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Prosseguindo, observamos que a professora Leocy, em sua narrativa escrita, dá um importante enfoque para o papel que seu orientador exerceu na sua formação profissional e como isso influencia a sua atuação docente:

Foi assistindo suas aulas e acompanhando a forma com que tratava os alunos me inspirou a ser uma professora que preza pela proximidade com os alunos, tratando- os com respeito e, muitas vezes, dialogando de igual para igual, em uma troca de saberes possibilitada pelo processo de ensinar (NR-Leocy).

[...] o que eu mais lembro, que eu acho que é o que eu mais, que eu penso até hoje assim, são professores que eu tive que sempre foram muito carismáticos. Então, eu acho que isso é uma característica que eu levo bastante assim, dessa coisa de tentar, talvez conquistar o aluno pela forma com que você ensina [...] eu acho que esse modelo mais carismático do que a pessoa mais rígida lá na frente, com pouco diálogo. Então eu tento sempre me aproximar do aluno. Acho que esse é o principal modelo (NR-Leocy).

[...] a função do professor universitário é inspirar os alunos a aprenderem, a gostarem daquilo que você tá fazendo. Então, eu acho que é a inspiração mesmo [...] então, eu acho que é inspirar a pessoa a querer estudar aquele assunto, a gostar, a raciocinar sobre aquilo, motivar talvez [...] acho que não é a cobrança, não é nada assim, é mais de motivar pelas atitudes, pelo seu exemplo. É isso que eu tento fazer [...] todos os meus principais modelos foram inspiradores, assim, sabe? (NR-Leocy).

Leocy aponta então a importância da proximidade com os alunos:

Eu acho que a proximidade, assim, essa coisa de ter o afeto com o aluno, permite que o aluno te escute mais, que o aluno te entenda mais, sabe? E tenha uma empatia com você. E perceba que isso pode ser assim, isso não pode ser, questionar em alguns momentos, mas assim, sempre questionar e entender a minha resposta. Eu acho que nesse período todo, nenhuma das vezes que eu “coloquei” alguma regra, vamos supor, foi imposto, sempre foi negociado, e sempre foi muito bem aceito. Acho que talvez pela proximidade (NR-Leocy).

Na sua reflexão, a professora recorda uma situação que aconteceu a partir do contato com uma aluna na disciplina de estágio:

[Aluna]: “O simples fato de você anotar o que eu digo pra você em supervisão, é muito importante pra mim, porque mostra que você tá dando importância praquilo que eu to falando, você está registrando aquilo”. E eu achava que isso era uma coisa comum, todo mundo fazia. Pelo jeito, não é. Então é um exemplo. Eu estou dando um exemplo. Eu estou cuidando. Isso que você me fala aqui é importante pra mim. Então é isso que eu tento seguir (NR-Leocy).

Os alunos de Leocy manifestam, em concordância, a proximidade com a professora:

[...] Não tem um lance de superioridade e tudo mais. E eu lembro que ela virou e falou assim: “se você vier na minha aula para dormir, não venha”. E eu achei tão legal ela ter falado isso, porque, por mais que ela tenha essa proximidade com a gente, ela se coloca como professora, sem ficar, grosso modo dizendo, de nariz empinado. E isso é muito legal. Do tipo: “Oh, seja maduro. Quer vir, venha. Não quer vir, não venha, mas sofra as consequências disso”.

[...] ela expor a aula, assim, de um jeito tão diferente, que a gente tem vontade de ir atrás de mais conteúdos sobre aquela parte [...] Ela motiva a gente. Ela deixa a gente empolgado. A gente percebe que a Leocy gosta do que ela faz. E o professor gostar do que faz, não se imaginar fazendo outra coisa, é muito importante, porque você está passando aquilo para os alunos [...] (GF-Leocy).

No decorrer das aulas de Leocy, manifesta-se uma relação de descontração e espontaneidade entre a professora e os alunos. “Estão ansiosos?”, indaga Leocy no primeiro dia de aula. Constantes interações são estabelecidas na turma, por meio das dúvidas e colocações que são colocadas. Ao final da disciplina, a professora sinaliza: “Foi um prazer [...] vocês são uma turma super participativa, questionadora [...] me senti muito bem” (RO- Leocy). E é aplaudida pelos alunos.

