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Praças auto-construídas

Embora cada urbanização tenha particularidades específicas, os fatores aglutinadores passam por demandas comuns, como as privações:

Las primeras marchas eran por el asfaltado de la Panamericana (...)Primero, piden energía eléctrica y agua potable, luego el hospital general y la univesidad, esas cinco siempre han sido las demandas: asfaltado de la Panamericana, hospital, energía eléctrica, agua potable y Universidad. Se hace la primera marcha de El Alto, muy grande, todo el mundo marcha y es la primera toma que hacen las juntas vecinales y la primera vez que suena y trona la Fejuve, año 87 (Entrevista a Julio Mamani in ZIBECHI, 2006).

De fato, as assembléias de bairro dinamizam a vida política em El Alto, embora sua razão de ser e sua ação enfatizem o melhoramento da qualidade de vida dos moradores. Podemos afirmar que, na nossa compreensão, a luta política não está dividida, separada da vida no cotidiano em El Alto, uma vez que as questões imediatas passam, em muitos casos, por reivindicações políticas. Quer dizer, as juntas se organizaram em função de suprir necessidades imediatas para a habitação do espaço, porém, no abandono do Estado como planejador e facilitador da infra-estrutura urbana, em muitos casos tiveram de ser travadas manifestações e marchas para conseguir esses bens e serviços básicos. Além do mais, a própria constituição, organização e gestão das Juntas de Vizinhos constitui um ato político que não se perde após a consolidação de certo nível de urbanização no bairro, como demonstram os fatos históricos: no ano 2003 todas as Juntas de Bairro de El Alto marcharam em protesto contra a exportação do gás boliviano aos EUA (através de portos chilenos) e conseguiram destituir o presidente. Em 2005 multidões organizadas marcharam pedindo a anulação do contrato com a transnacional Illimani, que monopolizava os serviços de água e esgoto em El Alto e La Paz. Em 2007 cerca de dois milhões de pessoas marcharam em protesto contra a tentativa de traslado da sede de governo de La Paz para Sucre, capital legislativa da Bolívia.

Entendemos por política não estritamente as esferas partidárias ou sindicais de luta, mas a da luta diária que diz sobre a questão do desenvolvimento e preservação da própria vida no tempo presente. Nesse sentido, entendemos que a luta política em El Alto diz, antes de tudo, respeito à luta pela própria vida, onde há um compromisso e conscientização das famílias, diferentemente de outras épocas em que a luta política dizia respeito ao desempenho exclusivo do pattern família, onde os temas de reivindicação consistiam em mudar questões futuras ou a forma governo e de concepção da sociedade. Hoje em dia, as lutas políticas não só passam por essas questões, mas

fundamentalmente dizem em relação à efetivação da vida imediata. A luta política é a práxis diária. Em outras palavras, a (re)produção da vida imediata se coloca no século XXI como uma questão política diante da impossibilidade de os homens encontrarem opções reais para resolverem o problema da sobrevivência. Neste contexto, a luta política se dá, acontece, na organização da vida cotidiana para poder preservar a própria vida. Este é um novo sentido da organização e da luta no nosso século.

As Juntas de Bairro se articulam através da Federação de Juntas de Vizinhos de El Alto (FEJUVE-El Alto), que conforma o organismo institucional de inter-relação entre as organizações territoriais de base e o Estado. O Secretário de Imprensa da FEJUVE-El Alto e Representante do Setor Norte da cidade de El Alto, Juan Carlos Anzinas confirma em entrevista que nem a FEJUVE ou os dirigentes das Juntas de Vizinhos podem ter ligações partidárias:

La FEJUVE tiene una política de desarrollo no política partidaria, (...) ni si quiera como personas individuales. Los que entran a la institución, cada ejecutivo, tiene que despojarse, sacarse la camiseta del partido político que él tiene. Porque aquí si entra con un color político o con una camiseta aquí es cuestionado, inclusive sacarlo si alguien está tentativamente o de oculta o se hace descubrir que evidentemente está con algún partido político, tiene alianzas, tiene algunos compromisos directos o indirectos. Acá como institución se le expulsa a esa persona, aquí el dirigente, el ejecutivo tiene que ser despojado de todo compromiso político partidario (14 de agosto de 2007)87.

