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DOENÇA MENTAL A MENTAL A MENTAL A MENTAL

No documento Capitulo I CAPITULO I ESTRUTURA TERRITORIAL (páginas 168-179)

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A doença mental foi identificada como uma problemática existente no território. No entanto, a sua análise revestiu-se de uma enorme dificuldade, uma vez que os dados existentes sobre essa temática são muito

reduzidos.

A interpretação da doença mental, ao longo dos tempos, foi diversa e muitas vezes explicada pela metafísica, pela religião. Muitas vezes se associou e associa a doença mental a castigos dos deuses, a pressões do demónio. Cada comunidade procurou resolver através de conhecimentos ancestrais das populações, alternativas que extrapolam a medicina, pois o paradigma biomédico não é suficiente para abordar a questão da doença mental e nem sempre a consegue solucionar, por isso a população recorre a outras alternativas.

À doença mental é geralmente incompreendida, incómoda e marginalizada, por isso rodeia-se de estigmas, que provêm de falsas crenças e que por seu turno conduzem à falta de conhecimento e de compreensão. O estigma isola o doente e agrava a evolução da doença, que arrasta outros problemas.

A problemática afecta bastantes indivíduos, no concelho, no entanto não existem estatísticas comprovativas por parte das entidades de saúde local. As doenças mentais com maior incidência no território são as psicoses, as depressões e demências, as mais sinalizadas são as neuroses e as depressões. Muitos dos casos sinalizados pelas entidades locais referem-se a situações de solidão, falta de objectivos e falta de hábitos sociais. O grupo social mais afectado são as mulheres, na sua maioria com idades compreendidas entre os 20/30 anos.

Com o intuito de melhor compreendermos a dimensão desta problemática solicitamos a diversas unidades de saúde informação sobre utentes do concelho. Apenas recebemos informação por parte do hospital Infante D. Pedro em Aveiro.

Quadro 107- Utentes do concelho de Arouca com consulta no Hospital Infante D. Pedro, S.A. – Aveiro, em 2005

Caracterização por sexo Total utentes

Feminino Masculino

30 16 14

Fonte: Hospital Infante D. Pedro

Foram acompanhados 30 utentes do concelho de Arouca, em consultas de psiquiatria, nesta unidade de saúde. Do total de utentes, 16 eram do sexo feminino e 14 do sexo masculino.

Segundo informação do Director do Centro de Saúde de Arouca este valor refere-se apenas às quotas possíveis para o concelho, pois o número de utentes a padecer de doença mental é bastante mais elevado e não consegue resposta ao nível do Internamento.

Na reunião do grupo de trabalho foi indicado pelos representantes de diversas entidades locais as dificuldades da institucionalização/ hospitalização destes utentes.

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Relativamente ao internamento registado nesta instituição, é reduzido e reflecte de certa forma o transcrito anteriormente, isto é a dificuldade de internamento dos nossos utentes.

Quadro 108- Utentes do concelho de Arouca em internamento com consulta no Hospital Infante D. Pedro, S.A. – Aveiro, em 2005

Total utentes Média de idades Total Dias de internamento

4 homens 34 anos 49

Fonte: Hospital Infante D. Pedro

No ano de 2005, foram hospitalizados 4 utentes do concelho de Arouca, todos do sexo masculino, com média de idade de 34 anos e num total de 49 dias de internamento.

São inúmeros os casos que recorrem ao Centro Distrital da Segurança Social, em Arouca não por motivos de carência económica mas, por necessidade de apoio psicossocial.

O concelho tem falta de recursos humanos, no âmbito da saúde, nomeadamente psicólogos, psiquiatras e neurologistas, pois os utentes são encaminhados para o Hospital de Aveiro e o espaço de tempo das consultas é bastante longo. Esta falta implica que se recorra ao particular o que não é possível para todos devidos aos encargos inerentes.

As causas da doença mental podem dever-se a factores como a idade, a hereditariedade, choques emocionais, entre outras. A prevenção é importante pois retarda o aparecimento desta. Como prevenção será importante apostar no estímulo mental e na actividade física. Revela-se igualmente importante a existência de um mecanismo ao qual as pessoas possam recorrer para se libertar, para falar, pois é fundamental a existência de forças de motivação e de ocupação.

Por outro lado e porque estamos perante uma problemática já com alguma incidência no território seria importante proporcionar aos técnicos que trabalham a nível local formação nesta área, para melhor conseguirem lidar com esta situação. Assim e porque há falta de pessoal médico desta área, seria importante que soubessem ouvir, encaminhar e estimular os utentes com quem contactam.

Seria pertinente a realização de um levantamento preciso da proporção de doentes mentais existentes, se possível separado por idades, mais precisamente em idade activa e após 65 anos. Isto só será possível através da colaboração/sinalização das diversas entidades locais.

