• Nenhum resultado encontrado

Divisão Política da Bolívia por Departamentos

Fonte: Montes (1997).

Nas terras baixas, prevalece - em termos produtivos - Santa Cruz de la Sierra, com uma estrutura fundiária de grandes extensões de terra, onde se cultiva principalmente soja e cana-de-açúcar, além do destino de terras à pecuária e ao refino de petróleo.

Na região do altiplano, sobressai o departamento de La Paz em termos produtivos e é o mais populoso desta região. Habitado por indígenas quechuas e aymara, além de atividades terciárias, produz alimentos, bebidas, fumo, têxtil, mineração e coca.

Na região subandina, o departamento de Cochabamba que tem destaque por sua função econômica. Além de petróleo, cultiva-se também trigo, milho, coca, frutas e hortaliças. Dos nove departamentos, estes três (Santa Cruz, La Paz e Cochabamba) concentravam em 2006 quase ¾ do total do PIB nacional.

Santa Cruz e Tarija juntos apontam uma importante proeminência econômica. Tarija começou a despontar pelas atividades ligadas ao binômio petróleo-gás natural16 e somente Santa Cruz, em 2004, aportou 43% do PIB nacional em função de suas atividades no setor primário. Estes dois departamentos junto a Beni e Pando, conformam o que se chama de media luna, região que suscita a tentativa de separatismo em relação ao resto da Bolívia, fortemente indígena e consideravelmente mais pobre (LINS, 2007).

Em 1999, o espaço boliviano apresentou incidência de pobreza em 62,6%. Em somente dois anos, entre os anos 1999 e 2001, cerca de 380 mil bolivianos passaram a fazer parte da população pobre e mais de 50 mil perderam seus empregos. A renda que recebe significativa parte das famílias bolivianas não é suficiente para adquirir uma cesta de alimentos que permita alcançar os níveis mínimos de satisfação das necessidades básicas (CEPAL, 2004).

A desigualdade social também é a característica que marca o país. Os 20% mais ricos dispõem de uma renda 30 vezes maior do que os 20% mais pobres. O desemprego oficialmente registrado triplicou nos últimos 17 anos e o número de trabalhadores no setor informal – que envolve condições de trabalho precárias - aumentou de 58% para 68% num período de 15 anos (SADER, 2006).

Na década de 80 do século XX a Bolívia entrou num processo hiper- inflacionário nunca antes visto. A falta de alimentos básicos gerou o descontentamento generalizado na população, que estremeceu o poder do Estado através de greves, bloqueios e, inclusive, a tomada da capital, La Paz.

No ano 1985, o Governo de Víctor Paz Estenssoro (1985-1990), decretou a livre contratação e a retirada dos benefícios sociais como parte do ajuste anti-inflacionário, alinhado com as reformas neoliberais. A partir dessa data, como medida imposta pelo FMI se efetivou a demissão em massa de mais de 25.000 trabalhadores, em sua maioria,

16

A base da propriedade privada nacional boliviana situa-se nas reservas de gás e petróleo, avaliadas atualmente em mais de cem milhões de dólares, exploradas tradicionalmente por grandes empresas multinacionais, como a Repsol, Petrobrás, Shell dentre outras. As reservas de gás descobertas na Bolívia são a segunda mais importante da América do sul, atrás apenas da Venezuela. Aproximadamente 85% destas localizam-se no departamento de Tarija. O restante encontra-se no estado de Santa Cruz, divisa com o Brasil (MARTINS, 2005).

dedicados à extração mineral17. Muitos tiveram que migrar e, dentre os destinos, a cidade de El Alto, que já vinha apresentando um crescimento importante, se apresentou como um dos principais destinos18.

Desde meados da década de 80 do século XX até o ano de 2003, a política do governo boliviano consistiu na privatização das minas, telecomunicações, do transporte, da água, eletricidade, do gás e petróleo. Diante este processo, em que as classes proletárias da Bolívia só ficaram mais empobrecidas, começou uma luta entre a população, as empresas que privatizaram os recursos – antes públicos - e o Estado, representante e facilitador do processo de privatização.

