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4 REVISÃO SISTEMÁTICA EM AGROECOLOGIA E SEGURANÇA

4.7 Discussões

A partir da identificação dos elementos propostos na arquitetura desta revisão sistemática foi verificado por meio das publicações científicas analisadas o potencial sobre a agregação da agroecologia e da segurança alimentar e nutricional em desempenhar um papel fundamental para a construção e manutenção de sistemas alimentares sustentáveis. Este encaminhamento pôde ser percebido por diferentes prismas nos quais estes dois grandes temas transversalizam suas discussões.

De maneira a sintetizar os aspectos da conjunção entre agroecologia e SAN para facilitar a compreensão sobre os pontos principais em interseção, a metodologia empregada possibilitou a feitura mais precisa das investigações. As indagações que objetivaram e nortearam as discussões da sistematização se deram a respeito: das características teórico-metodológicas dos estudos; da análise sobre os principais argumentos temáticos de discussão abordados nos estudos; e acerca de como as intervenções de base agroecológica podem contribuir para a garantia da segurança alimentar e nutricional.

Em busca da verificação sobre os planos teórico-metodológicos que ditavam a estrutura de pesquisa entre os temas citados, dezesseis artigos sistematizados contribuíram para esta demanda. Nesse conjunto, a verificação sobre a estrutura dos estudos, as tendências de discussões temáticas e o suporte entre ambas as áreas de estudo revelaram uma concentração de experimentos do tipo de estudos de caso e revisões de literatura em temas que constroem as noções de agroecologia e SAN.

As pesquisas sobre estes temas interpostos estabeleceram em estratégias metodológicas com tendência voltada a aspectos quali-quantitativos – seja relatando as experiências exitosas que contribuíram mutuamente em favor da promoção das áreas de análise, de forma qualitativa do relato; ou por meio de revisões na literatura nas grandes áreas mencionadas, com aspectos metodológicos quantitativos na apuração dos dados e qualitativos quando tais dados são discutidos em estudo.

Para tanto, foi observado dentre os artigos em revisão que autores já conhecidos por suas extensas contribuições na área da agroecologia2 foram utilizados como referência conceitual desse campo científico; enquanto a SAN recebeu concepções firmadas pela sua própria historicidade de formação teórica, tendo a FAO3 como principal contribuinte de sua definição.

Os referenciais teóricos acerca dos temas centrais dos estudos posicionaram a interseção da agroecologia e SAN a partir de um plano científico de abordagem sobre os aspectos da conservação da biodiversidade, da soberania alimentar e da manutenção e desenvolvimento dos agro ecossistemas alimentares.

Estes aspectos ajudam a demonstrar os diferentes enfoques que podem ser atribuídos ao tema da agroecologia, tal como destacam Tomich et al. (2011), ao citar que a disseminação da noção de agroecologia resulta, entre outros aspectos, de uma atuação acadêmica bem-sucedida, no sentido de buscar ampliar as fundamentações científicas das práticas agroecológicas desenvolvidas pelos movimentos sociais e que visam a transformação da agricultura, do sistema alimentar e da sociedade.

Os aspectos gerais sobre os referenciais teórico-metodológicos desta pesquisa também se encaixam as “variedades da agroecologia” que Buttel (2003) deslinda a respeito dos aportes metodológicos que a agroecologia compreende. Tais variedades pressupõem fundamentos na pesquisa em agroecologia como análises sobre: os processos ecológicos na agricultura e nas populações; os agro ecossistemas que buscam ampliar a resiliência e a estabilidade da agricultura; e os componentes políticos e socioambientais agregados a esta estrutura; entre outras.

2 Como as principais as concepções apontadas por autores clássicos da agroecologia, como Miguel

Altieri, Stephen Gliessman, e Eduardo Sevilla-Guzman.

3 Sigla do inglês: Food and Agriculture Organization. Na tradução: Organização das Nações Unidas para

a Alimentação e a Agricultura; agência que lidera os esforços internacionais de erradicação da fome e da insegurança alimentar.

Tais descrições podem ser assimiladas facilmente as noções de biodiversidade, soberania alimentar e manutenção e desenvolvimento dos agro ecossistemas alimentares, as quais foram elucidados entre os resultados desta pesquisa.

