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Postagem 1 - 13/08 - PROFESSOR

Vamos discutir a respeito do conteúdo abordado nesta unidade. Colabore com comentários, sugestões, dúvidas... Sua contribuição pode enriquecer a aprendizagem de todos. Participe! [1]

Postagem 2 – 28/09 - PROFESSOR Olá meus caros!

Nesta semana um colega de vocês enviou-me uma dúvida e considero importante

compartilhá-la com a turma[2], pois assim pode também contribuir com os demais.

195 estratégias pode ser representada por marcas diferentes ou uma única marca tem que representar as cinco estratégias juntas?

A resposta é que para cada uma das estratégias podem ser utilizadas marcas diferentes, pois nem sempre uma organização adota todas as estratégias em questão. Elas, inclusive, podem utilizar mais de uma, mas dificilmente todas.

Caso tenham dúvidas, façam como o colega de turma e me contatem. Vocês podem fazer isso diretamente no fórum ou, se preferirem, podem também encaminhar por mensagem[3].

Um grande abraço a todos, bons estudos e até mais.

Apenas o professor havia utilizado o fórum, e sem nenhum feedback dos alunos. A Postagem 1 tem um texto padrão que abre todos os fóruns, inclusive a data de 13/08 aparece em todas as unidades; é um texto enviado pelo professor para a equipe de tecnologia da informação antes do início das aulas.

O professor reforça em suas videoaulas que o fórum é um espaço de interação, de compartilhamento de atividades e de colaboração. Convida os alunos a participarem. Mas isso, aliado ao texto da postagem 1, não foi suficiente para motivar os alunos para esta atividade. A proposta inicial [1] é um muito aberta, genérica. Não consegue construir um foco capaz de demonstrar uma necessidade real de uso da ferramenta. A TASHC compreende que, para que ocorra uma atividade, os sujeitos têm que ter uma necessidade, um motivo que se tornará o objeto dessa atividade.

A postagem 1 foi incapaz de gerar, ao aluno, uma necessidade de interagir com o professor ou com outros colegas pelo fórum. Há duas possibilidades aparentes: ou ele não o fez ou utilizou outra ferramenta. A postagem 2, do dia 28/09, demonstra que a interação professor-aluno está ocorrendo e ainda fornece pistas sobre o modo como se processa[2]. Nesta postagem o professor compartilha, no fórum, uma dúvida apresentada e que considera de interesse comum aos alunos[2]. Ao final orienta para, em caso de dúvida, contatarem-no pelo fórum ou pela ferramenta mensagem, como fez o aluno que enviou a dúvida comentada[3].

A ausência de participação dos alunos nos fóruns foi um dos pontos centrais da sessão reflexiva 3, que foi audiogravada e transcrita de forma simplificada. Após o professor explicar que as atividades livres não são pontuadas e que o fórum é uma delas, fiz a pergunta sobre a função dessa ferramenta:

Recorte 3 – SR3

37. PESQUISADOR – Qual é a função do fórum dentro da unidade?

38. PROFESSOR – O fórum ele tem... assim... ele é um meio de comunicação.[1] Ele pode ser utilizado tanto para orientações quanto para debates. Ou ainda para dúvidas específicas. Eu,

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e para dúvidas que são postadas pelos alunos[2]. Então essa é até uma falha que tem ocorrido

porque o fórum pode ser mais produtivo. Mas eu tenho focado muito mesmo apenas em postar orientações e responder as dúvidas que ali são apresentadas pelos alunos.

Já consciente de que eu havia observado ausência de participação no fórum, e perguntado sobre a função do fórum – pergunta que eu já tinha feito no encontro anterior –, o professor hesita e responde que sua função é de “meio de comunicação”[1]. E continua modalizando: “ele pode ser utilizado...”, “...porque o

fórum pode ser mais produtivo”. Destaca também que tem “usado mais para notícias”.