Máximo Quisbert (2003), professor de sociologia da UPEA, afirma que já na década de 80 do século XX a ação de novos atores sociais prevalece sobre a capacidade

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Não obstante, durante a década 90 do século XX a FEJUVE recebeu muita influência do Partido Conciencia de Patria (CONDEPA). A fundação deste partido se baseia no protesto diante da decisão política do MNR de fechar os meios de comunicação do popular locutor e cantor Carlos Palenque, fortemente identificado com o setor indígena. Zibechi (2006) afirma nesta época alguns dirigentes da FEJUVE-El Alto eram membros do Partido, contrariando o estatuto da instituição. CONDEPA foi um partido cuja base de apoio foi o setor social historicamente excluído. O eleitorado migrante aymara dos bairros de El Alto identificou-se com a figura de Carlos Palenque. Quisbert (2003) afirma que em 1992 a Federação de Juntas de Vizinhos ficou dividida durante meses pela ingerência de partidos políticos (CONDEPA e o Partido Unidad Cívica Solidária - UCS) e a cooptação aberta dos líderes. Em 1993 é eleito como presidente da FEJUVE o militante de CONDEPA Oscar Michel: “a partir de ese año CONDEPA tiene una gran influencia en FEJUVE, prueba de ello es que muchos dirigentes vecinales y laborales han figurado como candidatos postulantes a concejales por CONDEPA” (QUISBERT, 2003, p.66) [sublinhado nosso]. Ainda na década de 1990, CONDEPA conseguiu a direção da Prefeitura de El Alto. Em função da “aliança” entre a FEJUVE e a Prefeitura parecesse como se os protestos aymaras tivessem cessado durante essa década. No entanto, os vizinhos também buscaram melhores meios de controlar efetivamente seus dirigentes lutando por manter o poder de fiscalização social sobre as instituições. No final do decênio, as demandas insatisfeitas que buscaram solução através da via clientelar acumularam-se. Isso transbordou qualquer mecanismo de cooptação e consolidou a força de organização dos bairros e sua crescente politização. Desta forma, o novo milênio começou num contexto em que Palenque morre, CONDEPA desaparece e as bases tinham ganhado uma nova força de ação, alentadas também pelo fato de que ser índio, após CONDEPA e a figura de Palenque, deixou de ser algo constrangedor e passou a ser um símbolo de coesão cultural.

de luta dos partidos tradicionais. Nesse momento, os movimentos regionais e vizinhais desempenharam um papel fundamental na luta pelo restabelecimento da democracia, evidenciando que a força da articulação social dos partidos políticos teria sido relegada a um plano secundário.

Su capacidad de presión llegó a ser muy grande. De este modo, el reestablecimiento democrático fue resultado de una masiva participación de sectores heterogéneos de la sociedad civil; donde los partidos iban detrás de las movilizaciones sociales y no las dirigían, y donde se incorporan nuevos actores sociales como el movimiento vecinal y cívico-regional (QUISBERT, 2003, p. 44).

O que une as pessoas em El Alto é o elemento fundamental de suas vidas e a convicção de que sua condição imediata só pode mudar pela ação coletiva . Nesse sentido, o melhoramento da vida é um ato necessariamente coletivo já que diante das enormes carências a ação individual seria insuficiente. Neste espaço, as pessoas se unem através das Juntas de Vizinhos, as quais constituem comunidades urbanas, cuja raíz provém da organização rural do ayllu, restituindo a lógica de reciprocidade andina sob um contexto novo, no espaço urbano (ZIBECHI, 2006). As tradições aymaras e a organização sindical mineira tiveram um papel fundamental na concepção das Juntas de Vizinhos e no trabalho coletivo.

