• Nenhum resultado encontrado

Discussões da institucionalidade: quando o compromisso com a política supera obstáculos

Na entrevista que realizamos com as quatro assistentes sociais do Serviço Social do IFCE, campus Fortaleza, também utilizamos nomes fictícios, escolhidos aleatoriamente, para preservar a identidade das profissionais. A primeira pergunta foi referente às ações que eram realizadas, atualmente, pela assistência estudantil do IFCE, campus Fortaleza.

A Coordenadoria de Serviço Social [...] desenvolve diretamente alguns programas, né, vinculados à assistência estudantil, que é o Programa Bolsa de Trabalho. [...] O Serviço Social acompanha os auxílios... não só acompanhar, desenvolve tudo em relação aos auxílios. Auxílios, quais são os auxílios? Auxílio-transporte, auxílio- alimentação, auxílio discente pai e mãe, auxílio-moradia e auxílio-óculos. [...] Então, o Serviço Social atua com esses auxílios, mas o IFCE, campus Fortaleza, tem outros auxílios que são desenvolvidos pela Direx14 (Assistente Social Fernanda).

Campus Fortaleza envolve todas as ações relacionadas ao atendimento ao usuário,

para que o aluno seja beneficiado através dos auxílios para permanência do mesmo no IFCE e seu desenvolvimento integral (Assistente Social Débora).

[...] Nós temos a parte de auxílios, bolsas, né, basicamente. Aqui, no Serviço Social, é operacionalizado os auxílios alimentação, moradia, discente (pai e mãe) e a Bolsa Formação e a Bolsa Permanência. Os demais auxílios que dizem respeito às viagens técnicas, apoio didático-pedagógico não são operacionalizados pelo Serviço Social, bem como a parte de projetos sociais (Assistente Social Cecília).

Soubemos, mediante os relatos das profissionais, que o Serviço Social não é o único responsável pela assistência estudantil e que esta não se resume somente à oferta de auxílios. Os auxílios discentes pais/mães, transporte, alimentação, moradia e óculos estão sob a responsabilidade de tal setor; todavia, os auxílios para visitas e viagens técnicas, auxílio-acadêmico (ajuda financeira para aluno apresentar trabalho em eventos científicos) e auxílio-didático-pedagógico (ajuda financeira para a compra de material necessário ao ensino-aprendizagem) são de responsabilidade da Diretoria de Extensão.

Descobrimos, ainda, mediante entrevistas com as profissionais, o novo regulamento da assistência estudantil (que foi aprovado pelo Consup e Coldir) e que, com ele, a Bolsa Trabalho recebeu outra nomeação, passando a se chamar Bolsa Formação. O aluno, anteriormente, trabalhava 20 horas semanais. A partir do novo regulamento, o discente trabalha 16 horas semanais, sendo lotado em locais condizentes com seus cursos, havendo um dia de folga para que possa estudar e realizar suas pesquisas. Para que o aluno possa receber a Bolsa Formação, precisa ter uma frequência regular e boas notas.

Há, ainda, outra bolsa pertencente à assistência estudantil: a Bolsa Permanência. É um programa novo, do Governo Federal, voltado para alunos da rede pública federal, que sejam quilombolas ou que se encontrem em situação de vulnerabilidade socioeconômica. O valor da bolsa é de R$ 400,00, porém, no IFCE, campus Fortaleza, é destinada a apenas dois cursos da graduação: mecânica industrial e telemática.

De acordo com uma das assistentes sociais entrevistadas, essa bolsa é ofertada somente a esses cursos devido à sua carga horária extensa (cinco horas diárias), não sendo, portanto, outros cursos contemplados, causando muita revolta entre os alunos. A questão do orçamento não foi ligada à problemática de somente dois cursos oferecerem a Bolsa Permanência.

Fomos informados, ainda, que o recurso advindo do MEC, para assistência estudantil, é voltado também para a merenda escolar, inclusive para a Coordenação de Saúde, bem como para os grupos de teatro, folclore, música (violão, flauta etc.) e coral, sendo as ações de tais grupos desenvolvidas pela Diretoria de Extensão, da qual o Serviço Social faz parte.

Quando perguntadas sobre os desafios que a assistência estudantil do IFCE, campus Fortaleza, enfrenta, todas foram unânimes em dizer que os recursos insuficientes ofertados à referida assistência eram um empecilho para que esta se desenvolvesse melhor.

