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O CASO DO FERNANDO 1 – N OTA B IOGRÁFICA

7 DOC – PEI, 2000/

No relatório dos técnicos do CRAPPC, menciona-se que a “actividade gráfica é realizada no computador através do uso do capacete e grelha no teclado. Para controlar o ambiente de trabalho, o Fernando consegue manipular o Easy-Ball ”1.

No 5º ano, o Fernando deixou de usar o capacete porque os professores que trabalharam com ele consideraram que o aluno era mais funcional se utilizasse os dedos das mãos. Na avaliação educacional do final do 2º período, consta o seguinte: “O Fernando, pelo facto de ter deixado de usar capacete, adquiriu uma maior autonomia de movimentos com a mão esquerda, o que lhe permite ser mais autónomo e mais realizado” A professora de apoio “informático”, escreve: “É de referir a não utilização do capacete na utilização do computador. Porquê? Porque, em meu entender, o aluno não revela quaisquer dificuldades nesse âmbito.”2. E acrescenta: “Aguardei, até à presente data, que o mesmo fosse avaliado por uma equipa técnica do CRAPPC, como ficou acordado na visita aí efectuada por todos os professores que trabalham com o Fernando e pela coordenadora dos Apoios Educativos”3.

O relatório médico que entretanto a professora de apoio “informático” tinha solicitado ao médico fisiatra do aluno, vem de encontro à posição tomada pelos docentes:

O Fernando é capaz de utilizar a mão esquerda quer para levar um alimento à boca, quer para fazer um desenho ou escrever no computador, neste caso usando o indicador. Nestas crianças, tudo aquilo que eles conseguirem fazer por si é um estímulo e deve ser incentivado (…) Assim, penso que o trabalho que tem feito com o Fernando deve ser continuado e encorajado.

(Relatório médico, 2000)

Nesse mesmo ano lectivo, 2000/2001, um técnico de uma empresa que importa Tecnologias de Apoio, no seguimento de uma visita à ECAE, observou o Fernando e indicou o material informático que, a seu ver, melhor correspondia às necessidades do aluno. Sobre esta avaliação, a professora de apoio “informático” escreveu o seguinte, no relatório de avaliação: “O resultado dessa avaliação nunca me foi dado a conhecer, pelo que fui avançando com o desenvolvimento de actividades que me pareciam

1 DOC - Relatório da equipa técnica do CRAPPC, 2000

2 DOC – Relatório educativo do final do ano lectivo da professora de apoio “informático”, 2001 3 Idem

adequadas e que respeitassem o parecer do clínico que o avaliou”1, ou seja, do médico fisiatra que acompanha o caso do Fernando.

O material informático prescrito pelo técnico e enviado para a escola, em Setembro de 2000, foi um teclado de conceitos, o Intellikeys para Windows e um comutador (switch) interface Pro-Version 3.0 para o poder accionar de forma autónoma. Até à data, nunca utilizou qualquer um destes aparelhos porque ninguém consegue pôr a funcionar o comutador. Foi também atribuído um aparelho da linha The

Cheap Talk & Direct, Scan & Jocks da empresa Toys for Special Children, Inc, que

ninguém da escola do Fernando sabe para que serve.

O CRAPPC não orienta as professoras que trabalham com o Fernando na utilização deste material porque a sua prescrição não passou pelo centro. Perante esta situação, a professora de apoio educativo e a professora de apoio “informático” assumiram que um dos objectivos da intervenção educativa, com este aluno, era torná- lo o mais funcional possível no uso do computador, utilizando o dedo indicador da mão esquerda e o rato alternativo Easy Ball2.

4-C

ONTEXTO E

S

ITUAÇÃO

E

SCOLAR

A escola situa-se numa zona rural e é sede de um agrupamento vertical formado por quinze estabelecimentos de ensino, do Pré-escolar até ao 3º Ciclo, com as seguintes características3:

Quadro 12 – Caracterização da Ecola

Número Total Alunos Número Total de Docentes Número Total de Auxiliares Acção Educativa Número de Alunos c/ NEE Número de Docentes de Apoio Educativo 770 64 37 5 2

A escola é constituída por um edifício único, com espaços verdes e de recreio coberto, com biblioteca, cantina e bar. As instalações gimno-desportivas funcionam num edifício próprio, construído no recinto da escola.

1 DOC – Relatório educativo do final do ano lectivo da professora de apoio “Informático”, 2001 2 NC – Conversa informal com a professora de apoio “informático” e a professora de apoio educativo 3 QT – Órgão de gestão da escola

Quanto às acessibilidades, existem rampas no rés-do-chão e WC adaptado para portadores de deficiência, mas não há elevador que permita o acesso ao 1º piso, como meio alternativo ao uso de escadas.

A escola possui trezentos e noventa e dois alunos, distribuídos por seis turmas do 2º Ciclo e nove turmas do 3º Ciclo1.

O corpo docente é constituído por trinta e três professores. Quanto ao pessoal discente, a escola possui vinte e seis auxiliares de acção educativa.

Na escola funciona um Serviço de Psicologia e Orientação, a cargo de uma psicóloga.

A turma do Fernando é constituída por vinte e nove alunos, na maioria alunos que acompanham o aluno desde o 1º Ciclo. Para além do Fernando, há mais um aluno na turma com NEE2.

A professora de apoio educativo tem quarenta anos. Possui o Curso do Magistério Primário e um CESE em Administração Escolar. Trabalha há catorze anos, oito dos quais como professora de apoio educativo. É o primeiro ano que dá apoio na escola do Fernando. Dá também apoio a uma escola do 1º Ciclo do agrupamento. Apoia, no total, cinco alunos com NEE. Utiliza o computador como ferramenta de trabalho3.

A professora que implementa o apoio “informático” lecciona a disciplina de Matemática às turmas do 3º Ciclo. Possui a licenciatura em Engenharia Civil, uma especialização na área de Animação Cultural de Escola e encontra-se a tirar o doutoramento na área da Didáctica e Organização Escolar. Possui dezanove anos de tempo de serviço, os últimos cinco como professora do quadro da escola, onde desempenha os cargos de Presidente da Assembleia de Escola e Delegada da disciplina de Matemática. Trabalhou catorze anos no ensino Secundário e há sete anos que dá também aulas numa escola do Ensino Superior. Utiliza o computador como ferramenta de trabalho4.

As medidas do regime educativo especial, ao abrigo do Decreto-Lei 319/91, propostas para o aluno neste ano são: “adaptações de materiais”, “adaptações

1 QT – Órgão de gestão

2 NC – Conversa informal com o director de turma. 3 QT – Professora de apoio educativo

curriculares”, “condições especiais de avaliação” e “ensino especial” com Currículo Alternativo.

No “plano de intervenção pedagógica a informática” aparecem formulados objectivos específicos para o uso e domínio do computador, utilização de diferentes programas (Word, Paint, etc.) e uso de software educativo.