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26 Dicas de Saude Da Medicina Oriental

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© 2007-2009 por Gilberto Antônio Silva - Todos os direitos reservados

Esta obra não pode ser alterada, traduzida ou transcrita para nenhuma finalidade sem o consentimento por escrito do autor. Ela encontra-se protegida pela Lei Federal n º 9.610/ 98. Os infratores serão penalizados conforme a lei.

O conteúdo deste livro expressa os estudos do autor, sua opinião e conclusões pessoais. Não se trata de manual de tratamento ou de um sistema que prescinda das técnicas terapêuticas adequadas. Em caso de problemas de saúde, consulte um profissional competente. Não nos responsabilizamos por problemas oriundos de interpretações errôneas ou radicais do conteúdo deste livro.

26 Dicas de Saúde

da Medicina Oriental

Gilberto Antônio Silva

Este livro é uma edição própria do autor, liberada para distribuição desde que respeitadas as seguintes regras: 1- Nenhuma alteração pode ser feita no material. Nada pode ser acresentado ou removido.

2- Os créditos de autoria devem ser mantidos em qualquer citação ou menção a este trabalho, juntamente com a fonte: www.longevidade.net

3- Toda distribuição deve ser absolutamente livre e gratuita. É proibido cobrar qualquer tipo de retribuição para se ter acesso a esta obra.

4- Apesar da distribuição estar liberada, não se trata de material em domínio público, mas mantidos todos os direitos autorais devidos segundo a lei.

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que simplesmente viver muito: é viver

bem, com saúde e disposição. É

aproveitar a vida aprendendo, auxiliando

outras pessoas e deixando as sementes

da sabedoria para as novas gerações.

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Sumário

INTRODUÇÃO... 05

1- Uma Pessoa, Um Universo... 07

2- Diferenças Entre Medicina Ocidental e Oriental...

I

10

3- Filosofia Oriental e Saúde... 14

4- Sua Saúde é Você Quem Faz... 18

5- Separe “Boa Forma” de “Saúde”... 22

6- Dietas Alimentares e Você... 26

7- Como Comer?... 33

8- Derrubando os Mitos dos Alimentos... 41

9- O Estresse Nosso de Cada Dia...

I

49

10- Cuidando dos Pés...

I

56

11- Vida Longa ao Chá!... 61

12- Orelhas, Reflexos do Corpo... 65

13- Emoções e Saúde...

I

68

14- Respire e Controle-se... 74

15- Cuidados na Interação com o Ambiente...

I

77

16- Relaxe e Viva!... 82

17- Mitos do Exercício... 86

18- Movimentando-se... 92

19- A Energia da Vida... 96

20- Práticas Orientais...

I

100

21- Modismos e Influências Externas...104

22- Beber Para Viver...109

23- Vestuário e Saúde...

I

115

24- Barulho, Ruído e Silêncio...120

25- Em Busca da Longevidade...

I

125

26- Longevidade e Sabedoria...131

BIBLIOGRAFIA...134

O AUTOR...

I

136

CONTATO...137

(5)

INTRODUÇÃO

Olá, amigo leitor ou amiga leitora!

Este livro tem o propósito de ajudar as pessoas a terem uma vida melhor, com mais saúde. Não se trata de um livro sobre doenças, mas sim em como preservar a saúde. A Medicina Oriental, nosso tema central, se baseia na preservação da saúde e na prevenção das doenças. Isto é muito mais fácil do que consertar as coisas mais tar-de!

Esta obra foi escrita originalmente em 2007, quando decidi ajudar de uma maneira mais ampla as pessoas a melhorarem sua qualidade de vida. Planejado para ser um livro vendido em livrarias e sites, foi colocado à venda em vários lugares na internet e enviado para aná-lise a diversas editoras comercias. Mas decorridos dois anos, achei por bem liberá-lo de vez para a população, de forma gratuita. Acre-dito que possa servir como valioso guia para o auto-conhecimento e a saúde das pessoas. Este é meu maior objetivo!

Você verá que escrevi este livro de uma forma simples e direta, como uma conversa informal entre nós dois. Sem termos técnicos ou voca-bulário difícil em línguas estrangeiras. Nada aqui é difícil de enten-der ou seguir. Você vai perceber que andar com o fluxo natural da vida é mais fácil do que tentar resistir a ele.

Falamos aqui sobre Medicina Oriental, assim, de forma mais ou me-nos genérica. Este termo que usei, “Medicina Oriental”, no meu en-tender engloba qualquer técnica que tenha sido desenvolvida com base na cultura do Oriente e fundamentado em suas filosofias nati-vas. Assim, tanto a Medicina Ayurvédica Indiana quanto a Medicina Tradicional Chinesa estão representadas nesta classificação, bem como técnicas terapêuticas japonesas e massagens como Shiatsu, Anmá,

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Do-In, Reflexologia... A lista é muito grande! O que você deve estar ciente é que “Medicina Oriental” significa aqui o conjunto de técnicas muitas vezes milenares destes povos, que diferem substancialmente da nossa medicina ocidental moderna. Isto é explicado já nos primei-ros capítulos.

Grande parte das informações deste livro vem de meus estudos em filosofia oriental, em particular o Taoísmo, e em medicina chinesa, que é mais a minha praia. Portanto não se surpreenda com as várias referências à cultura e filosofia chinesa presentes aqui. Algumas des-cobertas da ciência ocidental também são utilizadas, pois hoje em dia não podemos nos afastar completamente desta área. Ser radical em qualquer aspecto vai contra tudo o que aprendi em 30 anos de estu-dos dentro da filosofia e cultura oriental.

Este livro é sobre saúde e também sobre filosofia e espiritualidade. O ser humano é algo coeso, único, global, e não pode ser dividido em partes isoladas para ser “consertado”. Ao analisarmos a saúde devemos fazê-lo sempre do ponto de vista único. É isto o que signi-fica o termo “holístico”.