[...] A questão orçamentária, né, porque, toda política, ela tá muito ligada à disponibilidade do orçamento. Então, de acordo com o orçamento anual, nós podemos intensificar ou não as ações (Assistente Social Cecília).

Os desafios são grandes, porque o campus cresceu muito, a demanda é enorme e os recursos provenientes da assistência estudantil, né, eles não são suficientes para atender a essa demanda. Então, o assistente social tem que dar seu jeito, [...] para desenvolver as ações, atendendo aqueles alunos em condições mais vulnerável possível. Então, o aluno em vulnerabilidade social são os beneficiados, depois a gente atende as necessidades por renda per capita, mas a necessidade seria maior se os alunos todos recebessem esse auxílio, porque a maioria necessita (Assistente Social Débora).

[...] Outro desafio que eu vejo é a questão do recurso [...] da assistência estudantil que, muitas vezes, não acompanha a demanda. É pouco, a cada semestre aumenta a demanda e não dá para atender o número de pedidos e o orçamento [...], às vezes, não acompanha [...]. É o seguinte: o Decreto diz uma coisa, que é um salário- mínimo e meio per capita, então, em tese, todos, realmente, pra nossa realidade, realmente, um salário-mínimo e meio, [...] realidade Ceará, é muita gente, contempla muita gente. Então, o que é que acontece: o aluno, ele cumpre todas as regras, está dentro dos critérios e ele acaba não contemplado por causa dos recursos. [...] Quando a gente tem esse cenário de pouco recurso, a gente pega, realmente, as per

capita mais baixas até as mais altas. Então, acaba muita gente de fora, isso gera

Notamos, pelo diálogo das profissionais, que os recursos para a assistência estudantil ainda são escassos, estando elas obrigadas a selecionarem os alunos “mais necessitados dos necessitados”. Ainda assim, muitos alunos são contemplados, mas ainda restam aqueles que não são incluídos na assistência estudantil por uma questão orçamentária. O que porventura acontece com esses alunos que ficam “de fora” da assistência? Conseguem se manter na instituição, recorrendo ao trabalho ou à ajuda, mesmo que mínima, da família, ou simplesmente abandonam os estudos?

Para tentar responder esse questionamento, fomos até a Coordenação de Controle Acadêmico do IFCE (CCA), campus Fortaleza. Falamos com a coordenadora Maria do Socorro Teles Félix, e ela nos passou os dados sobre a evasão no IFCE, campus Fortaleza.

Em 2010, 743 alunos não permaneceram na instituição; em 2011, 697 alunos; em 2012, 697 alunos também deixaram o IFCE; em 2013, 609 alunos; e, finalmente, em 2014, 727 alunos. A coordenadora nos relatou que não era possível saber o porquê dessas desistências, pois não havia o controle, pela CCA, do IFCE, campus Fortaleza, dessas situações. As causas poderiam ser as mais variadas, segundo a servidora: o aluno poderia ter passado em outra instituição de ensino superior, poderia ter abandonado o curso etc.

Outros desafios, como a insuficiência de profissionais à frente da assistência estudantil do IFCE, campus Fortaleza, bem como o pequeno espaço em que encontram para atender os alunos, foram percebidos por nós anteriormente e citados por aquelas. O baixo valor dos auxílios e a necessidade da informatização dos dados dos alunos também foram citados como desafios da supramencionada assistência.

O grande problema que eu vejo é a carência de recursos humanos, o ser humano ele faz a diferença, [...] outro desafio é os valores que são dados de auxílio, um exemplo, o auxílio-moradia, quando há carência de recurso, a gente só pode... semestre passado, só pôde conceder um valor de R$ 150,00 por estudante, então, assim, a gente sabe que não contempla. [...] O maior desafio da assistência estudantil é a informatização dos processos, porque, num cenário de carência de recursos humanos, os processos do Instituto Tecnológico ainda são [...] bem arcaico, ainda muito no papel, se mexe muito em papel, controle há, mas no computador, no Word, Excel, não existe ainda um sistema. Porque precisa de um banco de dados, que facilitaria bastante o nosso trabalho e a qualidade do atendimento, [...] o sistema já tá sendo pensado, mas demanda tempo (Assistente Social Fernanda).

