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3. Análise de dados e resultados do estudo

3.2. A observação de atividade

3.3.3. Documentos utilizados para avaliação

!

Como trabalham numa IPSS e a Segurança Social aconselha a implementação do Manual de Gestão de Qualidade, as educadoras acharam pertinente que os documentos provenientes desse manual fossem incorporados no portefólio, no entanto, nem todas refletiram acerca deles.

Os documentos são:

1. Programa de acolhimento

2. Ficha de avaliação diagnóstica (perfil de desenvolvimento) 3. Plano individual (P.I.)

4. Relatório do plano individual

Colocaram também o PQA e o PIP, utilizados no início do ano para avaliar a organização do ambiente educativo e respetiva reflexão.

Acerca dos documentos constantes no manual, a Educadora 1 apenas fez referência ao P.I. com uma curta e pouco elaborada reflexão, afirmando que através dele consegue

“colmatar as dificuldades observadas e acompanhar o desenvolvimento/evolução das crianças de forma mais assertiva”.

Já a Educadora 2 fez uma reflexão bem estruturada e elucidativa sobre todos os documentos. Começou por abordar a importância do programa de acolhimento, explicando o que acontece no período de adaptação de uma criança à creche e o que deve ser feito. “É necessário que a escola compreenda estes sentimentos e que tenha alguns cuidados para que crianças e famílias se sintam acolhidas nas suas angústias e necessidades. É neste sentido que o programa de acolhimento se torna indispensável nos primeiros momentos na escola, fazendo com que as crianças se sintam cuidadas, confortáveis e, acima de tudo, seguras”, argumentou, passando depois para uma breve análise da ficha de diagnóstico, que esta deve estar ao serviço do processo de adaptação da criança. De seguida refletiu sobre o perfil de desenvolvimento, explicando em que consiste e defendendo ser algo que “permite conhecer caraterísticas e necessidades de cada criança” e assim “o educador consegue ter uma visão globalizante sobre cada criança”. Sobre o P.I. considerou que “toda a análise realizada através dos documentos mencionados anteriormente será posta em prática”, explicando “que se resume a uma espécie de planificação para cada criança”, que “cada plano individual é único e com ele pretendemos desenvolver as competências em que a criança se encontra menos apta”. No seu entender, “no final de cada plano individual deve ser feito o relatório do plano individual que nos permitirá consciencializar acerca do trabalho desenvolvido com cada criança, verificando sucessos e insucessos conseguidos”. Por fim, a educadora sustentou que “todo o processo, desde o programa de acolhimento ao relatório do plano individual, exigem do educador um olhar atento e individualizado e centrado nas necessidades de cada criança”.

A Educadora 3 apresentou uma breve, mas bem estruturada reflexão acerca dos documentos utlizados. Através de um texto corrido, e de forma simples, explicou o processo, desde a entrada da criança até ao preenchimento do P.I. e sua avaliação. Começou por dizer que “o processo ensino-aprendizagem é um processo longo e complexo com muitas fases, mas que, de algum modo, estão ligados e não poderão existir de forma eficaz de forma isolada”. Sobre a entrevista inicial, considerou que permite apurar dados importantes para o preenchimento do programa de acolhimento, referindo que a entrevista “é uma importante forma de recolha de dados não só sobre a criança e o seu meio envolvente e familiar, mas também de partilha de ideias e informações que auxiliam a elaboração e realização do programa de acolhimento”, momento em que se inicia aqui o processo de ensino-

aprendizagem. Depois, apresentou o perfil de desenvolvimento mencionando que este “permite uma observação mais organizada do que a criança consegue ou não fazer” e que “é um instrumento orientador que auxilia o processo de reflexão de acordo com as necessidades de cada criança”. A terminar, sustentou que todo “este processo de reflexão será colocado em prática com o preenchimento do P.I.”, asseverando que isto não fará sentido se não houver também “uma avaliação do plano”.

