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A norma geral para a formação dos professores da Educação Básica é a LDB/96, alterada pelas Leis 12056/2009 e 12796/13. A lei (BRASIL, 1996, art. 62) prevê a colaboração entre União, Estados, Municípios e Distrito Federal na promoção da formação inicial e continuada:

Art. 62. A formação de docentes para atuar na Educação Básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos 5 (cinco) primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal.

§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a capacitação dos profissionais de magistério.

§ 2º A formação continuada e a capacitação dos profissionais de magistério poderão utilizar recursos e tecnologias de educação a distância.

§ 3º A formação inicial de profissionais de magistério dará preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fazendo uso de recursos e tecnologias de educação a distância.

§ 4o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios adotarão mecanismos facilitadores de acesso e permanência em cursos de formação de docentes em nível superior para atuar na Educação Básica pública

§ 5o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios incentivarão a formação de profissionais do magistério para atuar na Educação Básica pública mediante programa institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes matriculados em cursos de licenciatura, de graduação plena, nas instituições de educação superior. (...)

Quando a LDB foi promulgada ela instituiu, em seu artigo 87, parágrafo 4, a “Década da Educação”, que previa que, em até 10 anos, “somente [seriam] admitidos professores habilitados ou formados por treinamento em serviço (BRASIL, 1996, art. 87).”

Em atendimento a esse artigo (posteriormente revogado pela Lei 12796/13), foi implementada a Política Nacional de Formação de Profissionais da Educação Básica- PARFOR, instituída pelo Decreto 6755/09. Para consolidar a Política prevista em tal Decreto, foi publicada a Portaria Normativa 09 de junho de 2009, que instituiu o Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica- PARFOR.

No ano de 2016, o Decreto 6755 foi revogado pelo Decreto 8752 (BRASIl, 2016c), que institui a Política Nacional de Formação dos Profissionais da Educação Básica. Esse decreto amplia políticas não só para os profissionais do magistério (como previa o decreto anterior), mas também para os demais profissionais da Educação Básica, a saber: professores, pedagogos e funcionários da educação (BRASIL, 2016c, art. 1, par. 1). O novo Decreto também restringe a atuação da CAPES na Política de Formação de Professores mas, por enquanto, não extinguiu o PARFOR, como podemos depreender do parágrafo único do artigo 18 BRASIL, 2016c, art. 18):

O apoio do Ministério da Educação aos planos estratégicos estadual e distrital de formação em andamento e aos outros programas e ações de formação de profissionais da educação em execução continuam em vigência até seu encerramento ou até que novos acordos colaborativos sejam construídos e regulamentados no âmbito da Política Nacional de Formação dos Profissionais da Educação Básica. (grifo nosso)

Nos termos do PARFOR, o Ministério da Educação, por intermédio da CAPES- Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, atua em colaboração com as Secretarias de Educação dos Estados, Distrito Federal e Municípios e as Instituições Públicas de Educação Superior (IPES), “com a finalidade de atender à demanda por formação inicial e continuada dos professores das redes públicas de Educação Básica” (BRASIL, 2009, art. 1).

Induzir e fomentar a oferta de educação superior, gratuita e de qualidade, para professores em exercício na rede pública de Educação Básica, para que estes profissionais possam obter a formação exigida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB e contribuam para a melhoria da qualidade da Educação Básica no País.

Além dessa legislação, a Resolução CNE/CP n. 2 de 01/07/2015 estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. Tal resolução baseou-se no Parecer CP/CNE de 9/6/15.

A Resolução (BRASIL, 2015c) institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial e Continuada em Nível Superior de Profissionais do Magistério para a Educação Básica.

Nos termos do artigo 1,

§ 1o Nos termos do § 1o do artigo 62 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), as instituições formadoras em articulação com os sistemas de ensino, em regime de colaboração, deverão promover, de maneira articulada, a formação inicial e continuada dos profissionais do magistério para viabilizar o atendimento às suas especificidades nas diferentes etapas e modalidades de educação básica, observando as normas específicas definidas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).

Dourado (2015, p. 301) destaca a importância do parecer que pautou essa resolução, na medida em que há uma“articulação entre Sistema Nacional de Educação, as políticas e a valorização dos profissionais da educação, bem como [ao] reafirma[r] uma base comum nacional para a formação inicial e continuada”.

