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3.4. Análise das aulas observadas e gravadas

3.4.4. A discussão acerca do LD

A professora formadora, declaradamente, mostra-se insatisfeita com os LDs de ELE existentes no mercado, apesar de utilizar um no primeiro período do curso de formação de professores. Essa insatisfação também foi identificada no grupo do 5º ano quando PP perguntou se haviam enfrentado algum tipo de problema referente ao material de pesquisa para preparar a micro-aula.

A1- Los MD son muy pobres en esa parte ¿no? porque no traen estas cosas que son importantes para que podamos estudiar, para que podamos trabajar y que son esenciales para que escribamos y hablemos bien. Y entonces principalmente, yo tengo un montón de LDs de la escuela ¿sí? y allá no tratan de este tema... y son libros que

están por todas las escuelas y que se limitan a otros contenidos y acaban rechazando cosas importantes como eso ¿vale?

Essa opinião foi dada por uma aluna antes do início das micro-aulas e antes que a professora fizesse algum comentário a respeito do LD. Isso sugere que os próprios alunos observam limitações nos LDs. Mas ao final de todas as apresentações quando questionados à respeito da dificuldade de encontrar material de pesquisa, os alunos foram unânimes em reconhecer a deficiência existente nos materiais disponíveis que tratassem do assunto (frases concessivas). PP, no momento da discussão, pede sugestões acerca do assunto.

PP- ...porque todo problema tiene que tener una solución. Un problema para nosotros que estamos en el ámbito universitario, que estamos en el ámbito formación de profesores ¿no? Para mí también es un problema dejarle algún material, y... de repente no tienen dónde buscar, dónde investigar ¿qué harían?

Embora, na análise de notas de campo, tenhamos comentado a opinião dos alunos sobre o que poderia ser feito para sanar o problema de MD no âmbito universitário, vemos como prudente destacar alguns excertos extraídos de respostas dos alunos a esse respeito.

Al- Cuando yo fui a buscar los contenidos que me tocaron, yo percibí que los LDs todos tenían el mismo contenido, los mismos contenidos: adjetivos, artículos, o sea, la estructura morfológica de la gramática y no la sintáctica. Entonces yo creo que los materiales tienen sí, que avanzar en eso...

A2- Los materiales aún no están adecuados a los profesores, son muy superficiales. A3- Reclamar con las editoras. Falta conciencia del poder de los profesores que son los que compran los materiales.

A4- El gran problema de pensar en preparar un material propio es dónde vamos a buscar ese material. A veces, yo voy a preparar mi material para dar mis clases, voy a coger un poquito de este libro, un poquito de aquel, pero todos están carentes. Hay

lógicamente el lado bueno, no podemos solamente criticar, hay cosas que podemos aprovechar, pero hay también muchas cosas que no sabemos dónde encontrar.

Todos os alunos (20) opinaram a esse respeito, mas os excertos que foram destacados referem-se a opiniões comuns entre o grupo. Enquanto os alunos falavam e eram filmados, PP não fez qualquer tipo de intervenção, os interventores eram os próprios colegas. Os depoimentos reafirmam o que já havia sido levantado, o problema da inadequação dos materiais, e geralmente dos LDs. A maioria dos alunos se refere ao contexto universitário, porém eles estendem essa deficiência ao contexto do ensino regular do ELE nas escolas. Finalmente, PP se manifestou e comentou aquilo que na fala dos alunos havia lhe chamado à atenção.

PP- Hay una cosa que me llamó la atención de lo que han dicho: hay que posicionarse. Estoy trabajando, no quiero repetir los mismos ejercicios de siempre (...) Pero hay que actualizar, no sólo en las últimas tendencias lingüísticas que están por ahí, sino hay que actualizarse en relación a los procesos de aprendizaje.

(...)

PP- Yo estoy en tal contexto, que es lo que mi alumno quiere, que es lo que mi alumno desea, qué es lo que mi alumno necesita para aprender ¿no? Y dentro de eso, de ese balde, de esa olla grande, está también el libro, el material que nosotros vamos a utilizar.

O discurso de PP demonstra que os alunos, como futuros professores, não poderiam ficar passivos com relação a um material, um LD que não atendesse às necessidades do grupo. Concorda com os alunos que eles devem pensar em quais as características que esperam de um LD, mesmo tendo consciência de que não haverá especificamente um para cada contexto. Além disso, PP incentiva os alunos a darem continuidade aos seus estudos e aprofundarem seus conhecimentos teóricos. Outra questão levantada que primeiramente os alunos comentaram foi a respeito da classe de professores. PP retoma o ponto e cita Celani e Moita Lopes como teóricos que abordam a desunião de uma classe tão numerosa que lida com intelecto, mas que não consegue articular-se em uma só força.

Quando PP afirma que dentro do contexto educacional de LE o LD também está inserido, ela parece reconhecer que inevitavelmente o futuro professor terá que deparar- se com essa ferramenta de ensino, mas que ao utilizá-lo ou adotá-lo não se esqueça de analisar o contexto e a necessidade dos alunos. A proposta de conhecer o ambiente educativo para decidir optar por um determinado material é bastante comentada em sala. Os próprios alunos parecem já haver se conscientizado disso.

De fato a maioria dos professores sente-se pressionado a adotar o LD, sendo até mesmo inconcebível pensar em não utilizá-lo, visto que historicamente, é parte integrante da nossa cultura de ensinar LEs. Contudo a utilização desse material ainda é deficitária, pois nota-se uma extrema fidelidade, por parte dos professores de LE, às idéias sugeridas pelos autores de LDs, levando-os, muitas vezes, a desconsiderar as especificidades do contexto.

Ao se tratar de futuros professores, responsáveis por disseminar o ensino da língua espanhola, espera-se deles muito mais do que ter proficiência na língua, que é possível alcançar com ou sem LD, o futuro profissional necessita do auxílio de um professor que o incentive que o ajude a se conscientizar de que o ensino de uma LE ultrapassa os limites da comunicação verbal, que ensinar uma LE hoje é abrir as portas para o mundo em processo de globalização, é enxergar o próximo e enxergar-se, é aprender a lidar com as diferenças, é cultivar o gosto por algo que na maioria dos casos não é vivenciado, mas que mesmo à distância pode ser admirado. Há muitos conhecimentos que um professor em formação deve aprender e apreender que estão muito além do alcance de um LD. Este último pode ser um grande aliado nesse processo, mas não um fator determinante para a formação, pois esse fator envolve relações humanas que os livros por si só não são capazes de oferecer.

A ação de analisar-se enquanto profissional, entendemos que deveria ser estimulada durante a formação do professor e é um aspecto que analisaremos de PP.