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3 A BUSCA DE RESPOSTAS: PERCURSO METODOLÓGICO

4.4 Avaliação do nível conceitual da escrita: análise dos pré e pós-

4.4.1 Ditado de palavras com imagens: comparação entre pré e pós-

Conforme mencionado anteriormente, o teste ditado de palavras26 com imagens objetivou verificar as hipóteses que o sujeito elaborava sobre a escrita de palavras compostas por sílabas canônicas e não canônicas. Dado o volume de dados obtido neste estudo, selecionei três das sete palavras ditadas para que fosse realizada a análise individual da escrita dos sujeitos da pesquisa. As palavras escolhidas para a análise individual foram CASTELO, GIGANTE e OVO.

O quadro 20 exibe os resultados encontrados no pré e pós-teste do ditado com palavras.

Quadro 20 -Comparação entre pré e pós-teste do ditado de palavras com imagens Ditado de palavras com imagens

Escolas Aluna Idade Ano

escolar Pré-teste Pós-teste

Escola A Karla 16 5º Silábico estrito com uso de letras pertinentes Silábico estrito com uso de letras pertinentes Renata 16 5º Silábico-alfabético Alfabético

Escola B

Tereza 08 2º Silábico inicial Silábico-alfabético Joana 09 3º Silábico-alfabético Alfabético Jéssica 14 5º Silábico estrito com uso

de letras pertinentes Silábico-alfabético

Fonte: Dados da pesquisa.

De acordo com este quadro apresentado, ao comparar os resultados do pré e pós-teste de todos os sujeitos, comprovou-se que a maioria deles evoluiu, com exceção de Karla, que permaneceu no nível silábico estrito com uso de letras pertinentes. Nessa hipótese de escrita, a aluna representa as sílabas das palavras com uma letra para cada sílaba e as letras utilizadas são apropriadas à escrita da palavra. No pré-teste, dentre os sujeitos, a aluna Tereza mostrou a escrita no nível mais elementar (silábico inicial). De acordo com Vernon e Ferreiro (2013) existe

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nesse nível uma tentativa de realizar a correspondência letras/sílabas, no entanto a criança ainda não controla a quantidade de letras por sílaba. Desse modo, a correspondência entre fonema/grafema ocorre por meio da representação de uma letra para cada sílaba. Na representação escrita do nível silábico inicial, a criança ainda não controla o número de letras que deverá utilizar para representar as sílabas de determinada palavra.

Ainda de acordo com os dados registrados no quadro 20, importante também é destacar a evolução qualitativa de Tereza, dentre todos os sujeitos, considerando-se o seu nível inicial de escrita. A criança iniciou a pesquisa no nível silábico inicial (pré-teste) e no final (pós-teste), evoluiu para o nível silábico- alfabético, demonstrando avanço significativo na sua hipótese de escrita.

Os resultados também permitiram aferir que Renata e Joana, no pré- teste, já se encontravam no nível conceitual mais avançado dentre os outros participantes, uma vez que, diferentemente dos demais sujeitos, elas já exibiam uma escrita do nível silábico-alfabético. Nesse nível, a escrita das palavras oscila entre o nível silábico e o alfabético. Na produção dessas alunas, também foi observado o registro escrito de unidades intrassilábicas no interior das sílabas que formavam a palavra. No pós-teste, Renata e Joana evoluíram para um nível conceitual mais avançado, o alfabético. De acordo com Morais (2007) a criança ao atingir o nível alfabético de escrita começa a deparar com dificuldades de natureza ortográfica. Nesse sentido, Renata e Joana, provavelmente, passarão a enfrentar situações relacionadas ao sistema ortográfico de escrita, que implicará o conhecimento de suas regularidades e irregularidades (MORAIS, 2007). E, por fim, Jéssica, que no pré-teste evoluiu do nível silábico estrito com uso de letras pertinentes para o silábico-alfabético no pós-teste, atestando também avanço importante.

Após a apresentação dos resultados globais identificados nos pré e pós- testes, será destacada a análise individual dos sujeitos da pesquisa. Para isso, foram agrupados os participantes, de acordo com o nível inicial de escrita. O quadro 21 apresenta os sujeitos que iniciaram a pesquisa com a escrita no nível conceitual silábico.