Os cocaleiros se organizaram em comunidades agrárias para lutar contra as políticas norte-americanas de erradicação do cultivo da coca, que impossibilitavam sua sobrevivência19. No ano 2000, a cidade de Cochabamba se mobilizou para expulsar a empresa multinacional Bechtel, beneficiada pela privatização da água potável, embate que ficou conhecido como a Guerra del Agua Em paralelo, múltiplas organizações se encontravam na luta, entre elas, a Confederação Sindical Única dos Trabalhadores Camponeses da Bolívia (CSUTCB), o Movimento dos Sem-Terra da Bolívia, a Central dos Trabalhadores da Bolívia (COB). Desde o ano 2000 até o ano 2005 sobrevieram uma série de protestos sociais, reivindicando mudanças populares.

No ano 2003, diante da tentativa estatal de aumentar os impostos que recaiam diretamente sobre a população, houve uma importante manifestação em El Alto, cujo resultado foi a anulação dos mesmos20. Em setembro do mesmo ano, a Federação de Juntas de Vizinhos de El Alto (FEJUVE-El Alto) - cujo papel é viabilizar socialmente a habitação da cidade - se uniu à luta dos recursos naturais, compreendendo que sua exploração privada só tornavam a vida dos homens bolivianos mais crítica. A partir da

17

A mineração foi uma das principais atividades econômicas na Bolívia desde antes da chegada dos espanhóis às Américas (1492). No entanto, a partir da descoberta das minas de Potosí em 1545 a produção da Bolívia passou a ser determinada pela extração mineral (VARGAS, 2007). A atividade mineira mobilizava alimentos e ativava fluxos comerciais, assim como o povoamento de cidades no meio das montanhas: colossais acampamentos mineiros. Já no início da segunda metade do século XX o estanho se perfilou como principal fonte de riqueza do país (LINS, 2007).

18

O Censo Demográfico de 1998 apresenta que o 88% dos moradores da cidade nasceram em outras regiões da Bolívia. Cerca de 67% da população desta cidade vive em situação de pobreza e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de El Alto é 0.63 (FUNDAÇÃO KELLOGG, 2006), sendo que a média na Bolívia é 0,641.

19

Daqui surgiu o Movimiento al Socialismo (MAS) em 1999, considerado uma confederação de movimentos sociais mais do que um partido.

20

Milhares de trabalhadores assalariados, trabalhadores informais, autônomos, gremistas, Juntas de Vizinhos se levantaram contra a tentativa da Prefeitura alteña de aumentar a carga do imposto pago pela classe trabalhadora. Os formulários Maya Paya, onde se agrupavam estes aumentos, tiveram que ser anulados.

Guerra del Gas, como ficou conhecida essa série de manifestações21, o presidente Gonzalo Sánchez de Lozada (1993-1997; 2002-2003) se viu obrigado a renunciar. Em 2005 novamente a luta popular foi às ruas reinvidicar a instituição da assembléia constituinte, a anulação do contrato de água com a empresa Aguas de Ilimani (que distribuía água em La Paz e El Alto) e a renúncia do presidente Carlos Meza (2003- 2005).

Surgiu, desta forma, outra questão para além da luta pelas condições de trabalho (que outrora fosse a questão central): a própria reprodução da existência no cotidiano, o problema da subsistência, o abastecimento dos recursos básicos e o retorno da exploração dos recursos estratégicos através de investimentos que observem o bem-estar da população.

El Alto é considerada hoje o motor de mobilização social na Bolívia, pois é o espaço onde se incorpora a questão indígena articulada a um amplo movimento social. Nesse sentido, o professor boliviano Alcoreza (2003) afirma que El Alto condensa a história da Bolívia, a legitima, lhe dá vida no tempo presente. Segundo este autor, a cidade de El Alto emerge no momento atual como a síntese das contradições históricas sob as quais se estruturam a ordenação social, política e econômica da Bolívia, legado da colonização espanhola e fruto do funcionamento do modo de produção capitalista mundial.