Creio que nem seria necessário mas sempre é bom afirmar que este livro e seus ensinamentos não são um “guia de saúde” que possa substituir profissionais de saúde, tratamentos ou remédios. Este é um guia para se viver melhor. Problemas de saúde devem ser leva-dos aos profissionais competentes, pois qualquer sintoma indica que o mal já foi feito. Os conhecimentos aqui apresentados são extrema-mente úteis para prevenir e evitar estes problemas antes que se ins-talem.

Espero que goste e utilize esta sabedoria milenar para melhorar a sua saúde e de sua família. Distribua em seu site ou blog, envie para seus amigos e familiares, mande para todo mundo. É gratuito. Boa leitura.

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UMA PESSOA, UM UNIVERSO

Ao falar sobre Medicina Oriental, somos forçados a colocar sempre em primeiro lugar a premissa básica deste tipo de terapia: a unicidade da individualidade humana, ou seja, cada um de nós é um ser único e especial.

Através disto podemos tratar cada pessoa como ela mesma, segun-do sua situação no momento e características próprias. Este é o fio principal de qualquer tipo de tratamento oriental e que difere subs-tancialmente da metodologia utilizada pela medicina ocidental. Para os orientais, cada pessoa é um conjunto de circunstâncias soci-ais, familiares, genéticas, kármicas e energéticas que a tornam dife-rente de qualquer outra pessoa do mundo. Cada ser humano é um pequeno universo em si mesmo, com suas próprias necessidades e qualidades. Então como podemos tratar 6 bilhões de seres diferen-tes?

A resposta está na conceituação da medicina oriental, que procura compreender as leis universais e sua operação para podermos então tratar as pessoas. Independente de quem seja ou de que problema tenha, todos estão sujeitos às mesmas leis universais. Apenas o modo como respondem a estas leis é que difere completamente. Ao se co-nhecer as leis de atuação universais basta analisar minuciosamente a pessoa para se descobrir suas particularidades e oferecer um trata-mento compatível com ela. E apenas com ela.

Mas é comum em Acupuntura, por exemplo, que se utilizem deter-minados tratamentos para pessoas com problemas semelhantes. Isto, à primeira vista, conduz a um tipo de “receita de bolo”, que massifica o tratamento. Realmente, muitos acupuntores fazem justamente uso

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destas receitas prontas. Mas estas formulações ancestrais ou moder-nas são apemoder-nas o ponto de partida, pois em função disto analisamos a pessoa em questão e alteramos, adaptamos, a fórmula para aquele tipo de pessoa. E mais: adaptamos a receita para aquele momento em particular.

O Taoísmo afirma que tudo no Universo está em constante mutação, sempre alterando seus estados. A cada sessão, devemos analisar o paciente para podermos compreender seu estado NAQUELE MO-MENTO e avaliarmos o progresso do tratamento. Isto é muito im-portante. A medicina oriental não apenas afirma que cada pessoa é diferente de outra como afirma que cada pessoa é diferente em cada momento. Tudo se transforma, tudo muda.

Isto torna a Medicina Oriental uma técnica terapêutica extremamen-te individualizada, que olha a pessoa como se ela fosse única e obser-va o seu momento. Com base nisto são prescritos os tratamentos adequados.

Então como posso escrever um livro dando dicas “genéricas” de saúde segundo a Medicina Oriental? Ora, a resposta é muito simples. Ne-nhuma destas dicas é imperativa, definitiva, sempre será acrescenta-da a sua própria observação de si mesmo. Nesta obra sempre procu-ro colocar as informações de um ponto de vista imparcial, de modo que VOCÊ escolha o que deve fazer. Este é o segredo da coisa. Car-ne faz mal para a saúde? Depende. Algumas pessoas não podem che-gar perto enquanto outras se fartam à vontade e vivem muito bem, com saúde e disposição. Este é um dos maiores riscos da auto-medi-cação, pois um remédio que é sensacional para a enxaqueca de seu vizinho pode ser um veneno mortal para você. Em tudo você sempre tem que observar: será que isto é bom para mim? Qual a minha expe-riência anterior nestas circunstâncias?

Isto nos leva a um assunto que parece saído de um livro de auto-ajuda, mas que é fundamental na Medicina Oriental: o auto-conheci-mento. Quanto você se conhece? Se você é um ser único no Universo,

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quem pode conhecê-lo melhor do que você mesmo?

À partir da auto-observação podemos começar a perceber como nos-so organismo funciona e como ele se comporta. Há algum tempo, quando ainda tentava me conhecer, eu fiz um prato de frango com pimentão que me rendeu uma noite interminável de gases. Não re-comendo isto para ninguém. Se perguntar por aí vão dizer que a culpa é do pimentão, que é indigesto. Pois bem. Através da auto-observação e do estabelecimento de uma dieta baseada em meu biotipo particular pude perceber com surpresa que a culpa era do frango! Posso comer pimentão até arrebentar, mesmo à noite, mas a carne de frango me é indigesta. Tenho um amigo que se comer pi-mentão ficará com o gosto dele na boca por uma semana. Claro, so-mos diferentes. Mas quem vai saber disto além de nós messo-mos? O auto-conhecimento nos traz a uma outra questão que abordare-mos mais detalhadamente à frente, que toca na nossa responsabili-dade sobre nossa saúde. Costumamos deixar este encargo nas costas do médico ou de algum remédio “milagroso”, enquanto uma obser-vação atenta de nosso modo de vida irá demonstrar que podemos viver com saúde se respeitarmos quem somos e o que somos. Pois somos únicos. Apenas isto.

Somos únicos na Criação, cada um de nós.

Um tratamento individual e particular é a premissa da medicina oriental.