Considerações finais

Uma vida mental saudável passa por princípios como bons hábitos de sono, alimentação cuidada, exercício, evitar álcool, etc... a par com estas precauções que cada um deve procurar ter é importante a existência de

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auto-controle para saber lidar com as emoções, stress e relaxamento, enfim técnicas de Burnaut. Além disso é importante guardar espaço para os prazeres como caminhar, ouvir música, passear, etc…

É necessário que a sociedade civil se capacite das suas responsabilidades e se organize de modo a proporcionar ou facilitar o apoio psicossocial, organizar planos integrados de reabilitação, desenvolvendo planos de apoio domiciliário, de cuidados de saúde ocasionais e continuados17. Isto é particularmente necessário num

concelho com falta de recursos humanos no âmbito da saúde e com dificuldades nos encaminhamentos para internamento. O papel da sociedade/comunidade é pertinente na “construção” de um espaço que permita aos utentes falar, uma vez que muitas das origens das doenças, nomeadamente das depressões podem ter a ver com o individualismo que se verifica na sociedade actual e a falta de alguém com quem as pessoas se possam exprimir e desabafar. Um recurso importante pode ser as equipas de voluntariado, como complemento ao apoio domiciliário.

Na reunião de iniciação ao Diagnóstico, obtiveram-se as seguintes informações: Quadro 109- Caracterização da problemática

CONSTRANGIMENTOS

(factores que dificultam a resolução dos problemas)

POTENCIALIDADES

(oportunidades que possam resolver os problemas)

RECURSOS

(existentes no concelho) - Falta de respostas da saúde

(espaços de acolhimento e especialidade) - Consumismo/ endividamento/ marketing - Desemprego - Stress - Isolamento - Violência doméstica - Dependências - Envelhecimento - Emprego

- Problemas de saúde hereditários

- Intervenção das instituições locais através de programas de intervenção comunitária.

Equipas de voluntariado

Fonte: Reunião de Trabalho de iniciação ao Pré-diagnóstico

Assim, foram definidos como constrangimentos a falta de resposta por parte da saúde, mais precisamente falta de espaços de acolhimento apropriado e falta de recursos humanos da especialidade. Foram igualmente salientados factores inerentes à sociedade actual como, o stress, o consumismo, o desemprego, as dependências, etc… que são potenciais impulsionadores de depressões e outras doenças mentais. O isolamento, do concelho e das pessoas actualmente, também têm o seu contributo. Além disso e de acordo com

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a reunião do Conselho Municipal de Segurança, estão a registar-se inúmeros casos de doença de alzheimer, no concelho. Esta informação faz parte de um estudo que está a ser elaborado, no âmbito da saúde e aponta como causas o pouco estímulo mental da população do concelho, sobretudo dos mais idosos.

Como potencialidades e recursos para solucionar esta problemática destacam-se programas de intervenção comunitária, que poderão ser promovidos pelas instituições locais e pelas equipas de voluntariado já existentes.

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Com os dados disponíveis elaborou-se a seguinte grelha swot: Quadro 110- Análise S.W.O.T. – Doença Mental

Forças Fraquezas Fa ct or es E nd óg en os ♦ Instituições locais ♦ Equipas de voluntariado

♦ Falta de recursos humanos e de infra estruturas de apoio à população com doença mental.

♦ Difícil encaminhamento dos utentes para consulta e/ou internamento

♦ Falta de espaços de apoio a potenciais portadores da doença

♦ Factores associados à sociedade actual: stress, desemprego, dependência, falta de comunicação, etc… ♦ Aumento dos casos de doença de alzheimer, sobretudo na população idosa

♦ Falta de estímulo mental por parte da população ♦ Hereditariedade Oportunidades Ameaças Fa ct or es E xó ge no s

♦ Politicas de apoio à população idosa que possam ser complementadas de apoio ao nível do estímulo mental.

♦ Falta de estatísticas nesta área o que conduz à desresponsabilização de politicas, no âmbito da saúde

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RESUMO DO CAPITULO

RESUMO DO CAPITULO

RESUMO DO CAPITULO

RESUMO DO CAPITULO









Segundo informação dos técnicos que trabalham no concelho, a doença mental assume proporções significativas. Mas, os dados relativos a esta problemática são praticamente inexistentes.









Associado à doença mental está o estigma que prejudica o próprio doente e o desenvolvimento da doença.









Segundo informação, do Hospital Distrital de Aveiro, durante o ano de 2005, 30 utentes, de Arouca, frequentaram as consultas de psiquiatria e 4 foram internados naquele serviço. Estes valores, segundo indicação dos técnicos de saúde local fica muito aquém do número real de utentes que padecem deste mal, pois o hospital tem quotas para cada concelho.









Faltam no concelho estruturas de apoio nomeadamente recursos humanos especializados e locais de tratamento/internamento. Tendo em conta que esta situação será difícil de resolver, seria de extrema importância criar alternativas. Estas poderiam passar pela formação dos técnicos locais que contactem com os utentes que sofrem desta patologia, pois dessa forma estariam melhor preparados para lidar com as diversas situações e prestar melhor apoio.

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Conclusão Geral

Este documento - Diagnóstico Social do conselho Local de Acção Social de Arouca teve como principal objectivo fazer uma abordagem das principais problemáticas do concelho. Esta abordagem procurou caracterizar as 10 problemáticas definidas como prioritárias no território, através de um trabalho de parceria. No entanto, é necessário aprofundar ainda mais as parcerias procurando desta forma uma maior concretização efectiva das acções que visem erradicar a pobreza e a exclusão social e em simultâneo promover o desenvolvimento social.

