3. Dos recursos ambientais aos princípios de sustentabilidade
3.3 Princípios para a habitação sustentável
3.3.3 Eficiência e autonomia energética
3.3.3
3.3.3
3.3.3 Eficiência e autonomia energéticaEficiência e autonomia energéticaEficiência e autonomia energéticaEficiência e autonomia energética
A racionalização energética das áreas residenciais pode ser obtida através da infra-estruturação, de
soluções de morfologia urbana e da concepção dos edifícios de habitação. A estes diferentes níveis é
possível conseguir optimizações significativas do uso de energia sem custos acrescidos, minimizando
a emissão de gases com efeito de estufa e permitindo uma maior autonomia, qualidade e
sustentabilidade da habitação.
Desempenho energético de áreas residenciais
Desempenho energético de áreas residenciais
Desempenho energético de áreas residenciais
Desempenho energético de áreas residenciais
Gerir o uso de energia no ambiente urbano não significa apenas implementar sistemas eficientes para
o uso de energia não renovável, ou recorrer a fontes renováveis utilizando equipamentos concebidos
para esse fim, mas também utilizar os próprios edifícios para o fazer.
Vários factores podem influenciar favoravelmente o desempenho energético de áreas residenciais:
a orientação dos edifícios e de espaços públicos, reduzindo as sombras projectadas e
beneficiando dos ganhos solares e da ventilação natural;
a construção com elevada massa térmica, para transferências mais lentas de calor;
a construção com níveis adequados de isolamento térmico;
o aumento da densidade, se em zonas frias
110;
a optimização de superfícies concebidas para energia solar passiva ou activa;
a utilização de diversas fontes renováveis de energia.
Ao conceito de eficiência energética em áreas residenciais urbanas está também associado o de
autonomia, uma vez que quanto mais energia se conservar e se aproveitar de fontes renováveis locais,
maior autonomia energética se conseguirá, reduzindo ou eliminando a dependência de fontes externas
de custos variáveis, como é o caso dos combustíveis fósseis, e cujo transporte e disponibilidade
podem condicionar o funcionamento do edifício e, sobretudo, o seu custo de exploração.
Desempenho energético de edifícios
Desempenho energético de edifícios
Desempenho energético de edifícios
Desempenho energético de edifícios de habitaçãode habitaçãode habitaçãode habitação
A par do desenho urbano de conjuntos habitacionais e das formas de agrupamento das habitações, o
desenho e a construção dos edifícios determinam também o seu desempenho energético. É o efeito
global de todas as trocas de calor, ganhos por radiação e perdas por dissipação, que influenciam o
conforto térmico em edifícios, determinando grande parte dos consumos de energia necessários para
garantir a sua habitabilidade.
110
Barton, Davis, Guise – A guide for planners, designers and developers, 1995.
Em países em que as necessidades de arrefecimento dos difícios residenciais não são muito signoficativas um
apartamento de um edifício multi-familiar consome 20% menos energia do que uma casa integrada numa banda de 5
casas e 40% do que uma vivenda isolada.
Para a melhoria do desempenho energético de edifícios de habitação pode recorrer-se a:
estratégias solares passivas para protecção e conservação de ganhos energéticos: orientação e
caracterização do edifício de forma a utilizar e conservar recursos energéticos naturais sem
recorrer a dispositivos mecânicos;
tecnologias renováveis para a produção de energia: utilização de elementos construtivos com a
capacidade específica, fotoeléctrica, química ou mecânica, de rentabilizar fontes renováveis
naturais;
sistemas de redução e gestão de consumos: utilização de sistemas integrados, automatizados ou
não, de redução e controlo do consumo energético.
Estratégias solares passivas
Estratégias solares passivas
Estratégias solares passivas
Estratégias solares passivas
As estratégias solares passivas, de protecção e conservação, mesmo se insuficientes para cobrir a
totalidade das exigências energéticas do edifício, destacam-se como a via mais simples para a
sustentabilidade energética na construção. Estas estratégias estão ligadas aos materiais e à forma das
superfícies exteriores (de onde provêm as fontes de aquecimento, arrefecimento e iluminação natural)
e dos espaços interiores (onde se pretendem obter e controlar determinadas condições de conforto).
