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Diretrizes e Objetivos do Plano Nacional de Ensino

“Nenhum país pode aspirar a ser desenvolvido e independente sem um forte sistema de educação superior” (PNE, 2001). Além de responsáveis pela produção de conhecimento – fator indispensável no século XXI - papel notadamente desempenhado pelas universidades e centros de pesquisa, todas instituições de ensino superior possuem a missão de formar profissionais para o magistério, e conseqüentemente melhorar a educação básica, assim como desenvolver quadros técnicos, científicos e culturais de maior nível.

O documento entende a necessidade de pluralidade de instituições no mercado educacional, e coloca no núcleo do sistema as instituições universitárias, “que exercem as funções que lhe foram atribuídas pela Constituição: ensino, pesquisa e extensão. Esse núcleo estratégico tem como missão contribuir para o desenvolvimento do País e a redução dos desequilíbrios regionais, nos marcos de um projeto nacional.” (PNE,2001)

O PNE define três requisitos para estas atividades: relevância, incluindo a superação das desigualdades sociais e regionais, qualidade e cooperação internacional.”Estas instituições devem ser mais que apenas depositárias do conhecimento, precisam assumir seu papel de criação e disseminação.

Além da efetiva autonomia universitária, o projeto propunha que o sistema de controle burocrático das instituições não universitárias fosse simplificado, bem como uma permanente avaliação dos currículos e qualidade do ensino, e expansão das vagas nas universidades públicas, principalmente no turno noturno, para 40% das vagas do sistema.

O documento defendia ainda a necessidade de reconhecimento do valor dos centros universitários, instituições não vocacionadas para a pesquisa, mas que praticam ensino de qualidade, entretanto por um conjunto de abusos praticados por alguns empresários, o governo federal atualmente repensa este papel e proibiu o credenciamento de novos centros através do decreto Nº 4.914 de 11 de dezembro de 2003.

O Plano Nacional da Educação também definiu um conjunto de 23 objetivos e metas para o sistema ao longo de sua duração apresentados na íntegra no Anexo I e analisados com maior propriedade neste trabalho em número de XX. O critério utilizado foi principalmente o impacto na gestão do sistema e instituições de ensino aqui estudadas.

1. Prover, até o final da década, a oferta de educação superior para , pelo menos, 30% da faixa etária de 18 a 24 anos - de acordo com dados do IBGE em 2000 (IBGE,

2004) esta população poderia ser estimada em 24.678.671, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, este número, em virtude da alteração na pirâmide populacional brasileira deve estabilizar ou mesmo diminuir um pouco,projetando uma população de 23.512.977nesta faixa etária em 2011. O número de jovens matriculados deveria então ser de 7.053.893. Levando em consideração que segundo o Censo do INEP em 2002 no sistema encontravam-se 3.479.913 de pessoas, independentes de faixa etária, matriculados seria necessária uma expansão de aproximadamente 8,17% ao longo dos próximos anos para atingir este resultado.

2. Ampliar a oferta de ensino público de modo a assegurar uma proporção nunca inferior a 40% do total das vagas, prevendo inclusive a parceria da União com os Estados na criação de novos estabelecimentos de educação superior – no ano de 2002

as instituições públicas de ensino superior abrigam apenas 30% das matrículas. Uma vez que desde 1998, apenas cinco universidades federais foram criadas – e algumas destas, como a Escola Paulista de Medicina, foram federalizadas - será necessário buscar o aumento de vagas através da oferta de cursos noturnos, conforme objetivo abaixo descrito.

3. Diversificar a oferta de ensino, incentivando a criação de cursos noturnos com propostas inovadoras, de cursos seqüenciais e de cursos modulares, com a certificação, permitindo maior flexibilidade na formação e ampliação da oferta de ensino – estes tipos de curso poderiam representar um enorme benefício para empresas

carentes de mão de obra e utilizariam a capacidade já instalada. Segundo dados do censo do ensino superior de 2002, 36% das matrículas em instituições públicas são no turno da noite. Nas IFES – Instituições Federais de Ensino Superior são apenas 25% no período noturno. De forma geral poderia ser esperado um uma expansão de cerca de 300.000 vagas ao longo dos próximos cinco anos, entretanto este pensamento simplista pode ser contra-argumentado com fatores como disponibilidade de docentes, carga horária insuficiente para atividades de extensão e pesquisa se este for o caminho adotado.

4. Estabelecer uma política de expansão que diminua as desigualdades de oferta existentes entre as diferentes regiões do País – conforme dados do INEP, a expansão

do ensino superior ao longo da década de mil novecentos e noventa deu-se principalmente nos grandes centros urbanos e em cursos de menor custo de implantação. Regiões como o nordeste e centro-oeste tiveram um crescimento médio menor que a média nacional (126,6%). Além disso, existe a necessidade de interiorização do ensino. Ainda conforme pesquisas do INEP, confrontadas com dados do IBGE, enquanto cerca de três quartos da população vivia fora das capitais, apenas 53,4% das vagas estão fora destas cidades.

Gráfico 8 – variação de matrículas por região 1992-2002

264% 121% 103% 143% 223% 0 50 100 150 200 250 300 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Variação no Nº de matrículas por região 1992/2002

Fonte: INEP

5. Estabelecer um amplo sistema interativo de educação à distância, utilizando-o, inclusive, para ampliar as possibilidades de atendimento nos cursos presenciais,

através do Decreto 2.494/98 e da Portaria MEC Nº 301/98, disciplinou seu oferecimento a fim de que esta modalidade de ensino consiga cumprir seu papel.

6. Estender, com base no sistema de avaliação, diferentes prerrogativas de autonomia às instituições não-universitárias públicas e privadas – atualmente o Projeto de Reforma

universitária volta a retomar esta questão. Ainda segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP cerca de 900.000 estudantes estão matriculados neste tipo de instituições e sofrem com o preconceito e excesso de burocracia que estas IES sofrem.

7. Institucionalizar um amplo e diversificado sistema de avaliação interna e externa que englobe os setores público e privado, e promova a melhoria da qualidade do ensino, da pesquisa, da extensão e da gestão acadêmica – desde a metade da década de mil

novecentos e noventa o MEC passou a adotar políticas de avaliação do desempenho das instituições de ensino superior que contava com instrumentos como o Exame Nacional de Cursos, popularizado como Provão, a Avaliação das Condições de Oferta e normas de Re-credenciamento e reconhecimento de instituições e cursos respectivamente. No ano de 2004 uma nova política de avaliação foi proposta pelo governo – SINAES – Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior, que possui como características fundamentais “a avaliação institucional como centro do processo avaliativo; a integração de diversos instrumentos com base em uma concepção global e o respeito à identidade e à diversidade institucionais”.(MEC, 2004)

8. A partir de padrões mínimos fixados pelo Poder Público, exigir melhoria progressiva da infra-estrutura de laboratórios, equipamentos e bibliotecas, como condição para o recredenciamento das instituições de educação superior e renovação do reconhecimento de cursos – à medida que os procedimentos de avaliação deixaram de

verificar apenas o resultado do ensino – nota do provão – e passaram a se concentrar no processo de ensino/aprendizagem, onde acesso a meios informacionais e de aplicação, bem como capacitação docente e de gestores dos cursos a qualidade de ensino pode ser mais, se não facilmente, ao menos corretamente alcançada.