Es como decir que la historia de Bolivia se condensa en esta ciudad, la demanda política de los movimientos sociales se condensa en esta ciudad. El conjunto de los movimientos sociales desatados desde abril de 2000 hasta octubre de 2003 de alguna manera confluyen y son recogidos por las organizaciones sociales de esta populosa ciudad en un momento de desprendimiento y de vivencias intensas (ALCOREZA, p.42, 2003)

É nesse espaço onde o movimento social, considerado como ação (práxis), conflui em direção de um presente convergente. A multidão conflui suas ações para o momento histórico do presente, em que podem estar criando um espaço novo, um espaço transitório para além da resistência ao capital.

Defendemos que as lutas de resistência na cidade de El Alto repousam sobre práticas solidárias na vida cotidiana. Conseguem com êxito o controle territorial, pois as precede uma experiência de união e práticas coletivas. Portanto, ao mesmo tempo em que em El Alto se confronta com a dificuldade de os homens se reproduzirem dentro do

21

Nos meses de setembro e outubro de 2003 esta cidade apareceu para o mundo inteiro em dezenas de jornais e noticiários em função de uma das maiores mobilizações sociais jamais vistas na história da Bolívia

modo de produção atual, pode também constituir o berço de importantes transformações, que advêm de (e projetam) práticas organizacionais comunitárias, baseadas na cooperação e solidariedade. Observamos estas práticas na construção dos espaços públicos (praças, escolas, ruas, inclusive a Universidade Pública de El Alto), através das práticas de autoconstrução e ação coletiva para instalação de água, luz, esgoto. Também apreendemos práticas solidárias no Mercado 16 de Julio, nas celebrações e festividades, no resguardo da segurança pública dos bairros, como apresentaremos no capítulo III.

CAPÍTULO II

II.1 ossa Proposta de Análise

Para nós, a geografia no século XXI não é mais a geografia do capital, nem mesmo a geografia crítica ao capital. A marca do nosso tempo é a dificuldade/impossibilidade de os homens se reproduzirem, tanto na condição de assalariados quanto de capitalistas, sob o salário e lucro, respectivamente. A universalidade posta do nosso tempo é que o modo de produção capitalista não dá mais conta de sustentar a vida das pessoas e, mesmo assim, por sua natureza contraditória, continua se afirmando ainda que de forma degenerescente. Nesse contexto nascem no espaço tentativas de (re)produzir a vida alternativamente ao capital. Portanto, cabe ler no espaço a possibilidade de superação desta sociedade levando em consideração o desenvolvimento universal da produção material da existência humana e das relações sociais.

Assim, afirmamos que o método se baseia na observação no tempo real das forças dinâmicas que movem a sociedade certificando que este procedimento é dialético e não corresponde a um movimento unilateral. Ao criar uma base produtiva coletiva e comum, que revoluciona a base material, o modo de produção capitalista cria também uma massa humana desprovida de meios de produção, que não consegue nem mesmo vender sua força de trabalho para (re)produzir sua existência dentro de seus próprios moldes burgueses.

Nesse sentido, buscamos o esforço científico de ir além da indicação da expressão fenomênica das contradições ou da explicitação da essência do modo de produção capitalista, ou de sua crítica. O desafio posto consiste em perquirir no espaço do momento atual quais os elementos germinais, que surgem da própria ordem burguesa em degeneração, que podem levar a compor uma nova sociedade, um novo espaço.

II.2 Algumas considerações sobre a Questão acional

O reconhecido geógrafo brasileiro, Milton Santos (2006) afirma que:

a atualidade deve ser vista como realização do interesse objetivo do todo, através de fins particulares. (...) A atualidade é unidade do universal e do particular: este aparece como se fosse separado, existindo por si, mas é

sustentado e contido no todo. O particular se origina no universal e dele depende (p.121).

Santos explicita o cotidiano a partir de uma totalidade universal. Para nós, o capital e sua necessidade real de superação consistem na universalidade atual. Entendemos que, pelo nível de cooperação mundial alcançado na humanidade através do desenvolvimento das forças produtivas, as relações que se estabelecem são de classes e não de espaços locais. Desta forma, a relação entre o local e o universal, a partir de nossa leitura em Marx, não é uma relação dialética entre ambos. Para nós, o local é uma expressão particular do modo de produzir a vida, o qual vem passando por um processo permanente de transformação e explicitando cada vez mais sua própria natureza. Desta forma, os processos reais se moldam de maneira diferente - segundo as rugosidades de cada local -, mas sua essência é o capital, que no tempo presente se reproduz degenerativamente e dá lugar para o surgimento de outra forma diferente.