Os princípios solares passivos são conhecidos desde o mundo antigo, mas ressurgiram a partir da
década de 70 do século XX em edifícios vocacionados para a eficiência energética (integrando
estratégias quer solares, quer de protecção ou de conservação), como reacção à crise petrolífera de
então
111.
Integrar estratégias solares passivas num edifício deveria ser parte integrante de toda a arquitectura.
Se por um lado, a organização do espaço deve ser adaptada às características climáticas do local, por
outro, as opções formais da arquitectura devem integrar determinados materiais, cores, texturas,
espaços e elementos (ex., sombreadores, estufas, envidraçados, chaminés de luz, etc.) que a tornem
mais eficiente e confortável.
Ao condicionar a organização do espaço e as opções formais, a integração das estratégias solares
passivas influencia a própria expressão estética do edifício. Porém, a integração destas estratégias
passivas não apresenta uma gama de soluções únicas e a arquitectura solar passiva, contrariamente
ao argumentado por alguns críticos, não tem de ser toda igual.
Estratégias de protecção
Nos edifícios habitacionais que integram estratégias solares passivas, a tipologia deve optimizar os
resultados térmicos, protegendo os espaços mais exigentes das situações climáticas exteriores
adversas, sobretudo da exposição solar excessiva e aos ventos. Esta concepção espacial interior
111
Os edifícios solares que emergiram a partir da década de 70 foram criticados por, em nome da eficiência energética,
negligenciarem outras considerações arquitectónicas igualmente fundamentais.
recorre geralmente às chamadas zonas de transição
112, que contribuem significativamente para a
melhoria do conforto das habitações (Figura 28).
Figura 28 – Hierarquia de
fenestração e da criação de zonas
de transição.
(fonte: Energia solar passiva 1)
Para além da importância na hierarquização e protecção térmica em tipologias habitacionais solares
passivas, os espaços de transição interior/exterior apresentam a vantagem de serem espaços entre
condições climáticas estáveis (interior) e instáveis (exterior) onde a gama de níveis de conforto aceites
é muito alargada, pois as expectativas dos utentes, a sua tolerância e a sua disponibilidade para a
adaptação climática são maiores que em espaços interiores
113.
A geometria, o paisagismo, os espaços cobertos e o tratamento da envolvente exterior dos edifícios,
são as principais opções da concepção de arquitectura a considerar para uma protecção eficiente do
edifício. No que respeita ao tratamento da envolvente exterior, a sua textura rugosa, espessura,
saliências e reentrâncias, podem completar a função de sombra, protegendo as paredes exteriores,
coberturas, ou mesmo pavimentos do sobreaquecimento. Nestas superfícies a vegetação e a água
podem desempenhar o mesmo papel.
112
Moita – Energia solar passiva 1,1985.
As zonas de transição são também designadas como zonas intermediárias ou zonas tampão.
113
Cadima – Transitional spaces: The potencial of semi-outdoor spaces as a means for environmental control with special
reference to Portugal, 2000.
Estratégias de conservação
A contribuição solar pode atingir facilmente mais de metade da energia convencional requerida em
habitações. Contudo, para além dos ganhos solares directos, a conservação de energia também pode
minimizar significativamente o consumo doméstico de energia, através da provisão de isolamento e
inércia térmica. Nas estratégias de conservação de energia devem ter-se em conta os seguintes
pressupostos:
a construção com elevada massa térmica confere estabilidade térmica contribuindo para
transferências de calor mais lentas em climas quentes, e actuando como um acumulador de calor
no Inverno em climas frios
114.
o isolamento térmico deve ser conciliado com a inércia térmica, como forma complementar de
garantir condições confortáveis no interior dos edifícios.
Tecnologias renováveis
Embora as estratégias solares passivas contribuam para a melhoria do conforto térmico, na maior
parte dos edifícios é necessário prever aquecimento e arrefecimento adicionais aos obtidos
passivamente, e é natural que a iluminação diurna não consiga satisfazer todas as necessidades
lumínicas de uma habitação. Nestes casos, os sistemas adicionais devem ser de baixo consumo e
máxima eficiência, e consumir energia renovável (Figura 29).
Figura 29 – Central de produção de energia renovável
fotovoltáica.
Fórum 2004 (Barcelona).
No documento
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DA HABITAÇÃO
(páginas 80-83)