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Subcategorias

Cansaço Perda de identidade

Desencorajamento Mudanças físicas e mentais

Descontentamento Sobrecarga Perda da independência CATEGORIA 3 – RESULTADOS Subcategorias União Parceria Gratidão

As categorias e subcategorias acima foram estabelecidas a partir de revisão de literatura discutida, revisada e pesquisada. Esta revisão buscou a abordagem de temas, princípios e questões envolvendo a sobrecarga física e emocional a que submete o cuidador informal no cuidado de pacientes dementados, com o intuito de revelar sentimentos, distúrbios negativos e resultados. Para tanto, os participantes foram caracterizados pela letra “C”, maiúscula, acompanhada pela numeração arábica de 1 a 10.

Tentativa de apresentar o sentimento dos entrevistados em uma categoria ampla e abrangente, em que subcategorias como indiferença, irritabilidade, compaixão, frustração, piedade e zelo, abaixo classificadas, reforçam as emoções vivenciadas e experimentadas pelos cuidadores. Bochi (2004) assinala bem esta questão quando ensina que o idoso, diante de uma doença crônica – como demência, por exemplo –, promove alterações em seu comportamento, como se é de esperar.

Irritabilidade, indiferença, entre outras alterações apresentadas pelos pacientes, despertam no cuidador sentimentos diversos que acabam por sobrecarregá-lo, emocional e fisicamente, neste difícil processo de cuidar. Nesta área, Damásio (2000) ensina que o termo “sentimento” seja reservado para a experiência mental, isolada do termo “emoção”. Este termo, por sua vez, é utilizado para designar um conjunto de reações em que boa parte delas são observáveis publicamente.

5.2.1.1 Subcategoria Indiferença

Nesta subcategoria são definidas as situações que refletem ao cuidador tudo o que menos se espera daquele de quem cuida: não reconhecimento das pessoas que sempre fizeram parte de sua vida, conforme se observa na fala seguinte:

a. “(...) Ele não reconhece os filhos, não sabe os filhos que tem.” (C 1).

Revela completa preocupação do cuidador quanto ao fato de o paciente sequer reconhecer os entes familiares.

5.2.1.2 Subcategoria Irritabilidade

A presente subcategoria revela como o cuidador reage às investidas do paciente por ele cuidado. Trata-se de estabelecer uma relação de não aceitação à agressividade apresentada pelo paciente por parte do cuidador, da forma como se depreende das falas abaixo:

a. “(...) Ele me bate, me espanca, é desse jeito...Quando eu vou falar para ele que ele

tem que tomar remédio, tomar banho – doente tem que tomar banho pelo menos três vezes ao dia porque soa, soa... –, aí ele fala: ‘Você quer acabar com a água da chácara.’, ou ele xinga, ele bate, é assim...Ele não era assim, ele era um bom pai de família, ele não era agressivo (...)”. (C 1).

b. “(...) O que para mim é mais difícil é o fato dele esquecer tudo, e perguntar a

mesma coisa duas, três vezes naquele espaço de tempo... Já está me irritando. (C

4).

c. “(...) Ela já é muito agressiva, às vezes ela gosta de pirraçar. (...) O esquecimento

dela acaba comigo... Acabo de falar: ‘- d. Milane vem tomar o remédio.’. Aí se eu desviar para fazer outra coisa, aí eu ver que ela não tomou o remedio, ela diz: ‘- Você não me falou nada.’. Dá um esquecimento nela que tá muito terrível... Isso estressa a gente, tem que falar para ela e ficar ali plantada, esperando ela tomar porque, senão, se você se desviar para fazer outra coisa e não voltar, ela fica sem tomar. (C 5).

São falas que expõem a relação pouco tolerante às atitudes apresentadas pelo paciente, uma vez que se trata de uma conduta não condizente com a postura antes apresentada. A irritação, portanto, é desencadeada neste processo e fica latente nas entrevistas realizadas. Em interessante revisão de literatura, Medeiros (2000) cita Jani-le Bris (1994) quando afirma que a situação de prestação de cuidados “ (…) e o peso que ela implica, geram frequentemente na

pessoa que o faz, stress, frustrações, nervosismo, irritabilidade, inquietação, ansiedade ou ainda uma preocupação constante “ (Jani-le Bris, 1994, cit In Medeiros, 2000).

5.2.1.3 Subcategoria Compaixão

Esta subcategoria demonstra como tal sentimento é recebido pelo cuidador. Trata-se de uma resposta positiva àquele que merece seu sacrifício, ou seja, uma resposta merecida ao paciente dementado. A fala seguinte retrata bem esta subcategoria.

a. “(...) Nada que ele faz me incomoda, ele é muito tranquilo, sabe? Pra você ter

uma ideia: às vezes ele faz necessidades na roupa assim, e nem isso me incomoda. Me dá uma compaixão, não tenho nojo... E é a hora que tenho mais compaixão. (...) Eu sofro assim, mas não de me desesperar, é de ver ele assim sofrendo, né? Por que isso dói na gente né?” (C 2).