Cada vez mais as diferenças em cada local são expressões da mesma universalidade, expressão de um todo, de uma unidade que é o capital em movimento, se afirmando e se negando. Uma vez que o esqueleto da história, para Marx, é dado pelo desenvolvimento das forças produtivas, o estudo leva em consideração a história universal, que nada mais é do que a história da concretização no desenvolvimento da base material, através da qual os homens produzem sua existência. No livro A ideologia alemã (1845-1846), Karl Marx esclarece que a grande indústria elimina as barreiras nacionais.

Ora, quanto mais as esferas individuais, que actuam uma sobre a outra, aumentam no decorrer desta evolução, e mais o isolamento primitivo das diversas nações é destruído pelo aperfeiçoamento do modo de produção, pela produção, pela circulação e a divisão do trabalho entre as nações que daí resulta espontaneamente, mais a história se transforma em história mundial. [...] esta transformação da história em história universal não é, digamos um simples facto abstracto da “Consciência de si”, do Espírito do mundo ou de qualquer outro fantasma metafísico, mas uma ação puramente material que pode ser verificada de forma empírica, uma ação de que cada indivíduo fornece a prova no acto de comer, beber ou vestir-se. (MARX, 1976, p.45) [A grande indústria através da concorrência universal] Criou por todo lado as mesmas relações entre as classes da sociedade, destruindo por isso, o caráter particular das diferentes nacionalidades. E finalmente, enquanto a burguesia de cada nação conserva ainda interesses nacionais particulares, a grande burguesia surge com uma classe cujos interesses são os mesmos em todas as nações e para a qual a nacionalidade deixa de existir. [...] Os países onde se desenvolveu uma grande indústria actuam de igual modo sobre os países plus ou moins22 desprovidos de indústria, devido ao facto de estes últimos se verem arrastados pelo comercio mundial no

22

decorrer da luta levada a cabo pela concorrência universal [sublinhado nosso] (MARX,1976, p.75).

Na citação anterior percebemos uma ênfase especial à categoria universalidade e trabalho coletivo. A produção da vida não é mais local, mas mundial, uma vez que no ato de comer, de beber, etc. se concretiza esta história universal, na qual os homens produzem coletivamente. A cooperação universal - fundamental no modo de produção capitalista - não é uma ideação, mas totalmente material.

Os proletários, independentemente de serem de uma nação ou de outra, têm os mesmos interesses, analogamente aos capitalistas. No texto em que Marx discute a economia nacional de Fiederich List (1976), afirma que:

A nacionalidade do operário não é francesa, nem inglesa, nem alemã, é o trabalho, a escravatura livre, o comércio de si próprio. O seu governo não é francês, nem inglês, nem alemão, é o Capital. A sua atmosfera natal não é francesa, nem inglesa, nem alemã; é a atmosfera da fábrica. O solo que lhe pertence não é propriamente o solo francês, nem o inglês, nem o alemão; situa-se alguns pés debaixo da terra. (MARX, 1976, p.74-75)

Para Löwy (2000) entender que os proletários não tenham pátria significa a existência de um sujeito histórico internacional, de uma estrutura internacional que organiza a vida das pessoas, o capital, e de um caminho de transformação histórico e internacional decorrente do próprio desenvolvimento do modo de produção capitalista, o comunismo.

A afirmação anterior de Marx elucida a importância de se entender, antes de tudo, a questão de classe. Porém, é importante enfatizar que o capital não abole as especificidades culturais de cada nação, de modo que continuam sendo fundamentais para entender a forma como se dá a luta de (e em) cada país. Nesse sentido, Löwy (2000) afirma que a luta pela autodeterminação dos povos é de suma importância para a revolução socialista, sendo imperativa para a união proletária internacional por contemplar a igualdade de direitos de uma nação e constituir uma forma emancipadora de luta.

