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2.1 Gestão da Qualidade na Cadeia de Suprimentos

2.1.3 Gestão do Relacionamento com Fornecedor

Segundo Monczka et al. (2009) mais de 55% dos custos de uma organização está no pagamento de seus fornecedores, o que gera a necessidade de economizar sob diferentes formas: a abordagem tradicional que é baseada em duras negociações para reduções de preços e uma abordagem recente que é a de construir relações com os fornecedores para reduzir os custos do produto ou do serviço de uma forma conjunta. Nesta abordagem, faz-se a gestão não só baseada na seleção de fornecedores, mas o objetivo é o desenvolvimento de relacionamento de longo prazo e com avaliação de desempenho dos fornecedores (GUANG et

al., 2016). Para se atingir esse objetivo é necessário ter o apoio da alta direção das empresas (KAYNAK, 2003; KAYNAK; HARTLEY, 2008; SILA; EBRAHIMPOUR, 2005; SINGH, 2008; ZU; FREDENDALL; DOUGLAS, 2008). A fim de garantir a qualidade do produto final, é essencial que todas as organizações da CS tenham uma definição comum para a qualidade (LAI; CHENG, 2005). Uma gestão eficaz do fornecedor é considerada uma área estratégica pelos gestores por promover melhor integração e colaboração com os fornecedores-chave na concepção, produção, vendas e pós-venda do produto (GUANG et al., 2016).

Qualidade proveniente do fornecedor é importante porque acaba sendo herdada pelo produto final (CHOW; LUI, 2003). As parcerias com os fornecedores são uma fonte de vantagem competitiva sobre os rivais (MANGIAMELI; ROETHLEIN, 2001). Matéria-prima com características de qualidade dentro do especificado ajudam a manter baixos os custos relacionados com a qualidade (DAS et al., 2008). Produtos fornecidos com qualidade na quantidade e no tempo necessário ajudam a empresa a evitar tempo ocioso, a reduzir a variabilidade dos processos de produção e consequentemente as taxas de refugo e retrabalho (FLYNN; SCHROEDER; SAKAKIBARA, 1995; FORZA; FILIPPINI, 1998). Uma gestão de fornecedores bem implementada pode assegurar que os materiais entrem nas empresas atendendo as normas e requisitos de qualidade, o que facilita a produção de produtos com qualidade (CHEN; PAULRAJ, 2004; LI et al., 2005; ROBINSON; MALHOTRA, 2005; VICKERY et al., 2003; KAYNAK, 2003; KAYNAK; HARTLEY, 2008; OU et al., 2010). Fornecedores com relacionamento mais estável com a organização apresentam maior nível de compromisso com a qualidade (LAI; CHENG, 2005).

Liker e Choi (2004) atribuem o sucesso das empresas japonesas com relação a gestão de fornecedores para seis atividades: a realização de atividades de melhoria em conjunto, o compartilhamento de informações de forma seletiva e intensiva, o desenvolvimento de capacidades técnicas dos fornecedores, supervisão dos fornecedores, transformação de fornecedores rivais em parceiros e o conhecimento do trabalho dos fornecedores. A gestão eficaz do fornecedor reduz o estoque e o desperdício na CS (KAYNAK, 2003; EASTON; JARRELL, 1998; YEUNG, 2008). Reduzir os custos de inventário mediante uma gestão eficaz do fornecedor é uma das metas da GCS (LEE; BILLINGTON, 1992). É necessário menor estoque de segurança, quando se trabalha com os fornecedores para melhorar a qualidade. Ao reduzir o número de fornecedores, as organizações podem trabalhar mais próximas deles (DE TONI; NASSIMBENI, 1999).