Neste sentido, tal como destaca a aplicação destas noções por Altieri (2002a), trata-se de “uma ciência com princípios, conceitos e metodologias para estudar, analisar, dirigir, desenhar e avaliar agro ecossistemas, com o propósito de permitir a implantação e o desenvolvimento de uma agricultura mais sustentável”.

Em seguimento, de modo a compreender quais os principais argumentos levantados pelas discussões científicas da intersecção entre a agroecologia e a SAN, percebeu-se uma tendência sobre temáticas referentes à: soberania alimentar, movimentos sociais, resiliência, políticas públicas, saúde e biodiversidade. Tais argumentações firmaram-se como o cerne de discussão dos artigos e, muitas vezes, foi observada a presença de várias perspectivas temáticas destes argumentos incorporadas num mesmo artigo, indicando tendências e caminhos de abordagem comuns sobre as áreas.

Estas categorias servem como arquétipos essenciais na construção de agro ecossistemas alimentares contributivos a ambas as áreas, os quais revelaram, para tanto, a necessidade de serem baseados na sustentabilidade ambiental e socioeconômica; na garantia da manutenção de uma cultura alimentar; na promoção da saúde; na conquista junto aos movimentos sociais; na valorização da educação e do intercâmbio de conhecimentos (científico e não científico); e no fomento de políticas públicas de incentivo de todos estes fatores em união.

Ao ponto que estas argumentações contribuem na compreensão do modo como as intervenções agroecológicas auxiliam para a promoção da SAN, os caminhos tomados pelas discussões descreveram experiências exitosas baseadas em categorias específicas para a conformação desta finalidade.

Contudo, torna-se complexo apontar sumariamente deliberações para os desafios de implementação a serem tomadas a partir de cada categoria e em razão de cada ação constitutiva da agroecologia e da SAN, descritas nesta revisão. Seria necessário apurações especificas de atuação de cada categoria levantada. Não obstante, as proposições consideradas pelas pesquisas aqui agrupadas podem auxiliar na compreensão geral dos caminhos que facilitem tais observações.

Até então, as dimensões teórico-metodológicas e argumentativas que aplacam as observações desta pesquisa, ganham sentido em auxiliar a consolidar a

agroecologia sob um enfoque científico de verificação e obtém por meio das experiências relatadas um novo campo para o estabelecimento de marcos conceituais, metodológicos e estratégicos. Este processo, na visão de Caporal (2009), pode ser orientado por um campo de conhecimento cientifico, o qual se nutre de disciplinas das ciências naturais e sociais, assim como de saberes, conhecimentos e experiências dos próprios agricultores, buscando incorporar estas fontes dentro de uma lógica integradora e mais abrangente que a apresentada pelas disciplinas científicas isoladas.

No mesmo sentido, Borsatto e Carmo (2013) explicam que a agroecologia constitui-se, em importante ferramenta para a promoção das complexas transformações sociais e ecológicas, as quais são necessárias para assegurar a sustentabilidade da agricultura e das estratégias de desenvolvimento rural.

Para verificação destas complexas transformações por via da agroecologia, foi percebida na presente investigação uma convergência das discussões dos artigos em prol dessa promoção aplacada por dois temas centrais de investimento de esforços para que tal transição torne-se possível.

Neste entendimento, guardadas as especificidades pertencentes a cada experiência publicada, geralmente um elo entre as categorias de educação e políticas públicas sempre vigora como principal consideração em questões a serem tomadas como apoio da agroecologia e SAN, mais especificamente: a) o fomento e seguimento de políticas públicas em diferentes áreas base de contribuição à agricultura sustentável; b) a valorização da educação e do conhecimento.

Essas duas perspectivas pareceram ser descritas como potenciais caminhos de contribuição para as referidas áreas temáticas desta pesquisa, uma vez que estão presentes nas considerações ou conclusões dos artigos selecionados. Tais perspectivas eram delimitadas com intenções de justificar e delimitar proposições importantes para a promoção destas áreas.

De forma generalista, em análise das situações exploradas na revisão, é possível perceber a delimitação sobre algumas abordagens essenciais nas quais essas duas prerrogativas descritas poderiam atuar mais diretamente, caso fossem expressivamente subsidiadas.