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Quadro 21 - Alunas com escrita inicial no nível silábico Nível de

escrita Aluna Subnível Características observadas no pré-teste

Silábico

Tereza Silábico inicial

Escrita sem controle da quantidade de letras por sílaba;

Prolongamento sonoro da última sílaba das palavras para realizar a correspondência letra/sílaba;

Pertinência de letras predominantes nas vogais;

Utilização de uma letra com o nome ou valor sonoro de uma sílaba para representa-la

Jéssica Silábico estrito com uso de letras pertinentes

Controle da quantidade de letras por sílaba;

Letra M como elemento coringa;

Oscila entre o uso de vogais e consoantes pertinentes

Karla Silábico estrito com uso de letras pertinentes

Uso sistemático de uma ou duas letras para representar uma sílaba;

Pertinência de letras predominantes nas vogais

Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme o quadro, no pré-teste, Tereza demonstrou uma escrita com características do nível silábico inicial com predominância das letras T, A e V, (todas essas letras compõem seu nome)27. A imagem 46 ilustra a escrita realizada por

Tereza. Na legenda destacada abaixo do texto de Tereza, foi evidenciado em cores diferentes a segmentação silábica realizada pela aluna.

Imagem 46 - Escrita de palavras pela aluna Tereza no pré-teste

Fonte: Dados da pesquisa.

De acordo com a imagem 46, observa-se que as sílabas da escrita de Tereza não são compostas pelo uso sistemático de determinada quantidade de letras para representá-las. Vê-se que ora ela utiliza, de modo apropriado, uma letra (O) para representar a sílaba inicial (O,) da palavra OVO, e em outros momentos ela

27

Tereza é um nome fictício que foi dado à aluna para manter seu anonimato, no entanto, seu nome verdadeiro traz na composição as letras T, V e A.

KI VPODT AB CAS TE LO KIA PTD TOBPA GA LI NHA O VIRAHPAT O VO

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emprega cinco letras (VPODT) para representar a sílaba medial TE da palavra CASTELO, e a mesma quantidade (cinco letras - TOBPA) para representar a sílaba final NHA da palavra GALINHA. A maioria desses registros exemplificados não indica qualquer preocupação em estabelecer a correspondência entre o que ela fala e o que escreve. Quando Tereza é solicitada, no entanto, a fazer a leitura de cada palavra, ela aplica a estratégia de segmentação silábica, na tentativa de garantir a pertinência das letras durante sua leitura pausada por sílabas. Também em sua leitura há o prolongamento sonoro da última sílaba de cada palavra Nesse sentido, o uso dessa estratégia de leitura parece sugerir a tentativa de manter a correspondência de letras/sílaba.

Importante também é destacar o fato de que, no pré-teste, Tereza, ao escrever a letra inicial de cada palavra, utilizou as letras que indicavam correspondência sonora. Na palavra CASTELO, por exemplo, a aluna escreveu a letra inicial com pertinência do valor sonoro e usou a letra K, e também acrescentou a letra I (KI) para compor à sílaba CAS. Ao observar a continuidade do registro das letras/sílabas desta palavra, não foi verificado a pertinência sonora das letras utilizadas, já que ela escreveu a sequência VPODT para a sílaba TE, e registrou AB para a sílaba LO. O mesmo ocorreu com as demais palavras, em relação ao som inicial, de modo que, ao escrever a palavra GALINHA, Tereza utilizou a vogal A na silaba inicial (KIA). Diferentemente da escrita da palavra CASTELO, em que a aluna só utilizou correspondência sonora na letra inicial, na palavra GALINHA, ela também usou a letra A no final da sílaba NHA (TOBPA). Já na palavra OVO, foi observada a sílaba inicial com pertinência, mas na sílaba seguinte apenas a consoante V escrita nessa sequência (VIRAHPAT) pertence ao conjunto de letras que constitui a palavra OVO.

Comparando os resultados obtidos no pré-teste com aqueles identificados no pós-teste houve mudanças qualitativas na escrita de Tereza, porque sua escrita passou a exibir características do nível silábico- alfabético. A imagem 47 expressa essa mudança evolutiva.

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Imagem 47 - Escrita de palavras pela aluna Tereza no pós-teste

Fonte: Dados da pesquisa.

De acordo com o quadro 20, no pós-teste, foi perceptível a evolução da escrita da aluna Tereza. Ela passou a indicar o emprego sistemático de uma e/ou duas letras para representar cada sílaba que compõe a palavra, de modo que ela também inseriu unidades intrassilábicas, como no caso da palavra CASTELO (AHGELO). Na escrita dessa palavra, a aluna representou cada sílaba com duas letras (AH – CAS; GE – TE; LO – LO), sendo duas sílabas com vogais pertinentes (AH – CAS; GE – TE) e uma com a consoante e vogal pertinente (LO). A palavra GALINHA também foi escrita com letras pertinentes a cada sílaba (G – GA; HI – LI; A – NHA). Por fim, a palavra OVO, nesse momento diferente do que ocorreu no pré- teste, ela escreveu de maneira ortográfica.