Por meio desta fala revela-se forte tendência à compreensão e à aceitação da sua condição de cuidador. Interessante observação faz Schopenhauer, filosofo alemão do século XIX, sobre compaixão. Não visão deste pensador, compadecer é “sofrer com”. Ter compaixão é compartilhar o sofrimento do outro. De fato, por meio da fala apresentada, fica evidente a

forma como o cuidador compartilha do sofrimento do paciente por ele cuidado, afirmando que não se incomoda com as dificuldades surgidas no cuidado.

5.2.1.4 Subcategoria Frustração

A subcategoria presente busca retratar o quadro de decepção enfrentada pelo cuidador. Denota preocupação e tristeza em saber que não há retorno do paciente com a atenção dispensada a ele, além de perceber que o paciente perdeu os vigores físico e mental de outrora. As falas, abaixo apresentadas, corroboram este entendimento.

a. “(...) Tem uma coisa que me incomoda a mim mesmo é quando chego perto dele e

ele fala: ‘- Sai!’... Eu fico meia triste. (...) Tem uma redinha que se balança e ouve a musica...Eu deito lá perto dele? Aí eu falo assim: ‘- Vamos ouvir a musica junto.’. Aí ele levanta quando eu chego... Parece que a minha presença incomoda. Não é só a minha, é de todo mundo. Ele gosta muito de isolamento.” (C 2).

b. “(...) Ele não dá conta de fazer as coisas, ele pensa que dá, quer fazer e não dá

conta minha filha, isso acaba comigo.” (C 3).

Trata-se de falas que demonstram o quanto a frustração transmite ao cuidador um abatimento a partir do momento em que ele começa a perceber que o paciente não lhe oferece mais a atenção e o carinho de antes. Segundo Decesaro e Ferraz (2009), realmente, os cuidadores manifestaram sentimentos de angústia e frustração ao reportar a esta pesquisadora que as orientações repassadas ao portador não eram apreendidas, o que os frustrava.

5.2.1.5 Subcategoria Piedade

Subcategoria que revela como o cuidador reage à dificuldade apresentada pelo paciente diante das adversidades da doença, conforme se pode observar na fala seguinte.

a. “(...) Quando ela vai tossir, ela não abre a boca para tossir, e ela tosse de boca

fechada e de dentes fechados... A minha vó não sabe cuspir, não sabe engolir a saliva... Minha vó é assim: tem que tá o temo todo de olho nela senão ela engasga. Eu fico com pena, assim, dela não abrir a boca para tossir.” (C 9).

São falas que propõem uma conotação de misericórdia por parte do cuidador pelo que é apresentado pelo paciente em face da doença.

5.2.1.6 Subcategoria Zelo

A presente subcategoria demonstra o cuidado dispensado a quem precisa da atenção necessária no momento delicado pelo qual está passando, de forma evidente como apresentado na fala abaixo.

a. “(...) Eu jamais vou deixar ela jogada, jamais, eu não faço isso não. Eu tento dar

o meu melhor e tento organizar as coisas... Eu não sou melhor do que ninguém, eu não faço melhor do que ninguém, eu só peço [aos meus outros parentes] atenção naquilo que se faz, [para] fazer direito...”(C 9).

A fala apresentada reforça a importância de que o zelo e o cuidado são indispensáveis para aqueles que tanto necessitam do apoio de quem cuida. A própria sensação de cuidado apresentado pelo cuidador reforça a ideia de atenção e carinho pelo paciente dementado. De forma a corroborar este entendimento, Boff (1999) reforça que:

Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto abrange mais que um momento de atenção, de zelo e desvelo. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro (BOFF, 1999, p. 33). De forma a sintetizar a categoria “Sentimentos” estudada, segue o quadro.

Quadro 3 – Detalhamento da categoria SENTIMENTOS

CATEGORIAS TEÓRICAS DE ANÁLISE DA PESQUISA – Categoria 1 (SENTIMENTO)

Tentativa de apresentar o sentimento dos entrevistados em uma categoria ampla e abrangente, em que subcategorias como indiferença, irritabilidade, compaixão, frustração, piedade e zelo, abaixo classificadas, reforçam as emoções vivenciadas e experimentadas pelos cuidadores. Bochi (2004) assinala bem esta questão quando ensina que o idoso, diante de uma doença crônica – como demência, por exemplo –, promove alterações em seu comportamento. Irritabilidade, indiferença, entre outras alterações apresentadas por eles, despertam no cuidador sentimentos diversos que acabam por sobrecarregá-lo, emocional e fisicamente.

SUBCATEGORIA DESCRIÇÃO FALAS

INDIFERENÇA

Nesta subcategoria são definidas as situações que refletem ao cuidador tudo o que menos se espera daquele de quem cuida: indiferença com relação às pessoas que sempre fizeram parte de sua vida.

“(...) Ele não reconhece os filhos, não sabe os filhos que tem.” (C 1). Revela completa preocupação quanto ao fato de o paciente sequer reconhecer os entes familiares.

SUBCATEGORIA DESCRIÇÃO FALAS

IRRITABILIDADE “(...) Ele me bate, me espanca, é desse jeito...Quando eu

vou falar para ele que ele tem que tomar remédio, tomar