Exemplificando, com o incremento e seguimento de políticas públicas, poderiam ser mais apoiadas as demandas dos movimentos sociais rurais, as questões ligadas à soberania alimentar, assim como a proteção e conservação ambiental; já a respeito da questão da educação, um maior apoio poderia ir em direção ao

enaltecimento da ciência agroecológica, ao estímulo por mais experiências pedagógicas e que apoiam o conhecimento popular, assim como um consequente incremento na publicação de mais estudos nestas áreas. Esses tópicos em particular podem fazer parte de um domínio ainda mais complexo de se problematizar, todavia, são alguns frutos das reflexões contidas nos estudos sistematizados.

Ademais, cabe relembrar a perspectiva multidimensional atribuída ao conceito de agroecologia, uma vez que é necessário compreender primariamente como deveriam proceder os movimentos em política e educação – na promoção da agroecologia e SAN – diante da característica transdisciplinar da agroecologia.

Sobre este atributo, Wezel; Soldat (2009) caracterizam a agroecologia como uma disciplina científica, como um movimento social ou como prática de um sistema alimentar. Nesse sentido, de acordo com o marco referencial da agroecologia (EMBRAPA, 2006), sua verificação ativa acompanha a:

“sustentabilidade econômica (potencial de renda e trabalho, acesso ao mercado), ecológica (manutenção ou melhoria da qualidade dos recursos naturais e das relações ecológicas de cada ecossistema), social (inclusão das populações mais pobres e segurança alimentar), cultural (respeito às culturas tradicionais), política (organização para a mudança e participação nas decisões) e ética (valores morais transcendentes)” (EMBRAPA, 2006).

A agroecologia incorpora elementos unificadores e integradores, que utiliza enfoque científico destinado a apoiar a transição dos atuais modelos de desenvolvimento rural para sistemas sustentáveis, no aspecto econômico e socioambiental (CAPORAL; COSTABEBER, 2002).

Logo, quando são insufladas questões sobre política e educação em razão da agroecologia e SAN, é acionada uma estrutura mais complexa de compreensão, a qual abrange a ciência, um movimento e um sistema, diretamente ligados a essa área.

Esses dois conteúdos em questão podem mesmo alcançar fatores de aperfeiçoamento na teoria e prática agroecológica que englobam as três faces citadas desse campo – atuações sobre a ciência, movimento e sistema alimentar. Portanto, não se tratam de uma resolução pontual sobre um problema enfrentado pela agroecologia, mas a construção paulatina e coletiva de uma ideia.

De forma mais explicativa, considerando a prerrogativa da agroecologia e SAN como áreas centrais na construção de agro ecossistemas alimentares mais

saudáveis e sustentáveis, estas características precisariam estar englobadas sob a esfera de atuação de algumas categorias de norteamento, tais como a biodiversidade, a saúde, a resiliência, a soberania alimentar e os movimentos sociais.

Neste direcionamento, é necessário o desempenho de medidas práticas e dinâmicas para que essa perspectiva seja estimuladas e firmada, o que vai ao encontro da valorização da educação e da implementação e manutenção de políticas públicas para tal fim.

A figura 3 auxilia na compreensão deste seguimento, ilustrando as cinco categorias temáticas consideradas na revisão como tendências de discussão da conjunção agroecologia e SAN, as quais servem de auxílio direcional para que medidas de educação e de fomento de políticas possam atuar em conjunto no sentido de valorização do campo da agroecologia e SAN.

Figura 3: Processo de construção de sistemas agro alimentares na promoção da agroecologia e SAN.

No sentido de demonstrar a verificação desta dinâmica alguns apontamentos em destaque na revisão sistemática merecem ser dispostos, assim como a elucidação de motivos temáticos que podem sustentar esta demanda a partir das categorias verificadas entre política e educação. Na sistematização, esta atuação pode se tornar bastante clara se encetado o estudo de Canavesi; Moura; Souza, (2016), o qual problematiza diretamente os limites e desafios em relação à institucionalização da agroecologia no Brasil na perspectiva da garantia da segurança alimentar e nutricional.

Desta maneira, como as autoras apontam, a iniciativa de na formulação de políticas públicas de apoio a agroecologia funcionam como propulsores de estilos de agriculturas em sistemas de produção sócio bio diversos, promotores da agricultura familiar e camponesa e da SAN.

Tal como mostrou o estudo de Chappell; La Valle (2011), pode haver espaço para colmatar a lacuna entre amplo curso de soluções técnicas globalizada e mais complexas e soluções sócio ecológicas localmente contextualizadas, necessitando de um diálogo aberto e construtivo de ambos os lados desta divisão e consideração explícita das suposições e quadros analíticos fundamentais que sustentam essas duas abordagens amplas.

