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6.3 Visão Geral do Modelo

6.3.2 Módulo Norteador

6.3.2.1 Elementos da GQCS na CS da Cana-de-Açúcar

Os elementos da GQCS são aqueles pertencentes ao “Módulo Norteador” voltado para auxiliar as empresas que compõem a cadeia de produção da cana-de-açúcar na gestão dos requisitos de qualidade. Os elementos são:

 EEQ: Estrutura e Estratégia para a Gestão da Qualidade.  IGP: Integração e Gestão por Processos.

 IPP: Inovação do Projeto do Produto/Processo.  GP: Gestão de Pessoas.

 DRQ: Dados e Relatório de Qualidade.  FGQ: Ferramentas para a GQ.

 FCM: Foco no Consumidor e Mercado.

 GRF: Gestão de Relacionamento com Fornecedor.

EEQ: Estrutura e Estratégia para a Gestão da Qualidade

A estrutura da GQ das empresas que formam a cadeia de produção da cana-de-açúcar deve promover a aquisição e disseminação dos conceitos e das práticas de qualidade. O apoio da direção destas empresas por meio da liberação de recursos materiais, humanos e financeiros é de grande importância para facilitar o desenvolvimento de programas de qualidade nas organizações. Além disso, o apoio da direção a estes programas sinaliza aos empregados a importância para a operacionalização de programas de planejamento, controle e melhoria da qualidade nas atividades da cadeia de produção da cana-de-açúcar.

A estratégia para a GQ é de especificar os meios e as atividades para realizar os objetivos com relação a qualidade da cana-de-açúcar para alcançar vantagem competitiva. Basicamente, os fatores que compõe a estratégia para a GQ são: compartilhamento de metas e alinhamento estratégico entre os parceiros da CS da cana-de-açúcar para o uso e a implementação de iniciativas de qualidade com foco na integração e na comunicação. A cadeia de produção da cana-de-açúcar deve ter um planejamento estratégico para qualidade

com visão e metas a serem alcançadas a longo prazo com o intuito de direcionar as ações para melhoria da qualidade ao longo da cadeia.

IGP: Integração e Gestão por Processos

Segundo Toledo et al. (2013), todo processo pode ser entendido como uma relação cliente-fornecedor na qual cada um dos seus elos contribui para atender um objetivo comum que é a satisfação do cliente, seja ele interno ou externo.

O elemento IGP é composto das práticas principais que devem nortear a cadeia de produção da cana-de-açúcar, como:

1) “Controlar e melhorar os processos continuamente”: deve-se desenvolver ações para não só controlar e monitorar os processos de produção da cana-de-açúcar, mas também para desenvolver nos trabalhadores das empresas, que formam a cadeia de produção da cana-de-açúcar, uma cultura que tenha a preocupação com ações de caráter preventivo e de oportunidades para melhoria em seus processos.

2) “Coordenar/integrar/sincronizar os diferentes processos com extensão aos clientes e fornecedores”: quando houver necessidade, toda atividade desenvolvida em uma empresa que compõe a cadeia de produção da cana-de-açúcar deve ser compartilhada com fornecedores e/ou clientes com o intuito de implantar ações para: obter processos simplificados e de burocracia reduzida, melhorar o desempenho no fornecimento de produtos e serviços que alimentam o processo e atender aos requisitos e indicadores de desempenho para clientes internos e externos dos agentes que compõem a cadeia. 3) “Gerir processos internos de maneira independente (estrutura multifuncional)”: a

estrutura multifuncional é orientada para o cliente externo e favorece o todo em detrimento de partes de uma empresa, a ausência de barreiras departamentais (o que melhora o fluxo de informações) e a aprendizagem com melhor desenvolvimento de habilidades.

IPP: Inovação do Projeto do Produto/Processo

Para atender aos requisitos de qualidade da cana-de-açúcar é importante desenvolver cultivares que sejam resistentes a pragas e doenças, que sejam adaptáveis ao plantio e colheita mecanizados, que possuam o mais alto teor de sacarose e que possam atender ao período da safra nos diferentes tipos de solo.

Os fabricantes de máquinas e equipamentos para as fazendas devem desenvolver produtos duráveis, produtivos, eficientes tanto ao consumo de combustível que proporcionem redução de custos, quanto a qualidade nas atividades relacionadas com o preparo do solo, plantio, colheita e transporte da cana de açúcar até a usina.

Os fabricantes de insumos para as fazendas devem desenvolver produtos que sejam sustentáveis e eficientes no controle de pragas e doenças, que proporcionem a otimização do teor de sacarose para a colheita e a produtividade dos canaviais.

O plantio da cana-de-açúcar nas fazendas deve ser planejado para a otimização da área plantada e para um menor custo logístico do transporte de máquinas e equipamentos durante a colheita.

O envolvimento dos clientes e dos fornecedores no desenvolvimento de novos produtos é importante para a gestão das atividades de desenvolvimento dos agentes da cadeia da cana-de-açúcar com o intuito de resolverem, eficientemente, os problemas de qualidade e de redução de perdas da cadeia de produção da cana.

