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2 DISCURSOS DO SUJEITO COLETIVO EXTRAÍDOS DOS DOCUMENTOS DOS SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL A RESPEITO DAS OFICINAS

Os resultados dos DSCs construídos a partir das questões norteadoras para a análise dos documentos dos Serviços de Saúde Mental (Apêndices H e I) são apresentadas a seguir.

Em relação à questão: “O que significa a palavra oficina para os Serviços de Saúde Mental?”, elaborou-se o DSC: espaço terapêutico.

DSC (D1): Espaço terapêutico

Oficinas Terapêuticas com atividades expressivas, despertando a subjetividade e permitindo vivenciar e emergir, de maneira lúdica e artística, suas dificuldades, escolhas, tristezas, alegrias, paixões. Enfim, encorajar a expressão e descarregar as tensões, com produção de trabalhos manuais. Um espaço seguro de trabalho, possibilitando ao paciente descobrir ou redescobrir como se ocupar de si mesmo, com atividades físicas e recreativas praticadas, com atividades coletivas que remetem seus participantes, através da produção, à convivência com o social, num ambiente de interação, de instigação intelectual e de criatividade. Enfim, espaços de ocupação, com ocupar e divertir, ocupar e ensinar.

Referente à questão: “O que significa a oficina dos Serviços de Saúde Mental?” obteve-se o DSC: atividades diversas.

DSC (D2): Atividades diversas

Um circuito de atividades variadas no qual os usuários realizam atividades de ordem recreativa, esportiva, cultural, festiva, artesanal, livre e criativa. As atividades incluem:

Atividades de lazer que permitem aos usuários um momento de descontração e convivência, como passeios programados (cinemas, clubes, parque ecológicos), videokê, coral, banda de percussão, comemoração de aniversários.

Atividades comunitárias com a participação dos pacientes em eventos na cidade, festas, datas comemorativas, desfile cívico-militar, passeios, exposições, campanhas educativas e de promoção à saúde.

Atividades físicas onde o movimento pode ser utilizado como tema de atividades corporais expressivas: jogos esportivos e recreativos, dança, esporte, ginástica, gincana, alongamento, atividades rítmicas, dinâmicas corporais e/ou exercícios de grupo que atentam para a conscientização corporal, movimentação grupal direcionada ou livre, que conta por

vezes também com o recurso musical.

Atividades artesanais, como costura: fuxicos para confecção de bolsas, palhaços, almofadas etc, confecção de bonecas, pregar botão e zíper, bordado, confecção de flores, velas, sabonetes, bijuterias, desenho, pintura, crochê: confecção de bolsas, cintos, roupas, panos para mesa e bicos, tricô, tapeçaria e tecelagem, madeira, quadros, carros de boi, pirografias, esculturas etc; colagem: paus de picolé (casinhas, porta jóias, cestos etc), papelão (máquina fotográfica, casinhas, etc), jornal (quadros, cestos, porta-retratos etc); mosaico.

Atividades de dramatização, representação, elaboração, expressão e reflexão dos sentimentos e pensamentos (teatro, psicodrama, cenário, contos, poesia, letra de música, ditos populares).

Atividades simples, de grupo ou individuais, que objetivam um trabalho de fácil entendimento, que produza algum tipo de relação entre os membros, proporcionando a vivência de regras básicas, limites, socialização e desenvolvimento artístico.

Pomar, horta, jardinagem, onde os cidadãos participam fornecendo sementes de árvores frutíferas e recebendo em troca as mudas produzidas pelos usuários.

Enfim, um campo de ação que possibilita o espaço do fazer, brincar, jogar, no dia-a- dia. Neste jogo dos afazeres possíveis, se costura alguma convivência e afetos com o grupo. Agem os efeitos de grupo.

A partir da análise dos documentos referentes à questão “Quem participa das atividades da oficina nos Serviços de Saúde Mental? Por quê?”, o pesquisador pode construir os DSCs: usuários e familiares dos usuários dos serviços de saúde mental e profissionais dos serviços de saúde mental e outros profissionais.

DSC (D3): Usuários e familiares dos usuários dos Serviços de Saúde Mental

Usuários e familiares dos usuários. Está indicado para todo paciente, independente do diagnóstico, sexo e idade, e também para aquele que traz dificuldades marcantes como o isolamento, ausência de expressão verbal, ociosidade, seja por negativismo, autismo, depressão, volição comprometida e toxicômanos.

