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2.5 As políticas governamentais para a Educação Básica e o objeto do ensino de LE

2.6.6 Programa Nacional do Livro Didático PNLD

No que tange aos programas voltados aos materiais didáticos, somente no ano de 2010, foi promulgado o Decreto 7084, que trata dos livros didáticos em LE. Segundo esse Decreto (BRASIl, 2010c),

Art. 1o Os programas de material didático executados no âmbito do Ministério da Educação são destinados a prover as escolas de Educação Básica pública das redes federal, estaduais, municipais e do Distrito Federal de obras didáticas, pedagógicas e literárias, bem como de outros materiais de apoio à prática educativa, de forma sistemática, regular e gratuita.

Parágrafo único. As ações dos programas de material didático destinam-se aos alunos e professores das instituições citadas no caput, devendo as escolas participantes garantir o acesso e a utilização das obras distribuídas, inclusive fora do ambiente escolar no caso dos materiais designados como de uso individual pelo Ministério da Educação, na forma deste Decreto.

Art. 2o São objetivos dos programas de material didático:

I - melhoria do processo de ensino e aprendizagem nas escolas públicas, com a consequente melhoria da qualidade da educação;

II - garantia de padrão de qualidade do material de apoio à prática educativa utilizado nas escolas públicas;

III - democratização do acesso às fontes de informação e cultura; IV - fomento à leitura e o estímulo à atitude investigativa dos alunos; e V - apoio à atualização e ao desenvolvimento profissional do professor.

No entanto, muito antes do Decreto, desde o ano de 1929, já existia um programa voltado ao livro didático, momento em que foi criado o órgão Instituto Nacional do Livro (que viria a ser extinto em 1976), com vistas a legislar sobre políticas voltadas ao livro didático.

Desde o início, o programa foi sendo aperfeiçoado, tendo inclusive sofrido modificações em sua nomenclatura. Em 1985, foi instituído o Programa Nacional do Livro Didático, pelo Decreto 91.542, de 19/8/1985, em substituição ao programa de livro didático existente anteriormente (Programa do Livro Didático para o ensino fundamental-PLIDEF).

Segundo o Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação- FNDE (BRASIL, 2015d), responsável pelo programa, o objetivo do PNLD é “prover as escolas públicas de ensino fundamental e médio com livros didáticos e acervos de obras literárias, obras complementares e dicionários”.

(construção das aulas) e avaliação, que devem ser lidas da esquerda para a direita. Segundo o autor, uma modificação de uma materialidade causa efeito retroativo nas materialidades anteriores.

Quanto ao funcionamento do programa, o FNDE explica que:

O PNLD é executado em ciclos trienais alternados. Assim, a cada ano o FNDE adquire e distribui livros para todos os alunos de determinada etapa de ensino e repõe e complementa os livros reutilizáveis para outras etapas.

São reutilizáveis os seguintes componentes: Matemática, Língua Portuguesa, História, Geografia, Ciências, Física, Química e Biologia. Os consumíveis são: Alfabetização Matemática, Letramento e Alfabetização, Inglês, Espanhol, Filosofia e Sociologia.

Um edital especifica todos os critérios para inscrição das obras. Os títulos inscritos pelas editoras são avaliados pelo MEC, que elabora o Guia do Livro Didático, composto das resenhas de cada obra aprovada, que é disponibilizado às escolas participantes pelo FNDE. (grifo nosso)

O Decreto 7084 regulamenta o funcionamento do PNLD:

Art. 6o O Programa Nacional do Livro Didático - PNLD tem por objetivo prover as escolas públicas de livros didáticos, dicionários e outros materiais de apoio à prática educativa.

§ 1o Os livros didáticos serão escolhidos pelas escolas, de acordo com os procedimentos estabelecidos neste Decreto e em resoluções do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, enquanto os dicionários e materiais de apoio à prática educativa serão selecionados pelo Ministério da Educação.

§ 2o O processo de avaliação, escolha e aquisição das obras dar-se-á de forma periódica, de modo a garantir ciclos regulares trienais alternados, intercalando o atendimento aos seguintes níveis de ensino:

I - 1o ao 5o ano do ensino fundamental; II - 6o ao 9o ano do ensino fundamental; e III - ensino médio.

As Línguas Estrangeiras só entraram no programa no ano de 2011, no Ensino fundamental. Segundo Cassiano (2007, p. 27), o PNLD se diferenciava do anterior por

a) o término da compra do livro descartável, ou seja, o governo não compraria mais os livros que contivessem exercícios para serem feitos na própria publicação, para possibilitar a sua reutilização por outros alunos em anos posteriores. Por isso, o governo passou a comprar somente livros não-consumíveis (...)

b) a escolha do livro didático passou a ser feita diretamente pelo professor;

c) a distribuição gratuita de livros escolares a todos os alunos matriculados nas escolas públicas de 1 grau.

Juntamente com cada edital lançado, há a publicação de um Guia do Livro Didático (GLD), com a função de orientar a escolha dos livros didáticos.

No ensino médio, a inclusão da Língua Estrangeira deu-se somente no PNLD 2012. Até o momento, as Línguas Estrangeiras foram contempladas nos seguintes editais, apresentados no quadro 4:

QUADRO 4- PNLD

ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO MÉDIO

PNLD 2011 PNLD 2012

PNLD 2014 PNLD 2015

PNLD 2017 PNLD 2018

Tendo em vista a consolidação do programa e sua permanência no decorrer do tempo, Cassiano (2007, p. 52) considera o programa uma política de “estado” (p. 52) e não mais uma política de governo, ou seja, não está atrelada a nenhum governo específico, mas ao contrário, tem se propagado por diversos governos no decorrer do tempo.

Sobre o programa, Di Giorgi et al. (2014, p.1028) afirmam que

embora este programa não tenha solucionado todas as críticas e possíveis problemas, teve o mérito de submeter toda a produção a um processo avaliativo, que contribuiu sobremaneira para a melhoria da qualidade dos livros didáticos que chegam as escolas públicas brasileiras.

No que se refere aos objetivos do ensino de LE na realidade escolar, Lombardi e Silva (2014, p. 27) ressaltam que “ao estabelecer parâmetros de avaliação dos livros didáticos que acabam norteando os objetivos do ensino de línguas, o PNLD pode auxiliar no processo de transposição didática de determinados conceitos”.

Assim, as autoras veem o PNLD como um instrumento que aponta os objetivos que devem ser perseguidos no ensino de LE, o que de certa maneira sana, ao menos de maneira imediata, a ausência de objetivos claros determinados por uma PoELin. Os últimos editais publicados foram o PNLD 2018- EM- Edital 04/2015 (BRASIL, 2015b) e PNLD 2017, Edital 02/2015 (BRASIl, 2015a).

No que se refere à formação de professores, alguns documentos foram publicados, sob a égide da LDB/96 e serão apresentados na próxima seção.