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Quando na família de origem de um cliente aconteceu algo que tem efeito em seu corpo e leva a doenças ou causa ou condiciona doenças, a alma também está em jogo, mas de uma forma singular. Na verdade, a alma segue o amor. Bem no fundo da alma, atua o amor. A atuação dessa alma e desse amor é frequentemente sobreposta e reprimida pelo eu.

Alguns entendem a psicossomática, portanto, as tentativas de cura tanto ao nível do corpo quanto ao da alma, não como uma harmonia de alma e corpo, mas do eu e do corpo. Algumas pessoas querem encontrar

a cura na medida em que tratam o psíquico com um medicamento que ainda se dá adicionalmente a outros medicamentos para, assim, conseguir a cura. Mas isso não faz jus à alma.

Algumas vezes a alma quer ficar doente, mesmo que o “eu” tenha se decidido por outra coisa. Para a alma, a saúde não é o bem máximo. Nem mesmo a vida é o bem máximo para a alma. A alma está ligada simultaneamente a algo mais profundo e trata de trazê-lo à luz. Quando se está ligado a isso, surgem efeitos singulares no corpo.

Vou dar um exemplo. Recentemente assisti a um programa de televisão sobre curas espontâneas em casos de câncer. Uma clínica em Nürnberg, que faz pesquisas na área de curas espontâneas, apresentou um paciente que tinha tido câncer e havia sido desenganado. Ele estava sendo operado quando foi constatado que a medicina não podia fazer mais nada. Por isso eles interromperam a cirurgia e deram-lhe alta hospitalar. Para o homem estava claro que sua vida chegara ao fim. Sentou-se com a sua mulher e escreveu seu testamento. Quando tinha terminado, sentiu algo como um tranco em seu corpo. Depois disso, as células cancerosas morreram.

Tirei disso uma conclusão a partir de minha experiência, algo que vejo também muito frequentemente. O homem entrou em sintonia com a morte, com o destino e com o fim - por assim dizer, com a origem da qual a vida emerge e depois imerge, e dessa sintonia veio a força que cura.

Portanto, não vou trabalhar aqui de uma forma como se, por assim dizer, quisesse curar alguém, como se pudesse fazer isso, como se pudesse me colocar acima do destino ou do movimento da alma. Pelo contrário, vou com o movimento da alma e espero que os clientes que estão seriamente enfermos se reconciliem com o destino e com a origem. Espero que daí venha algo que cure.

Existe uma ideia singular sobre a alma. Alguns pensam que primeiro vem o corpo material e então a alma lhe é insuflada, como está descrito na Bíblia. Quando o ser humano morre, então, exala com o seu último suspiro também a sua alma.

Entretanto, quando se olha exatamente, um ser humano se origina porque duas células que têm almas se unem. Por isso, o corpo tem alma desde sua origem. Não é a sua alma que o vivifica. Essa alma já estava lá

bem antes dele. Como a alma é um elo na longa corrente daqueles que lá estiveram antes e depois e ao seu lado, ou que estão lá ou estarão, assim a alma também está ligada a muitos.

A alma atua no corpo unindo e conduzindo, altamente inconsciente para nós, mas muito sábia. E se estende muito além do corpo. Ela se encontra em intercâmbio com a redondeza, senão, não existiria, por exemplo, nenhum metabolismo nem reprodução.

A alma não vai para além de nós somente dessa forma, ela penetra na família e nos une com os membros de nossa família e nosso clã. Assim como a alma une o corpo, dentro de seus limites, une e conduz também a família dentro de determinados limites.

A família tem um limite. Vemos se a alma recebe alguém nesse círculo e une com os outros membros da família ou se ela não o inclui. Por isso, pertencem à família somente certas pessoas, isto é, os irmãos e irmãs, os pais, os irmãos e irmãs dos pais, os avós, um ou outro dos bisavós e aqueles que deram lugar a um membro da família, por exemplo, parceiros anteriores dos pais ou avós. Algumas vezes, a alma da família abrange também muitas gerações anteriores, principalmente se houve destinos duros. Então, nela ainda atuam membros da quarta, quinta e sexta gerações. Por isso, é bem claro que os vivos e mortos de uma família formam uma unidade. Estão todos ligados uns aos outros.

A alma vai também além da família, une-se com outros grupos e com o mundo como um todo. Aqui a alma mostra-se como a “grande alma”. Na “grande alma os opostos se anulam, aqui não existem nem jovens e velhos, nem grandes e pequenos, nem vivos e mortos. Nela estão todos unidos.

Entretanto, existe também uma parte da alma que pode se opor a ela. Pode se opor ao corpo, pode se opor à família e pode se opor à “grande alma”. Essa parte da alma denominamos o “eu”. Entretanto, o “eu” pode também se submeter, pode-se submeter ao corpo, pode-se submeter à família, pode-se submeter a grande alma”. Muitas doenças psicossomáticas originam-se pelo fato dessa parte da alma opor-se a algo, contra o corpo, contra a família, contra a “grande alma”. A cura segue, então, o caminho contrário. Nela, o “eu” se submete ao corpo, à família, à “grande alma”. Vivenciamos esse submeter-se como humildade.

Vivenciamos o opor-se como arrogância. Quem se arroga dessa forma cai, e quem se submete dessa forma é carregado.