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4.2 Análise das políticas existentes quanto aos objetivos

4.2.1 Documentos voltados à aprendizagem de línguas estrangeiras

4.2.1.5 Objetivos educacionais

Almeida Filho (2016) descreveu como objetivos educacionais os seguintes: a) para completar e expandir a própria formação como pessoa/cidadão; b) conhecer e compreender a cultura da L-alvo; c) desenvolver a capacidade de reflexão, julgamento, observação, iniciativa; d) apreciar valores, reforçar atitudes positivas e socialmente úteis.

Os documentos voltados à LE apontam objetivos educacionais, segundo os PCNEF, por exemplo, a aprendizagem de uma LE “contribui para o processo educacional como um todo (1998a, p. 37).” O documento vê a aprendizagem de LE como uma “possibilidade de aumentar a autopercepção do aluno como ser humano e como cidadão (BRASIL, 1998a, p. 18)” e coloca como um dos temas centrais do documento a cidadania (p. 24), a ser construída por meio do ensino de LE, por meio de reflexão sobre a realidade social, política e econômica (1998a, p. 41). O documento ainda considera a interdisciplinaridade como um aspecto educacional (BRASIL, 1998a, p. 37).

Segundo o documento, a aprendizagem de LE “aguça a percepção” (1998a, p. 39) […] e “promove uma consicência crítica sobre a linguagem”, compreendida como “prática social” (p. 54).

O documento refere-se ao “caráter formativo” do ensino de língua, compreendendo a LE como “parte da construção da cidadania” (p. 41) porém insiste que, antes de mais nada, a

função social da LE seja levada em conta, ou seja, primeiro avaliamos se o ensino da língua terá função social. Se tiver, ela será ensinada com vistas à formação.

Os PCNEF, assim, enfatizam que o papel formador é importante, mas deve haver “principalmente […] uma reflexão sobre a função social de LE no país e sobre as limitações impostas pelas condições de aprendizagem (BRASIL, 1998a, p. 65).”

Os PCNEM, por sua vez, apontam para o “caráter formativo intrínseco à aprendizagem de LE (BRASIL, 2000, p. 26).”

Compreendemos que aqui reside a grande questão sobre o ensino de LE na escola regular e que o diferencia de um ensino em um instituto de idiomas: o seu propósito formativo. Esse caráter formativo é o que equipara as LE às demais disciplinas do currículo e é a filosofia que subjaz todo o PCNEM, em conformidade inclusive com o que preconizam a LDB, a Resolução 04 e a Resolução 2.

Assim, o ensino de LE deve (BRASIL, 2000, p.11)

capacitar o aluno a compreender e a produzir enunciados corretos no novo idioma, (além de propiciar) ao aprendiz a possibilidade de atingir um nível de competencia linguística capaz de permitir-lhe acesso a informações de vários tipos, ao mesmo tempo em que contribu(i) para a sua formação geral enquanto cidadão (grifos nossos)

O documento compreende que a comunicação, como meta do EM, deve ser compreendida como ferramenta para a “formação profissional, acadêmica ou pessoal” (2000, p. 31).

Os PCN+, por sua vez, concebem o ensino de LE que leve à “reflexão sobre a cultura e bens de cidadania (BRASIL, 2002a, p. 101).”

Já as OCEM (BRASIL, 2006, p. 90) destacam que existe uma “falta de clareza” em relação aos objetivos do ensino de LE na educação regular. Segundo o documento, esses objetivos devem ser distintos dos existentes para o ensino de línguas em institutos de idiomas, na medida em que, na escola, além de ensinar um idioma estrangeiro, o ensino deve “contribuir para a formação de indivíduos (BRASIL, 2006a, p. 90).” Assim, o ensino de LE tem uma “função educacional”, no ensino médio (p. 87).

