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Emoções e Saúde I

No documento 26 Dicas de Saude Da Medicina Oriental (páginas 68-77)

EMOÇÕES E SAÚDE

As emoções tem um papel fundamental na manutenção de nossa saú- de. É de conhecimento popular que nosso estado de ânimo interfere substancialmente na situação do nosso organismo. Crises emocio- nais fortes conduzem a tremendas alterações fisiológicas que podem comprometer nossa saúde ou no mesmo momento ou posteriormen- te. Estados emocionais desregulados quando mantidos nesta situa- ção por períodos prolongados de tempo trazem danos incríveis. Este é um dos motivos pelos quais o estresse da vida moderna é tão da- noso, pois se mantêm constante por um período indefinido. Mas dedicamos um capítulo inteiro ao estresse e agora vamos falar um pouco mais da influência das emoções na nossa saúde, principalmen- te do ponto de vista da Medicina Tradicional Chinesa.

O que é emoção?

Precisamos antes de tudo definir “emoção” e diferenciá-la de “senti- mento”.

Sentimento seria um estado afetivo brando, suave, que ocorre dia- riamente e do qual nenhum de nós está a salvo. Ele se caracteriza como o prazer, desprazer ou indiferença com relação ao que ocorre ao nosso redor. O sentimento varia em função da interação social humana, costumes e crenças.

Emoção é uma reação muito forte de prazer ou desprazer, gerando uma reação física intensa. Embora possam possuir os mesmos nomes dos sentimentos (ciúme, raiva, amor, etc…), são muito mais intensos e simples em seu funcionamento, ocorrendo mais em um nível fisio- lógico do que intelectual. Essa reação, por ser orgânica, se torna muito pessoal. Duas pessoas com a mesma educação e formação podem ter reações muito diversas quando submetidas a um mesmo fato. Isso

explica a variedade de reações diferentes de pessoas diferentes e suas conseqüentes patologias diversas, frente a uma mesma causa. Logo tanto os problemas quanto as soluções devem ser altamente individualizadas. Acrescentamos que os estados emocionais estão profundamente ligados às necessidades básicas do ser humano, prin- cipalmente a sobrevivência.

Influência Psicossomática

O termo “psicossomático” é muito comum hoje em dia. Ele significa uma influência dos estados emocionais sobre o funcionamento do organismo, a correlação entre mente e corpo.

As condições psicossomáticas surgem porque as emoções desenca- deiam reações instantâneas no Sistema Nervoso Autônomo, respon- sável pela manutenção fisiológica de nosso corpo e que não é influenciável pela nossa vontade consciente. Por isso as reações físi- cas relacionadas com as emoções não podem ser contidas: elas ou são canalizadas para fora em resposta ao fato ocorrido ou, no impe- dimento disto, são absorvidas e acabam desequilibrando o sistema orgânico. É a constatação do termo popular “engolir um sapo”! Quando as reações são por demais intensas, pode advir um desequilíbrio duradouro, o chamado “trauma”. Depois de uma ex- periência traumática ou choque emocional, a reação orgânica pode perdurar por dias, meses ou mesmo por vários anos, principalmente quando acontece alguma coisa semelhante ao que provocou a reação emocional. Uma pessoa que quase se afogou pode ficar traumatizada com a água e ter uma reação violenta se for obrigada a se aproximar dela.

Controle

As reações mais comuns hoje em dia, particularmente devido ao nos- so modo de vida moderno, são a ansiedade e o estresse. Já falamos sobre o assunto e explicamos inclusive como controlar o fluxo emoci- onal através da respiração. Isto é muito importante, pois como as reações orgânicas que respondem às emocionais não são controlá-

veis, temos que controlar a emoção antes que cause algum estrago. Uma emoção forte é como uma bola de neve, que deve ser detida logo no início pois depois ela começa a crescer com o passar do tem- po. Depois é tarde demais.

As Emoções sob o Ponto de Vista da MTC

As emoções sempre formaram a parte principal dos tratamentos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Já no principal livro de medi- cina chinesa, Huang Di Nei Jing (O Livro de Medicina Interna do Imperador Amarelo) escrito por volta do século II a.C., existem gran- des referência aos problemas das emoções na saúde. No Capítulo 13 da Parte I intitulado Yi Jing Bian Qi Lun - “Acerca da Terapia de Transformar a Mente e o Espírito”, podemos ver o Imperador Ama- relo afirmar:

Disseram-me que nos tempos antigos, quando um médico tratava uma doença, ele apenas transformava a mente e o espírito do paciente, a fim de extirpar a fonte da doença

Dessa forma, segundo o Imperador Amarelo, a fonte primordial das doenças são os desequilíbrios da mente e do espírito. Na resposta de Qibo, conselheiro do imperador, depois de enunciar o modo de vida saudável dos ancestrais, que evitava doenças externas e não necessi- tava da acupuntura e outras medicinas, ele finaliza:

Por isso, quando alguém contraía uma doença, não eram neces- sários tanto os remédios para curar internamente quanto a acupuntura para curar externamente, mas somente alteravam a emoção e o espírito do paciente; só era necessário cortar a fonte da doença.