A carência de profissionais afeta a qualidade da assistência estudantil, pois não é possível ter um acompanhamento adequado dos alunos que estão inseridos naquela, com o intuito de verificarem, de forma mais profícua, o porquê de o aluno ter requerido o auxílio, o que pode estar contribuindo para seu parco rendimento escolar (se for o caso) etc. Enfim, não é possível ter um conhecimento mais integral e minucioso desse discente, pois existem apenas

seis assistentes sociais, que se encontram sobrecarregadas com o trabalho, para atender mais de 2.000 alunos que são assistidos pela assistência estudantil (nesse número de discentes, estão inclusos os alunos do ensino médio que também são assistidos pela referida assistência). A interação dos assistentes sociais com outros profissionais, como o psicólogo, dentro da assistência estudantil, já foi realizada, mas em momentos pontuais, quando os assistentes sociais pediam a participação deste nos momentos de trabalho mais intenso ainda. Vale ressaltar que, de acordo com o documento Diretrizes Nacionais para a Assistência Estudantil, de 2011, a assistência estudantil do IFCE deve primar pela equipe mínima (assistente social, psicólogo e pedagogo) para atender a demanda da assistência estudantil. Esses outros profissionais contribuiriam na solução de outros problemas, que não são da competência do assistente social, para garantir a permanência do aluno na instituição (problemas de ordem emocional, psicológica, de aprendizagem etc.).

A informatização, ainda, de todos os processos referentes aos alunos da assistência estudantil, facilitaria o acesso das profissionais e dos estudantes a eles, bem como facilitaria o levantamento de dados quantitativos, como número total de alunos atendidos pela assistência estudantil, quantidade de alunos assistidos por cada auxílio, valores gastos na assistência etc.

Perguntamos, ainda, como o trabalho do assistente social poderia contribuir para que a assistência estudantil pudesse ser vista como política pública, um direito do aluno.

Eu acho que, principalmente, dando visibilidade às ações e visibilidade ao que é a política de assistência estudantil. O IFCE fez um processo muito rico, né, desde a aprovação do PNAES, nós tivemos encontros com os profissionais, com os alunos, tanto com a parte dos dirigentes, pra que a gente desse ampla divulgação desta política de assistência estudantil. [...] Então, quanto mais seja discutida, dando visibilidade a essa política de assistência estudantil, junto aos alunos, eu acredito que o profissional que operacionaliza essa assistência é uma forma de ele fazer com que ela se concretize no dia-a-dia (Assistente Social Cecília).

O assistente social tem como ferramenta de trabalho a linguagem, então, realmente, eu acho que o Serviço Social, ele tem uma posição estratégica, que ele tem acesso aos estudantes, os estudantes têm fácil acesso ao Serviço Social, o atendimento é direto, né, ininterrupto, eles vêm, são atendidos, então, nós temos essa posição estratégica, nós podemos, né, por meio da... porque o Serviço Social, ele tem que trabalhar na perspectiva do direito, [...], da conscientização, da informação. Creio eu que, promovendo reuniões, participando, também, o Serviço Social de reuniões, tentando romper com essa lógica, muitos ainda acham que, ah, é um favor, muito obrigada, e a gente tem que tá tentando romper com isso (Assistente Social Fernanda).

De acordo com as falas das assistentes sociais, pudemos notar que é através da divulgação ampla, do processo de seleção da assistência estudantil, que é estabelecida a ideia de que a política de assistência estudantil “não é para poucos”, e sim “para todos” os alunos

do IFCE (desde que estejam de acordo com os requisitados solicitados pelo processo de seleção da assistência estudantil do campus de Fortaleza).

De fato, percebemos que há visibilidade e publicização sobre o processo de seleção da assistência estudantil, pois todos os alunos entrevistados foram unânimes em dizer que sabiam como era feito todo o processo, e que este era bem feito e claro.

O contato diário do Serviço Social com o aluno possibilita que aquele, mediante a informação prestada no dia a dia, tenha um novo olhar sobre a assistência estudantil, olhar este que remete à perspectiva do direito do aluno de manter-se na instituição. Todavia, a ideia da assistência estudantil como direito ainda é fraca, pois, como já dito anteriormente, apenas dois alunos, de dez entrevistados, citaram-na como um direito que possuem, ainda sendo muito forte, como relatou a assistente social Fernanda, a ideia de que o auxílio que recebem não passa de um “favor”, de algo focalizado.

Se houvesse reuniões entre estudantes e profissionais, como citado pela referida assistente social, explicitando o que é a assistência estudantil e suas ações (que não se limitam apenas aos auxílios), isso também proporcionaria que a assistência estudantil fosse percebida como política pública, como algo voltado para todos. Mas, admitimos que esse fato se concretizaria se de fato fosse voltada para todos os discentes, sem distinção.

