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Em seu artigo 209, a Constituição do Brasil prevê a participação da iniciativa privada na educação conquanto atenda às normas gerais da educação nacional e tenham seu funcionamento autorizado e avaliado pelo poder público.

Na mesma secção constitucional, especificamente no artigo 208 que trata dos deveres do Estado com a educação, a lei máxima do país define e assume a necessidade de intervenção privada na educação superior, na medida que em seu item I determina que é papel do estado garantir “ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria” enquanto no item V defende “acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística segundo a capacidade de cada um”.

Em um cenário onde a educação superior é essencial ao progresso social, este papel deve ser incorporado por instituições de ensino superior privadas.

Ao longo da última década, notadamente a partir de 1994, a expansão do ensino superior deu-se principalmente através do investimento de instituições privadas. Neste período foram criadas 804 (INEP, 2004) Instituições de Ensino Superior e ainda segundo o Censo da Educação Superior de 20002, 1.457.674 vagas.

Dentre as dez maiores instituições do país seis são privadas, representando 70% do volume de matrícula destas grandes instituições.

Entretanto, da mesma forma que existem IES privadas com mais de oitenta mil alunos matriculados, a maioria destas instituições são pequenas faculdades isoladas com uma média de 6,34 cursos por instituição privada, enquanto as instituições estaduais possuem uma média de 39,32 cursos por instituição.

Tabela 5 – Instituições e Cursos por Dependência Administrativa

Categoria Administrativa Pública

Estatísticas Básicas

e Indicadores Total

Geral Federal Estadual Privada

Instituições 1.637 73 65 1.442

Cursos 14.019 2.316 2.556 9.147

Média de Cursos 8,56 31,73 39,32 6,34

Fonte: INEP

Fonte: MEC/INEP/DAES

Gráfico 10 – Distribuição do Número de Matrículas, por categoria Administrativa 1991-2002

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Distribuição do número de matrículoas, por categoria administrativa 1991-2002

Pública Privada Fonte: MEC/INEP/DAES

Evolução do Número de Matrículas, por Categoria Administrativa Brasil - 1992-2002 0 500.00 0 1.000.00 0 1.500.00 0 2.000.00 0 2.500.00 0 3.000.00 0 3.500.00 0 199 2 1994 1996 1998 2000 2002 N º Pública Privada

Tabela 6 – 10 Maiores Instituições de Ensino Superior do Brasil – por número de matrículas

Nome da Instituição UF Categoria

Administrativa Matrícula

1 Universidade Paulista SP Privada 88.304

2 Universidade Estácio de Sá RJ Privada 85.693

3 Universidade de São Paulo SP Estadual 42.871

4 Universidade Luterana do Brasil RS Privada 41.729

5 Universidade Bandeirante de São Paulo SP Privada 34.841

6 Pontifícia Universidade Católica de Minas

Gerais MG Privada 34.078

7 Universidade do Vale do Rio dos Sinos RS Privada 31.670

8 Universidade Estadual de Goiás GO Estadual 31.575

9 Universidade Estadual do Piauí PI Estadual 30.644

10 Universidade Federal do Pará PA Federal 29.773

Fonte: MEC/INEP/DAES

Gráfico 11 – Distribuição das matrículas nas dez maiores instituições do país, por dependência administrativa - 2002

Distribuição das Matrículas nas 10 maiores instituições do país, por dependencia administrativa

70% 7%

23%

Privada Federal Estadual

Estas características acima apresentadas justificam a síntese feita pelo ex-reitor da UFRJ Paulo Alcântara Gomes (2000), que define que de forma geral, as escolas particulares, assim se caracterizam:

Financiadas quase que inteiramente com as mensalidades ou taxas acadêmicas.

Segundo dados da ABMES – Associação Brasileira de Mantenedoras de Educação Superior, publicados em matéria da Folha de São Paulo em 04 de fevereiro de 2004 “No ano passado, 33% dos estudantes da rede privada de ensino superior do país estavam inadimplentes (800 mil alunos). Em São Paulo, cerca de 25% deles não estavam com as mensalidades em dia (209 mil), mais do que o dobro da média histórica de 12%.” (Folha de São Paulo, 2004) A lei nº 9.870, de 23 de novembro de 1999, dispõe sobre as anuidades escolares, do ensino infantil ao superior e foi alterada pela Medida Provisória n.º 2.173-23, de 26 de julho de 2001 que acrescentou ao artigo sexto o seguinte parágrafo “§ 1º O desligamento do aluno por inadimplência somente poderá ocorrer ao final do ano letivo ou, no ensino superior, ao final do semestre letivo quando a instituição adotar o regime didático semestral." Desta forma o governo legalizou a inadimplência e dificultou em grande medida o funcionamento destas instituições.

Abertas aos mercados de massa, quase sempre sem a presença das elites. Os

alunos com melhores condições financeiras e melhor preparo optam pelo ensino de qualidade das Universidades Públicas, e o perfil do corpo discente da maioria das escolas particulares é constituído por pessoas que trabalham para estudar e nem sempre concluem o curso, ante o deficiente financiamento do ensino superior. Dados consolidados pela empresa de consultoria do ex-ministro de estado de Educação Paulo Renato de Souza apresentam a seguinte situação.

Gráfico 12 – Estimativa de mercado alvo por classe social 0,6 0,6 0,7 0,8 0,8 0,8 0,9 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 A+ A- B+ B- C 1,2 1,4 1,3 1,5 1,6 1,7 1,8

Fonte: Paulo Renato de Souza Consultores

Estas empresas necessitam então desenvolver seus próprios canais de financiamento, e controlar de forma eficiente seu orçamento.

