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ENQUADRAMENTO TEÓRICO

M ÉTODO DA I NVESTIGAÇÃO

A presente investigação concretiza-se num estudo de caso exploratório e descritivo que procura identificar os diversos processos interactivos subjacentes à problemática da integração e utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação por alunos do Ensino Básico com Paralisia Cerebral.

O estudo de caso, segundo Yin (1998), é o método mais indicado para uma investigação que: explora uma questão complexa, o fenómeno estudado não é perceptível fora do contexto no qual se desenrola e acerca do qual o investigador tem pouco ou nenhum controle. Quando um fenómeno ocorre num contexto definido (Miles e Huberman, 1994) e quando o contexto abarca variáveis acerca do fenómeno (Yin, 1998), torna-se fundamental compreender o caso concreto, procurando abarcar a especificidade e a complexidade que o tornam num caso particular (Stake, 1998).

Para a consecução deste objectivo, procedeu-se a uma observação detalhada, de cariz naturalista e indutivo (Bogdan e Bilken, 1994) dos contextos onde o fenómeno em estudo ocorre.

Desta forma, esta investigação enquadra-se no paradigma da investigação qualitativa, segundo Bogdan e Biklen (1994), Stake (1998) e Tuckman, (2000), dado que apresenta as seguintes características:

- a principal fonte dos dados necessários à investigação consiste no “meio natural”: as escolas;

- é o próprio investigador que assegura a recolha de dados, que mantém o contacto directo com as pessoas, com os contextos e com os fenómenos a estudar;

- os dados recolhidos são devidamente registados;

- o investigador assume um papel activo na interpretação dos casos e na construção das inferências retiradas da investigação;

- o desenho da investigação é flexível, permitindo efectuar adaptações ou alterações necessárias à medida que o conhecimento se constitui e aprofunda, que as situações ocorrem e que os fenómenos emergem;

- o interesse do investigador centra-se nos processos, nos fenómenos como um todo e não nas relações causa-efeito ou nos resultados finais.

Na medida em que, em Portugal, se verifica a existência de uma grande diversidade de contextos escolares do Ensino Básico, contemplando os três níveis de ensino, e em que cada escola tem as suas características únicas e específicas (que poderão afectar o modo como se organizam para dar resposta às necessidades dos alunos em estudo), optou-se por não limitar o estudo a um caso único mas alargá-lo a um número de casos que, segundo Bogdan e Biklen (1994) e Stake (1998), possibilitasse uma melhor compreensão da diversidade de situações que a questão orientadora da investigação comporta.

Os objectivos da investigação concretizaram-se na realização de oito estudos de caso de alunos com Paralisia Cerebral e com diferentes idades e géneros, em escolas do Ensino Básico de três distritos da Região Noroeste de Portugal: Braga, Viana do Castelo e Porto.

A selecção de crianças com um percurso sócio-demográfico, um quadro clínico, uma faixa etária e um percurso escolar diferentes, perspectivou abarcar um conjunto de situações diversificadas, de modo a enriquecer a análise, atendendo à heterogeneidade da população em estudo (Bogdan e Biklen, 1994) que não se perspectiva como um estudo representativo, mas antes como uma investigação que permite obter algum equilíbrio e variedade e, sobretudo, como destaca Stake (1998), a oportunidade para aprender, esta sim de primordial relevância para o objecto e para os objectivos da investigação.

A selecção dos oito casos atendeu, também, aos condicionalismos que, como refere Stake (1998), um estudo deste tipo comporta. Refiram-se, nomeadamente, os constrangimentos de carácter logístico, que justificam o facto da escolha recair sobre os três distritos mais próximos da área de residência da investigadora, mas também a receptividade das escolas à investigação ou o acesso à informação.

Assim, a escolha dos casos resultou de um processo cuidadoso de análise das características de cada aluno, de forma a predizer resultados comparáveis mas, também, permitir evidenciar resultados contrastantes que, segundo Yin (1994), constitui o objectivo de uma investigação que adopta a metodologia de estudo de casos.

Num estudo de casos, “estuda-se a realidade sem a fragmentar e sem a descontextualizar, ao mesmo tempo que se parte sobretudo dos próprios dados, e não de teorias prévias” (Almeida e Freire, 1997, p. 95). Em conformidade com os objectivos de um estudo de casos, seleccionam-se e accionam-se as técnicas de recolha e de

análise de dados que o desenho da investigação necessite (Arnal, Rincón e Latorre, 1994), o que, por sua vez, podem variar de acordo com as situações existentes num dado espaço e tempo (Almeida e Freire, 1997).

Os dados de um estudo de casos, para Dalen e Meyer (1991), devem proceder de muitas fontes: documentos, entrevistas, questionários, observações, etc. Por sua vez, Tuckman (1994) considera que as fontes de dados mais utilizadas num estudo de casos são as entrevistas, os documentos e a observação dos fenómenos em acção.

Nesta investigação, foram utilizadas fontes de dados diversas ao longo das várias fases da investigação: pesquisa documental, questionário, análise documental, observação, notas e diário de campo. As notas de campo foram fundamentais não só para construir o retrato detalhado dos contextos e das situações observadas, mas também para registar conversas informais e reflexões pessoais da investigadora.

A posterior análise de “casos-cruzados depende da qualidade dos estudos de casos individuais e tem origem neles” (Patton, M.Q., 1990. cit. Tuckman, 2000, p. 509), pretendendo-se, com essa análise, verificar a existência ou não de “processos ou situações comuns” (Stake, 1998, p. 19).

Tratando-se de um estudo exploratório de cariz naturalista, as dimensões de análise foram estruturadas à posteriori, ou seja, tomando como fundamento a análise da informação recolhida pelo accionamento das diversas técnicas de recolha de informação.

A investigadora, ciente da questão da subjectividade em investigação e dos problemas de carácter ético que envolve um estudo desta natureza, procurou adoptar algumas estratégias de credibilidade e de confidencialidade que pretendeu obter nesta investigação, designadamente:

- consonância das perguntas orientadoras da pesquisa com as etapas da investigação;

- especificação dos paradigmas que constituem o referencial teórico do estudo; - explicitação pormenorizada do processo e dos procedimentos de investigação; - descrição detalhada dos contextos em estudo;

- triangulação, confrontação e confirmação dos dados obtidos por recurso a diferentes fontes;

- preocupação em abarcar uma multiplicidade de contextos e de características dos casos estudados, apresentando-se uns como similares e outros como contrastantes (Yin, 1994);

- preocupação em adoptar a mesma postura e os mesmos procedimentos em relação a todos os casos, de forma a contornar possíveis enviesamentos decorrentes de estados emocionais ou afectivos e manifestar assumpções de carácter pessoal ;

- confidencialidade dos dados e da identidades dos intervenientes na investigação, recorrendo a nomes fictícios e não revelando a localização exacta dos contextos educativos onde se realizou a presente investigação.