O apoio dos fornecedores no desenvolvimento de produtos e processos com melhor qualidade passa efetivamente por parcerias estabelecidas entre a empresa e seus principais fornecedores e clientes. Desenvolvimento de soluções conjuntas com os fornecedores por meio de parcerias duradouras e com o estabelecimento de relações de confiança entre comprador e fornecedor estimula o surgimento de fornecedores mais dedicados. Ademais, a prática de coordenação da qualidade no atendimento aos requisitos e o entendimento dos conceitos da área econômica (coordenação, integração e quase integração vertical) estão sendo cada vez mais necessários para o bom desenvolvimento das organizações e terão cada vez mais significado para a GQ (TOLEDO et al., 2013). Um melhor relacionamento com fornecedores incentiva a participação destes desde o início do projeto do produto o que pode resultar na elaboração de projetos mais simples (KAYNAK; HARTLEY, 2008).

Lambert (2008) informam que o custo dos materiais representam 45 a 60% na porcentagem sobre as vendas para a maior parte das indústrias, indicando para os benefícios de uma adequada gestão das atividades relacionadas com os fornecedores na CS. Segundo os autores, uma adequada gestão de relacionamento com os fornecedores pode gerar relações de parcerias com os principais fornecedores a fim de agir na redução de custos, na inovação para novos produtos e para gerar valor para ambos os membros por intermédio do comprometimento para colaboração em longo prazo e no compartilhamento do sucesso alcançado.

Medir o desempenho dos fornecedores e dar retorno faz com que se melhore o desempenho deles (KRAUSE, 1997). Huang e Keskar (2007) mostram alguns indicadores de desempenho para fornecedores divididos em sete categorias:

 Confiabilidade: entrega no lugar certo, no tempo certo, no tempo acordado e nas condições exigidas. Exemplo: porcentagem de encomendas recebidas.

 Capacidade de Resposta: velocidade com que o fornecedor entrega o seu produto para o cliente. Exemplos: tempo para lançamento do produto; tempo para instalação do produto no consumidor.

 Flexibilidade: agilidade do fornecedor em responder a alterações de demanda. Exemplo: flexibilidade para entrega aumentando ou diminuindo.

 Custos e finanças: custo e finança para aquisição do fornecedor. Exemplos: giro de estoque; condições de pagamento; custo de garantia; custo de estoque; estabilidade financeira.

 Ativos e Infraestrutura: gerenciamento dos ativos pelo fornecedor. Exemplos: estabilidade de emprego; tamanho da empresa; estabilidade jurídica; adequação estratégica, etc.

 Segurança: segurança do trabalho das instalações do fornecedor. Exemplos: tempo perdido com acidentes; gastos com indenizações; treinamento em segurança, etc.  Meio ambiente: esforços do fornecedor com relação ao meio ambiente. Exemplos:

poluentes lançados no (ar, água e solo); consumo de recursos (materiais, energia e água) e de recursos renováveis.

O Quadro 6 contem as principais práticas relacionadas ao elemento “Gestão do Relacionamento com Fornecedores” da teoria GQCS.

Quadro 6 - Principais práticas relacionadas ao elemento “Gestão do Relacionamento com Fornecedores”.

Práticas Autores

Relações de parceria entre a empresa e seus fornecedores.

Toledo et al. (2013); Robinson e Malhotra (2005); Tan et al. (1999); Monczka et al. (2009); Mangiameli

e Roethlein (2001); Lambert (2008); Corrêa (2010). Incentivos e ações fornecidas pela empresa para

melhorar a qualidade dos produtos recebidos dos

fornecedores. Toledo et al. (2013); Liker e Choi (2004). Adoção compartilhada de práticas de gestão da

qualidade para garantir a consistência na padronização dos produtos.

Toledo et al. (2013) Liker e Choi (2004); Kaynak e Hartley (2008); Monczka et al. (2009). Diagnóstico conjunto da qualidade por meio de

auditorias realizadas nos fornecedores. Toledo et al. (2013); Liker e Choi (2004). Elaboração conjunta com os fornecedores de planos

de ações de melhoria. Toledo et al. (2013); Liker e Choi (2004); Kaynak e Hartley (2008); Monczka et al. (2009). Medição e análise de indicadores de desempenho

em qualidade dos fornecedores. Krause, (1997); Toledo et al. (2013); Huang e Keskar (2007); Lambert (2008); Guang et al., 2016. Fonte: Elaborado pelo autor.