A importância de uma perspectiva baseada no empenho da implementação de medidas desse sentindo, como explica Maluf et al. (2015), podem resultar em:

“indicações sobre a elaboração e implementação de programas e ações intersetoriais podem contribuir para: i) fortalecer os circuitos locais de produção, abastecimento e consumo de alimentos; ii) mudar a matriz de produção para sistemas sustentáveis e diversificados de produção de alimentos; iii) conservação da agrobiodiversidade, recuperando e valorização; iv) aumentar o acesso por grupos com insegurança alimentar e nutricional para alimentos frescos e alimentos regionais, especialmente frutas, verduras e legumes” (Maluf et al., 2015).

Sobre aspectos baseados na biodiversidade, tal como pontual Pant (2016), é preciso dar o sentido de adaptações práticas e transformacional para o incremento da produção existentes e para adaptações nas condições do regime para desenvolver alimentos e produtos agrícolas sustentáveis e sistemas que são mais produtivos do que a subsistência existente agricultura.

Esta perspectiva se assemelha a noção de conservação e sustentabilidade ambiental enfatizada por Chappell; La Valle (2011), afirmando que uma agricultura alternativa, em média, é melhor para conservação da biodiversidade do que a agricultura

convencional, que geralmente visa aumentos em ceder à exclusão e até mesmo em detrimento das preocupações diretas sobre biodiversidade e acesso aos alimentos. Essa demanda pode ser baseada junto ao fortalecimento das populações do campo, como a agricultura familiar e camponesa, as quais possuem uma representação forte junto ao movimento agroecológico.

Sobre estes fatores, Holt-Giménez; Altieri, (2013) defendem que um forte contra movimento pode gerar considerável vontade política para a reforma transformadora dos sistemas alimentares. No entanto, como ponderam Holt-Gimenez; Shattuck (2011) o desafio de criar sistemas agroalimentares sustentáveis é conectar ações locais progressivas para uma agenda política mais ampla, a fim de remover barreiras estruturais para a ampliação desses sistemas. A subsistência dos pequenos proprietários, a eliminação da fome, a restauração da agro biodiversidade do planeta e resiliência do agro ecossistema seriam todos melhor servido neste cenário (HOLT- GIMÉNEZ; ALTIERI, 2013).

Enfatizando as experiências de programas nacionais de alimentação que podem auxiliar estes aspectos, Canavesi; Moura; Souza, (2016) mencionam o exemplo da normatização da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO), a qual as autoras afirmam que seus anseios sempre foram acompanhados num contexto de expansão do agronegócio e das formas privadas de apropriação dos recursos naturais. Como marcas de um desenvolvimento após a promulgação da Política, as autoras destacam que “vem ocorrendo a comercialização dos produtos oriundos de sistemas produtivos, reconhecidamente agroecológicos, de locais historicamente manejados por povos e comunidades tradicionais e por agricultores familiares, cuja atividade é determinante para a reprodução socioambiental e cultural”.

No mesmo contexto, as lutas e as disputas mencionadas foram favorecidas por um contexto político de maior participação e protagonismo social. Consequentemente possibilitaram a emergência da agroecologia na agenda do desenvolvimento rural brasileiro ainda que com frágil expressão se comparada ao modelo de desenvolvimento hegemônico alicerçado em ganhos econômicos do agronegócio (CANAVESI; MOURA; SOUZA, 2016).

Seguindo esta perspectiva, como aponta Maluf et al (2015), considerando que a coexistência de modelos agrícolas (agricultura familiar e agricultura patronal ou setor do agronegócio) implica valores concorrentes, desequilíbrios de poder e quadros

institucionais distintos, a agricultura familiar pode continuar desempenhando um papel como parte da solução para promover suporte mais equitativo, sustentável e saudável.

Baseado na dimensão da agricultura familiar Strate; Costa (2018) evidenciam neste contexto o papel das mulheres e esboçam um cenário ainda desmotivador, em que elas “ainda não dominam a relação com o mercado, o que se expressa na baixa diversidade dos canais de comercialização acessados, além da pouca informação sobre a renda familiar e os valores dos produtos produzidos por ela mesma”. Como direcionamento para tornar este contexto cada vez menos vigente as autoras indicam que o subsidio de debates sobre políticas públicas voltadas especificamente às mulheres rurais “possa auxiliar a prover a geração de renda, autonomia, empoderamento social, heterogeneidade da agricultura, soberania e segurança alimentar e preservação da agro biodiversidade”.