A modalização deôntica demonstra um baixo grau de comprometimento do professor com os fóruns, o que já se manifestara na sessão reflexiva anterior. Outro fator que merece destaque é a confusão em relação à finalidade do fórum. Eu me referi ao fórum de dúvidas, não ao de notícias. Quando o professor destaca que o fórum é um meio de comunicação, está unificando os dois tipos existentes e anulando os recursos educacionais do fórum permanente da unidade. Tanto que ele retoma as outras funções na sequência da resposta e assume o uso limitado [2] que tem feito da ferramenta. Esse uso dos fóruns pelo professor para divulgar notícias ou para compartilhar respostas de interesse comum, como observei, demonstra que ele tem mais facilidade em trabalhar em uma relação transmissiva de informação, com um fluxo de dados que vai do professor para o aluno, unidirecionalmente.

A questão das atividades a serem realizadas no fórum foram levadas à sessão reflexiva 3, como demonstra o excerto abaixo:

Recorte 4 – SR3

198. PESQUISADOR – Quando vocês fazem alguma atividade no fórum, posta alguma coisa no fórum, todos os alunos recebem mensagem dizendo que foi postado?

199. PROFESSOR – Vai no email. 200. PESQUISADOR – Ah, tá.

201. PROFESSOR – Eles recebem uma cópia... no caso do fórum... eu não me lembro agora se ele recebe uma cópia da mensagem do fórum, eu acho que ele recebe uma cópia... ou só recebe a informação de que foi postado no fórum. Eu não lembro. Mas se eu não me engano no email dele vai uma cópia do texto que é postado na mensagem, no fórum.

202. PESQUISADOR – Porque... pode [1.1] ser uma alternativa para trabalhos coletivos né... essas

orientações... quando você fala em pensar... reprogramar essas aulas e organizar o que que você acha que poderia [1.2] ir para o fórum e não necessariamente direto para os alunos? [1]

203. PROFESSOR – Não... é... existem muitas orientações prévias que você pode fazer no fórum, né... ou talvez... porque assim, eu vejo de uma forma um pouco complicada... depois que ele

197 entregou, eu retornar a orientação no fórum. Exceto se fosse uma entrega antecipada, mas como os alunos já entregaram aquela atividade dentro do prazo, fica mais complicado retornar pra todos... que é assim... todos aqueles que já postaram, teoricamente, falam “puxa vida, minha orientação veio depois da minha postagem”. Então o que pode acontecer é fazer uma antecipação, tentar antecipar eventuais dúvidas. Então postar algumas coisas como “olha fique atento a tal aspecto, fique atento a isso, fique atento àquilo, ou se tiver uma dúvida específica. Aconteceu acho que este semestre mesmo, acho que aconteceu isso, acho que logo no início do semestre as pessoas estavam um pouco mais tranquilas, aconteceu de eu receber uma dúvida e aí eu postar: “olha recebi o seguinte questionamento e eu quero compartilhar com vocês... é... fique atento a tal coisa e tal...” mas foi logo no início, depois já não fiz mais nada nesse sentido não. Então eu penso que talvez a melhor questão nesse sentido seja isso, uma antecipação, uma antecipação de eventuais dúvidas que possam surgir.

204. PESQUISADOR – Você acha que tem caminhos para instigá-los a fazer o uso dos fóruns nesse sentido? Qual é a grande barreira que você sente... você já colocou ele tem “vergonha”, este tipo de coisa né... [2]

205. PROFESSOR – Foi.

206. PESQUISADOR – Porque a sensação que às vezes fica, pra mim, é que há uma perda muito grande... tem atividade que é individual, entendo, correções e orientações são individuais mas tem um série de questões que podem ser feitas de forma coletiva, né! Podem ser feitas... eles também ajudarem uns aos outros, né. Pelo jeito aí, toda essa interação, ela acaba acontecendo interação professor-aluno só, né? [3]

207. PROFESSOR – É.

Destaquei este momento para demonstrar a dificuldade tanto do professor quanto deste pesquisador para estabelecerem uma relação de colaboração crítica. Eu via que o fórum estava sem participação alguma. Esse fato, em contraste à definição de fórum que o professor havia feito no encontro anterior, fez emergir uma contradição cuja superação passou a ser uma necessidade minha de trazer essa questão para a discussão. Mas não consegui sair de uma relação confortável com o professor. A dificuldade em ser assertivo impediu-me de estabelecer o conflito necessário para superar a contradição. O professor também não permitiu que o discurso se expandisse.