GP: Gestão de Pessoas

A complexidade dos problemas das fazendas produtoras de cana-de-açúcar exige profissionais com formação multidisciplinar, que trabalhem em equipe, que tenham capacidade de resolver problemas e que tenham bom relacionamento e comunicação oral e escrita. A motivação para o trabalho em equipe com a participação dos operadores, técnicos, agrônomos e gerentes das fazendas, deve ser estimulada no desenvolvimento de soluções de problemas para o atendimento aos requisitos de qualidade da cana e na redução de custos com menores perdas nas atividades agrícolas. Os produtores rurais devem realizar treinamentos com os funcionários da fazenda em áreas específicas, como: aplicação de herbicidas, operadores de máquinas e equipamentos, técnicas agronômicas para plantio e tratos culturais, entre outros.

DRQ: Dados e Relatório de Qualidade

A coleta, o registro, a comunicação e o compartilhamento de dados a clientes e fornecedores dos agentes da cadeia relacionados com a qualidade, como: a satisfação do cliente, avaliação dos fornecedores, custos de qualidade, produtividade e índices de qualidade é a base para uma gestão voltada para a melhoria da qualidade da cana-de-açúcar. Esses dados são necessários para a implantação de indicadores de desempenho e para nortear ações para soluções de problemas nas etapas dos processos que envolvem a produção da cana e de relacionamento com os elos dos agentes da CS.

FGQ: Ferramentas para a Gestão da Qualidade

O desempenho dos processos que envolvem a cadeia de produção da cana-de-açúcar passa pela utilização das ferramentas da qualidade. O uso de técnicas estatísticas, como o controle estatístico de processos, e do estabelecimento, medição e controle de indicadores de desempenho devem ser valorizados para tomadas de decisões que devem estar alinhados à

estratégia da cadeia de produção da cana-de-açúcar. O programa TPM também é outra ferramenta importante para as fazendas produtoras de cana pela utilização significativa de máquinas e equipamentos nas lavouras. A ferramenta MIP - Manejo Integrado de Pragas - deve ser buscada, pois essa procura soluções como o controle biológico para monitoramento e controle da população de pragas, insetos e doenças por intermédio de favorecer o surgimento de inimigos naturais em seu combate. As Boas Práticas de Laboratório (BPL) devem ser atendidas para fins de avaliação e do registro de agrotóxicos e produtos químicos utilizados nos canaviais. O APPCC é uma ferramenta importante para ser aplicada na cadeia produtiva da cana-de-açúcar, pois avalia os perigos com relação a segurança do alimento, além de identificar o perigo químico do uso de agrotóxicos e pesticidas nas fazendas.

A ferramenta POP (Procedimento Operacional Padrão) é outra ferramenta importante para a cadeia de produção da cana, pois detalha todas as operações envolvidas na produção com o objetivo de padronizar e minimizar a ocorrência de desvios na execução de tarefas fundamentais para o funcionamento correto dos processos.

FCM: Foco no Consumidor e Mercado

A cana-de-açúcar produzida nas fazendas deve atender aos requisitos de qualidade das usinas, que basicamente são: menores índices de impurezas minerais e vegetais, de pragas e doenças e ter uma maior quantidade na cana de sacarose (ART) e uma maior pureza. O foco em atender as necessidades das usinas deve ser um elemento de relevante importância na gestão da qualidade dos processos que envolvem a produção da cana. A orientação da qualidade para o cliente deve evoluir para uma parceria com as usinas na busca da melhor qualidade da cana-de-açúcar. Para isso, os agentes que compõem a cadeia produtiva da cana- de-açúcar devem compartilhar ideias, ações e planos de ações com as usinas para que as seguintes práticas sejam adotadas:

1) Relações de parceria entre a empresa e seus clientes.

2) Ações de exigências e orientações para preservação da qualidade da cana-de-açúcar. 3) Incentivos fornecidos pelas empresas a seus clientes.

4) Realimentação de informações dos clientes com relação aos requisitos demandados e a qualidade da cana-de-açúcar.

5) Adoção compartilhada de práticas de gestão da qualidade para garantir a consistência na padronização dos produtos.

6) Elaboração conjunta com os clientes de auditorias e planos de ações para melhoria. 7) Medição e análise de indicadores de desempenho em qualidade dos clientes.

GRF: Gestão de Relacionamento com o Fornecedor

A necessidade de atender aos requisitos das usinas leva as fazendas a terem um relacionamento duradouro e de confiança com seus principais fornecedores (máquinas e equipamentos, produtores de mudas, fabricantes de insumos) para juntos avaliarem as principais práticas da GRF, que são:

1) Relações de parceria entre a empresa e seus fornecedores.

2) Incentivos e ações fornecidas pela empresa para melhorar a qualidade dos produtos recebidos dos fornecedores.

3) Adoção compartilhada de práticas de gestão da qualidade para garantir a consistência na padronização dos produtos.

4) Diagnóstico conjunto da qualidade por meio de auditorias realizadas nos fornecedores. 5) Elaboração conjunta com os fornecedores de planos de ações de melhoria.

6) Medição e análise de indicadores de desempenho em qualidade dos fornecedores.

No tópico seguinte mostra-se, de uma maneira geral, como é feito o gerenciamento das práticas dos elementos da GQCS abordados nesse tópico para produção da cana-de-açúcar.

6.3.2.2 Identificação/Definição das práticas dos Elementos da GQCS para Cadeia de