Segundo o sociólogo Pablo Mamani, professor da Universidade Pública de El Alto, as Juntas de Vizinhos têm uma grande semelhança com a estrutura, lógica, territorialidade e o sistema organizativo dos ayllus rurais. Quando os migrantes chegam à cidade, precisam de um espaço de decisões coletivas, o qual é encontrado na Junta de Vizinhos:

llegan además con una gran experiencia organizativa de sus comunidades y sindicatos agrarios o mineros, pero encuentran que en su nuevo destino hay muchas más carencias que en el campo o en la mina, y que sólo organizándose pueden resolverlas ¿Cómo hubieran hecho las familias, individualmente, para conseguir luz o canalizar el agua, construir el alcantarillado, las calles y veredas, los espacios públicos, en un sitio donde no existían ni el Estado ni el municipio?( ...)¿Quién los protege si no es la junta vecinal? (Mamani Citado por ZIBECHI, p.61).

No abandono do Estado na cidade de El Alto, a Junta de Vizinhos exerce o papel de regulador da construção do bairro. A construção acontece a partir do aporte de mão- de-obra e, em alguns casos (quando não se conta com recursos do Estado ou quando estes são insuficientes) há aporte de recursos dos próprios moradores. Em entrevista

realizada ao Professor Pablo Mamani na Universidade Pública de El Alto, ele afirma que:

en particular esta ciudad desde los años 40, 50, 60 del siglo XX es una (auto)construcción colectiva de los migrantes andinos, de las regiones subtropicales y poblaciones rebalse de la ciudad de La Paz, que constituyen lo que se llaman barrios o juntas vecinales. En 1957 se constituye la primera junta vecinal de la ciudad de El Alto y a partir de eso hay un sentimento de autonomía frente al municipio de la ciudad de La Paz. En el (año) 85 se logra la cuarta sección municipal de la provincia Murillo y en el 88 se declara la ciudad plena, la ciudad de El Alto como tal. En todo ese proceso hay una construcción colectiva de los barrios, de las calles, de las avenidas, de los espacios sociales de fútbol, de los espacios de fiesta, cotidianamente en todos esos momentos se van construyendo experiencias de vivencia urbana, en este caso, pero con una profunda relación con el mundo rural, con el mundo de los ayllus, con el mundo de las comunidades (ENTREVISTA A PABLO MAMANI PELA AUTORA, El Alto, 13 agosto de 2007).

O trabalho por turnos é uma forma de organização andina, própria do ayllu. Quando o Império Incaico centralizou o controle territorial de todo o altiplano, continuou utilizando esta forma rotativa de trabalho para o empreendimento de grandes construções e para momentos em que a união coletiva era indispensável, como nas grandes colheitas, por exemplo. Esta forma de trabalho era considerada um serviço prestado à comunidade, pagamento através de numa espécie de tributo laboral em retribuição à proteção e redistribuição do Império. Afirmamos que estas práticas de trabalho coletivo e comunitário fazem parte da visão das pessoas que migraram a El Alto e constituem uma tecnologia social muito importante, que facilitou a organização dos moradores.

Sobre o caráter de autoconstrução da cidade, o dirigente alteño do movimento juvenil 2003 e militante de outros movimentos - como no movimento pela constituição da Universidade Pública de El Alto (UPEA) -, Abraham Delgado, enfatiza a gestão comunitária na construção da cidade:

las prácticas comunitarias son prácticas innatas del aymara, desde su esencia el aymara es algo comunitario (...) Muchas veces la municipalidad acostumbra aprovechar esta lógica de organización del ayllu y sólo entrega el material y son los vecinos que empiezan a trabajar de forma comunitaria las calles, las avenidas, a empedrar. Entonces eso es una práctica ya normal, tradicional y conocida en El Alto. Y no sólo en cuanto a las calles o avenidas, eso sucede también con los colegios, por ejemplo. Muchas veces el gobierno o la misma Alcaldía le dan al colegio el material y cada domingo van los padres de familia al colegio a trabajar de forma coletiva y comunitaria, a construir con su mano de obra el colegio. Eso se hace en todas partes aquí en El Alto, en todo lo que sea común (ENTREVISTA COM ABRAHAM DELGADO PELA AUTORA, 12 agosto de 2007).