No turno 202 recorro à modalização deôntica [1.1] [1.2] em dois momentos para evitar qualquer posicionamento que não fosse confortável, que pudesse gerar algum constrangimento ou desconforto ao professor: “Porque... pode ser uma alternativa para

trabalhos coletivos né... (...) o que que você acha que poderia ir para o fórum...”[1]. O

professor foi igualmente hesitante durante a resposta e abusou de marcadores conversacionais como pausas, “então”, “é...”, “tal coisa e tal...”. Por fim considerou a possibilidade de fazer “uma antecipação de eventuais dúvidas que possam surgir” aos alunos e colocar em discussão nos fóruns. Para tornar o diálogo ainda mais truncado, no enunciado das questões dos turnos 204 e 205 faço perguntas do tipo fechada. Ambas

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terminam com um “né?”[2][3], recurso discursivo que nada mais faz do que induzir o professor a uma resposta afirmativa, como fez nos dois casos.

Este fragmento evidencia duas questões que se mostraram bastante relevantes naquele momento da pesquisa: a dificuldade que o pesquisador tinha para conduzir a pesquisa; o desconhecimento do professor de outras possibilidades de relações nos fóruns que não a transmissiva.

Analisando meu percurso de pesquisador nas sessões reflexivas até este ponto, fica evidente que estabeleço uma relação de colaboração confortável com o professor e não consegui, neste encontro, sair do senso comum, caindo nas limitações que Fullan e Hargreaves (2000) destacam e que me impedem de colaborar efetivamente com o professor. A colaboração efetiva exige reflexão crítica e expõe os sujeitos a situações menos cômodas que as colaborações confortáveis. Oliveira (2009) considera, ainda, que o movimento de colaboração crítica exige que os colaboradores estejam preparados para questionarem, compreenderem e resolverem, juntos, os problemas, as contradições.

Por outro lado, considerando as sessões reflexivas, o AVA e, em especial, o ambiente do fórum de dúvidas, evidencia-se que, sem um embasamento teórico novo, dificilmente o contexto teria alguma transformação. A resposta do professor, no turno 203 acima, demonstra que ele não sente a necessidade de estabelecer outro tipo de relações, nem com alunos, nem com o curso em si.

Os fóruns de discussão não se constituíram, em nenhum momento dos dois módulos de curso observados, uma ferramenta capaz de estabelecer uma interação efetiva entre os sujeitos participantes do curso de graduação em Administração. A maior parte das unidades, como demonstra o anexo 5, não teve nenhuma postagem que não a padronizada e enviada pelo professor no início do curso. Conforme desenvolvemos as sessões reflexivas, até ocorreram algumas iniciativas do professor no sentido de tentar incentivar a participação, com a criação de um fórum de revisão ao final do módulo. Mas não obteve sucesso. Esse movimento do professor pode ser acompanhado detalhadamente na íntegra das sessões reflexivas, disponível no Anexo 2.

Nitidamente houve preferência pela ferramenta de troca de mensagens, que é similar ao email e é a forma padrão para enviar as atividades desenvolvidas. Esta ferramenta também se mostra cômoda para o professor, pois possibilita o controle de respostas emitidas e é um instrumento de quantificação de resultados utilizado pela instituição para o controle de produtividade docente.

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Destaco, como uma contribuição que se soma a várias outras, algumas iniciativas em busca de viabilizar os fóruns como um espaço interativo no curso. Considero que as tentativas de uso demonstram a complexidade da ferramenta. Elas aconteceram ao longo de toda a pesquisa e ajudam a compreender também um assunto que ainda será abordado, que é a relação de distância na EAD.

Há alguns aspectos que considero relevantes neste curso de Administração e que o diferencia de muitos outros oferecidos na modalidade de EAD, dentre os quais destaco: o pequeno número de alunos e o suporte oferecido a eles. O módulo observado no segundo semestre de 2013 tinha 23 alunos matriculados e o do primeiro semestre tinha 27. Esses alunos têm uma diversidade de canais para comunicação: a) Plantão de dúvidas com o próprio professor por meio de ligação gratuita duas vezes por semana (terça-feira das 9h às 12h50min e quinta-feira das 9h às 12h20min), totalizando 7 horas e 30minutos de disponibilidade semanal; b) Tutoria disponível de segunda a sexta-feira das 9h às 13h e das 14h às 19h); c) E-mail; d) Mensagens; e) Fóruns. As múltiplas alternativas muito possivelmente influíram também no silêncio dos fóruns, uma modalidade assíncrona e coletiva.