A fonte principal dos males que afligem a Humanidade, portanto, está no estado emocional e espiritual das pessoas. Isso é conhecido dentro da Medicina Chinesa como Causas Internas das doenças. Es- tas são ativadas ou agravadas muitas vezes por Fatores Patológicos Externos (Frio, Calor, Umidade, Secura, Vento).

Emoções e Órgãos

Para a Medicina Tradicional Chinesa, cada órgão “armazena” um determinado conjunto de emoções, pelo fato de serem considerados Yin. Por “órgão” não queremos dizer precisamente o órgão físico, de que trata a medicina ocidental mas uma função energética deste ór- gão. Assim, quando falamos em “coração”, estamos falando do sis- tema energético vinculado ao coração físico. Só quando o sistema energético fica comprometido é que a doença se apresenta no órgão físico. Por isso a medicina oriental é predominantemente preventiva, pois tratamos as doenças no sistema energético, antes de se manifes- tar no corpo físico. Vamos demonstrar agora simplificadamente as emoções associadas aos principais órgãos, como referência.

Baço-Pâncreas (Pi, em chinês)

Sua emoção é Si, algo como melancolia, contemplação, meditação. Os excessos mentais prejudicam o Baço-Pâncreas: pensar demais, es- tudar demais, pensamentos obsessivos e preocupação.

Pulmão (Fei)

A emoção associada ao Pulmão é You, a angústia, melancolia, soli- dão, mágoa ou tristeza. Essa última pode estar associada com defici- ência de espírito (Shen), pois estagnam o Chi no tórax, enfraquecen- do o Pulmão.

Rins (Shen)

Kong é a emoção dos Rins, equivalendo ao medo ligado à

autopreservação, à vontade ou desejo de viver. Pode corresponder desde um medo passageiro até o pavor e o terror, podendo provo- car uma perda temporária do controle de micção e evacuação, pois os Rins governam os orifícios inferiores. Por isso se urina nas calças ou se “borra” de medo.

Fígado (Gan)

A raiva normalmente é associada ao Fígado, denominada Nu em chinês, e manifesta-se geralmente de forma explosiva, em “ataques” de raiva. Nervosismo, irritabilidade e raiva moderada mas contínua

também são geralmente relacionadas com problemas na energia do Fígado

Coração (Xin)

A alegria ou felicidade (Xi) é a emoção atribuída ao Coração. Essas emoções geralmente são advindas da superação de alguma dificul- dade, atribulação ou obrigação. É a sensação de alívio do “dever cumprido”. Essas emoções, entretanto, possuem muitas faces, po- dendo aparecer também como excitação, riso, conversas e ativida- des sociais. Excesso de alegria prejudica o Coração, dispersando seu Chi, da mesma forma como choque e medo o contraem. Como o Coração é o responsável pela distribuição das emoções pelos outros órgãos, ele é afetado por todos os problemas emocionais.

Quando sofremos algum impacto emocional o nosso sistema orgâni- co responde, podendo trazer problemas de saúde. Da mesma forma problemas em algum órgão pode ser causa de disfunções emocio- nais. O bêbado agressivo pode ser explicado em parte pelo desequilíbrio do Fígado causado pela bebida e que gera raiva e vio- lência. Ao efetuar um diagnóstico energético dentro da Medicina Chinesa temos que procurar as causas do problema e não apenas diminuir seus sintomas.

Muitos casos de enxaqueca na lateral da cabeça que eu cuidei esta- vam relacionados à importantes tomadas de decisão na vida. Se es- tas decisões não forem resolvidas, a enxaqueca se torna crônica. Por- tanto o nosso modo de encarar as coisas, nossa “filosofia de vida”, é diretamente responsável por nossa saúde pois o jeito particular com que olhamos tudo ao nosso redor molda nossas reações emocionais e, conseqüentemente, nossas reações orgânicas.

RESUMO

As emoções tem um papel fundamental na manutenção de nos- sa saúde. Seu controle pode melhorar estados de desequilíbrio e prevenir problemas.

Emoção é uma reação muito forte de prazer ou desprazer, ge- rando uma reação física intensa.

Todo impacto emocional resulta em uma reação orgânica cor- respondente e vice-versa.

Na Medicina Tradicional Chinesa cada órgão tem relação com um tipo de emoção. A Acupuntura e outros métodos terapêuticos orientais sempre levam em conta o estado emoci- onal do paciente.

Emoções e órgãos se relacionam segundo a MTC:

· Baço-Pâncreas - Sua emoção está relacionada com me-

lancolia, contemplação, meditação, preocupação.

· Pulmão - Sua emoção está relacionada com angústia, me-

lancolia, solidão, mágoa ou tristeza.

