2. Insustentabilidade actual e reacções
2.4 Situação em Portugal
2.4.3 Gestão dos principais recursos ambientais
2.4.3
2.4.3
2.4.3 Gestão dos Gestão dos Gestão dos Gestão dos principais recursos ambientaisprincipais recursos ambientaisprincipais recursos ambientais principais recursos ambientais
Energia
Energia
Energia
Energia
Portugal é um país pobre em recursos energéticos de origem fóssil, dependendo substancialmente de
importações. Em 1999, a dependência energética do exterior foi de 92%, tendo o petróleo importado
47
representado 71% no total do consumo de energia primária
48. Actualmente, mais de 90% da energia
consumida em Portugal é importada. Contudo, o potencial de energias renováveis (Fontes de Energia
Renováveis – FER) é assinalável, com destaque para a Energia Solar em primeiro lugar, logo seguida
pelas energias eólica, geotérmica, hídrica e da biomassa (lenhas e resíduos). Numa visão a médio
prazo, as estimativas disponíveis apontam para contribuições possíveis das FER da ordem dos 15 a
20% do consumo final de energia para o horizonte de 2010
49, sendo este valor obtido sem considerar
as barragens da grande hídrica (>10 KW).
Apesar do forte aumento do consumo de energia, Portugal mantém o valor mais baixo dos 15 países
membros da União Europeia (valor médio de 3,76 tep/hab)
50. Em 1999, Portugal tinha um consumo de
energia per capita igual a 57% da média comunitária, resultante de condições climáticas de Inverno
favoráveis, da menor exigência da população em termos de conforto e dos reduzidos níveis de
motorização e mobilidade em comparação com a média da União Europeia. Contudo, com a subida
da qualidade de vida média a factura energética aumentou, acusando entre 1990 e 1999 um
crescimento anual de 4,5% (quase quatro vezes superior ao crescimento nos restantes Estados
Membros), correspondente à duplicação do consumo energético entre 90 e 99
51.
No que diz respeito aos transportes, a preferência pelo automóvel privado em detrimento da utilização
dos serviços de transporte público, bem como a opção pelo transporte rodoviário em detrimento do
transporte ferroviário, causou um decréscimo de eficiência energética do sector e um agravamento das
emissões de gases poluentes para a atmosfera, entre outras pressões ambientais, tais como o ruído e
o congestionamento de tráfego nas zonas urbanas. Em 1999 os Transportes foram o sector de
actividade que mais consumiu energia em Portugal (38%), ultrapassando pela primeira vez o sector da
Indústria (33%)
52.
Resíduos
Resíduos
Resíduos
Resíduos
Em Portugal, o nível de desenvolvimento relativamente baixo e as disparidades de ocupação do
território determinam por um lado que áreas extensas disponham ainda de uma elevada qualidade
ambiental, mas por outro, o carácter obsoleto de algumas das tecnologias utilizadas e o baixo nível de
infra-estruturação relativamente ao tratamento de efluentes urbanos e industriais conduz a valores per
capita de emissões prejudiciais para o meio hídrico muito elevadas.
48
Instituto do Ambiente – Relatório do estado do ambiente 2001, 2002.
49
Instituto do Ambiente – Terceira comunicação nacional sobre alterações climáticas, 2003.
50
Instituto do Ambiente – Relatório do estado do ambiente 2001, 2002.
51
Fonseca – SHE Sustainable Housing in Europe: State of the art report Portugal, 2003.
Neste documento foi realizada uma análise com base em dados do INE para suporte do projecto demonstrativo SHE
Sustainable Housing in Europe, apoiado pela União Europeia.
52
Em 1990, do total da poluição lançada em meios hídricos apenas 14,1% eram tratadas a nível
nacional
53. Esta situação tem, contudo, vindo a conhecer melhorias, decorrentes dos investimentos em
saneamento e tratamento de águas residuais realizados nas últimas décadas.
O sector dos resíduos sólidos urbanos (RSU) contribui em mais de 3% para o balanço global nacional
das emissões de gases com efeito de estufa
54. Para contrariar este contributo negativo dos RSU, têm
sido implementadas estratégias como a prevenção da produção (quer em termos de quantidade como
de perigosidade), a reutilização, a reciclagem, a valorização energética e a eliminação.
A gestão dos RSU em Portugal até 1995 resumia-se praticamente à operação de recolha e à
deposição em lixeiras, que constituíam o receptáculo dos "sistemas" municipais. Menos de 1% da
população era servida com Ecopontos. Contabilizando instalações de compostagem e aterros era
então possível afirmar que apenas cerca de 26% dos RSU gerados em Portugal tinham um destino
final "aceitável".
Actualmente, a recolha selectiva tem sido desenvolvida e incentivada em todo o país, com taxas de
sucesso crescentes. O total reciclado de embalagens, por exemplo, correspondeu em 2000 a cerca de
7%. Até 2005, e por força da Directiva Europeia 94/62, Portugal previa reciclar 15% de cada um dos
tipos de resíduos.
Solo
Solo
Solo
Solo
Por constituir o suporte físico das actividades humanas, o solo é palco dos processos de
transformação que ocorrem na estrutura social e produtiva, mas a sua degradação é um processo
lento e difuso constituindo um problema que muitas vezes passa despercebido. De acordo com a
Paisagista Teresa Andersen o solo constitui o principal recurso nacional, mas não aquele que tem sido
mais preservado, nomeadamente pelo planeamento
55. A visão convencional do planeamento em
Portugal excluiu dos seus objectivos a construção assumida de paisagem, posição que teve fortes
consequências sobre a forma de actuar e de valorizar o solo. Enquanto noutros países se utiliza a
retracção na actividade agrícola para renaturalizar regiões sobre-exploradas e redefinir zonas de
protecção ecológica, em Portugal tem-se assistido ao mero abandono ou à reconversão do uso do
solo guiada apenas por critérios financeiros
56.
Por outro lado, a acumulação de resíduos em aterros deficientes tem provocado a contaminação dos
solos, directa ou transmitida pela água e pela atmosfera, e a erosão natural ou antropogénica contribui
também para a sua alteração e degradação. A erosão e a retenção de sedimentos de origem hídrica a
montante dos cursos de água, para além de empobrecer os solos, podendo induzir processos de
desertificação, têm efeitos a jusante que podem perturbar o equilíbrio de leitos e margens e até de
53
Nunes Correia – Ambiente e ambientalismos. in AAVV - Portugal hoje,1995.
54
Instituto do Ambiente – Relatório do estado do ambiente 2001, 2002.
55
Andersen – Aula de Mestrado em Planeamento e Projecto do Ambiente Urbano, 2004.
56
zonas costeiras, pondo em risco o território nacional. Para este risco contribui também a extracção de
areias dos rios, intensificada pelo crescimento acelerado da construção civil.
No documento
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DA HABITAÇÃO
(páginas 41-44)