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Dress Code da instituição bancária 54

4   APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS 48

4.2   Apresentação das Categorias 49

4.2.2   Dress Code da instituição bancária 54

Com esta categoria pretendemos analisar se existe um Dress Code oficial na instituição Bancária. Se o Dress Code faz parte da imagem da instituição e/ou cultura do sector, quais os critérios que o definem, a sua perceção e processo de transmissão entre colaboradores.

4.2.2.1 Cultura/imagem

Esta instituição bancária opta por um Dress Code de estilo formal que não está formalizado no seu código de conduta, simplesmente faz parte da cultura e imagem do sector.

“Encontro-me vestido de uma forma clássica, usando a tipologia de vestuário típica de qualquer funcionário num banco. Fato e gravata onde por opção e “convenção”, opto pelo fato escuro e sóbrio. (…) Trata-se de uma imagem esperada pelos clientes e pelo banco”

(Colaborador 3, 30 anos, Masculino, 5 anos de Antiguidade) “Nós, mentalmente associamos o fato a um funcionário da banca, quase como a farda branca a um médico ou enfermeira. Não está tão formalizado mas funciona como se estivesse. Não é oficial mas é oficioso! Se virmos alguém de fato e gravata, associamos logo a alguém que trabalhe na banca ou pelo menos nos serviços.”

(Colaborador 5, 40 anos, Masculino, 6 meses de Antiguidade) (Dress Code oficial) “Escrito, não conheço. Aqui é uma questão cultural…”

“ (…) aqui neste banco, o Dress Code é muito rígido.”

(GRH, 47 anos, Masculino, 8 anos de Antiguidade) O Dress Code do Banco W, embora mais rígido como refere o GRH, não é específico desta instituição bancária em particular mas do sector onde se insere. A imagem do funcionário do banco vestido de fato e gravata é uma imagem cultural do próprio sector da banca/serviços. Apesar de não estar escrito e formalizado, todos parecem saber os critérios que o definem. Surge-nos então a questão: como sabem então os colaboradores a forma como se devem vestir no Banco W? A resposta está espelhada na próxima subcategoria.

4.2.2.2 Transmissão do Dress Code (aculturação)

Dada a não formalização do Dress Code do Banco W em documento escrito, os colaboradores tomam conhecimento dos seus critérios quer seja pela sua experiência profissional passada, quer pela noção cultura do sector, quer pelo seu processo de aculturação: entrevista e “olhar para o colega do lado”.

“Como sempre trabalhei no sector da banca, como sempre vi os funcionários dos bancos trajarem com dessa forma, sempre assumi que para se trabalhar num banco tivesse de usar fato e gravata.”

(Colaborador 3, 30 anos, Masculino, 5 anos de Antiguidade) “ (…) as pessoas têm obrigação de saber que na banca usa-se fato e gravata. (…) Isso fala- se um pouco na formação inicial, no primeiro dia, quando se faz o acolhimento às pessoas, aos novos colaboradores… Fala-se disso, claro, se vemos que alguém está a destoar um pouco do aceitável, dos padrões ditos normais.”

“Por vezes os próprios candidatos perguntam qual é o Dress Code do Banco e aí são informados.” (Na entrevista de recrutamento)

(GRH, 47 anos, Masculino, 8 anos de Antiguidade) “Senso comum, talvez. Trabalhar na banca é de fato e gravata, pronto. É provavelmente uma questão cultural mas nunca pensei nisso… porquê vir trabalhar de fato e gravata?! É porque é… nunca vi nenhum dress code instituído, não está nos normativos, nem nada. Mas todos o fazem no sector, neste banco, desde sempre. Para mim, trabalhar na banca está associado o uso da gravata e do fato, é logo a imagem que me vem à cabeça.”

(Chefia, 37 anos, Masculino, 9 anos Antiguidade) “Olhando à minha volta. Além disso, crescemos a ver os trabalhadores da Banca de fato e gravata. À imagem do “Sr. do Banco” associamos sempre um senhor elegante, de fato e gravata. Com o aumento das mulheres neste sector, a mesma imagem aparece também associada a elas: pessoas sérias, vestidas de fato, ou blazer e saia pelo joelho… são as imagens deste sector. Não só desta instituição mas de todo o sector bancário, a meu ver. É só olharmos para a forma como os nossos colegas vestem. Além disso, se algum colega sair um pouco do padrão habitual, existem as “bocas” informais dos colegas e superiores… mais vale passar despercebida e vestir o padrão formal normal.”