Interessante também é ressaltar que, no pós-teste, durante a escrita das palavras, Tereza verbalizou sistematicamente as sílabas antes de representá-las graficamente, assim como passou a realizar, além da leitura-controle, a leitura de verificação, para se certificar de que havia escrito todas as letras que formavam as sílabas das palavras ditadas.

Na sequência, estão os dados referentes ao pré e pós-teste da aluna Jéssica.

Jéssica mostrou no pré-teste uma escrita com características do nível silábico estrito, com uso de algumas letras pertinentes. As sílabas são compostas pelo uso sistemático de uma, duas e até três letras para representá-las, como, por exemplo, na sequência de letras (ASMCOA) para a escrita de CASTELO.

Na escrita das três palavras CASTELO, GALINHA, OVO, Jéssica, nem sempre, utilizou as letras com pertinência sonora entre fonema e grafema. Em todas elas, no entanto, a aluna usou vogais e consoantes pertinentes, como, por exemplo, a sequência de letras KGMA, para a escrita da palavra GALINHA.

AH GE LO CAS TE LO G HI A GA LI NHA O VO O VO

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A imagem 48 representa algumas palavras escritas por Jéssica durante o pré-teste. Abaixo do texto escrito da aluna, registrou-se uma legenda com cores diferentes nas sílabas, para indicar a segmentação silábica realizada por Jéssica durante a leitura.

Imagem 48 - Escrita de palavras pela aluna Jéssica no pré-teste

Fonte: Dados da pesquisa.

Ao analisar individualmente a escrita de cada palavra, foi observado o fato de que para a escrita da palavra CASTELO, Jéssica usou uma consoante pertinente na sílaba inicial (AS – CAS), enquanto na sílaba final utilizou a vogal pertinente para essa sílaba (COA – LO). No caso da palavra GALINHA, Jéssica aplicou inicialmente a letra K como representação da sonoridade GA. Enquanto isso a sílaba mediana foi escrita sem o uso de letras pertinentes (GM – LI). E, na última sílaba, foi empregada a vogal A, pertinente a sílaba final da palavra. Quanto à escrita do vocábulo OVO, a aluna escreveu a sílaba inicial ortograficamente, enquanto, na sílaba final, Jéssica utilizou a vogal O, coerente com a palavra, embora ela tenha utilizado outras letras (ASCO) para compor a sílaba VO. Convém destacar que, em duas palavras Jéssica utilizou a letra M como elemento-coringa (AS M COA para CASTELO; K G MA para GALINHA). Percebeu-se que Jéssica inseria a letra M nas sílabas, quando não sabia qual letra usar para grafar uma determinada sílaba de uma palavra.

No pós-teste, por sua vez Jéssica, exibiu uma escrita com características do nível conceitual silábico-alfabético. A imagem 49 representa a escrita de algumas palavras por Jéssica no pós-teste.

Imagem 49 - Escrita de palavras pela aluna Jéssica no pós-teste

Fonte: Dados da pesquisa.

K GM A GA LI NHA AS M COA CAS TE LO O ASCO O VO CASA TELO CAS TE LO GA LI NA GA LI NHA O VO O VO

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No pós-teste, durante a escrita do ditado, Jéssica demonstrava insatisfação com as escolhas que fazia para registrar as palavras ditadas. Nesse sentido, ela expressou muito conflito cognitivo relacionado às letras que deveriam compor as palavras. Esse comportamento de Jéssica sugeria que ela já era capaz de perceber que existem regras regendo a escrita convencional. Também, na escrita das palavras ela realizava de maneira sistemática a leitura-controle e verificadora para rever sua escrita. O uso da leitura-controle e verificadora foi observado, principalmente, para a escrita da palavra GALINHA. Para exemplificar essa situação, evidencia-se o comportamento de Jéssica antes de escrever a palavra GALINHA.

Jéssica: a palavra GALINHA é escrita com CA? Pesquisadora: silêncio

(A aluna representou graficamente a sílaba GA e registrou as demais letras LI NA para compor a palavra)

Ao concluir a escrita, Jéssica permaneceu observando o seu registro escrito e, após alguns minutos, falou para mim, “não é CA e sim GA”.