O que ajuda uma pessoa, pode fazer mal a outra. Observar a si mesmo é a primeira diretriz de uma vida saudável.

Auto-conhecimento é o fundamento da saúde.

(10)

2

DIFERENÇAS ENTRE

MEDICINA OCIDENTAL E ORIENTAL

O tópico anterior, nossa situação única no Universo, é a base princi-pal das diferenças entre a medicina ocidental, que busca uma abor-dagem científica estabelecida há pouco tempo, e a medicina oriental, que parte de soluções empíricas formuladas e testadas muitas vezes por centenas de anos.

Antes temos que fazer uma conceituação que empregaremos neste trabalho: medicina ocidental é a técnica científica empregada hoje em hospitais e clínicas modernas e que se utiliza de medicamentos e drogas químicas diversas além de intervenções cirúrgicas. Medicina

oriental é o conjunto de técnicas terapêuticas estabelecidas no

Ori-ente e que podem utilizar massagem, agulhas, ervas medicinais, óle-os, exercícióle-os, dieta e outros procedimentos naturais e não-agressi-vos.

A medicina ocidental baseia-se na intervenção direta no organismo. Através de cirurgias e medicamentos (chamados tecnicamente de “drogas”) procura-se alterar artificialmente o estado do paciente para que ele retorne à condição definida como “normal”. Na medicina oriental busca-se restabelecer o equilíbrio do paciente através de seus próprios recursos, como massagem, exercícios, dietas e, se necessá-rio, Acupuntura, ervas ou outras técnicas que possam ajudar o orga-nismo a se recuperar. Mesmo no caso de fármacos naturais, a idéia central nunca é suprir o corpo com os elementos de que necessita, mas estimulá-lo a se recuperar espontaneamente. Enquanto a medi-cina ocidental busca uma solução imediata e agressiva, a medimedi-cina oriental busca uma solução gradual e natural para o organismo do paciente.

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As diferenças saltam aos olhos pela metodologia empregada. A me-dicina ocidental é principalmente baseada no estudo estatístico e no ataque aos sintomas. Os medicamentos e tratamentos se concentram nas médias estatísticas dos resultados de testes controlados, primei-ramente com animais de laboratório e depois com pacientes voluntá-rios. Passando nos testes, com mais de 50% de eficiência, o medica-mento começa a ser vendido.

O que intriga muitas pessoas é porque muitas vezes o tratamento não funciona, funciona pela metade ou tem que ser reavaliado? A resposta é justamente este fator médio de sucesso. Será que você está na faixa média da população ou pertence às partes que não pos-suem efeito ou pospos-suem efeito muito pequeno? Como muitos dos mecanismos naturais do corpo humano são ainda desconhecidos pe-los médicos, procede-se muitas vezes a um tipo de tratamento por tentativa e erro, muito comum, ou por meio de receitas de remédios para uso geral, caso dos analgésicos e anti-inflamatórios que são re-ceitados freqüentemente quando uma pessoa tem dor e o médico não encontra a causa.

Muitas vezes um medicamento é receitado e não surte efeito. Então ele é trocado por outro similar, de outra marca ou princípio ativo. O processo é repetido até que se encontre um medicamento compatível com o paciente ou que se tente outra abordagem. Anti-concepcional é um caso clássico. Minha mulher utilizou três marcas diferentes ten-tando evitar efeitos colaterais (ou amenizá-los). Finalmente desistiu. Você já deve ter passado por este tipo de coisa: troca de medicamen-tos sucessivos até achar um que se encaixe no seu organismo. Como dissemos antes, cada pessoa é uma pessoa mas a medicina moderna enxerga apenas a média da população. Se você está fora dela, a coisa se complica.

Allen Roses, chefe do setor de genética da empresa GlaxoSmithKline (GSK), a maior empresa farmacêutica do Reino Unido, afirmou que “a vasta maioria dos remédios - mais de 90%- só funciona para 30%

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a 50% das pessoas”. Para isto citou um estudo sobre as taxas de efi-ciência de uma ampla variedade de remédios realizado por Brian Spear, cientista dos Abbott Laboratories, empresa de diagnóstico médico de Chicago. Ele constatou que as taxas de eficiência variam ao redor de 50%, partindo de 25% no caso de drogas contra o câncer a 80% de eficácia no caso de analgésicos.

Um medicamento é testado em alguns milhares de voluntários (se tanto) e os resultados são extrapolados estatisticamente para toda a Raça Humana. Na média, ele funciona. Mas existem problemas. Efeitos colaterais dos medicamentos também são comuns. Aliás, co-muns não, quase obrigatórios. Existe uma idéia de que se não exis-tem efeitos colaterais o remédio (denominado tecnicamente de “dro-ga”, como vimos) também não está funcionando. Mas se você está fora da média populacional da eficiência do medicamento, você pode ficar só com os efeitos colaterais.

Um aluno meu teve problemas de pressão alta e lhe receitaram uma droga. Funcionou por algum tempo, já que o problema era o estresse e o tratamento atacava apenas o sintoma – pressão alta. Ele começou a ter crises de tosse com a continuidade da medicação, uma tosse que não cessava. Ele me procurou e fiz uma terapia natural com cris-tais que acabou com a tosse, mas esta retornava dias depois. Ele acabou indo a outro médico que informou que a tosse era uma rea-ção alérgica comum aos medicamentos para controle da pressão. So-lução? Nenhuma, pois o efeito colateral faz parte do medicamento e ele caiu numa faixa fora dos 50% de eficiência, onde os efeitos secun-dários são mais sentidos.