Como pode ser observado em ambas declarações, o processo de autoconstrução faz parte do cotidiano no espaço de El Alto. A Prefeitura, em função do orçamento anual pode, em alguns casos, ceder o material para a implementação de obras, mas é o próprio morador que efetivamente implementa as obras, que aporta o trabalho vivo, trabalho presente, coletivamente. Na cultura indígena, a forma de cooperação mútua se chama ayni, sistema de trabalho comunitário praticado há milênios.

La forma como se hicieron las diferentes construcciones, particularmente públicas, es el trabajo colectivo y los aportes económicos. Los aportes económicos son las cuotas para comprar bancas, cementos, piedra y todo lo que se requiere para una nueva construcción. Es decir, hay una previa experiencia de trabajo colectivo que es basicamente bajo la lógica del ayni. Aunque este es un ayni urbano adaptado de los sistemas de ayuda mutua del área rural de donde proviene una gran parte de la población alteña (MAMANI, 2005, p.108).

A forma de trabalho através do ayni é um sistema de articulação do trabalho coletivo que facilita obras que individualmente levariam muito mais tempo e esforço. A prática de autoconstrução dos espaços públicos acontece a partir do ayni e continua a acontecer no presente na constituição dos novos bairros e na execução de obras novas nos bairros que continuam em desenvolvimento, ainda com muitas carências.

Sobre o abandono do Estado, Pablo Mamani afirma:

esta construcción urbana es alteña, el municipio está allí como referente del Estado, pero es muy débil, no puede atender todas las necesidades de la ciudad,(...) Y aunque lo haga, es la mano de obra del vecino que va aportando su trabajo y va construyendo el espacio. Es una construcción colectiva histórica con mucha complejidad (ENTREVISTA COM PABLO MAMANI PELA AUTORA, agosto de 2007).

O governo municipal de El Alto funciona através de subprefeituras em cada distrito: são nove subprefeituras, cada uma correspondendo à 8 distritos urbanos e 1 rural. Estas, trabalham sobre a base da Juntas de Vizinhos ou em concordância com elas. Estas últimas, geralmente são contestatárias e fiscalizadoras de sua ação, mas também desenvolvem projetos em conjunto. Contudo, isto não quer dizer que exista algum tipo de relação estabelecida a priori entre as Juntas de Vizinhos e os governos municipais ou centrais.

A atuação da prefeitura (através de suas subprefeituras) é algo pontual ou esporádico, diferentemente da ação da organização territorial de bairro. Nesse espaço o vizinho encontra o presidente da junta, o diretório, aquele vizinho que é encarregado da água potável, do esporte, da escola, da segurança do bairro, etc. A relação do vizinho

com a organização do bairro é direta. Portanto, o eixo central mais importante da vida cotidiana do cidadão alteño é o bairro. Este constitui o espaço de articulação, de diálogo, o lugar cotidiano onde as pessoas reproduzem suas vidas.

La vida barrial gira en torno a las plazas y canchas de fútbol que condensan las relaciones sociales comunitarias y son los espacios en los que se expresan y cobran forma. En general, son los primeros espacios en ser construídos por los vecinos (...)” (ZIBECHI, 2005, p.106).

Os espaços coletivos promovem a inter-relação e nessa função a praça tem um papel central, uma vez que constitui o ponto de convocatória de tudo aquilo que diga respeito à vida vicinal. A praça é o pátio de todos, onde estão as canchas, as sedes sociais, a paróquia e os vizinhos.

Nesse contexto, podemos afirmar que no espaço urbano de El Alto as organizações de bairro funcionam como governos sociais cívicos e cotidianos, onde se tomam decisões políticas e se exerce controle e gestão territorial. Uma vez que a ação do Estado em El Alto é notoriamente insuficiente, as Juntas conformam o espaço público do bairro e, em muitos casos, cumprem as funções que corresponderiam ao Estado.

Além do mais, as Juntas exercem vigilância, controle e fiscalização sobre a ação do município. Quando necessário, podem convocar manifestações contra este para controlar social e coletivamente a gestão da prefeitura. Em casos em que as questões dizem respeito a muitos bairros, a todos eles, ou inclusive em questões de importância nacional são convocadas multidões para marchar. Nesses casos, a convocatória cabe a FEJUVE e à COR.