Através da análise do diagnostico social, podemos definir quais as dimensões que carecem de intervenção. Como principais eixos de actuação, definiram-se o desemprego, que apesar de quantitativamente ser inferior aos concelhos limítrofes é preocupante visto o concelho dispõe de poucas ofertas de emprego. Esta situação limita bastante os objectivos da população que, em muitos casos, tem que procurar alternativas nos concelhos limítrofes. O problema do desemprego passa também, pelo desajustamento oferta/procura, uma vez que as ofertas existentes se referem principalmente à metalomecânica e metalúrgica e a procura se situa principalmente na área dos serviços.

Em paralelo há ausência de emprego, muitas famílias dispõe de baixos recursos económicos que condicionam fortemente a sua actuação diária que, em muitos casos poderá culminar em situações de exclusão social. Esta situação requer por parte de várias entidades locais, acções de apoio de índole diversa.

Um dos grupos mas afectados pela falta de recursos económicos é a população idosa, que em alguns casos está isolada de todos os serviços e sem grande possibilidade de chegar até eles. O concelho apresenta uma população bastante envelhecida, sendo a taxa de envelhecimento superior a 93%. Esta transformação demográfica, terá agravar-se- á nos próximos anos pelo que será necessário proporcionar um conjunto de respostas adequadas. Como agravante, temos um concelho muito extenso e disperso, sem uma rede de transportes públicos ineficaz, o isolamento deste grupo etário é mais acentuado. Além disso, os baixos recursos poderão ainda ser impulsionadores de comportamentos desviantes e de disfuncionalidade da família.

Foram igualmente definidas situações de risco, nomeadamente as crianças e jovens, pois tem aumentado o número de casos sinalizados. A principal instância responsável pelo seu acompanhamento – Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em risco, tem falta de recursos humanos e materiais. De qualquer forma é importante referir que estão sedeadas no concelho duas instituições de acolhimento de crianças e jovens.

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Em relação á Educação/Formação verificamos os baixos níveis no concelho em ambas as vertentes. Relativamente à educação as principais problemáticas, são o abandono e o insucesso escolar que atinge níveis bastante elevados. Por parte da formação, deparamo-nos com o problema do desajustamento entre as áreas de formação promovidas e as necessidades formativas das empresas, o que aliado ao baixo empreendedorismo dos formandos se traduz numa baixa taxa de colocação efectiva por parte dos formandos que frequentam acções de formação. Também o facto da formação ser financiada induz à repetição sequencial de cursos de formação.

No que respeita ao parque escolar, este é particularmente deficitário ao nível do 1º ciclo. O ministério da educação, através do processo de reordenamento da rede escolar, vai encerrar 15 escolas, no concelho, pelo que autarquia terá necessidade de remodelar o parque escolar. Assim sendo e no âmbito da carta educativa do Município de Arouca, serão criados 15 pólos escolares e 1 Escola Básica integrada.

Simultaneamente a estas situações o concelho está a sofrer o fenómeno do despovoamento, principalmente por parte nas freguesias de montanha e das freguesias e naquelas que se situam a maior distância da sede do concelho. A fuga de população destas freguesias tem como principal destino as freguesias limítrofes da sede do concelho ou concelhos vizinhos. As freguesias que têm perdido população não dispõe de condições de atratividade, pois entre outros aspectos, não têm ofertas de emprego, ficam distantes dos restantes serviços e não possuem uma rede de transportes compatível com as necessidades da população.

Outra das deficiências do concelho, é a habitação degradada. Apesar do aumento do número de construções, existe indicação, e principalmente por parte de quem trabalha no terreno, que a habitação degradada é uma grande problemática e afecta principalmente famílias de baixos recursos económicos não possuindo muitas delas possibilidades para ultrapassar esta situação. Torna-se assim urgente a elaboração de um diagnóstico mais preciso acerca das condições de habitabilidade, do concelho para a partir daí, se definirem politicas e acções de actuação consertadas.

Relativamente à problemática das dependências, destacamos o consumo excessivo de álcool, como a principal dependência existente no concelho. Segue-se o consumo de drogas ilícitas, em virtude do aumentado o número de casos sinalizados. Assim, é urgente definir um plano de actuação que defina acções de prevenção e combate. Por último, surge o problema da doença mental, principalmente sinalizada pelos técnicos que trabalham no terreno e que, segundo os mesmos, tem aumentando consideravelmente. Esta problemática assume contornos

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o encaminhamento para instituições de apoio é difícil. Assim, torne-se necessário que os técnicos locais obtenham formação especializada para estes poderem acompanhar melhor as situações com que se vão deparando.

Traçadas que estão as proporções das principais carências do concelho, urge agora planear uma intervenção integrada e participada por todos os agentes que intervêm no local. Por isso, nesta nova fase que se avizinha é necessário que as parcerias estabelecidas em torno do programa Rede Social, funcionem ainda mais em rede e articulação. Só desta forma é que será possível atingir os objectivos necessários.

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