Indagamos, também, sobre a existência de uma avaliação, por parte da equipe que está à frente da assistência estudantil no IFCE, campus Fortaleza, sobre o modo como está desenvolvendo tal política junto aos alunos.

[...] Nós temos encontros periódicos, inclusive aconteceu um, agora, dia 24 e 25 (de março), que é o 5° Encontro de Profissionais de Assistência Estudantil, então, nós estamos sempre avaliando essas ações da política estudantil. E entenda-se não só as assistentes sociais, mas todos os profissionais envolvidos: pedagogos, psicólogos, né, todos os profissionais que sociabilizam a política de assistência estudantil dentro do Instituto. [...] Quanto aos profissionais, [...] têm encontros periódicos onde nós estamos colocando nossos resultados, vendo o que a gente avançou, vendo o que a gente pode melhorar (Assistente Social Cecília).

As assistentes sociais do IFCE, campus Fortaleza, fazem, a cada semestre, uma avaliação do seu trabalho, com atenção às ações que deram certo e que precisam ser melhoradas. Encontros promovidos pelo próprio IFCE, com participação de outros profissionais, que estão ligados à assistência estudantil, também foram citados, sendo estes importantes para o compartilhamento de experiências, entre os outros campi, no que se refere à assistência estudantil. Como encontros, podemos citar o I Encontro de Assistência Estudantil, realizado em 2011, no IFCE, campus Fortaleza; o II Encontro de Assistentes

Sociais do IFCE, em 2012; e o 5° Encontro de Profissionais das Diretorias e Coordenadorias de Assistência Estudantil, realizado no ano de 2014, no IFCE, campus de Juazeiro do Norte.

Outrossim, perguntamos sobre o que poderia melhorar na assistência estudantil do IFCE, campus Fortaleza.

[...] O que poderia ser melhorado pra desenvolver até mais ações, que já está sendo providenciado, é o aumento na equipe de Serviço Social, que nós vamos, agora, receber duas novas assistentes sociais, em virtude do concurso de remoção, né? E sempre o que pode ser melhorado [...] não depende diretamente da gente, mas, aí, é de Brasília, que é a questão orçamentária (Assistente Social Cecília).

[...] Aumentar o valor do orçamento, né, pros próximos anos, e a gente gostaria de rever, em vez de auxílios diversificados, unir. Ter um único auxílio. Auxílio tal atendia todas as necessidades do aluno, daquela necessidade, certo? Porque a gente não atendia separado: auxílio-óculos, auxílio-alimentação, auxílio-transporte, auxílio-moradia, auxílio pais e mães, fica quebrando este auxílio e, realmente, no fundo, no fundo, dá muito trabalho, não tem condição da gente tá avaliando se aquele aluno, realmente, tá necessitando só daquele auxílio. Muitas vezes, ele é cortado de um auxílio pra atender noutro auxílio, e o bom seria que todo aluno que tivesse o perfil, recebesse o auxílio único (Assistente Social Débora).

Primeiramente, bem, ter uma atenção maior na questão do espaço físico, do atendimento, porque nós lidamos com estudante, no atendimento, então, precisa ter um atendimento de qualidade [...]. Poderíamos ter um espaço maior. [...] É inadmissível uma instituição com quase 7.000 mil alunos com apenas, até bem pouco tempo, éramos duas assistentes sociais, sem nenhum profissional administrativo [...] (Assistente Social Fernanda).

A questão do valor dos auxílios seria algo a se tratar. De acordo com uma das profissionais entrevistadas, o universo de alunos que requerem a assistência estudantil é considerável, não sendo possível atender a todos, necessitando a equipe fazer várias análises para se chegar a um acordo de quem “realmente precisa receber o auxílio”.

A transformação de todos os auxílios em um único, de acordo com a assistente social Débora, seria mais vantajosa para o aluno, pois esse auxílio (que teria um valor mais significativo) atenderia todas as necessidades, já que, devido à equipe ser pequena para atender a tantos alunos, não é possível acompanhar a realidade de cada um de forma mais próxima, identificando outras necessidades.

O aumento da equipe, já citado anteriormente, seria algo a acrescentar. Com a chegada de mais duas profissionais no Serviço Social, no segundo semestre de 2014, o trabalho ficou, a priori, para a equipe, menos sobrecarregado. Porém, não atende ainda o universo da assistência estudantil, composta por mais de 2.000 alunos, como relatado anteriormente. O pouco espaço contribui para que se tenham poucos profissionais, o que demandaria a remoção delas para um espaço maior, onde os atendimentos possam ser realizados satisfatoriamente.