Podem ser beneficiadas pela economia de escala. A sinergia entre vários cursos

diminui os investimentos em equipamentos e pessoal de apoio sem comprometimento da qualidade e favorecendo a multidisciplinaridade, entretanto a falta de autonomia das instituições cria um cenário onde a média de cursos por instituições particulares não ultrapassa 6,5 conforme tabela anteriormente discutida. Enquanto apenas 7,4% das vagas das IES públicas são oferecidas em instituições com menos de 2.000 alunos este percentual é de 23,4% nas IES Particulares (INEP, 2003) ao mesmo tempo em que 67% das vagas das instituições públicas encontram-se em universidades com mais de 10.000 alunos o volume de vagas em instituições privadas deste porte é de 48,5% . • Necessitam de marca. Em sua maioria, faculdades isoladas não possuem o mesmo

conceito no mercado que Universidades, o que compromete a obtenção de parcerias, recursos e qualidade do aluno e possuem um elevado custo de captação de alunos. Atualmente é identificada uma tendência de fusões no mercado de ensino superior, a sobrevivência de instituições de pequeno porte poderá depender de acreditações de associações profissionais e educacionais que desenvolvam a marca desta instituição. • Só podem realizar investimentos pontuais em pesquisa e desenvolvimento. Uma vez

orçamento da pesquisa acadêmica. Entretanto por força da política de avaliação adotada no governo anterior tiveram que investir elevadas soma na capacitação e desenvolvimento dos seus quadros docentes. Ao analisar a evolução da titulação docente presente nos censos do ensino superior entre 1994 e 2002 é encontrado um aumento de 384% no número de doutores e de 444% no volume de mestres, enquanto os especialistas aumentaram 146%.

Tabela 7 – Grau de Formação docente por dependência administrativa – 1994-2002

% % % 1994 total 141.482 100 75.285 100 66.197 100 até especialização 86.625 61,23 37.167 49,37 49.458 74,71 mestrado 33.531 23,70 21.268 28,25 12.263 18,53 doutorado 21.326 15,07 16.850 22,38 4.476 6,76 1998 total 165.122 100 83.738 100 81.384 100 até especialização 88.567 53,64 35.121 41,94 53.446 65,67 mestrado 45.482 27,54 25.073 29,94 20.409 25,08 doutorado 31.073 18,82 23.544 28,12 7.529 9,25 2002 total 227.844 100 84.006 100 143.838 100 até especialização 101.153 44,40 28.894 34,40 72.259 50,24 mestrado 77.404 33,97 23.014 27,40 54.390 37,81 doutorado 49.287 21,63 32.098 38,21 17.189 11,95 Privada Grau de Formação

Ano Total Pública

3 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E TOMADA DE DECISÃO

Qualquer decisão irá incluir componentes de descoberta, debate, aleatoriedade irracional, e finalmente efeitos organizacionais. Esta será desenvolvida num processo que gradualmente reduz a margem de liberdade do ator para agir.

Toda decisão é um ato do tomador de decisão: um ator bem definido, poderoso, agindo com referência a um sistema de preferências racionais, entretanto é importante ressaltar que a decisão raramente é tomada por uma única pessoa, mesmo quando a responsabilidade de uma decisão final é de uma única pessoa, a decisão geralmente será uma combinação de sua modelagem de preferência com a de outros.

Deste modo é impossível separar o conceito de decisão do processo decisório. O processo pode ser simplificado em cinco passos, conforme Kwasnicka (1995): a) determinação do problema – a primeira etapa do processo decisório consiste na correta

conceituação da situação a ser analisada pelo tomador de decisão;

b) desenvolvimento de alternativas possíveis para melhor solucionar o problema – basicamente consiste em listar todas as opções com potencial de ação no problema estudado;

c) análise das alternativas, avaliando pontos fortes e fracos das opções – cada uma das opções deve ser analisada, levando em consideração que pontos positivos e negativos apresentam a fim de melhor embasar a decisão tomada na próxima etapa; e

d) seleção da melhor alternativa – após os passos anteriormente detalhados o decisor deverá ponderar todas as questões, e tomar o que considera ser a melhor alternativa ao problema.

Um processo decisório racional como acima descrito é necessário. O professor Thagard, da Universidade de Waterloo, em matéria da Revista Exame, em 2001, defende que "uma opção pode parecer atraente porque não consideramos outras. Podemos sentir uma atração irresistível por uma opção que nos viciou - e nos impede de satisfazer outros desejos. A decisão intuitiva pode se basear em informações não acuradas ou irrelevantes. Finalmente, ela se torna um problema em situações de grupo: como justificá-la?“ (Exame, 2001)

Entretanto ao longo das cinco últimas décadas, um debate sobre a racionalidade no processo decisório, e em geral à Escola Americana de decisão deram corpo a um conjunto de

alterações no modo pelo qual as decisões são tomadas dentro das organizações, em geral e pelo objetivo deste trabalho na gestão de instituições de ensino superior.

Herbert Simon demonstrou o princípio das limitações à racionalidade. No mundo real, é impossível coletar todas as informações, considerar todas as conseqüências ou mesmo esclarecer todas as preferências. Em vez de considerar todas as alternativas, os decisores tipicamente consideram apenas algumas, e não as analisam simultaneamente, mas uma de cada vez. Na prática, não calculam a "melhor ação possível", e sim uma ação que seja "boa o bastante" (ROY , 1996). Esta visão defendida por Simon foi um dos argumentos que fizeram com que vários autores questionassem o tradicional postulado da Otimização, que ditava “em situações de decisão irá sempre existir pelo menos uma decisão ótima” (ROY, 1996) além de defender a maior participação de sistemas informatizados na análise das informações demandadas pelo processo.