A medicina oriental é baseada no equilíbrio da pessoa em ressonân-cia com as Leis Universais. Estas leis foram formuladas depois de séculos de observações e experimentações com milhões de pacientes. Quando nos afastamos destas leis naturais, aparece a “doença”, de modo que a medicina oriental é particularmente preventiva, se preo-cupando com a manutenção da saúde. Mas uma vez instalado o

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desequilíbrio, a solução é retornar a pessoa a este estado harmônico através da readequação de seu organismo. Existem muitos métodos para isto, dependendo da cultura de origem (indiana, chinesa, japo-nesa, coreana, tailandesa, vietnamita, etc...). Mesmo os medicamen-tos fitoterapêuticos ou fármacos de origem natural possuem a carac-terística de auxiliar o organismo a retornar ao equilíbrio. Isto é feito com um mínimo de efeitos colaterais, exceto aqueles oriundos da retomada do nível saudável. Por exemplo, uma pessoa com prisão de ventre por alguns dias pode ter uma diarréia até seu organismo retornar ao normal. Mesmo na extensa farmacopéia chinesa o medi-camento indicado para um paciente possui em geral ao menos quatro componentes: um agente para o problema específico, um outro que amplia o efeito do agente principal, um que corta os efeitos colaterais do medicamento e um último que dirige o efeito do medicamento para a parte do corpo específica, reduzindo o risco de uma intoxica-ção do organismo.

A medicina oriental também busca a causa dos problemas, seja físico, ambiental, emocional ou energético. Uma enxaqueca pode ser resul-tado de uma tomada de decisão adiada repetidamente, a prisão de ventre ou nódulos musculares dolorosos podem ser gerados por uma situação de estresse específica, etc... Os aspectos energéticos tam-bém são um dos fundamentos da medicina oriental e que não são reconhecidos pela medicina ocidental.

RESUMO

A Medicina Ocidental procura atacar os sintomas e restaurar a saúde através de técnicas invasivas (cirúrgicas) ou pela adoção de drogas químicas desenvolvidas por análise estatística de re-sultados. Atua geralmente depois da doença se instalar. A Medicina Oriental baseia-se na prevenção das doenças e na manutenção da saúde. Para restaurar a harmonia do organismo pode-se utilizar de várias técnicas, sempre procurando utilizar os recursos próprios do paciente. Um de seus fundamentos prin-cipais é o trabalho com a energia vital, assunto ignorado pela Medicina Ocidental.

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3

FILOSOFIA ORIENTAL E SAÚDE

A Medicina Oriental se caracteriza pela forte influência de correntes filosóficas do pensamento oriental em seus conceitos básicos e pro-cedimentos. Esta influência não se dá simplesmente por motivos re-ligiosos, como rapidamente poderíamos afirmar, mas sim pela filo-sofia de vida deste povos. Sua atitude perante a Vida e o Universo nortearam o desenvolvimento de sua medicina.

Por este prisma podemos notar a causa da variedade imensa de es-colas terapêuticas orientais, cada uma versando sobre fundamentos de sua filosofia própria. A maioria das técnicas de Medicina Oriental que conhecemos foram criadas à partir da cultura chinesa, pois sua influência nos povos do Oriente sempre foi muito marcante. Apesar disto outros países moldaram esta filosofia segundo sua própria cul-tura, como ocorre no Japão. Os dois grandes pólos de cultura e me-dicina da Ásia foram a Índia e a China, com a Ayurveda, meme-dicina indiana, e a Medicina Tradicional Chinesa (MTC).

Alguns princípios norteiam a Medicina Oriental praticada no Extre-mo Oriente. Via de regra estes conceitos foram formulados na China antiga, há muitos milênios, dentro do Taoísmo. O Taoísmo é uma filosofia nativa da China baseada na harmonia com o Universo e que busca compreender a estrutura das coisas, com princípios esboçados por sábios como Fu Xi, Chuang-Tzu e Lao-Tzu. Longe de ficarem desatualizados, muitas pesquisas modernas apenas comprovam o altíssimo grau de conhecimento que estes sábios da antigüidade pos-suíam. Vamos ver alguns destes fundamentos essenciais:

Equilíbrio

Muito se fala sobre equilíbrio, mas de onde saiu esta idéia? O ser humano está em permanente contato com as forças da Natureza e

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extrai sua vida deste intercâmbio de forças. Quando ele está em equi-líbrio com o Universo, está saudável. As doenças aparecem quando este equilíbrio se desfaz, gerando energias conflitantes com sua na-tureza. A função do terapeuta é ajudar o paciente a manter ou retornar a este estado de equilíbrio, que definimos como “saúde”.

Energia

A base do Universo é energia (Chi para os chineses, Prana para os indianos, Ki para os japoneses e coreanos). É com base na manipula-ção desta energia de inúmeras formas que vamos restaurar o equilí-brio do paciente, pois estes desequilíequilí-brio também ocorre no nível energético. Ninguém aqui está lidando com a área dos médicos oci-dentais, pois nosso enfoque é sempre energético, desde o diagnósti-co até o tratamento. Vamos falar mais sobre isto em um capítulo especial sobre energia.

Holismo

Hoje em dia ficou comum falarmos de Holismo ou técnicas holísticas. “Holos” em grego significa “tudo” ou “o todo”, por isso usamos este termo ao nos referirmos aos tratamentos alternativos, em particular aos da Medicina Oriental, pois tratamos a pessoa como um ser com-pleto, incluindo corpo, mente, emoções, conceitos, forma de pensar, energia, predisposições. Não existe um acupuntor especializado no pé, por exemplo, como existem médicos. Ou se resolve o problema globalmente ou ele nunca terá solução. Uma dor nas costas pode ser um problema emocional e uma enxaqueca pode se originar de uma decisão difícil na vida. Se não houver uma análise e tratamento da pessoa completa o problema pode não ser resolvido ou ser remedia-do por algum tempo, voltanremedia-do depois. Às vezes ainda pior.