Entender isso é central neste estudo, uma vez que o espaço boliviano da cidade de El Alto é construído a partir das tradições históricas da organização andina e mineira. Não obstante suas próprias particularidades serem de preciosa importância em sua organização coletiva, a qual também possui especificidades fundamentais, a necessidade real de organização dos homens e mulheres neste espaço decorre da

dificuldade/impossibilidade de o modo de produção capitalista dar conta de sua existência material.

No nosso entendimento, o Estado-nação corresponde a um determinado grau do desenvolvimento territorial das forças produtivas em contradição com as relações sociais de produção. Nesse sentido, podemos afirmar que é produto histórico em concordância com o desenvolvimento da base material, necessário à (re)produção do modo de produção capitalista, cuja existência também pode tornar-se superada historicamente

O Estado é produto histórico do desenvolvimento do capital territorialmente localizado. Corresponde a um grau de desenvolvimento das forças produtivas em contradição com as relações sociais. Em certa forma, pode-se dizer que expressa as contradições do modo de produção capitalista e sua forma vai sendo adaptada às necessidades de capitalização da riqueza social. Portanto, cede diante de pressões sociais quando estas entram em conflito com o ciclo de acumulação.

Harvey (2005) afirma que a idéia de que o Estado-nação está encolhendo ou desaparecendo é uma tolice. Na verdade, o Estado-nação está mais dedicado do que nunca a criar um adequado ambiente de negócios para a reprodução ampliada do capital, o que significa controlar ou reprimir os movimentos trabalhistas e cortar os benefícios sociais, viabilizando a “autonomia” do capital financeiro.

A história tem mostrado que para que uma mudança na forma de produção aconteça a tomada de poder do Estado é insuficiente, porém importante. Faz-se necessário o controle dos meios de produção coletivos a partir do mais desenvolvido pelas forças produtivas. Isso é condição necessária para que possa ocorrer uma mudança concreta na base material, no entanto, a tomada do Estado por parte do proletariado é um passo, sempre que este se aproprie dos meios de produção:

La forma de producción capitalista, transformando progresivamente en proletaria la gran mayoría de la población, crea la fuerza que, bajo pena de muerte, está obligada a realizar esa revolución. Impulsando progresivamente a transformar los grandes medios de producción socializados, en propiedad del Estado, indica los medios de realizar semejante revolución. El proletariado se apodera del poder del Estado y transforma, desde luego, los medios de producción en propiedad del Estado. [...] Desde el momento en que ya no hay una clase social que mantener oprimida; desde que se suprimem al mismo tiempo que el dominio de clase y la lucha por la vida individual, fundada en la antigua anarquía de la producción, las colisiones y los excesos que de ahí resultan, ya no hay que reprimir nada y deja de ser necesario un poder especial de represión, o sea el Estado. [...]Al gobierno de las personas se sustiutye la administración de las cosas y la dirección de los procesos de producción. El Estado no es ‘abolido’: muere (ENGELS, 1972, pág.293).

Entendemos que a condição universal das forças produtivas já foi alcançada na atualidade e, sua expressão mais acabada é a ciência. No entanto, ainda nos encontramos num momento em que as relações sociais estão em contradição com a base produtiva, mas não em função de melhores condições no assalariamento, porque o que está em questão no presente é a própria existência das pessoas23.

Nesse sentido, a tomada do poder do Estado é definitivamente um momento importante. Entretanto, sem o controle dos meios de produção - contemplando o mais desenvolvido que o capital desenvolveu como forças produtivas atuais - não se pode concretizar uma mudança concreta no modo de produção. Para F. Engels este é o primeiro passo para que o homem passe a viver sob condições verdadeiramente humanas e consiga produzir sua vida conscientemente, momento em que a humanidade passará de existir no mundo da necessidade e passará ao mundo da liberdade:

[Al posesionarse socialmente de los medios de producción] la lucha individual por la existencia termina. Sólo entonces el hombre sale, en cierto sentido, definitivamente del reino animal y abandona las condiciones animales de vida por condiciones verdaderamente humanas. El conjunto de condicines de vida