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Exemplos no Reino Unido

No documento SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DA HABITAÇÃO (páginas 193-198)

5. Tendências da habitação e da arquitectura sustentável

5.2 Panorama da habitação sustentável na Europa

5.2.1 Exemplos no Reino Unido

5.2

5.2

5.2 Panorama da hPanorama da hPanorama da hPanorama da habitação sustentável na Europaabitação sustentável na Europaabitação sustentável na Europaabitação sustentável na Europa

5.2.1

5.2.1

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5.2.1 ExemplosExemplosExemplosExemplos no Reino Unidono Reino Unidono Reino Unido no Reino Unido

House of the Future South Wales

House of the Future South Wales

House of the Future South Wales

House of the Future South Wales

Este projecto procurou criar um protótipo de casa para o futuro (Figura 108). Trata-se de um edifício de

habitação unifamiliar que se destaca não só pela sua eficiência ecológica e desempenho energético

exemplar, mas também pela sua flexibilidade tipológica que permite uma adequação a diferentes

modos de vida (não se restringindo aos usos da família convencional).

Ao nível da construção, este edifício apresenta as seguintes características:

construção leve, super-isolada e provida de inércia térmica pontual;

estrutura de madeira de carvalho local e paredes exteriores de tabique de madeira, isolado pelo

interior;

isolamento térmico de paredes de lã de ovelha tratada (U de 0,16 W/m²K);

inércia térmica proveniente de blocos de terra com cal integrados no pavimento térreo de betão;

cobertura revestida a alumínio reciclado;

isolamento térmico da cobertura com celulose proveniente de papel reciclado tratado com borato

de sódio para protecção contra o fogo e insectos (U de 0,17 W/m²K).

O que tornou esta habitação um edifício de referência foi, mais do que as suas características

construtivas, a forma como integrou os sistemas para a eficiência energética:

os colectores solares na cobertura disponibilizam água quente;

um gerador eólico integrado na cumeeira, em conjunto com painéis fotovoltaicos, cobrem as

exigências correntes de energia eléctrica;

uma bomba de calor de alta eficiência complementa as necessidades energéticas globais;

o envidraçado a Sul é configurável de acordo com as estações do ano e permite a captação e

controlo passivo de ganhos solares.

Figura 108 – House of the future.

Arq.

os

Jestico+ Whiles, South Wales.

(fonte: Architecture in a climate of

Change)

Nesta habitação o espaço a Sul é contínuo para distribuir uniformemente os ganhos térmicos.

Internamente o espaço é definido por paredes não portantes, amovíveis, permitindo adaptabilidade

total.

Em termos de gestão da água, as águas pluviais são recolhidas em cisternas e filtradas

mecanicamente para alimentação das casas de banho e lavandaria, cobrindo 25% das necessidades

médias da família.

A Casa da Futuro de South Wales beneficiou da investigação sobre o uso da madeira estrutural que o

centro de tecnologia da madeira do BRE desenvolveu. Neste caso recorreu-se ao uso de madeira

verde, cuja humidade permite deformações, possibilitando estruturas curvilíneas num processo

construtivo em que a própria secagem natural da madeira estabiliza a estrutura, conferindo-lhe

resistência.

O BRE acompanhou também a concepção e construção experimental de um bloco de apartamentos

de seis andares, com estrutura totalmente de madeira e revestimento de tijolo, experiência que pode vir

a favorecer o uso de madeira estrutural na habitação multifamiliar

245

.

Hockerton Energy Project

Hockerton Energy Project

Hockerton Energy Project

Hockerton Energy Project

Da autoria dos arquitectos Brenda e Robert Vale, Hockerton é um projecto demonstrativo que se

tornou uma referência para as áreas residenciais de baixa densidade ambientalmente sustentáveis,

construído também no Reino Unido. O conjunto habitações unifamiliares em banda consiste numa

linha de casas agrupadas dispostas ao longo de um eixo Nascente Poente, expondo os vãos a Sul e

encaixando-se no solo no lado Norte (Figura 109 e Figura 110).

245

Figura 109 – Hockerton Energy

Project: vista do exterior a Poente.

(fonte: www.unige.ch/cuepe/idea)

Figura 110 – Hockerton Energy

Project: vista do exterior a Nascente.

(fonte: www.unige.ch/cuepe/idea)

O projecto integrou vários princípios de ecologia da construção e de baixo consumo energético da

habitação

246

. O bairro foi concebido sob o desígnio da autonomia energética, flexibilidade funcional e

baixa densidade, pretendendo ser auto-suficiente a diversos níveis, incluindo na produção de

alimentos. Contudo, o bairro foi pensado sem estabelecer qualquer continuidade com sistemas

urbanos existentes deixando em aberto as questões relativas à mobilidade gerada, sobretudo por se

tratar de um bairro sem serviços e com uma autonomia funcional limitada.

Este conjunto habitacional resultou das opções ideológicas sobre sustentabilidade dos seus

moradores. Para garantir o seu funcionamento foram estabelecidas regras que só sectores minoritários

da população estão dispostos a cumprir. A título de exemplo, está estipulado pelas regras que é

apenas permitido um automóvel movido a combustíveis fósseis por habitação e são requeridas, a

cada residente adulto, oito horas mensais de trabalho comunitário de manutenção da área residencial

(i.e. cultivo, limpeza, conservação).