Afirmamos que as Juntas de Vizinhos constituem verdadeiros governos de bairro. São responsáveis pela educação e as escolas, seguridade, manutenção dos serviços (luz, água, etc.) e pelo contínuo melhoramento através da demanda ao município (subprefeituras) da implementação de novas obras, como, por exemplo, sedes sociais, praças, etc. Controlar e vigiar o bem coletivo do bairro, formular orçamentos anuais para serem aprovados pelas subprefeituras de acordo com as obras necessárias, articular as demandas dos moradores de bairro e levá-las as subprefeituras são algumas das funções das Juntas de Bairro. Embora o que as Juntas de fato fazem seja dispersar o acesso aos bens e serviços que o capital já produziu - entendendo que as cidades são a expressão mais acabada da humanização da natureza – e ainda que não produzam uma racionalidade superior à relação de classes do capital em termos de eficiência produtiva

(em que as mercadorias se vendem abaixo do seu valor), acreditamos que a forma de ação, a práxis comunitária que conforma este espaço urbano, contém através dos nexos de solidariedade e cooperação expressos nas Juntas de Vizinhos e na sua gestão democrática e coletiva, aquilo que conforma o germe do espaço transitório. Estes homens e mulheres se defrontam com o capital em degeneração e o que lhes resta é a preservação de suas próprias vidas. Não encontram outra opção além da união, do coletivo diante da impossibilidade de viver no momento presente.

Embora cada família seja dona de propriedade individual, as áreas de uso comum (praças, escolas, etc.) são gestionadas como propriedade coletiva pela junta de bairro. Inclusive para vender um lote ou propriedade, o vizinho deve apresentar a intenção à Junta. Nesse sentido, as juntas controlam o território:

las listas de vecinos-compradores (algunas con sus números de teléfono), los planos del loteamiento, la ubicación de cada predio, el número y el proprietario de cada lote así como el registro cuidadoso de los papeles de compra, los títulos de proriedad y el pago de impuestos, configuran el común denominador en la conformación y funcionamiento de las organizaciones vecinales de El Alto. A diferencia de La Paz, donde ninguno de estos documentos es compartido por la organización vecinal (USAID, 2004, p.21).

Ainda que a propriedade do lote seja de fato individual, a falta de serviços, o perigo da delinqüência e a insegurança jurídica em relação à legitimidade dos títulos de propriedade fazem com que impere uma relação em que o coletivo ganhe supremacia em relação ao individual. Cabe nesse ponto indicar outro problema central diante do qual os moradores tiveram de unir forças no passado: a luta pelo reconhecimento dos direitos como proprietários, uma vez que o parcelamento em alguns casos foi clandestino ou, existia conflito com os loteadores. Sobre este ponto, Zibechi (2005) afirma:

de todos modos, vale destacar que la propriedad de los lotes es individual pero que eso es apenas una formalidad. La inseguridad jurídica, la falta de servicios, la situación de indefinición en materia de seguridad frente a la delincuencia o frente al municipio (...) o frente a los aparatos represivos del Estado, en suma la inseguridad y la indefensión de las unidades familiares las lleva a unirse y tejer alianzas con sus pares. Esta unidad en la organización comunitaria es la garantía, en última instancia, que les asegura que podrán mantener su lote, su vivienda, sus servicios, en suma sus vidas (p.71-72).

As relações pelas quais os alteños construíram o espaço urbano podem ser observadas na paisagem urbana. Diferente de outras cidades, o panorama é uma rede descontínua de bairros auto-construídos, diferentes entre si, sem nenhuma ordenação ou

traçado previamente idealizado: “el panorama es una red intrincada de laberintos barriales, con infinidad de calles sin salida, que se retuercen y dan vuelta sobre ejes invisibles o inexistentes” (ZIBECHI, 2005, p.105).

Em entrevista, Pablo Mamani afirma que, os bairros não são iguais aos ayllus