A indicação de políticas públicas, tal como possibilitou a PNAPO, afirmam Canavesi; Moura; Souza, (2016), considera a articulação e fortalecimento de programas já existentes, referentes à produção, aos mercados, a geração do conhecimento, à educação e às políticas específicas para a juventude e as mulheres no campo agroecológico.

Da mesma forma, Ribeiro et al. (2012) indicam que as políticas públicas sinalizam para o fortalecimento da intersetorialidade e do empoderamento local; para o protagonismo individual e coletivo; para a criação de ambientes saudáveis, promoção da saúde e qualidade de vida da população, além da mobilização comunitária.

Também nesse sentido, Fernandez et al. (2013) exprimem que a indicação por conselhos de política alimentar, de avaliações alimentares da comunidade, soberania alimentar, a agricultura urbana e o crescimento de novos pequenos agricultores são cruciais para o avanço de sistemas agroalimentares alternativos, os quais a agroecologia pode contribuir em parceria com movimentos sociais locais.

Assim, como denota Ribeiro et al. (2012), passa a haver uma maior aproximação do poder público com a sociedade civil organizada nas áreas de saúde, educação, trabalho, agricultura, desenvolvimento social, meio ambiente, entre outras, por meio da intersetorialidade, contribui para que se alcance resultados mais efetivos de melhoria na qualidade de vida das populações.

Os mesmos autores também afirmam que a capacitação das comunidades por meio da agricultura urbana e da agroecologia fomenta a participação popular e estimula o acesso contínuo à informação e aprendizagem em torno de questões

relacionadas ao meio ambiente. As práticas agroecológicas, ao levar em consideração as dimensões: social, política, econômica, cultural e ambiental, possibilitando a construção de uma nova realidade e uma nova concepção de mundo (RIBEIRO et al., 2012).

Neste seguimento, Boone; Taylor (2015) salientam que não podemos compreender totalmente a prática de um modelo sem antes compreender o que seus conceitos significam para o grupo que irá pratica-lo.

Ao passo que Glamann et al. (2015) introduzem que os agricultores podem não estar familiarizados com a agroecologia ou com soberania alimentar conforme definido nos documentos do projeto e na política, logo, é impotante que as próprias comunidades conceituar seu próprio contexto adequado, muitas vezes contestada e em constante mudança na agenda de soberania alimentar.

Como afirmam Mares; Alkon (2011):

“A agroecologia pode complementar outras pesquisas e estruturas de ação (por exemplo, sociologia rural, ecologia política), a fim de melhor compreender e analisar os pontos fortes e fracos das estratégias do sistema agroalimentar e identificar soluções de ação ecológica, social e política. Porque agroecologia defende abordagens participativas e transdisciplinares que se encaixam com as abordagens democráticas, multi setoriais e baseadas em sistemas adotadas por muitos movimentos agroalimentares” (MARES; ALKON, 2011). Para Gliessman (2001), a noção de agro ecossistema é central e a ênfase do conceito de Agroecologia está na aplicação dos conhecimentos da ecologia à produção agrícola. A Agroecologia é considerada como campo de conhecimento transdisciplinar, recebe as influências das ciências sociais, agrárias e naturais.

O conhecimento popular e tradicional, embora normalmente não seja reconhecido pela abordagem científica clássica, constituiu-se no fundamento de toda a evolução da agricultura; por estar fortemente vinculada a fontes ancestrais de conhecimento, a Agroecologia valoriza o saber popular como fonte de informação para modelos (GLIESSMAN, 2000).

A agroecologia possui potencialidades para promover a segurança alimentar e nutricional, por meio de agriculturas mais sustentáveis e mais inclusivas socialmente. A transição adaptativa integra interligação social, ecológica e os processos técnicos podem informar a formação de nichos, desenvolvimento de tecnologia rural apropriada regionalmente e fundamentar transformações no regime vigente de sistemas agrícolas e alimentares (FERNANDEZ et al., 2013).

Da mesma forma, como defende Altieri (2002), a mudança ecológica não pode acontecer sem a mudança social, econômica e política e a agroecologia fornece o aporte tecnológico, científico e base metodológica para facilitar essa mudança e

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