A construção foi totalmente racionalizada e as paredes estruturais que separam os fogos e os

compartimentos funcionam como acumuladores dos ganhos solares passivos pois contactam com a

Estufa (Figura 111).

246

Figura 111 – Corte transversal de uma habitação em

Hockerton.

1 - As aberturas zenitais permitem ventilação.

2 - Os materiais de construção são ecológicos.

3 - O sobreaquecimento é evitado pela orientação.

4 - A cobertura de 50 cm de solo, a estrutura de betão e

o isolamento mantêm as temperaturas estáveis.

5 - Os envidraçados são duplos e triplos.

(fonte: Sustainable Housing. Principles and Practices)

A avaliação dos custos a longo prazo, ponderando custos de construção e custos de ocupação, em

conjunto com as economias alcançadas com a racionalização da construção permitiu que neste

conjunto habitacional se aplicasse já vidro triplo, ainda pouco usual em habitação de custo médio.

A nível tipológico, a modulação contínua e neutra dos compartimentos permitiu uma grande

flexibilidade da organização do fogo, favorecendo distribuições variáveis das funções domésticas. Os

compartimentos são de dimensões idênticas e as funções podem ser dispostas de acordo com as

vivências de cada família.

Os compartimentos modulares estão ligados por um espaço solar polivalente, uma estufa, que confere

fluidez interior à habitação e permite que todos os compartimentos beneficiem do solar passivo (Figura

113). Esta estufa está integrada na configuração das habitações de modo a que o Sol de Inverno

alcance os compartimentos profundos, sendo protegida durante o Verão por toldos interiores para

evitar ganhos excessivos.

Este conjunto habitacional destaca-se pelas seguintes características (Figura 112):

90% de poupança energética comparado com a habitação convencional;

autonomia em água, alcançada com colectores de águas pluviais e tratamento de efluentes com

plantas;

armazenamento térmico proporcionado pela envolvente em terra;

70% de recuperação de calor extraído de ar aquecido;

super-isolamento das paredes (30 cm);

Figura 112 – Conceito global de

Hockerton Energy Project.

(fonte: Sustainable housing.

principles and practices)

Figura 113 – Idem. Planta ilustrada.

1 - Estufa, 2 - Cozinha e resíduos, 3 - Lavandaria, 4 - Sala de jantar, 5 - Sala de

estar, 6 - Quartos, 7 - Casa de banho.

Figura 114 – Habitação em

Hockerton. Vista do interior da

estufa.

BedZed

BedZed

BedZed

BedZed FactoryFactoryFactory Factory

Este conjunto constituído por 82 fogos, 1.600 m² de área de trabalho e vários equipamentos

comunitários constitui um exemplo emblemático de habitação ecológica experimental que mais do que

uma casa ou um conjunto de casas, cria um micro-sistema urbano (Figura 115). Trata-se de um

agrupamento de alta densidade inspirado pela Urban Task Force de Richard Rogers, onde cada

proprietário tem um espaço verde privado e onde a mobilidade urbana dos moradores é um tema tão

importante como a edificação, no que respeita ao controlo de contaminação (em particular por gases

com efeito de estufa). Dos principais objectivos deste empreendimento destaca-se a utilização de

materiais locais (a maioria dos materiais são provenientes de localidades num raio máximo de 35

milhas), reciclados e reutilizados (foi utilizado aço e madeira da demolição de um edifício não muito

distante).

Figura 115 – Bed Zed Factory, Beddington Zero Energy

Development.

Arq.º Bill Dunster, Hackbridge, Londres (Reino Unido), 2002.

(fonte: www.unige.ch/cuepe/idea)

No que respeita ao desempenho energético, as habitações foram dotadas de um isolamento térmico

equivalente ao máximo para as habitações low-energy no Reino Unido (vidros triplos e 30 cm de

isolamento), pelo que as necessidades de aquecimento são 90% inferiores às convencionais. Todas as

habitações são servidas por uma central de co-geração, aproveitando localmente o calor residual

originado nos processos termodinâmicos de geração de energia eléctrica. Este calor residual pode

assim ser convertido em energia útil descarregada para a rede. A energia solar abastece 40 carros

eléctricos que estão ao dispor dos moradores.

A conservação de água é conseguida não só pela utilização de casas de banho e máquinas de lavar

com sistemas de poupança de água, mas também pela recolha e reciclagem das águas pluviais e

residuais. Os resíduos domésticos produzidos pelos habitantes, normalmente destinados a aterro, são

reduzidos em 80%. O aluguer dos escritórios integrados no complexo compensa em parte os custos

adicionais das opções ecológicas mais dispendiosas.

A concepção e a construção deste empreendimento, garantindo requisitos de qualidade e

sustentabilidade ambiental tão elevados, só foram possíveis devido à conjugação de um conjunto de

intervenientes disponíveis para explorar um conceito experimental de habitação e devido ao empenho

do Arquitecto Bill Dunster, responsável pelo conceito ZED (zero emissions development).

No documento SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DA HABITAÇÃO (páginas 193-198)