Nesse mesmo sentido, Nazaré reflete: [...] eu quero ser aquele professor que inspira as pessoas, que me inspiraria enquanto aluna [...] (NR-Nazaré). Pelas lentes dos alunos de Nazaré, ela mesma se constitui como uma figura inspiradora. Uma de suas alunas fala sobre isso e conta com a concordância de seus colegas:

[...] Ah, eu gosto muito da Nazaré no geral, assim. Eu sinto que ela é uma ótima professora, por inspirar a gente [...] eu sinto que ela é muito eficiente. Eu me inspiro muito nela. Ela faz todas as coisas na hora, assim. Tipo: “Ah, tá bom, vou corrigir. E corrijo” [...] Eu sinto que a gente pode tirar muito dela também como pessoa [...] ela me inspira a ser uma pessoa mais produtiva, sabe? [...] Acho que ela é muito dedicada ao que ela faz [...] A gente já reclama do exercício, imagina ela que tem que fazer, pensar, corrigir... [...] (GF-Nazaré).

Nazaré contribui para enriquecer esse debate, citando a empatia e a ludicidade como elementos que proporcionam a construção de um ambiente mais favorável à aprendizagem, visando que o momento de ensino-aprendizagem seja um momento prazeroso pra todos, pro professor, pro aluno. Pra essa troca funcionar bem (NR-Nazaré).

Os alunos de Nazaré manifestam, em concordância, de forma bem expressiva, sobre a abertura da professora ao diálogo, dada sua atenção às dificuldades que eles estavam sentindo, possibilitando, assim, a aprendizagem. Alguns excertos nos ajudam a compreender a experiência que eles viveram:

[...] Quando a gente comunicou pra ela que a gente estava se sentindo muito sobrecarregado, que ela tava dando muito exercício, ela foi super aberta e eu acho que isso ajudou muito na aprendizagem da gente. Porque se ela tivesse continuado com a carga tão grande de exercícios, a gente não teria se engajado em continuar fazendo e continuar, sei lá, a gente não teria tanta vontade de aprender, eu acho, porque a gente: “nossa, que saco, tem que fazer mais exercício”. Então eu acho que ela ter ouvido a gente e respeitado a nossa sobrecarga, eu achei que foi bem legal da parte dela pro nosso aprendizado mesmo, porque menos é mais às vezes.

[...] No geral ela é muito aberta ao diálogo, ela é bem flexível, é bem eficiente. É... Por exemplo, quando os alunos criticam alguma coisa, falam alguma coisa da matéria, ela não espera o próximo semestre, da próxima turma que ela for dá, ela muda agora, ela muda já, entendeu? E ela já vê a resposta nos alunos agora. [...] Eu acho que todas essas características que vocês listaram aí, de flexibilidade, estar aberta ao diálogo, auxiliarem a gente pra gente aprender mais. Ou a gente

fica mais a vontade de perguntar. Porque ela tem muita paciência também, porque se você pergunta alguma coisa que ela já explicou, ela responde assim como se ela nunca tivesse falado, sabe? E isso aí, tipo... Sei lá, dá mais liberdade pra gente perguntar. E... sei lá... Todo o conjunto da obra, assim, deram bons resultados até, pra aprender, se organizar depois... (GF-Nazaré).

Dentre os docentes da área de ciências biológicas e saúde, apontamos, por fim, a reflexão de Wendel:

[...] a afetividade é um aspecto que eu nunca tinha parado para pensar na minha vida, mas faz sentido. Então, se fez sentido para mim e eu consigo aplicar de alguma forma, é algo que eu vejo como vantajoso para você aplicar e tentar melhorar lá na frente (NR-Wendel).

O professor menciona que a área na qual atua é a mais aberta a ouvir os alunos (NR- Wendel). Segundo o professor: em momento algum nós chegamos com uma medida ditatória (NR-Wendel). No trabalho que acompanhamos, identificamos o acolhimento dos alunos que Wendel promove, ao, por exemplo, sinalizar logo no início da disciplina: Animados para começar? [...] Sejam bem vindos [...] (RO-Wendel). No decorrer da aula inicial, o professor disse que esperava que os alunos estivessem tão excitados pela aula quanto ele está. Ao recordar sua trajetória de formação básica, expressa, ainda que brevemente, na narrativa escrita as marcas deixadas pelos seus professores: Posso me recordar com carinho os nomes de todos os professores que fizeram parte desse longo trajeto (NR-Wendel).