Na escrita da palavra CASTELO, a escrita da sílaba CAS ocorreu com o acréscimo de uma vogal A, em desordem, porém com o uso pertinente. Para a escrita da palavra OVO, a aluna trocou o fonema V por F, resultando na seguinte sequência para a palavra OVO - OFO.

Ante o exposto, relato dizendo concluo que Jéssica, ao final da pesquisa, mostrava a escrita no nível conceitual silábico-alfabético. Importante registrar o fato de que, nas demais palavras ditadas, a aluna oscilava entre uma escrita silábica e alfabética.

Para concluir a análise dos dados das alunas que iniciaram a pesquisa com a escrita no nível conceitual silábico serão expressos os dados referentes à aluna Karla.

No pré-teste, Karla exibiu uma escrita no nível silábico estrito com uso de letras pertinentes, além de uso sistemático de uma ou duas letras para cada sílaba representada. Na escrita da palavra CASTELO, por exemplo, ela registrou a sequência das seguintes letras: APEO. Karla representou de maneira parcial as unidades sonoras das palavras e utilizou valor convencional de consoante (GAIA – para GALINHA). As letras escritas têm correspondência estrita com a sílaba

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representada (APEO – para CASTELO). Na leitura de todas as palavras, ela usou a segmentação silábica para interpretar sua escrita.

A imagem 50 refere-se à escrita de algumas palavras escritas por Karla durante o pré-teste.

Imagem 50 - Escrita de palavras pela aluna Karla no pré-teste

Fonte: Dados da pesquisa.

Ao analisar individualmente as palavras, defendeu-se que, embora Karla realizasse a segmentação silábica das palavras, nem todas as sílabas eram escritas com letras pertinentes. Foi notada a pertinência das letras principalmente no uso das vogais, como na palavra CASTELO, em que a aluna utilizou as vogais pertinentes a cada sílaba verbalizada- A E O. No vocábulo GALINHA, registrou-se a pertinência da consoante G, enquanto, na palavra OVO, a consoante V.

Diferentemente de Jéssica, Karla, durante a realização do ditado, utilizou apenas a leitura-controle, mas, ao término da escrita, não fazia a leitura verificadora, tal como Jéssica utilizava após sua escrita.

No pós-teste, Karla não exprimiu mudanças no nível conceitual da sua escrita. A imagem 51 demonstra a escrita de algumas palavras utilizadas no ditado.

Imagem 51 - Escrita de palavras pela aluna Karla no pós-teste

Fonte: Dados da pesquisa.

No pós-teste, a escrita das palavras era realizada com origem na segmentação silábica com o prolongamento sonoro das sílabas da palavra. Esse comportamento da aluna ocorreu na escrita da palavra CASTELO. Quando ela tentava realizar a correspondência letras/sílabas, utilizava letras pertinentes,

AP E O CAS TE LO GA I A GA LI HNA OV OVO TA E O GH CAS TE LO G A H GA LI HNA O VO O VO

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oscilando entre vogais e consoantes (TA – CAS; E – TE; O GH – LO). Na escrita da palavra GALINHA, a aluna Karla usou a estratégia de aplicar a letra G, se apoiando no nome da letra, para registrar a sílaba GA. Na escrita das demais palavras do ditado, em várias situações, foi empregada a letra T como elemento-coringa.

Na análise desse grupo, verificou-se a predominância do uso de vogais pertinentes para representar as sílabas de uma determinada palavra. Em relação às escritas silábicas com predominância de vogais pertinentes, Teberosky e Colomer (2003, p.56) concluem que isso ocorre porque as crianças são tendentes a descobrir primeiro o valor sonoro das vogais, seguido do valor sonoro das consoantes. As autoras ressaltam ainda que, “Quando as crianças analisam as sílabas, descobrem a vogal, que é o elemento com maior sonoridade, o núcleo da sílaba”.

Para dar continuidade às análises do pré e pós-testes é indicado o grupo de sujeitos que iniciou a pesquisa no nível silábico-alfabético. O quadro 22 contém esses sujeitos.

Quadro 22 - Alunas com escrita inicial no nível silábico-alfabético

Fonte: Dados da pesquisa.

No pré-teste, Joana externou uma escrita no nível silábico-alfabético. Nesse nível, Vernon e Ferreiro (2013, p.202) enfatizam que “As crianças utilizam um sistema de escrita aparentemente misto. Algumas vezes representam uma sílaba completa com uma letra, mas também começam a representar unidades intrassilábicas”. Na fase inicial, as sílabas das palavras, em sua maioria, expressava uma composição convencional, ou seja, para as escritas das sílabas ela utilizava a junção de vogal e consoante, de modo pertinente (GA E NI – GALINHA). A imagem 52 representa a escrita de algumas palavras do ditado de Joana no pré-teste.