As OCEM estabelecem como objetivo principal do ensino de LE no ensino médio a formação do indivíduo para a cidadania (BRASIL, 2006a, p. 87). Defende que, ao contrário de um instituto de idiomas, o ensino da escola regular busca formar indivíduos, o que “inclui o desenvolvimento de consciência social, criatividade, mente aberta para conhecimentos novos, enfim, uma reforma na maneira de pensar e ver o mundo (p. 90).”

A formação do indivíduo leva também, segundo o documento, à inclusão social (2006, p. 97) e o ensino de LE, nos termos das OCEM, deve levar os educandos a compreenderem o conceito de cidadania (p. 91).

Já as OCEM- Língua Espanhola apontam para o “papel educativo” do ensino de LE, fazendo parte da “formação integral do aluno” (BRASIL, 2006b, p. 131), com o objetivo de “levar o estudante a ver-se e constituir-se como sujeito [...] (p. 133).”

Elas ressaltam o “papel formador” (2006b, p. 146) ou “educativo” (p. 131) da LE no ensino médio”, contribuindo para a “formação do cidadão” (p. 146) e concebem o ensino de língua como o desenvolvimento da “competência comunicativa” (p. 153), com as habilidades desenvolvidas de “maneira integrada” e com “consciência intercultural” (p. 152)

O ensino deve levar o estudante a “ver-se e constituir-se como sujeito a partir do contato e da exposição ao outro, à diferença, ao reconhecimento da diversidade (BRASIL 2006b, p. 133).” Segundo o documento, é no contato ou no conhecimento sobre o estrangeiro que é possível formar um indivíduo e levá-lo a modificar suas atitudes (p. 148).

O Edital do PNLD 2017 aponta para o “caráter educativo da língua estrangeira” (BRASIL, 2015a, p. 49), de modo a “garantir uma formação cidadã.” Os materiais, nesse sentido, devem levar o aprendente a desenvolver consciência crítica. (p. 50).

O Edital do PNLD 2018 (BRASIL, 2015b) prevê que os materiais devem levar ao “desenvolvimento da capacidade de reflexão crítica” e à prática do respeito e acolhimento do outro” (BRASIL, 2015b, p. 40), assim como ao exercício da cidadania (p. 38).

O Edital concebe o ensino da LE no ensino médio como “a compreensão de que as línguas nos constituem como sujeitos, expressam valores construídos nas práticas sociais, favorecem a formação de cidadãos engajados com o seu entorno e com o de outras realidades sociais (BRASIL, 2015b, p. 39).” Tal engajamento deve preparar o indivíduo para o “exercício da cidadania” (p. 39).

A análise dos documentos nos mostrou que o caráter formativo da LE está bastante presente nas políticas existentes. No ensino fundamental, como já explicado anteriormente, ainda que se considere que a formação é o eixo norteador, o documento prioriza a discussão sobre a função social da LE.

Os documentos do ensino médio, por sua vez, estão em consonância com a LDB e as diretrizes para o ensino médio, promovendo o desenvolvimento da cidadania, formação integral do indivíduo e aceitação da diversidade.

QUADRO 10- Objetivos educacionais

PCNEF Promover a autopercepção como ser humano e cidadão Aguçar a percepção Ampliar a consciência crítica sobre a linguagem Contibuir para a construção da cidadania

PCNEM Garantir acesso ao conhecimento Promover a formação de indivíduos Promover a formação dos cidadãos

PCN+ Refletir sobre cultura e bens de cidadania

OCEM Promover a formação da cidadania- leva à inclusão social Estimular a mente aberta para o novo

Garantir um papel educativo Levar o aluno a ver-se como sujeito Modificar atitudes

OCEM-L. Esp. Garantir a cesso ao conhecimento Levar à formação do indivíduo Levar à formação do cidadão

PNLD 2017 Garantir o caráter educativo da LE Promover a formação cidadã

PNLD 2018 Levar `a reflexão crítica

Promover o respeito e acolhimento do outro Levar ao exercício da cidadania

ENEM ---

(elaborado pela autora)