O Terapeuta

Cada terapeuta é um agente do Universo que serve como intermedi-ário entre as forças da Natureza e a pessoa. Como o paciente está desequilibrado, necessita de uma ajuda externa para retornar ao equi-líbrio, que é ministrada pelo terapeuta. Como vimos, o próprio paci-ente fará a sua cura, mas o terapeuta é importante para orientar e auxiliar este processo. Ele é apenas um coadjuvante que fará a religação

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entre paciente e Universo.

Yin/Yang

A polaridade complementar já confundiu muita gente. Ficaria difícil explicar este conceito neste pequeno espaço, mas podemos resumir algumas idéias. Tudo em nosso Universo manifestado possui um componente de forças dual formado pelo Yin e o Yang. O Yin corresponde a forças contrativas e o Yang a forças expansivas. Um não existe sem o outro e um gera o outro. São opostos complementa-res dos quais tudo que existe é formado. Nada existe que seja apenas Yin ou apenas Yang, mas sempre uma composição dos dois. Note que o conceito do Yin/Yang pode variar segundo fontes diversas. A Macrobiótica, por exemplo, utiliza uma noção de Yin/Yang muito diferente da Medicina Chinesa. Procure fontes na cultura chinesa e terá informações mais confiáveis.

Cinco Elementos

Os 5 elementos são um dos aspectos mais interessantes da filosofia chinesa, complexos porém simples numa ambigüidade típica da cul-tura da China. Na verdade trata-se de cinco estados energéticos que permanecem em constante mutação, sempre se transformando, daí serem chamados de Wu Xing, corretamente traduzido como “cinco ações” ou “cinco movimentos”. Um gera o outro e um controla o outro em um ciclo sem fim. Os elementos são: terra, madeira, água,

COR SABOR ÓRGÃO VÍSCERA ESTAÇÃO DO ANO TERRA Amarelo Doce Baço-Pâncreas Estômago 5ª estação METAL Branco Picante Pulmão Intestino Grosso Outono ÁGUA Preto Salgado Rins Bexiga Inverno MADEIRA Verde Ácido Fígado Vesícula Biliar Primavera FOGO Vermelho Amargo Coração Intestino Delgado Verão

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fogo e metal. A eles correspondem cores, estações do ano, sabores e órgãos energéticos do corpo humano como mostra a tabela abaixo. A interação entre estes elementos promoverá a saúde ou o desequilíbrio. As técnicas da Medicina Oriental utilizam os 5 ele-mentos como fator importante na manutenção da saúde ou no restabelecimento do paciente.

RESUMO

A Medicina Oriental se baseia fortemente na filosofia oriental. A principal fonte de influência na Medicina Oriental foi a filoso-fia taoísta da China.

O Taoísmo busca estabelecer uma harmonia completa com o Universo e compreender seu funcionamento.

Muitos conceitos filosóficos são importantes dentro da Medici-na Oriental:

Equilíbrio- entre a Natureza e o ser humano (que chama-mos de “saúde”)

Energia – a base do Universo, que forma todas as coisas. É fundamental como pedra angular de toda a medicina orien-tal.

Holismo – tratar sempre o ser humano de maneira com-pleta, corpo, mente e espírito

O Terapeuta - é o encarregado de servir como ponte entre o paciente e o Universo visando auxiliá-lo em manter ou recuperar este equilíbrio.

Yin/Yang - polaridade complementar que forma todas as coisas. O Yin corresponde a forças contrativas e o Yang a forças expansivas.

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SUA SAÚDE É VOCÊ QUEM FAZ

Uma das coisas que mais chamam a atenção na Medicina Oriental é que o paciente tem grande parcela de responsabilidade pela sua me-lhora. Como os ocidentais estão acostumados (mal-acostumados) a se entregarem totalmente à medicina moderna, a recuperação costu-ma ser costu-mais problemática.

O que você tem sempre que ter em mente ao procurar qualquer tipo de terapia alternativa é que você mesmo é o principal responsável por sua cura. Enfrentei vários problemas neste aspecto em minhas práticas terapêuticas. É muito comum o paciente não entender quan-do você pede que ele mude sua alimentação ou use outro tipo de roupa. A coisa fica pior quando percebemos que o problema princi-pal está na maneira em que ele percebe alguns aspectos do mundo. Alterar isto é extremamente difícil, embora conseguisse a cura do mal que o atormenta.

Nós criamos nossa própria realidade, por isso se fala tanto em “pen-samento positivo” e coisas do gênero. Muitos de nossos problemas físicos decorrem de interpretações sobre o mundo que nos cerca, muitas vezes percebidos ou interpretados de maneira totalmente equivocada. Procurar ter uma mente aberta e flexibilidade suficiente para observar problemas de vários ângulos é fundamental na manu-tenção da saúde.

Da mesma forma é altamente complexo cultivar opiniões fixas sobre vários assuntos, mesmo com respaldo “científico”. A ciência muda todo dia e o que hoje é certeza absoluta amanhã poderá cair por terra como uma tolice.

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de problemas de saúde que tem e pela qualidade de sua recupera-ção. Vários estudos mostram que pessoas otimistas e com bom hu-mor adoecem menos e vivem mais. Nas práticas da Medicina Orien-tal, um estado receptivo do paciente pode ampliar centenas de vezes a eficácia de um tratamento. Não digo que os bons resultados sejam algum tipo de “efeito psicológico” ou “efeito placebo”, como muitos médicos mal-informados gostam de dizer, mas pelo motivo de que você é diretamente responsável pela sua saúde, pelas suas doenças e pela qualidade de sua recuperação.