Por seu lado, a Educadora 4 fez uma curta reflexão acerca do P.I. e do seu preenchimento, não refletindo sobre os restantes documentos. Afiança que este documento, por ser um plano individual, “é adequado a cada criança individualmente, o que permite verificar se existem lacunas em determinadas áreas de conteúdo”, concluindo que contribuiu para melhorar a sua prática pois permite ter “sempre presente a criança como ser individual e centro de todo o processo educativo”.

As educadoras 1 e 2, como educadoras de creche, colocaram no seu portefólio uma reflexão acerca do PQA e do seu preenchimento, as educadoras 3 e 4, como educadoras do pré-escolar, colocaram uma reflexão acerca do PIP e do seu preenchimento.

A Educadora 1 começou por fazer um pequeno enquadramento ao PQA, de onde vem e para que serve, dizendo, por exemplo, que é um documento do modelo curricular High Scope e, citando Jaclyn Post e Mary Hohmann, autoras do livro “Educar a criança”, considerou que “o manual explica detalhadamente as características de contexto de elevada qualidade, permitindo aos profissionais que trabalhem no sentido de promover uma qualidade progressivamente maior”. Em sua opinião, “a utilização deste instrumento de avaliação foi essencial, pois fez-me refletir sobre as características especificas de um grupo de crianças pequenas e ainda se as rotinas diárias e os espaços físicos proporcionavam as relações afetivas entre o educador e as crianças”. Esta reflexão, concisa e bem estruturada, espelha bem o sentimento da educadora acerca do documento e como ele influenciou a fez refletir, influenciando a sua prática e promovendo desenvolvimento profissional.

A Educadora 2, numa reflexão bem organizada, começou por dizer que o PQA é “um instrumento de avaliação e reflexão importante na medida em que se assume como um dossiê direcionado para todo o meio educativo”, apontando depois alguns aspetos positivos e negativos do mesmo: “Desde o início da minha atividade profissional, procuro uma constante atualização científica e pedagógica, pois sei que é uma mais-valia para a construção do meu enriquecimento profissional e consequentemente para a melhoria das minhas práticas. Tais

situações conduzem a uma reflexão e a uma autoavaliação das minhas práticas pedagógicas, permitindo que haja uma reestruturação do meu conhecimento profissional e pessoal”. Podemos ver através das suas palavras como este documento promoveu a prática reflexiva, levando a uma alteração das práticas pedagógicas.

A Educadora 3 fez uma reflexão bem estruturada sobre o PIP e em como este instrumento a auxiliou na melhoria das práticas pedagógicas. Revelou ter conhecido o documento no âmbito desta intervenção e que, apesar de começar por pensar que “era mais um documento”, após o seu preenchimento compreendeu “que era uma forma de estruturar de forma mais reflexiva alguns aspetos que de certa forma já me tinha apercebido”. No seu entender, “é um instrumento facilitador de observação e avaliação relativo à qualidade da prática pedagógica”, que permite “uma maior reflexão sobre a disposição das áreas na sala” e que “permite identificar a existência ou não de algumas lacunas”. Neste ponto a educadora elaborou uma reflexão bastante pessoal demonstrando um adequado nível de reflexividade.

A Educadora 4 fez uma análise concisa, mas bem estruturada, sobre este instrumento. Em forma de pergunta-resposta descreveu o que sentiu, o que aprendeu, os aspetos negativos e positivos e, à pergunta final é “Contribuiu para melhorar a minha prática pedagógica?”, respondeu de forma clara: “Contribuiu para refletir que, por vezes, o planeamento e a forma como organizava o grupo, não era a mais indicada, nomeadamente o trabalho em pequenos grupos”. Apesar de pequena, a conclusão retirada pela Educadora 4 acerca do estímulo reflexivo que a ADD lhe proporcionou, foi uma mais-valia, pois revelou-lhe o que abandonar e o que melhor deve explorar na prática pedagógica quotidiana.

Entre este ponto e o seguinte, as educadoras 1 e 2 colocaram o projeto pedagógico da sua sala, não realizando, contudo, nenhuma reflexão acerca do documento.

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