A sessão reflexiva 5 ocorreu no dia 27/10/2013, durante a semana do último módulo do curso. A prova, que finaliza o módulo, aconteceu no dia 09/11/2013. O excerto abaixo destaca uma tentativa de aumentar a interação nos fóruns.

Recorte 5 – SR5

15. PESQUISADOR – Ok. Você considera possível aumentar essa interação?[1] Promover

uma interação maior? Como que isso pode ser possível? [2] Se... você acha necessário...

alguma coisa dessa natureza?[3]

16.PROFESSOR – Na minha prática em específico eu acho, inclusive, necessário. Hoje, esse nível de interação, ele é muito baixo. E... e... não, apenas pela falta de iniciativa dos alunos,

mas talvez pela questão do próprio professor[4]. Então hoje na minha prática essa

interação é baixa e ela necessita ser aumentada e eu acredito, que de uma maneira geral, é possível sim. É possível fazer um diálogo contínuo como se você... é... é... todo dia pudesse entrar ali, dar um recado... enfim, estimular o aluno como se ele estivesse em sala de aula,

na sala de aula física todos os dias[5].

Quando abordei o professor para questionar sobre a possibilidade de pensar alternativas no intuito de aumentar a interação nos fóruns, fiz quatro perguntas de uma só vez. Além disso considero que elas foram perdendo clareza e objetividade uma a uma ficando por último, na sequência, a questão “Se... você acha necessário... alguma coisa dessa natureza?”[3]. Dessa forma, o interlocutor é obrigado a ater-se às questões anteriormente elaboradas para produzir uma resposta inteligível. Além disso, recorri a

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modalizações dêonticas de grau baixo (“Você considera possível aumentar essa interação?”[1], “Como que isso pode ser possível?”[2]), o que acaba transparecendo o meu descomprometimento, a minha descrença naquilo que enunciei.

O professor reconhece o baixo nível de interação e sua parcela de culpa nisso: “não apenas pela falta de iniciativa dos alunos, mas talvez pela questão do próprio professor”[4]. O reconhecer-se como parte da questão é um traço de reflexão crítica, é um indício de que o professor está saindo da posição de objeto para ser sujeito, em um movimento de construção da reflexão crítica. Magalhães (1998 a, b ou c?) considera que ao conscientizar-se do próprio discurso os sujeitos entendem as contradição do processo social e, nesse contexto, transformam as suas ações.

No final de sua fala o professor afirma que para fazer um diálogo contínuo teria que “estimular o aluno como se ele estivesse em sala de aula, na sala de aula física todos os dias”[5]. Mesmo tendo dito em outra sessão reflexiva que não se sente influenciado pela educação presencial, em vários momentos faz essa analogia da presença no ambiente virtual como forma de promover a interação. O professor alega que a falta de tempo e a sobrecarga o impede de fazer-se presente virtualmente.

Na aula presencial o professor “tem que ir” fisicamente todos os dias, é obrigatório! Neste curso de que tratamos, os fóruns são atividades livres, não obrigatórias! Diante disso, ao ser seletivo com seus compromissos, primeiro ele responde às mensagens, que são obrigatórias. Se sobrar tempo, o que não acontece, alimentará o fórum. O fórum padece de não fazer parte, de fato, do projeto pedagógico do curso: é “sem valor” institucional.

O professor destacou também que quando fica com atividades em atraso, quando não consegue fazer a entrega de correções ele fica constrangido em apresentar novas atividades e cobrar do aluno o que ele não está fazendo: cumprir os prazos (Sessão reflexiva 9 ).

Mudanças ininterruptas de devir e decadência: um desenvolvimento progressivo!

O ser humano é capaz de passar um bom tempo de sua vida, e em muitos casos o tempo de sua própria vida, sem refletir criticamente sobre si e o mundo à sua volta. Compreensível: isso dá trabalho, incomoda, gera desconforto a si e aos outros. Porém,