Nunca cuidei de alguém que não quisesse meus conhecimentos. A Medicina Oriental é real, altamente eficiente organicamente e fisica-mente, e não depende de crença alguma para surtir efeitos. Mas os efeitos se ampliam quando a pessoa que recebe o tratamento se man-têm receptiva e confiante. Do mesmo modo, uma pessoa altamente cética terá menos resultados ou de caráter mais pobre. Estudos mos-tram que um alto índice de ceticismo inibe o funcionamento do hipocampo, uma região do cérebro, e conseqüentemente reduzem a eficiência da Acupuntura, por exemplo. Como regra geral, sempre tive o cuidado de verificar se as pessoas que me procuravam queri-am efetivqueri-amente ser tratados por aqueles métodos que eu emprego, baseados na Medicina Oriental. Se houver qualquer tipo de resistên-cia, indico outro tratamento ou mesmo a medicina ocidental, já que ela não se importa com este tipo de pré-disposição do paciente (em-bora seja comprovado que ao menos 50% do resultado de um medi-camento alopático está ligado ao “efeito placebo” ou “efeito psicoló-gico”). A ironia disto é que a esmagadora maioria dos pacientes que buscam a Medicina Oriental já passou pela medicina ocidental, às vezes durante muitos anos, com pouco ou nenhum resultado. Quando se procura um tratamento alternativo, especialmente den-tro da Medicina Oriental, deve-se estar preparado para seguir as prescrições. Às vezes podem parecer desconexas ou insuficientes, mas o terapeuta sabe o que está fazendo. Se o paciente não seguir as recomendações, não pode querer ficar bem. Conversando com o Dr. Bokula, indiano especializado em Medicina Ayurveda, fiquei

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saben-do que esta era uma de suas grandes frustrações: o brasileiro não seguia as prescrições à risca, muitas vezes preferindo continuar do-ente do que deixar de comer carne de porco, por exemplo! Segundo ele, na Índia (onde a maioria do sistema médico ainda é o milenar e tradicional Ayurveda) as pessoas fazem absolutamente qualquer coisa prescrita pelos terapeutas pois desejam apenas restabelecer a sua saú-de. Aqui em nosso país temos uma população de pessoas que se automedicam e da mesma forma procuram interpretar as prescrições e tratamentos recomendados segundo sua própria lógica, embora nada saibam sobre as técnicas terapêuticas utilizadas.

É comum o paciente suspender seu tratamento por iniciativa pró-pria. Muitas vezes iniciamos o tratamento e, assim que se livra da dor ou de outro incômodo, ele some do consultório. Mas o trabalho não acabou! Apenas aliviamos os sintomas para que se sinta melhor até terminar o tratamento.

Mas ele acaba voltando, geralmente depois de alguma semanas ou meses, quando aquele problema não-tratado retornar...

Ao procurar um tratamento segundo a Medicina Oriental você deve se manter receptivo e seguir as recomendações de maneira adequa-da. Por menos lógicas que estas possam parecer a você.

RESUMO

O paciente é altamente responsável pelo sucesso do tratamento dentro da Medicina Oriental

Deve-se manter uma atitude receptiva ao tratamento. Não é necessário fé ou crença, mas apenas uma mente aberta.

Ceticismo exagerado atrapalha a eficiência do tratamento. Os dois extremos, tanto ceticismo quanto a fé cega, devem ser evi-tados.

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Não se submeta a tratamento se tiver qualquer ressalva quanto ao profissional ou técnica apresentada.

Não existe medicina nem terapia perfeita. Nenhum profissi-onal sozinho, seja terapeuta seja médico, pode curar você. Nenhum medicamento ou tratamento isolado pode curar você. Apenas o conjunto terapeuta-paciente-tratamento pode surtir resultados. Faça a sua parte.

Médicos não curam. Terapeutas não curam. Apenas o pacien-te pode curar a si mesmo, auxiliado pelo tratamento prescri-to.

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SEPARE “BOA FORMA” DE “SAÚDE”

Muita gente se confunde com os termos “boa forma” e “saúde” e acham que um corpo sarado, malhado e bronzeado pertence a uma pessoa saudável. Nem sempre. Na verdade muitas vezes é mais fácil encontrar saúde na simplicidade de uma dona de casa do que na gatinha malhadora. Já conheci muitas pessoas que tinham uma exce-lente forma física e tomavam caminhões de remédios.

Repare que tanto “forma física” quanto “boa forma” possuem a pala-vra “forma” como característica principal. Ou seja, a sua forma, apa-rência, é boa. Não significa nada em termos de saúde. Muita gente treina como doida e leva seu corpo até limites perigosos. Os ameri-canos tem um ditado muito repetido pelo mundo afora que eu acho particularmente ridículo: “no pain, no gain” (sem dor não há ganho). As pessoas acham que levar seu corpo além dos limites é vantajoso. Talvez para se ganhar um troféu ou algo assim , pois para a saúde é extremamente danoso. Quando você sente dor é o seu corpo dando o alarme de que o esforço é excessivo. Ultrapassar este limite pode ser complicado, senão agora, no futuro.

Pense em um carro. Por que as pessoas não gostam de comprar um carro que pertenceu à frota de uma empresa? Porque ele está muito “surrado”, utilizado até o extremo. Mas todas as revisões foram fei-tas e o diagnóstico do motor, câmbio e suspensão estão OK. Mesmo assim as pessoas hesitam, pois sabem que o desgaste pode ter com-prometido algo ainda não descoberto. Pensamos assim de um carro, por que não de nosso corpo?

Uma pessoa leva seu corpo até além de seus limites durante anos. Os check-ups médicos estão corretos, tudo está em ordem. Então, re-pentinamente acontece um rompimento de ligamento, uma tendinite,

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uma contusão muscular, um problema de coluna, e troca-se a acade-mia pela fisioterapia. Isto é muito mais comum do que você pensa. Já cuidei de muitas pessoas com problemas deste tipo. Um rapaz apare-ceu com problemas no joelho e percebi que a cartilagem estava com problemas. Recomendei que ele fosse a um ortopedista e acabou ten-do que fazer uma cirurgia. Era professor de academia e ainda não tinha 25 anos de idade. Isto é o que se chama de “overtraining”, um excesso, um caso isolado, poderia-se perguntar. Mas é a filosofia de treinamento que vemos por aí que está errada. Mais adiante vamos ter um capítulo todo voltado para a movimentação do corpo e o exercício saudável e você vai ver, mesmo na academia, como se deve proceder.