DSC (D4): Profissionais dos Serviços de Saúde Mental e outros profissionais Profissionais dos CERSAM, profissional de Educação Física, pois poderá oferecer ao praticante a vivência de atividades expressivas corporais, visando apreender a expressão corporal como linguagem, para que ele tenha mais uma possibilidade de sociabilidade através do movimento; engenheiro agrônomo e técnico em agricultura; percussionista da Secretaria Municipal de Cultura, pois permitem aos usuários atividades laborativas de aprendizagem e de integração na sociedade civil.

Para a questão: “O que levou os Serviços de Saúde Mental a desenvolver a atividade de oficina?”, organizaram-se os DSCs: estratégia terapêutica e projeto terapêutico.

DSC (D5): Estratégia terapêutica

Para melhorar a qualidade de vida e convivência entre os pacientes, a finalidade é que esta oficina seja um instrumento de autovalorização e de produção de sentido pessoal e social. Um recurso de escuta e intervenção diferenciado, assim uma brilhante estratégia terapêutica.

Penso ser a atividade lúdica, expressiva ou recreativa, mais uma abordagem de valor na clínica da Psicose, oferecendo um lugar de sujeito social àquele que nos chega e uma tentativa de desfazer essa teia de isolamento, exclusão e anomia, que por um longo tempo submeteu-se o portador de sofrimento mental.

DSC (D6): Projeto terapêutico

Compreende a nova lógica de atendimento em saúde mental por outra ótica que a da exclusão social, com o intuito de se produzir um ambiente de interação, instigação intelectual e criatividade que as oficinas oferecidas fazem sentido. São, portanto, um suporte à proposta terapêutica e fundamental à manutenção dessa complicada e necessária rotina que se engendra com a opção pelo paciente-cidadão.

Enfim, é uma modalidade de atividade que atende aos objetivos do serviço como desenvolver o autocuidado, educação para a saúde, higiene pessoal e atividade da vida diária, desenvolver a expressão artística, movimento corporal, habilidades laborativas e artesanais, inserir socialmente o portador de sofrimento mental e sensibilizar o usuário para o direito, liberdade e cidadania.

Em relação à questão: “A atividade da oficina dos Serviços de Saúde Mental produz alguma modificação na vida do usuário?”, elaboraram-se dois DSCs: efeito terapêutico e reabilitação psicossocial.

DSC (D7): Efeito terapêutico

Constitui uma forma de fala e representação bastante singulares e permite ao sujeito reproduzir em grupo a metáfora dos seus conflitos e emergências. Assim, a atividade como agente facilitador, abre uma oportunidade para que “as imagens do inconsciente, encontrem formas de expressão” e a construção particular de cada sujeito vem nos mostrar a possibilidade de intervenção na realidade externa, segundo sua intenção, vontade e liberdade.

DSC (D8): Reabilitação psicossocial

Propicia ao paciente desenvolver ou reencontrar sua capacidade de procurar e descobrir soluções, repensar, reestruturar, formar, conceitualizar, reencontrar novas relações, exercendo sua capacidade de reflexão e crítica, possibilitando, assim, sua reorganização e reconstrução de fatos e lembranças, facilita o retorno às relações afetivas e sociais, provocando a vivência grupal e subjetiva do paciente psiquiátrico em um espaço terapêutico diferenciado.

As participações na organização de festas e nas manifestações facilitam as atitudes nas atividades familiares e nos diferentes espaços que convivem.

Há também: estímulo e treino de habilidades, diminuição da ociosidade, socialização, coordenação manual, estímulo ao interesse e organização, responsabilidade e tolerância, respeito, compreensão e aceitação de regras, estímulo ao cuidado com os materiais e ambiente, contato com a realidade, afetividade, orientação temporo/espacial, criação de alternativas na convivência com o patológico, autoconhecimento, melhora da autonomia, iniciativa, possibilitando inserção ou retorno às atividades diárias, vocacionais e profissionais. Enfim, auxilia o indivíduo na transformação de sua rotina, favorecendo encontros, permitindo o crescimento pessoal, autonomia, interação e inclusão social.

Atividade é fazer, e a ênfase dada à participação incute no paciente a noção de que ele é participante ativo e não apenas um recipiente. Assim, nas atividades que há oportunidade dos pacientes dirigi-las, favorecem-se as capacidades para direcionar melhor sua vida.

Afirmam o sujeito praticante como um ser histórico: a sua dimensão singular e a sua dimensão social, através dos gestos, expressões e movimentos. Enfim, também oferece ao sujeito praticante a vivência de atividades expressivas corporais, visando apreender a expressão corporal como linguagem para que ele tenha mais uma possibilidade de sociabilidade através do movimento.

3 DISCURSOS DO SUJEITO COLETIVO OBTIDOS NAS ENTREVISTAS

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