Os cursos de Letras especificamente são regulamentados pela Resolução CNE/CES n. 18 de 13/03/2002 (BRASIL, 2002c), bem como os Pareceres CNE/CES 492 e CNE/CES 1363.

Para a formação continuada, a Portaria MEC 1328 de 23/11/2011 (BRASIL, 2011b) institui a Rede Nacional de Formação Continuada dos Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública.

Já a Portaria MEC 1087 de 10 de agosto de 2011 (BRASIL, 2011a) cria o comitê gestor de Formação Continuada de Profissionais da Educação Básica, que tem dentre suas atribuições “propor diretrizes pedagógicas e definir cursos de formação inicial e continuada de profissionais da Educação Básica a serem ofertados às redes de Educação Básica;” e “monitorar e avaliar os programas de formação inicial e continuada financiados pelo MEC, CAPES e FNDE.”

Especificamente com relação às Línguas Estrangeiras, entrou em vigor, no dia 26 de janeiro de 2016, mediante publicação da Portaria n. 30, a ampliação do Programa Idiomas sem Fronteiras, que passou a “propiciar a formação inicial e continuada e a capacitação em idiomas de estudantes, professores [...] de [...] professores de idiomas da rede pública de Educação Básica (BRASIl, 2016, art. 1).”

2.7.1 Exame Nacional de Desempenho de Estudantes- ENADE

O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior- SINAES, criado pela Lei 10.861 de 14/4/2004, e composto por um tripé avaliativo, que consiste em três processos: avaliação de cursos de graduação, avaliação institucional e Exame Nacional de Desempenho de Estudantes- o ENADE.

O ENADE foi instituído no ano de 2004, pela Lei 10861 de 2004 e Portaria MEC 8/2016 (BRASIL, 2016b), para a avaliar o rendimento dos alunos concluintes dos cursos de graduação. O exame é obrigatório e tem como objetivo

avaliar o desempenho dos estudantes com relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares dos cursos de graduação, o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias ao aprofundamento da formação geral e profissional, e o nível de atualização dos estudantes com relação à realidade brasileira e mundial, integrando o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes)

Segundo o INEP, responsável pelo exame, os indicadores obtidos no Enade “mensuram a qualidade dos cursos e das instituições do país, sendo utilizados tanto para o desenvolvimento de políticas públicas da educação superior quanto como fonte de consultas pela sociedade.” Nem todos os cursos de graduação são avaliados anualmente. Na verdade, cada área do conhecimento deve ser avaliada no máximo trienalmente.

Os cursos de Licenciatura em Letras- Línguas Estrangeiras só foram avaliados uma vez, no ano de 2014, nos cursos de Espanhol e Língua Inglesa e as Portarias Inep 259/2014 (BRASIL, 2014c) e 260/2014 (BRASIL, 2014b) regularam os conteúdos a serem abordados nos exames que avaliaram esses cursos.

Os documentos apresentados neste capítulo teórico serão analisados no capítulo de análise de dados, com foco nos objetivos traçados para o ensino de LE no Brasil. A análise seguiu um procedimento metodológico, que será descrito no próximo capítulo.

CAPÍTULO 3 CAPÍTULO METODOLÓGICO: COMO IR?

Este capítulo tem como objetivo apresentar os pressupostos metodológicos que orientaram a pesquisa relatada nesta dissertação. Para alcançar os objetivos do estudo, fizemos um levantamento das ações governamentais oficiais voltadas ao ensino de línguas, a partir da promulgação da LDB/96, de modo a traçar um panorama das políticas de ensino de línguas estrangeiras existentes até o momento. Tal levantamento teve como suporte teórico a proposta de Almeida Filho (2015) para a implementação de uma PoELin (Figura 04), apresentada no referencial teórico. Em seguida, analisamos as iniciativas governamentais, com foco nos objetivos por elas traçados para o ensino de LE no Brasil. Por fim, realizamos uma entrevista, validada semanticamente, com especialistas que forneceram dados que, juntamente com a análise documental e pesquisa bibliográfica, deram subsídios para a proposta de aperfeiçoamento dos objetivos já existentes.

A pesquisa teve um enfoque qualitativo-interpretativista, consistindo em um estudo de caso, na modalidade de análise documental. Os instrumentos de coleta de registros foram os documentos e entrevistas com especialistas.

Para descrever a metodologia de pesquisa utilizada, defino, neste capítulo, os seguintes conceitos: