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AGRICULTURA BIOLÓGICA EM AMBIENTE CONTROLADO

4.3 Caracterização de algumas culturas em estufa

4.3.1 A cultura do cravo: características edafo-climáticas

4.3.1.2 Doenças e pragas na cultura do cravo

4.3.1.2.1 Pragas mais frequentes

Cacoecimorpha pronubana, Epichoristodes acerbella, são lepidópteros

(lagartas de borboletas) em que as suas larvas comem as folhas e perfuram os botões florais devorando-os. Têm cerca de três a quatro gerações anuais. e o seu controlo pode fazer-se recorrendo a um auxiliar de agricultura biológica, a bactéria Bacillus thuringiensis.

Os Pulgões (Myzus persicae), constituem uma praga muito frequente na cultura do cravo: normalmente picam as folhas e flores para sugar os açúcares que são transportados pelo floema. Em estufa reproduzem-se por partenogénese, sem necessidade de machos: todos os indivíduos são fêmeas e cada fêmea origina mais. Quando chegam os dias curtos de Inverno os pulgões produzem ovos, e a praga ressurge na primavera e diminui no calor do verão. O seu controlo biológico pode ser feito, como já referido na secção 4.3.1, com o recurso a auxiliares tais como as joaninhas.

Os Tripes (Frankliniella occidentalis), são insectos pertencentes à ordem Thysanoptera e à família Thripidae. São pequenos insectos (0,5-5 mm podendo chegar a 12mm) de corpo delgado que possuem um aparelho bucal do tipo sugador, Fig. 4.7 [Arbelaez00].

Fig.4.7 Estrago causado numa flor do cravo por Tripes (Frankliniella occidentalis )

Os Tripes (Frankliniella occidentalis) são insectos pertencentes à ordem Thysanoptera e à família Thripidae. São pequenos insectos (0,5-5 mm podendo chegar a 12mm) de corpo delgado, possuem um aparelho bucal do tipo sugador, Fig. 4.7 [Arbelaez00].

Na Fig.4.8 estão representadas as diferentes etapas do ciclo de vida dos Tripes. A fêmea insere os ovos entre os tecidos das folhas jovens, botões tenros e botões florais. Os ovos são de superfície lisa e uniforme e ficam incrustados no parênquima, a duração deste estádio é de aproximadamente 4 a 8 dias.

Possuem dois estados larvares, I e II, separados entre si por uma muda. Os recém nascidos são de cor branca passando de imediato a uma tonalidade amarelada e não possuem asas. A larva II alimenta-se activamente começando a perder gradualmente a sua mobilidade. Muda de cor ficando branca dirigindo-se para o solo

Fig. 4.8 Ciclo da vida dos Tripes

A- Adulto B- Ovo C- D- Larva E- Pré-Pupa F- Pupa

onde terá lugar o estádio pupal. A duração deste estádio é de cerca de 7 a 8 dias. A pupa (imóvel), possui pequenos esboços de asas, antenas curtas, este estádio dura cerca de 2 dias.

O adulto apresenta inicialmente tonalidades claras, adquirindo rapidamente uma coloração “café” que se torna muito escura, alcançando a maturidade em 2 dias. Em adulto pode chegar a durar cerca de 26 dias. As condições ambientais principalmente de temperatura, humidade relativa elevadas e de disponibilidade de alimento para as larvas, influem directamente sobre a duração do ciclo [Arbelaez00].

Ao introduzirem o seu aparato bucal dentro dos tecidos, as ninfas e larvas destroem as células da epiderme e o parênquima das folhas ao extrair a seiva e esvaziar as células. Os adultos e larvas rasgam as paredes da epiderme com o seu estilete, produzindo uma área necrótica e deformação da zona afectada. Se os órgãos da planta afectados se encontram formados, originam-se áreas descoloridas e necróticas, no entanto se são jovens, tenros, suculentos e em fase de crescimento, junto às áreas atacadas surgem deformações causando atrofias e até a perda do botão floral.

No caso de se tratar de um ataque directo sobre as pétalas do cravo já desenvolvidas, acontece um fenómeno curioso, devido ao ataque do aparato bucal do insecto, os lugares afectados, em variedades de cor vermelha ou tons mais escuros, adquirem raios claros (branco/ creme, ver Fig.4.7). No caso das variedades brancas e cremes adquire tons escuros (castanho).

A postura dos ovos induz lesões onde quer que a postura se realize. Se o órgão implicado se encontra em fase de crescimento vai produzir-se uma pequena concavidade, que faz reagir o tecido adjacente apresentando um halo esbranquiçado. Se a postura tem lugar sobre a flor vai produzir-se alterações no processo de formação da mesma [Arbelaez00].

As medidas preventivas são sempre as mais recomendáveis para controlar uma praga de Tripes devendo fazer-se uma monitorização diária de todas as variáveis climáticas que possam afectar o comportamento da praga: precipitação, temperatura, e humidade relativa do ar. Pode ser também complementada com a aplicação de medidas culturais, tais como, podas fitossanitárias e de renovação, eliminação de hospedeiros alternativos, adequada preparação do solo, a utilização de barreiras físicas, ou estratégias de monitorização com recurso a armadilhas que permitam ter

uma noção da existência da praga do estado em que se encontra e da necessidade de tratamento.

Os Ácaros, cujos membros mais importantes pertencem à família Tetranychidae, por sua vez membro da classe Aracnida, constituem uma praga comum no cravo [Arbelaez00]. Os Àcaros não são segmentados e o seu corpo encontra-se claramente dividido em regiões, Fig.4.9.

Fig. 4.9 Ciclo de vida de Tetranychus sp

Os da espécie Tetranychus cinnabarinus, passam por várias fases depois de eclodirem do ovo e normalmente os machos possuem um ciclo de vida mais curto que as fêmeas. Quando os Àcaros chegam a um local novo, preferem localizar-se na página inferior da folha iniciando imediatamente a postura. Se as condições são favoráveis, a maior parte da população adulta situa-se junto às nervuras e a teia que eles formam permite-lhes a protecção às condições adversas do meio.

O sintoma mais frequente induzido pela presença de aranhiço vermelho resulta no aparecimento de pontos cloróticos na superfície da folha que em alguns casos apresenta uma tonalidade avermelhada. E naturalmente presença de teias de aranha quer na página inferior bem como entre as plantas e estruturas da estufa.

A temperatura bem como a humidade relativa influenciam directamente o ciclo de vida de T. cinnabarium, assim como a todos os ácaros. Tem sido demonstrado que as temperaturas baixas e uma humidade relativa elevada, são desfavoráveis ao desenvolvimento dos ácaros em geral [Arbelaez00].

Em outro estudo realizado, Ruiz e Mosquera (1984), determinaram a influência da temperatura no desenvolvimento do aranhiço vermelho na cultura do cravo em estufa. Com uma humidade relativa entre os 25 a 27%, sujeitos a temperaturas de (17.5, 22.5, 27.5 ºC), a mais favorável ao desenvolvimento dos ácaros foi a 27.5º C,

na qual a duração total do seu ciclo foi de 11.2 dias, com uma fecundidade total de 110.5 ovos/fêmea.

A uma temperatura de 17.5ºC, o ciclo durou 27.91 dias, a fecundidade baixou a 81.12 ovos/fêmea. Os valores mínimos para T. cinnabarinus indicam que este se mostra inactivo entre 8 a 13ºC, com excepção do estado de deutroninfa no qual a actividade cessa a valores de 4.46ºC.

Como medidas de controlo pode recorrer-se à introdução de organismos auxiliares (em largadas) na cultura em causa, como ácaros predadores e parasitóides que vão combater o aranhiço vermelho. Existem várias famílias de ácaros auxiliares, sendo a dos Fitoseídeos, a principal. Aparecem no entanto outras com algum interesse, tais como, os Trombidídeos (predadores de ácaros e de cicadelas), os Anastídeos (predadores de ácaros e psilas), os Estigmateídeos (predadores de ácaros e cicadelas) e os Tideídeos (predadores de ácaros, mas pouco eficazes). Os ácaros fitoseídeos têm cor e tamanho parecida aos ácaros praga, mas são normalmente mais rápidos. Têm quatro a sete gerações por ano, hibernam no estado de fêmea adulta, os seus ovos eclodem em três a quatro dias e as ninfas atingem o estado adulto em cinco a dez dias. Como possuem muitas gerações e o período de actividade coincide com o dos aranhiços praga, os fitoseídeos são eficazes no seu combate.