 500 r. 51 a 61 Fiscal da balança 300 a 500 r. 30 a 51 Enc. do sino de correr 290 a 450 r. 44 a 45

Administração Lisboeta377

1471378 Até Maio de 1498379 Reformulação de Maio de 1498

Cargo

Salário facial g de prata Salário facial g de prata Salário facial g de prata

Aposentador 9600 r. + 1 m. cevada 1532 - - - -

Contador da

cidade 7709 r. + 2 m. trigo 1464 10709 r. + 2 m. trigo 1455 8000 r. 800 Escrivão dos

contos 7000 r. + 2 m. trigo 1356 7000 r. + 2 m. trigo 1084 5000 r. 500 Escrivão da

câmara 5553 + 3 m. trigo 1282 6000 r. + 3 m. trigo 1176 6000 r. + 3 m. trigo 1176 Tesoureiro da Imposição de Vila Nova 7200 r. 1094 - - - - Escrivão da almotaçaria 6000 r. 912 10000 r. 1000 s. e. s. e. Tesoureiro da

câmara 4000 r. + 2 m. de trigo 900 6000 r. + 4 m. trigo 1368 6000 r. 600 Escrivão da

aposentadoria 4800 r. 730 - - - -

Vedor das obras 2582 + 2 m. trigo 684 trigo e 1 cevada 4000 r. + 2 m. 880 5000 r. 500

1471380 Até Maio de 1498381 Reformulação de Maio de 1498

Cargo

Salário facial g de prata Salário facial g de prata Salário facial g de prata

Escrivão das obras 2282 r. + 2 m. trigo 639 2000 r. + 2 m. de trigo 584 4000 r. 400 Escrivão do tesouro 2142 + 2 m. de trigo 617 2000 r. + 2 m. de trigo 584 2000 r. + 2 m. de trigo 584 Procurador 2000 r. + 2 m. trigo 596 - - - - Juiz do Cível ou

Crime 2000 r. + 2 m. trigo 596 2000 r. + 2 m. de trigo 584 2000 r. + 2 m. de trigo 584 Vereador 2000 r. + 2 m. trigo 596 2000 r. + 2 m. de trigo 584 2000 r. + 2 m. de trigo 584 Procurador dos

negócios

2000 r. + 2 m.

trigo 596 - - - -

Porteiro da câmara 2700 r. + 1 m. trigo 556 3000 r. + 1 m. trigo 492 3000 r. + 1 m. trigo 492

374 Salários faciais já expostos em TAVARES, Estudos de História…, p. 133. 375

Salários faciais já expostos em TAVARES, Estudos de História…, p. 135. Os valores expostos incluem o pagamento do vestuário e são calculados a partir de quantias em libras.

376

Salários faciais e reais, máximos e mínimos, registados ao longo do período.

377

Neste quadro as abreviaturas “m” e “s. e.” referem-se a moio e a sem efeito.

378 Salários faciais já expostos em RODRIGUES, Aspectos da administração..., p. 162. Para calcular o valor do moio de trigo

adoptou-se o preço de 15 reais por alqueire, praticado na mesma cidade em 1473, e a medida de 64 alqueires por moio. O preço do alqueire de cevada foi calculado em metade. O vedor e escrivão das obras tinham mais 2000 reais atribuídos em 1468 e 1469 e aqui retirados. Livro Vermelho…, p. 422-25.

379

Para calcular o valor do moio de trigo adoptou-se o preço praticado, no mesmo ano e na vila de Tomar, de 30 reais por alqueire e a medida de 64 alqueires por moio. O preço do alqueire de cevada foi calculado em metade.

380

Salários faciais já expostos em RODRIGUES, Aspectos da administração..., p. 162. Para calcular o valor do moio de trigo adoptou-se o preço de 15 reais por alqueire, praticado na mesma cidade em 1473, e a medida de 64 alqueires por moio. O preço do alqueire de cevada foi calculado em metade do de trigo. O vedor e escrivão das obras tinham mais 2000 reais atribuídos em 1468 e 1469 e aqui retirados. Livro Vermelho…, p. 422-25.

381 Para calcular o valor do moio de trigo adoptou-se o preço praticado, no mesmo ano e na vila de Tomar, de 30 reais por

Sacador 1772 r. + 1 m. trigo 415 - - - - Homem da

Câmara 1757 r. + 1 m. trigo 413 2000 r. + 1 m. trigo 392 2000 r. + 1 m. trigo 392

Juiz dos órfãos 2000 r. 304 - - s. e. s. e.

Escrivão do marco - - 6000 r. 600 4000 r. 400

3.1.6. Deslocações