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ENQUADRAMENTO TEÓRICO

3 – I MPLICAÇÕES E DUCATIVAS

A presença na escola de uma criança ou jovem com deficiência neuro-motora e problemas de comunicação deve ser “el punto de partida de un proceso de toma de decisiones que movilice recursos materiales y humanos, y genere estratégias para dar solución a sus necesidades educativa especiales” (Arriba de la Fuente, 2000, p. 78).

A criação de condições físicas que permitam atender à diversidade de alunos é, para M. Cardona, M. Gallardo & M. Salvador (2001), a primeira exigência de uma escola para todos e adaptada à diferença. A eliminação de barreiras arquitectónicas, com a introdução de rampas, elevadores ou outro recurso que garanta o acesso de todos os alunos a todo o recinto escolar, ou a criação de quartos de banho adaptados que permitam o desenvolvimento da autonomia na higiene e na satisfação de necessidades básicas, são condições fundamentais que qualquer escola deverá providenciar para atender à heterogeneidade dos alunos que a frequentam.

A adaptação do mobiliário, de material escolar ou do material de actividades de vida diária existente é, em muitos casos, essencial para proporcionar ao aluno o mesmo tipo de experiências e possibilidades de realização que os seus pares (Rosell, 2000, Arriba de la Fuente, 2000). Há situações em que basta adaptar o material existente para ir ao encontro das necessidades do aluno. Uma lista telefónica para altear os pés em posição de sentado, uma almofada para corrigir a postura, bocados de esponja para engrossar o cabo dos lápis, fita ou goma adesiva para folhear as páginas de um livro, fita velcro para segurar a colher, etc. No entanto, há muitas outras situações em que é necessário adquirir mobiliário ou material específico. Já se referiu a importância da aquisição de uma correcta postura na posição de sentado e, em muitos casos, só se consegue com cadeiras e mesas específicas. Há também uma série de material didáctico (tesouras, afias, lápis, pincéis, etc.) desenhado especificamente para ser utilizado por pessoas com graves dificuldades motoras ou material com adaptações específicas ao material estandardizado (García, 1999, Rosell, 2000).

Há também que ter em atenção que, como qualquer outra criança, o aluno necessita de mudar de posição, para favorecer padrões posturais correctos, prevenir deformidades e diminuir o cansaço de estar durante muito tempo sentado (Cardona,

Gallardo & Salvador, 2001). Existe uma série de ajudas para o posicionamento que se destinam a manter o aluno na posição vertical ou outra, enquanto desenvolve as suas actividades escolares (Hallahan & Kauffman, 1994).

Um aluno que se desloque em cadeira de rodas, que utilize muletas ou um andarilho deve poder mover-se sem dificuldade na sala de aula, aceder facilmente ao material escolar, reunir-se em grupo, deslocar-se ao quarto de banho com o máximo de autonomia. Muitas vezes apenas implica uma organização diferente das mesas e de cadeiras, colocar o material escolar em estantes mais acessíveis, colocar o aluno perto da porta de saída, etc (Cardona, Gallardo & Salvador, 2001).

As Tecnologias de Apoio que o aluno utiliza são as suas ferramentas de trabalho, como são o lápis e o caderno para os outros alunos. Colocar as tecnologias de apoio à comunicação e à aprendizagem de forma adequada na sala de aula é fundamental para que se viabilize a sua utilização.

A integração de um aluno com deficiência neuro-motora e com problemas de comunicação envolve não só profissionais de educação como técnicos de saúde, nomeadamente, fisiatras, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala etc. Estes técnicos são indispensáveis para ajudar e orientar na escolha e na utilização de programas e materiais informáticos, formas de acesso ao computador, sistemas aumentativos ou alternativos de comunicação, materiais auxiliares à actividade escolar, adaptação de mobiliário, nas formas de posicionar o aluno e na utilização de materiais específicos (García, 1999, Rosell, 2000). Estes técnicos podem constituir, também, uma ajuda preciosa na definição de estratégias educativas necessárias para compensar dificuldades motoras e de fala.