· Rins - Sua emoção está relacionada com medo ligado à

autopreservação, à vontade ou desejo de viver, pavor e terror. · Fígado - Sua emoção está relacionada com raiva explosi-

va, nervosismo, irritabilidade e também raiva moderada mas contínua.

· Coração - Sua emoção está relacionada com alegria ou

felicidade excitação, riso, conversas e atividades sociais. Seu excesso prejudica o Coração, que é responsável pela distribui- ção das emoções pelos outros órgãos.

Aperfeiçoar nossa filosofia de vida é um importante fator na prevenção de doenças e na manutenção da saúde.

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RESPIRE E CONTROLE-SE

A capacidade de exercer um auto-controle emocional é um dos fato- res mais importantes na redução do estresse. Mas este auto-controle não é apenas no sentido racional. Todos sabemos dos problemas oca- sionados por explosões emocionais, que geralmente ocorrem nos momentos mais equivocados. Porém apenas saber deste problema não é suficiente, pois a parte emocional não está totalmente sob con- trole consciente. Precisamos então de alguma ferramenta que nos possa permitir dissipar as energias que estão prestes a explodir, seja por causa de uma prova, de uma agressão verbal, de um problema familiar. Sempre podemos nos controlar.

Mas “controle” aqui não significa empurrar os problemas para de- baixo do tapete. Emoções escondidas tendem a aflorar nos piores momentos. O que pretendemos é dissipar a carga emocional e recu- perar a razão para resolver a questão E nossa ferramenta número um é a respiração.

Esse é um dos mais eficientes meios para se controlar nossas emo- ções. Já há milhares de anos que os orientais descobriram a ligação entre as emoções e a respiração. Também aqui no Ocidente se apren- deu muito sobre essa atividade vital. Um dos pioneiros em tentar relacionar a respiração e as atividades mentais foi o Dr. Wilhelm Wundt (1832-1920). O Dr. Wundt e seus associados da Universidade de Leipizig, na Alemanha, concentraram todos os seus esforços nes- sa relação. Após a Guerra do Vietnã, médicos especialistas dos Esta- dos Unidos também se entregaram a pesquisas nessa área, chegando a resultados surpreendentes.

Foi constatada uma inter-relação entre o estado emocional e mental com a amplitude do diafragma. O diafragma é um músculo existente

em nosso tronco e que separa o abdômen do peito. Quando ele se move para cima, pressiona nossos pulmões e expiramos o ar, como se espremesse uma esponja. Quando se move para baixo, cria um efeito de sucção que nos faz inspirar. Foi notado que a amplitude desse movimento varia conforme nossas emoções: se elas forem agradáveis a amplitude é maior do que nas situações desagradáveis. Uma maior amplitude significa uma respiração mais lenta e profunda, caso contrário a respira- ção é mais rápida e curta.

O oposto também foi notado. Se uma pessoa respirar de acordo com determinado ritmo e pensar numa certa situação, ela irá experimen- tar a emoção correspondente. O que se nota é que o controle respira- tório é fundamental no controle emocional. E controlando suas emo- ções você poderá reduzir o estresse e caminhar na direção de uma vida mais tranqüila.

Quando estiver a ponto de “explodir”, se sentir muito estressado, irritado ou notar que por qualquer motivo sua respiração se acele- rou, procure respirar lenta e profundamente pelo nariz, algumas ve- zes, que seu controle voltará.

Como você pode ver, tudo isso foi escrito para dar aquele velho conselho: conte até dez e respire fundo. Realmente funciona. A respiração profunda libera no sangue uma substância chamada “endorfina”. Essa substância afeta o córtex cerebral, ajudando a eli- minar medos e pavores, mantendo o conforto físico e mental e regu- lando vários órgãos.

Preste muita atenção em seu ritmo respiratório, o que está dentro de nossa filosofia de auto-conhecimento. Respirações rápidas e entrecortadas é sinal de que alguma coisa não está bem. Pessoas que

praticam meditação, Yoga, Chi Kung ou Tai Chi Chuan geralmente respiram bem mais lentamente que uma pessoa normal, pois estas artes possuem um enorme cabedal de exercícios de controle respira- tório. Este é um dos ingredientes para uma vida longa, tranqüila e com espírito sereno segundo o pensamento oriental.

RESUMO

Manter-se no perfeito auto-controle emocional é fundamental para uma vida saudável e feliz

A melhor ferramenta para isto é o controle da respiração Respiração longa e profunda indica tranqüilidade; respiração curta e entrecortada indica abalo emocional (estresse, ansieda- de, medos, fobias, pânico, agressividade)

Mantenha sua respiração controlada e controle também seu estado emocional

Respiração lenta e profunda é um dos grandes segredos da serenidade interior transmitidos pelo Yoga, Tai Chi Chuan, Chi Kung e Meditação.

No documento 26 Dicas de Saude Da Medicina Oriental (páginas 68-77)