Nível de escrita Aluna Características observadas no pré-teste

Silábico-alfabético

Joana Letra V como elemento coringa;

Presença de unidades intrassilábicas na escrita das sílabas; Uso do til para nasalização da sílaba;

Sílabas compostas por vogais e consoantes pertinentes; Prolongamento sonoro da última sílaba das palavras para realizar a correspondência letra/sílaba;

Renata Presença de unidades intrassilábicas na escrita das sílabas; Sílabas compostas por vogais e consoantes pertinentes; Uso do til para nasalização da sílaba;

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Imagem 52 - Escrita de palavras pela aluna Joana no pré-teste

Fonte: Dados da pesquisa.

Na imagem 52, foi identificada a escrita alfabética da palavra CASTELO, em que a aluna fez a correspondência sistemática entre fonemas e letras, embora ela tenha omitido a letra S da sílaba CAS (CATELO). Na escrita da palavra GALINHA, vê-se a sílaba GA com escrita convencional, e este registro se diferenciava das demais sílabas, porque ela utilizou a letra E para a sílaba LI, e a sequência NI para NHA. Na escrita da palavra OVO, a aluna realizou a duplicação da consoante V. Isso ocorreu porque, durante a leitura dessa palavra, ela fez o prolongamento sonoro na sequência de letras OVO, a fim de estabelecer a correspondência com a sílaba VO.

No ditado, havia outras palavras, no entanto, dado o volume de dados, não foi objeto de análise nesse subtópico. Para ilustrar o uso de uma marca de nasalização na escrita, entretanto, tem destaque a escrita da palavra GIGANTE, na qual que Joana utilizou o acento gráfico til para realizar a nasalização da sílaba GAN.

Comparando o pré e o pós-teste, verificou-se que Joana avançou para o nível alfabético de escrita. A imagem 53 expressa as mesmas três palavras escritas durante o pós-teste.

Imagem 53 - Escrita de palavras pela aluna Joana no pós-teste

Fonte: Dados da pesquisa.

De acordo com a imagem 53, a escrita das palavras demonstra que a aluna Joana passou a enfrentar conflitos relacionados a questões ortográficas. No

GA E NI GA LI NHA V O VO O VO CA TE LO CAS TE LO GA LI NHA GA LI HNA CA TE LO CAS TE LO V O VO O VO

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caso da escrita da palavra CASTELO, a aluna omitiu novamente a letra S (CATELO); no entanto, a escrita da palavra GALINHA foi realizada de maneira ortográfica. Na escrita da palavra OVO, a aluna novamente acrescentou outra letra V. No entanto, no pós-teste, essa letra foi considerada excedente, já que a aluna não a considerou quando interpretou oralmente sua escrita, no momento da leitura.

Por fim, serão mostrados os dados referentes à escrita da aluna Renata, que iniciou a pesquisa com a escrita no nível silábico- alfabético.

Renata exibiu uma escrita controlada pela segmentação silábica com o uso sistemático de uma ou duas letras para cada sílaba. Nas letras escritas tinham correspondência estrita com as sílabas representadas, assim como o uso pertinente das vogais e das consoantes na escrita das palavras. A imagem 54 demonstra três das palavras escritas pela aluna durante o pré-teste.

Imagem 54 - Escrita de palavras pela aluna Renata no pré-teste

Fonte: Dados da pesquisa.

Na escrita dessas palavras, Renata utilizou as letras pertinentes Por exemplo, para a escrita das sílabas TE e LO da palavra CASTELO, ela empregou as sílabas TE e LU. Na última sílaba, Renata escreveu se apoiando na oralidade e fez a correspondência sonora do O com a letra U. Interessante também é destacar o uso do sinal gráfico til (Ã), para indicar a nasalização da sílaba NHA da palavra GALINHA, enquanto a palavra OVO foi escrito de maneira ortográfica.

No pós-teste, Renata demonstrou avanço para o nível conceitual alfabético de escrita, conforme pode ser na imagem 55.

Imagem 55 - Escrita de palavras pela aluna Renata no pós-teste

Fonte: Dados da pesquisa. K TE LU CAS TE LO CA LI Ã GA LI NHA O VO O VO CA TE LU CAS TE LO GA LI NA GA LI HNA V OV O VO

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Durante a escrita no pós-teste, em alguns momentos, Renata me