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Luta Biológica Organismos auxiliares das culturas

AGRICULTURA BIOLÓGICA EM AMBIENTE CONTROLADO

4.2 Aparecimento de doenças e pragas nas culturas

4.2.1 Luta Biológica Organismos auxiliares das culturas

Os auxiliares das culturas têm como função combater as pragas e as doenças, podendo ser predadores (organismos que necessitam do consumo de mais de um indivíduo normalmente capturado como presa, para completar o seu desenvolvimento, possuindo vida livre em todos os seus estados móveis), ou parasitóides (organismos, normalmente insectos, que se desenvolvem total ou parcialmente à custa de um organismo de outra espécie, acabando por provocar a sua própria morte, tendo vida livre na forma adulta) [Amaro82].

Os organismos auxiliares são inúmeros e diversificados. Os insectos aparecem em maior número, surgindo outros grupos não menos importantes como os, ácaros, os vertebrados- aves, mamíferos, répteis, batráquios e os microorganismos [Amaro82]. Dentro do grupo dos insectos podemos referir a importância das joaninhas, das crisopas, percevejos predadores. No grupo dos ácaros, os ácaros fitoseídeos, e as aranhas. Nas aves, a coruja, o chapim, a toutinegra, alvéola, pisco e a andorinha. No grupo dos mamíferos encontramos o ouriço, musaranho, a toupeira e os morcegos. No grupo dos batráquios temos o sapo e a salamandra. Nos répteis temos por exemplo a lagartixa, a osga, o licranço e as cobras. No grupo dos microorganismos, temos a bactéria Bacillus thuringiensis, fungo Beauveria

bassiana, o nemátodo Steinernema carpocapse, vírus GV Cydia pomonella.

Os auxiliares podem ser considerados de “limpeza” quando entram em actividade depois do aparecimento da praga não impedindo que esta ultrapasse o nível económico de ataque (intensidade de ataque dum inimigo da cultura a que se devem aplicar medidas limitativas ou de combate para evitar o risco de aparecimento de prejuízos superiores ao custo das medidas de luta a adoptar, acrescidos dos efeitos indesejáveis que estas últimas possam causar). Neste caso só

mais tarde conseguem dominar a praga, mas depois desta já ter causado algum prejuizo.

Os auxiliares de “protecção” entram em actividade no início do ataque da praga mantendo-a abaixo do nível económico de ataque.

As funções que cada auxiliar desempenha quer de protecção como de limpeza vão depender não só do próprio, como da praga e da cultura em causa. Um auxiliar pode apresentar funções de limpeza em relação a uma determinada praga e de protecção em relação a outra praga. Por exemplo, os percevejos mirídeos são de protecção no combate ao aranhiço vermelho e de limpeza em relação aos afídeos em macieira. As joaninhas são auxiliares principalmente de limpeza.

As joaninhas das 7 pintas são as mais conhecidas (Coccinella septempunctata), uma vez que se trata da espécie mais abundante e por isso do conhecimento geral [Carvalho86]. Os adultos, Fig. 4.1 e as suas larvas, Fig. 4.2, são predadores energéticos na primavera, chegando a comer até 60 afídeos por dia, Fig. 4.3.

A sua eficácia é tanto mais importante quanto maior a precocidade da sua actividade (temperaturas superiores a 12º C, local de hibernação próximo da cultura), evitando-se deste modo o crescimento excessivo de afídeos [Ferreira02].

Fig. 4.2- Ovos de joaninha, amarelos acabados de nascer no canto inferior direito, e larvas Fig. 4.1- Joaninha de 7 pintas adulta

Fig. 4.3- Joaninha de 7 pintas (larva) comendo um piolho da macieira

A grande parte das joaninhas é predadora de afídeos: as joaninhas de duas pintas (Adalia bipunctata) chegam a comer até 60 afídeos por dia, as de dez pintas (Adalia

decempunctata) e as de catorze pintas (Propylea quatuordecimpunctata) comem até 30

afídeos por dia, e a joaninha do género Scymnus (inclui várias espécies) come até 10 afídeos por dia.

Das predadoras de cochonilhas existem as pertencentes ao género Chilocorus (predadora apenas de cochoninhas) e ao género Exochomus (predadoras de cochoninhas e afídeos).

As joaninhas pertencentes ao género Stethorus, são muito mais pequenas que as anteriores, totalmente negras, os adultos e as suas larvas são predadores energéticos no combate ao aranhiço vermelho.

Torna-se necessário para se efectuar produção biológica, realizar observações regulares dos auxiliares, das pragas e doenças de modo a avaliar capacidade de eliminar ou atenuar o ataque por parte dos auxiliares. Existem vários métodos de observação:

ƒ Observação visual;

• Representa uma observação directa, onde muitas vezes é necessário o recurso a lupa de bolso, este método é aplicável a todas as culturas.

ƒ O método das pancadas;

• Consiste em dar três pancadas no ramo com tubo de borracha e recolha de todos os auxiliares que caírem sobre um pano branco e utiliza-se normalmente em pomares. A rede caça borboletas, permite a recolha de insectos em voo sobre a cultura, aplicável em cereais e pastagens.

ƒ Aspiração;

• Utilização de um aspirador de dorso, utilizado essencialmente em cereais, pastagens e trabalhos de investigação.

ƒ O método de captura no solo;

• Pode ser de balde ou copo enterrado, com abertura ao nível do solo e água no fundo, é aplicável a todas as culturas. A captura pela cor, utiliza armadilhas cromotrópicas (de cor) amarelas ou azuis em placa, com cola ou prato com água, pode ser utilizado em todas as culturas.

• Constituem armadilhas de arame e cola sobre a cultura. Neste método é apanhado todo o ser que passar sem se utilizar o factor cor (pode recorrer- se a este método em todas as culturas).

A utilização de câmaras localizadas na estufa que permitem realizar a respectiva detecção das alterações das plantas enviando toda essa informação para o computador que fará o registo e respectivo alerta, através da Internet em [Xin98], constitui, de um modo análogo, uma abordagem em que a tecnologia pode ser vista como um auxiliar à produção biológica que faz uso recorrente dos auxiliares naturais como medidas preventivas.

4.2.2 Medidas para combater o aparecimento de doenças e pragas nas