(Colaborador 1, 31 anos, Feminino, 8 anos de Antiguidade) Um colaborador do Banco W pode adquirir informação do Dress Code desta instituição de forma direta ou por associação ao sector. Para os colaboradores com experiência profissional no sector bancário, é assumido que a exigência da formalidade no Banco W é semelhante por isso optam por também usar fato e gravata. Para quem não tem esta experiência e/ou perspicácia para estudar a instituição a que se está a candidatar, o Banco W aborda este assunto na entrevista e/ou na formação de acolhimento de novos colaboradores. Para o GRH, os indivíduos têm a obrigação de saber que na banca se veste formal, basta passar nas instalações do Banco W para se confirmar que esta instituição não foge à prática do sector. Ao longo do processo de integração no Banco W, um novo

colaborador toma conhecimento do tipo de vestuário aceitável olhando e perguntando ao “colega do lado” ou em consequência das ações de correção de desvios aplicadas pelo próprio banco, assunto que abordaremos posteriormente.

Apesar das várias formas de formalização e transmissão da política de vestuário nesta instituição, será que os critérios são suficientemente transparentes?

4.2.2.3 Transparência dos critérios

Abordaremos aqui o conhecimento claro, por parte colaboradores, dos critérios que definem o Dress Code do Banco W. Para os homens, todos parecem estar de acordo que é obrigatório o uso de fato e gravata. Mas nas mulheres, esta questão é mais difícil de responder.

“Mais ou menos. Sei que deverá ser formal e/clássico. Vamos vestindo conforme o que vamos vendo à nossa volta, de forma clássica ou mais moderna, importa ter sempre bom senso. Com isto quero dizer, bom senso nos decotes, nas cores agressivas, por exemplo. Nos homens é fácil, é só olhar para os colegas lá fora, usam todos fato e gravata. Nas mulheres é mais abrangente, existe um leque de possibilidades mais alargado… acho que se deve fazer por estar elegante e formal.”

(Colaborador 1, 31 anos, Feminino, 8 anos de Antiguidade) “Nos homens, parece-me simples, temos de usar fato e gravata. Acho que hoje em dia usar terno já é desnecessário e até mesmo antiquado. Nas mulheres é mais complicado. Nessa reunião de acolhimento tocaram nesse assunto. Disseram que a forma de vestir mais adequada é a clássica, formal. Mas não concretizaram, disseram que se deveria ter bom senso.”

(Colaborador 5, 40 anos, Masculino, 6 meses de Antiguidade) “Não propriamente. (…) Nas mulheres ainda é mais senso comum… ou fato ou outra roupa formal… não é tão restrito como nos homens que terá de ser fato e gravata”

(Chefia, 37 anos, Masculino, 9 anos Antiguidade) “Isso não, nunca me foi transmitido. Existe alguma liberdade, dentro daquilo que uma pessoa, dentro do senso comum, possa reconhecer como razoável. A entidade patronal também nos faz entender isso mesmo, de sermos razoáveis.”

Note-se que não existe muita transparência nos critérios do Dress Code do Banco W. Sabe- se que deverá ser formal e dentro do senso comum. Mesmo na questão do uso obrigatório de fato e gravata para os homens, não parece existir um total conhecimento dos seus critérios. Terá de ser fato completo ou poderá ser blazer e gravata? Segundo o GRH, não é obrigatório o uso de fato completo nem de cores escuras. Para ele, é possível estar vestido de forma aceitável para desempenhar as funções no Banco W usando um blazer e a gravata habitual. Mesmo assim, ao longo do dia-a-dia, não verificamos os colaboradores adotar este estilo menos “pesado” de vestuário. Ao questionar os colegas relativamente à razão deste comportamento, todos indicam que não o usam porque ninguém o faz. Entendem que ao usar fato completo, de cores mais escuras, estão mais em conformidade com o que é esperado pelos clientes e pelo Banco W.