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tecnologicamente mediada

E STRUTURA DA TESE

Após a introdução realizada no presente capítulo à problemática e objectivos da tese, o 2º Capítulo será feito um “flashback” através de uma seleção de experiências pro- jectuais em que participei desde a minha entrada para o Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, entrada que, de alguma forma, conduziram ao surgimento das atuais reflexões.

O 3º Capítulo será dedicado ao enquadramento teórico. Em primeiro lugar, apresenta-se o conceito de Design do qual partimos. Seguidamente apresenta-se uma síntese de diferentes investigações em torno da qualidade da experiência interativa e da

aplicação primária do presente trabalho – o Design de Interação e o Design da Expe- riência –, pelo que serão definidos os conceitos disciplinares que estão no âmbito de aplicabilidade desta abordagem, designadamente, a relação conceptual entre estas duas recentes disciplinas e o Design entendido como ideia de Design Global. De seguida, desenvolve-se o conceito da experiência (i)mediada e através de uma síntese da evolução da corporalização da interação e computação, para além de uma análise ao conceito de “utilizador” da Usabilidade “clássica”, abrindo portas à ideia de que o design deve estar orientado para a questão da apropriação e apropriabilidade dos artefactos.

No Capítulo 5, dedicado à questão metodológica propriamente dita, após uma introdução de alguns conceitos chave da fenomenologia, apresentamos uma abordagem fenomenológica para o Design. Remontamos o nosso enquadramento à fundação moderna da corrente filosófica por Edmund Husserl e a continuidade dada ao seu trabalho por Heidegger e Merleau-Ponty obras que permitiram que a fenomenologia possa ser hoje encarada como uma influente metodologia filosófica para pensar a relação do ser humano com a experiência mundana.

Neste seguimento, destaca-se o trabalho na área da psicologia positiva de Csikszentmihalyi sobre a psicologia da experiência ótima e do fluxo, como uma proposta para compreender e qualificar a qualidade da experiência humana interativa (na sua relação com os artefactos) o que é, para todos os efeitos, o objeto do nosso estudo.

Tendo em conta a nossa centralidade na abordagem fenomenológica distinguem- se, desde já, conceitos fundadores da fenomenologia, para seguidamente nos debru- çarmos na psicologia da experiência óptima e no conceito de fluxo. Apesar da sua prove- niência ser a Psicologia Positiva, não deixa de ter um cariz eminentemente fenomeno- lógico, já que o estado de fluxo só pode ser concebido a partir de uma experiência subjetiva de um sujeito. Do articulado destes conceitos e de outros conceitos operativos inerentes a esta tese, esperamos apresentar a nossa posposta de uma Filosofia da Ação

tradicional ideia de “utilizador”, visa uma metodologia fenomenológica para a prática de um design centrado-no-ser orientado para o fluxo da experiência afectiva da ação efetiva. O 6º Capítulo desenvolve o tema do design centrado-no-ser, começando por uma contextualização da era pósdigital e uma revisita dos conceitos filosóficos originais de felicidade (do grego eudaimonia), será tratada a questão da est(ética) da existência (um dos conceitos operativo apresentados no 5º Capítulo). Por fim, sintetizaremos um quadro de referência, debruçando-nos sobre princípios, valores e ações de uma Filosofia da Ação em Design (da Experiência) que visa uma prática de um design centrado-no-ser .

No 7º e último Capítulo, dedicado às conclusões, será apresentada uma síntese da tese e adiantadas propostas para trabalho futuro e uma reflexão sobre o potencial de aplicabilidade dos conceitos operativos apresentados.

O designer opõe-se em alternativa à tecnologia e à arte; ele produz artefactos como o engenheiro, mas como artista desconfia do seu fim último utilitário, não superando a necessidade de o interpretar poeticamente.

FRANCISCO PROVIDÊNCIA,Mensageiros Celestes

O elemento essencial da Transdisciplinaridade reside na unificação semântica e operativa das acepções através e para além das disciplinas. Ela pressupõe uma racionalidade aberta, por um novo olhar sobre a relatividade das noções de «definição» e de

«objectividade». O formalismo excessivo, a rigidez das definições e a absolutização da objectividade comportando a exclusão do sujeito conduzem à deterioração.

LIMA DE FREITAS,EDGAR MORIN E BASARAB NICOLESCU, Carta da Transdisciplinaridade,Artigo 4

Permite que os eventos te modifiquem. Tens que ter vontade para crescer. O crescimento é diferente de algo que simplesmente te acontece. És tu que o produzes. És tu que o vives. Os pré-requisitos para o crescimento: abertura para os eventos da experiência e a vontade de ser modificado por eles.

Este capítulo pretende apresentar uma seleção de projetos e experiências pessoais que pontuaram a minha presença no Departamento de Comunicação e Arte (DeCA) da Universidade de Aveiro (UA) desde finais de 1999.

No ano 2000 fui convidado pelo Professor Paulo Rodrigues a participar na divul- gação do conceito de Transdisciplinaridade no DeCA. Se, entre nós, não restavam dúvidas que faria todo o sentido implementar a pragmática da Transdisciplinaridade num departamento com as particularidades do DeCA – entendíamos, aliás, ser desse “espírito” que o departamento carecia –, cedo nos apercebemos que a Transdisciplina- ridade era uma prática que jamais surgiria pelo simples facto de ser divulgada e aparentar ser uma ótima ideia, nem possível de ser ordenada por despacho superior. Pelo contrário, percebeu-se só era possível ver nascer a sua ação prática a partir da necessidade pessoal e da motivação intrínseca dos investigadores aspirarem a transcender as suas próprias áreas disciplinares e epistemologias iniciais. A experiência demonstrou- nos que, pelo menos no DeCA, a abordagem transdisciplinar implica uma lógica de “baixo para cima” (bottom-up) e que os seus potenciais atores e agentes são aqueles que se inquietam e não se identificam com a excessiva rigidez disciplinar e organizativa das diferentes áreas científicas.

A seguinte escolha não pretende constituir uma história, nem uma cronologia, mas antes de um conjunto de exemplos de experiências pessoais que contribuíram para enquadrar os meus interesses científicos e projectuais, assim como as minhas dúvidas e convicções presentes nesta tese.

Começamos simbolicamente pelo projeto Gravitator que, na realidade foi o tema inicial presente tese de doutoramento que teve, como título, provisório:

«Mapas e Interação: estudo e desenvolvimento operativo do conceito de mapa dinâmico como modelo de visualização de contextos interativos complexos»

Por essa altura, em 2005, o objetivo em mente era precisamente o desenvolvi- mento conceptual e operativo do conceito Gravitator, pretendendo-se inicialmente tratar, portanto, de uma abordagem projetual.

2.1.1. Gravitator