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AGRICULTURA BIOLÓGICA EM AMBIENTE CONTROLADO

4.3 Caracterização de algumas culturas em estufa

4.3.1 A cultura do cravo: características edafo-climáticas

4.3.1.2 Doenças e pragas na cultura do cravo

4.3.1.2.2 Doenças mais frequentes

Fusariose (Fusarium oxysporum) trata-se de uma doença que produz efeitos graves tornando-se imperativo o seu combate. Esta doença começa de baixo para cima, pois ao observarmos uma planta afectada podemos verificar que as folhas inferiores estão secas enquanto que as superiores não, naturalmente que quanto maior a progressão da doença um menor número de folhas superiores que ficam sãs. No estado mais avançado da doença os caules apresentam fendas na parte exterior apresentando um aspecto de lenha seca, as raízes também são afectadas apodrecendo.

Uma vez que o fungo se encontra no solo ou outro substrato, torna-se praticamente impossível erradicá-lo totalmente, uma vez que o fungo forma esporos que são difíceis de eliminar por meio de métodos físicos, e químicos, podendo viver durante largos períodos, cerca de 30 a 40 anos em ausência do hospedeiro (cravo). Podemos reduzir o problema com recurso a medidas preventivas: substrato livre da

doença, material vegetal são, água limpa, utilização de variedades com resistência à doença, métodos de controlo físicos e biológicos.

A doença e seu agente causal foram descritos inicialmente por Prilleux e Delacroix em 1899, dando-lhe o nome de Fusarium dianthi. Em 1940, Snyder e Hansen realizaram estudos taxonomicos e deram-lhe o nome de Fusarium

oxysporum forma especialis dianthi. (Fusarium oxysporum f. Sp. dianthi), a forma

que actualmente se conhece [Marquez00].

Depois de “entrar” na planta o oxysporum f. sp. dianthi, desenvolve-se no sistema vascular da planta, os vasos em especial o xilema são bloqueados e destruídos de forma que o transporte de água e nutrientes fica dificultado o que conduz à murchidão da planta.

Externamente o sintoma mais visível é a descoloração das folhas, sobretudo do lado da folha por onde o fungo penetrou. As folhas tornam-se amarelas e a parte superior da planta enrola-se para baixo, provocando posteriormente a murchidão da planta, e mesmo a sua morte. Internamente pode ocorrer uma descoloração acastanhada nos tecidos vasculares, Fig. 4.10 e Fig. 4.11.

Quando a planta sofre um ataque por Fusarium oxysporum f. Sp. dianthi as raízes permanecem inicialmente intactas, em contraposição ao ataque de outras espécies de Fusarium que destroem a base do caule ou as raízes.

Fig.4. 10 Corte transversal do caule do cravo, afectado pelo Fusarium

Fig. 4.11 Sintomas iniciais causados pelo fungo

Os factores externos, em particular a humidade e a temperatura influenciam o desenvolvimento da doença. A temperatura óptima para o crescimento do fungo,

Fusarium oxysporum f. Sp. Dianthi é 27.5º C, no entanto o fungo pode desenvolver-

se a temperaturas entre os 15 a 30ºC [Arbelaez00].

Em conjunto, a temperatura e a humidade influenciam decisivamente sobre a expressão dos sintomas. A baixas temperaturas e a elevada humidade relativa, a evaporação na planta é baixa, de forma que a perda de água pode ser compensada apesar de os vasos condutores nomeadamente o xilema se encontrar bloqueado. Neste caso os sintomas não se expressam e a planta parecem aparentemente sãs.

Quando as temperaturas são altas e a humidade relativa baixa, acontece uma situação inversa à anteriormente descrita. A perda de água não é compensada e as plantas exibem claros sintomas de infecção.

Em conjunto, a temperatura e a humidade influenciam decisivamente sobre a expressão dos sintomas. A baixas temperaturas e a elevada humidade relativa, a evaporação na planta é baixa, de forma que a perda de água pode ser compensada apesar de os vasos condutores nomeadamente o xilema se encontrar bloqueado. Neste caso os sintomas não se expressam e a planta parecem aparentemente sãs.

Quando as temperaturas são altas e a humidade relativa baixa, acontece uma situação inversa à anteriormente descrita. A perda de água não é compensada e as plantas exibem claros sintomas de infecção.

Entre as medidas de controlo, contam-se o cuidado na higiene de cultivo (destruições das plantas afectadas), o do pH (solo ácido detém o fungo), a utilização de solos resistentes, o recurso a variedades resistentes à doença bem como fazendo uso da técnica da solarização como já referido na secção 4.2.2.

Uma vez que o fungo pode ser disseminado pela água, uma medida recomendável passa por tratar a mesma. Durante a colheita é importante desinfectar as ferramentas utilizadas, e evitar a manipulação excessiva das plantas acabadas de colher pois estão susceptíveis a possíveis ataques.

Existem muitos microorganismos auxiliares (designados de antagonistas), como forma de diferenciação aos macroorganismos auxiliares. Os produtos mais utilizados em luta biológica são, as bactérias Bacillus Thuringiensis, Pseudomonas os fungos

deste trabalho, em processo de homologação em Portugal). Estes produtos possuem as seguintes características de interesse para a protecção das culturas: são específicos para a praga ou doença a combater, respeitam o meio ambiente e os auxiliares, não deixam resíduos nos alimentos, diminuem os tratamentos fitossanitários contra outras pragas, por exemplo, o aranhiço vermelho cujos predadores não são destruídos [Ferreira02]. No entanto apresentam algumas restrições que se prendem com a sua especificidade, uma acção de combate lenta que requer um maior conhecimento da biologia da praga ou da doença em questão, custos de investigação elevados e dificuldades na homologação. Em Portugal estão até à data apenas homologados produtos à base de Bacillus Thuringiensis [Ferreira02].

A Botrytis cinérea, constitui uma das doenças mais comuns nas ornamentais,

afecta sobretudo a pós-colheita, mas pode encontrar-se presente no cultivo. O ambiente húmido e quente das estufas e as embalagens com frequência molhadas entre as quais circula pouco ar, favorecem um rápido crescimento do fungo.

Os sintomas, são diversos, desde manchas foliares, notando-se pela presença de um bolor cinzento, sendo nos cravos a infecção mais frequente sobre as pétalas, o que poderá condicionar a sua comercialização, Fig. 4.12.

Fig. 4.12 Flores do cravo afectadas por Botrytis cinerea

Uma vez que este fungo é saprófito (alimenta-se de materiais vegetal em decomposição), pode ser facilmente dissimilado em resíduos de colheita, no solo, através de rega, pelo movimento das pessoas na estufa, na colheita e mesmo na propagação. A idade dos tecidos expostos ao fungo e a presença de feridas são directamente proporcionais à sua susceptibilidade, em particular nas pétalas.

Uma elevada humidade relativa e água livre sobre os tecidos, são condições para o desenvolvimento do fungo.

Estudos realizados com filme de plástico que absorvem o infravermelho de banda larga, do espectro, onde se estima que permitem reduzir a humidade relativa, podem surgir como alternativas ao controlo deste fungo. Filmes que bloqueiam a porção ultravioleta do espectro, aumentando a luz azul também inibem a esporulação do fungo em questão [Arbelaez00].

Resumem-se na Fig. 4.13 as pragas e doenças com probabilidade de ocorrência mais frequentes na cultura do cravo ao longo do ano.

Fig. 4.13 Cronologia das pragas/doenças mais frequentes na cultura do craveiro