Além disso, poucos profissionais frente à assistência, que se veem ocupados com toda a demanda da assistência estudantil (análise de questionários socioeconômicos, entrevistas, atendimento diário à demanda, bem como incorporação de tarefas que poderiam ser realizadas por um profissional administrativo), acabam permitindo que a assistência estudantil fique apenas na ação de “entrega de auxílios”.

Perguntamos, às profissionais, sobre qual a importância da assistência estudantil para o estudante que nela se insere.

Olha, tem total importância, porque, pra muitos, eu não digo para todos, para muitos deles, sem esses auxílios, muitas vezes, pode parecer pouco 50 reais por mês pra simplesmente custear o transporte, [...] mas a gente acompanha realmente só famílias altamente vulneráveis e aqueles 50 reais, ali, tá tirando realmente da cesta básica, tá tirando da alimentação. [...] Como a assistência estudantil também prepara para a questão do acompanhamento pedagógico, então, o acompanhamento pedagógico é muito importante, reduz a retenção, evasão, têm muitos alunos que vêm com deficiência de conteúdo, né, principalmente que aqui é um Instituto Tecnológico, então, um curso na área de exatas, né, a maior parte, boa parte tem dificuldade em física, química, matemática. Como muitos vêm da escola pública, então, realmente, eles têm dificuldade. Monitoria, por exemplo, o Programa de Monitoria, ele realmente é assistência estudantil, porque os monitores, eles vão auxiliar esses alunos com dificuldade, vinculado à Diretoria de Ensino (Assistente Social Fernanda).

Eu acho de suma importância. Por que... qual a finalidade do nosso no dia a dia? É que a gente viabiliza essa política? Por quê? Porque a finalidade dessa política é a formação, é garantir a formação do estudante, sua permanência no Instituto e uma permanência de qualidade, né? Pra que o aluno, ele conclua o seu curso com qualidade, no tempo determinado, e que aqueles, porventura, fatores, né, digamos, assim, materiais, que estavam impedindo que ocorresse isso, sejam minimizados, né? E, além disso, assim, que a gente contribua diretamente com a educação de qualidade, de uma formação de um cidadão completo (Assistente Social Cecília). Pra o aluno, é importantíssima a assistência estudantil, porque o aluno, hoje, dá muito depoimento, ah, vou deixar o meu trabalho pra concluir o curso, porque eu recebi o auxílio Bolsa Permanência. Outro diz: eu vou deixar meu trabalho, porque eu tô engajado no Programa Bolsa Formação. Então, notamos que, com essa assistência estudantil mínima que é dada para eles, eles conseguem ainda se manter e terminar o curso e contribuir para o desenvolvimento do País, ingressando no mercado de trabalho com qualificação [...] (Assistente Social Débora).

Percebemos, mediante as falas das entrevistadas, que, mesmo com seus problemas, suas contradições, a assistência estudantil é, sim, importante para o aluno, servindo até de incentivo, como um dos discentes entrevistados relatou, para continuar na instituição. O dinheiro do auxílio ainda é pouco – todavia, é necessário para pagar o transporte, a alimentação, principalmente quando o aluno vem de uma família de poucos recursos financeiros.

Outra faceta da assistência estudantil no IFCE, campus Fortaleza, é o Programa de Monitoria, relatado pela assistente social Fernanda. Tal programa, ao propiciar, mediante os monitores, o ensino àqueles alunos que estão com dificuldades em determinadas matérias do seu curso, está contribuindo, também, para a permanência destes na instituição, pois, ao ofertarem esse apoio escolar, fazem com que esses discentes se sintam encorajados a terminar seus cursos, evitando, assim, a evasão.

Perguntamos se havia a participação dos alunos na condução da assistência estudantil no IFCE, campus Fortaleza.

[...] O regulamento foi construído com a participação desses estudantes, foram mobilizados, nós que fizemos a assembleia, eles foram sugerindo [...], quem quis vir, veio. Esse regulamento, ele já faz um bom tempo que ele tá pronto, só esperando a aprovação no Coldir e no Consup. A assembleia foi em 2013, foi logo quando tava sendo construído o regulamento. Como não tem como levar todos os alunos, foram eleitos representantes, né, de cada campus (dois alunos de cada campus). E dali foi tirado um quantitativo menor de representantes pra reuniões com diretor (de

campus). Ainda não tivemos oportunidade (do próprio Serviço Social, do campus