Rosell (2000) considera que é importante que os professores e outros profissionais conheçam a história clínica, terapêutica, educacional e familiar do aluno, de forma a reter os aspectos mais significativos do ponto de vista educativo. As necessidades comunicativas e educativas de um aluno podem ser muito variadas e específicas, sendo importante o intercâmbio de informação entre os diferentes profissionais ou a equipa que anteriormente trabalhou com ele (Cardona, Gallardo & Salvador, 2001). É, igualmente, importante dar um tempo para que os professores e outros agentes educativos conheçam o aluno pois é “más fácil explicar y comprender cierta información cuando se há tenido alguna práctica com el alumno” (Rosell, 2000, p. 121);

Avaliar as competências e as capacidades do aluno, nas diferentes áreas curriculares, e determinar as adaptações que irão ser necessárias é a forma de garantir a eficácia da intervenção educativa (Rosell, 2000). Aspectos como o tipo de movimentos funcionais que o aluno efectua, que recursos e estratégias utiliza para se expressar, o nível de autonomia nas diferentes áreas, as suas atitudes perante diferentes situações escolares são alguns dos aspectos a ter em consideração no plano de intervenção educativa que se quer implementar.

Conceber um currículo adequado ao aluno implica incluir objectivos, metodologias, actividades de aprendizagem e formas de avaliação dirigidas ao uso e domínio de materiais adaptados, tecnologias de apoio e sistemas aumentativos e alternativos utilizados pelo aluno que exigem estratégias específicas de ensino- aprendizagem (Arriba de la Fuente, 2000). O currículo deverá, sempre que possível, seguir a sequência curricular do grupo onde o aluno está inserido. É possível fazer algumas adaptações metodológicas sem alterar os conteúdos curriculares. Por exemplo, dar prioridade a determinadas aprendizagens, como dedicar mais tempo à aprendizagem da leitura e da escrita ou antecipar conteúdos curriculares, de forma a que quando forem tratados na sala de aula, o aluno que utiliza um sistema aumentativo ou alternativo de comunicação já terá disponíveis no seu quadro de comunicação os conceitos relacionados. Os desvios ao currículo normal só se justificam quando as necessidades e as características do aluno assim o determinarem (Rosell, 2000).

Por último, a promoção da interacção entre alunos deverá ser um dos objectivos trabalhados na intervenção educativa de todos os alunos.

Muchas personas aprenden a aceptar a otras personas con características diferentes o poco habituales cuando tienen la oportunidad y el tiempo de convivir con ellas, y conocer y comprender en qué consisten estas diferencias.

(Rosell, 2000, p. 131)

É importante criar um ambiente de discussão e de diálogo sobre as características particulares do aluno, dar a conhecer a forma como comunica e o tipo de tecnologias de apoio que utiliza. Deve-se dar inclusive oportunidades para os colegas experimentarem comunicar, escrever ou fazer outra actividade com os recursos utilizados pelo colega (Rosell, 2000). Segundo esta autora, se a turma estiver informada e trabalhada para receber um colega que comunica e acede aos conteúdos curriculares de forma diferente, evita-se situações que possam ferir ou melindrar a

sensibilidade do aluno e fomenta-se a colaboração que, normalmente, surge facilmente e de forma espontânea. Implicar os colegas na ajuda a prestar ao aluno, seja de forma pontual (como a apanhar um objecto que caiu) ou de forma organizada (rotativamente, os alunos ajudam-no a tirar o material da pasta, a acompanhá-lo ao quarto de banho ou a ajudá-lo a fazer determinada actividade) é uma boa estratégia para desenvolver laços de amizade e de cooperação entre todos e, sobretudo, a respeitar o outro, valorizando o que os une e não o que os separa.

C. Rosel (2000) considera também que é importante que os pais estejam informados da existência de alunos com necessidades educativas especiais na turma dos seus filhos. Muitas vezes, uma reunião de pais para dialogar de forma aberta e esclarecedora sobre as necessidades particulares destes alunos e o papel que os colegas podem assumir na intervenção educativa, pode ser um factor decisivo para criar um ambiente de grande solidariedade e de colaboração que transpõe as portas da escola.

METODOLOGIA