Voltando ao nosso texto, as pessoas se esforçam demais para criar uma aparência que pode ser aceita na sociedade. Esta é a verdade. Poucas pessoas se dispõe a malhar três, quatro ou mais vezes por semana depois de um dia agitado apenas para ficar saudável, salvo se for por indicação estrita do médico. A cobrança da sociedade e os padrões médicos de “saúde”, que mudam com o passar dos anos, contribui muito para este esforço. Somente as pessoas que estão aci-ma do peso tem noção da crueldade com que a sociedade trata aque-les que estão fora dos padrões. Padrões estes ditados por empresas e segmentos que estão preocupados em comercializar seus produtos e não com sua saúde.

Veja o caso das modelos anoréxicas, por exemplo. Sabe por que elas tem que ser tão magras? Porque não se trata de uma pessoa, mas de um cabide que anda! Isso mesmo: a única função delas é mostrar as roupas e, para isto, elas próprias não devem chamar a atenção. Daí a necessidade de serem magras, pois ninguém gosta de mulheres ma-gras. Se assustou? Esta é a verdade, nua e crua. E posso falar com conhecimento de causa pela ala masculina: os homens preferem as redondinhas. Se duvida, procure reparar nas profissionais – não exis-tem prostitutas magricelas. Elas não atraem a clientela. Note tam-bém que as modelos-manequins são maquiadas para parecerem com zumbis mortas-vivas ou algum monstro da 5ª dimensão. Tudo para

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não ficarem bonitas e chamar mais a atenção do que a roupa. Estilistas não gostam de concorrência.

Bilhões de reais são movimentados pela indústria da “boa forma” em publicações que trazem pessoas magras nas capas e ensinam como perder 5 Kg em uma semana, livros com a dieta definitiva, apare-lhos que fazem ginástica sem você se mexer, suple-mentos alimentares que emagrecem rapidamente ou permitem que você coma toda a gordura que quiser porque ele vai “absorver” este excesso (esta é boa!). Milhares de produtos são vendidos para que você fique em forma, de preferência rápido e sem traba-lho. E tudo em nome da saúde.

Vi a algum tempo uma revista com a Angélica na capa e uma manche-te espalhafatosa: “Angélica magérrima”. Será que alguém acha que ser “magérrima” é uma boa coisa? A própria preocupação com a “boa forma” muitas vezes acaba se tornando uma obsessão ou um proble-ma emocional. Como a frustração quando não se consegue obter os resultados cobrados pela sociedade. No Oriente é diferente.

O próprio modelo de aparência dos orientais é muito diferente. Na Índia é bonito ter algumas gordurinhas a mais, pois a população no geral é muito magra. Veja que os marajás sempre aparecem como rotundos senhores. No Japão um homem com sua barriguinha é muito bem visto, pois eles acreditam que o modelo ocidental de peito largo e cintura fina é por demais desequilibrado. Uma cintura mais larga dá mais estabilidade e segurança à pessoa, em vários sentidos. Nos negócios eles confiam mais numa pessoa de maneiras tranqüilas e cintura larga do que num executivo irriquieto e “em forma”.

Na China a gordura extra nunca foi um problema. A Medicina Chi-nesa trata de efetuar um diagnóstico energético na pessoa antes de dizer se ela é saudável ou não. A compleição, isto é, a cor e aparência do rosto, nos diz muito mais sobre a saúde de uma pessoa do que o

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tamanho da sua cintura. O que importa para os chineses é relaxa-mento e flexibilidade do corpo. Os atletas com o corpo “durinho” podem ser considerados “estressados” pela Medicina Oriental. Veja Sammo Hung, parceiro e diretor do astro Jackie Chan: ele seria con-siderado obeso pelos padrões ocidentais mas o que ele faz nos filmes é impraticável pelas pessoas “em forma” das academias. Muitos Mes-tres de artes marciais chinesas estavam acima do peso por nossos padrões e mesmo assim exibiam uma saúde de ferro. O Mestre Wang Shu Jing, do estilo Baguazhang, de Taiwan, pesava mais de 150 qui-los. Diz-se que quando ele descia a rua a calçada trepidava. E era um dos melhores lutadores da Ásia! Seu golpe predileto era abraçar a cintura de seu adversário e dar uma “barrigada” nele, quebrando sua espinha. Ria, se puder.

A utilização de exercícios físicos e a noção de saúde dos orientais é muito diferente.

RESUMO

Boa forma e saúde são coisas distintas.

Não se pode julgar a saúde de uma pessoa pelo seu peso ou “formato”

No Oriente não se leva o fator “aparência” em consideração. Saúde é uma coisa mais profunda e possui uma conotação dife-rente.

Um corpo saudável, pela Medicina Oriental, deve ser relaxado e flexível.

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DIETAS ALIMENTARES E VOCÊ

Antes de mais nada devemos sintetizar o que significa o termo “die-ta alimen“die-tar”. Em tom genérico, como o que utilizaremos aqui, ela significa “sistema normal de alimentação de uma pessoa”. Não é re-gime de emagrecimento, mas o hábito de alimentação das pessoas no dia-a-dia, pois estamos interessados em saúde a longo prazo e não em regimes restritos e de curta duração para algum objetivo específico como desintoxicação, emagrecimento, etc... Apenas como curiosidade, na medicina da antigüidade “dieta” significava todo o modo de vida, que compreendia sono, exercícios físicos, comida e bebida, excreção, relações sexuais, saúde mental.

Perceba que nada do que será analisado aqui provêm de preconcei-tos ou ideologias alimentares, mas apenas e tão somente na análise de fatos através do bom senso, de fundamentos dentro da Medicina Oriental e eventualmente de pesquisas cientificas. Tire suas próprias conclusões e experimente o que for melhor para você. Alimentação é uma das coisas mais pessoais que temos em nossa vida.

Dietas Restritivas

Hoje existem centenas de tipos de dietas com restrição de algum tipo de alimento, incluídos os regimes de emagrecimento cada vez mais estranhos. Alguns exemplos de dietas e regimes restritivos: Dieta da Sopa, Dieta do Abacaxi, Vegetarianismo, Ovo-Lacto-Vegetarianismo, Crudivorismo, Frugivorismo, Dieta do Dr. Atkins, Macrobiótica, Dieta da Lua e outros tipos de restrição alimentar que se baseiam na idéia de que determinados tipos de alimentos são melhores do que ou-tros, que devem ser evitados a todo custo por todo mundo.

Veja que nenhum tipo de dieta restritiva é saudável durante muito tempo, pois acabam causando algum tipo de deficiência alimentar.

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Mesmo a Dieta do Dr. Atkins, tão criticada pelo mundo afora, que praticamente elimina os carbohidratos e favorece as proteínas ani-mais e gorduras, o faz por 14 dias. Depois deste período os carbohidratos voltam a entrar aos poucos na dieta. Isto segue uma regra muito interessante descoberta a respeito de dietas restritivas: TODA dieta restritiva favorece o organismo por até duas semanas, mais ou menos. Este é o tempo em que o organismo descansa da digestão de algum tipo de alimento e se sente bem. Depois deste período, as carências começam a aparecer. Por isso QUALQUER tipo de dieta restritiva funciona bem nos primeiros 15 dias. Daí um mon-te de genmon-te mon-tentar regimes para emagrecer absurdos como a “dieta do Abacaxi”, em que se come apenas abacaxi, e conseguir realmente emagrecer. Pelo menos nos primeiros 15 dias.

Vamos mostrar algumas dietas restritivas mais comuns e seus pro-blemas.

Vegetarianismo

Este é um tipo de dieta que exclui a carne e, muitas vezes, outros produtos de origem animal. Eles se dividem basicamente em tr~es tipos:

- Ovo-Lacto-Vegetarianos, que consomem ovos e laticínios,

- Lacto-Vegetarianos, que não consomem ovos

- Vegetarianos puros, ou “veganos”, que não consomem

absoluta-mente nada de origem animal. Dentro desta classe temos o

Crudivorismo, que é a dieta na qual se consomem apenas vegetais crus, sem qualquer tipo de produto animal, e também o

Frugivorismo, dos que se alimentam apenas de frutas. Mais nada. Muito se fala sobre as vantagens do vegetarianismo como alimenta-ção, que vão de saúde perfeita até aprimoramento espiritual. Na ver-dade, comer ou não carne não fará de você uma pessoa necessaria-mente melhor. Existem vegetarianos saudáveis? Claro. Mas também existem milhares que são anêmicos crônicos. O ferro é o mineral que forma nossa hemoglobina, responsável pelo transporte do oxigênio

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pelo sangue. O melhor ferro que pode ser absorvido pelo organismo é o de origem animal, denominado “ferro M”. Sua absorção chega a 40% contra 10% do ferro presente nos vegetais.

O vegetarianismo é um dogma levado a sério por muita gente, que atribui a ele até o poder de tornar as pessoas espiritualmente mais elevadas. Do meu ponto de vista, acredito que cada um deve comer o que desejar. Mas muitos vegetarianos defendem que a única ali-mentação para o ser humano é a deles. Causa estranheza a ferocida-de e a necessidaferocida-de que muitos ferocida-destes aferocida-deptos tem em justificar sua escolha alimentar. Quer comer apenas vegetais? Faça. Mas em silên-cio. Não tente impor sua filosofia a todos como se fosse a salvação universal. Outra coisa que acho intrigante é a quantidade de imita-ções de carne que a maioria dos vegetarianos aprecia: almôndegas, salsichas, hambúrgueres e feijoada feitas com soja. Estes não comem carne com o corpo mas o comem com a mente...

A saúde fica ainda mais comprometida nos vegetarianos radicais, que eliminam todo tipo de produto animal de suas dietas, pois a vitamina B12 que promove a proliferação dos glóbulos do sangue e faz a manutenção da integridade das células nervosas não existe no reino vegetal. Muitas vezes eles recorrem a suplementos vitamínicos artificiais ou acabam com anemias crônicas.

Também a alimentação crua e à base unicamente de frutas reduzem a vitalidade humana pois o fogo é grande fonte de energização dos alimentos segundo a Medicina Chinesa. Aliás, na cozinha chinesa se tem um provérbio interessante: “cozinhar, sempre. Cozinhar muito, nunca”. Assim se energiza o alimento mas se preservam seus valores nutricionais, que são reduzidos pelo calor excessivo dos alimentos muito cozidos.

Mesmo no reino animal existem pouquíssimas criaturas totalmente vegetarianas, pois todos os primatas (de certa forma, nossos “paren-tes”) são onívoros e mesmo uma vaca, ao comer o capim, consome insetos, ovos e larvas de insetos. Animais alimentados com feno

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as-pirado, 100% vegetarianos, ficam doentes.

O vegetarianismo não possui qualquer tipo de evidência científica de que seja muito mais saudável que a dieta onívora (em que se come de tudo), ao contrário do que seus defensores alardeiam. É uma ques-tão filosófica e não técnica ou científica. Nem mesmo a Medicina In-diana Ayurveda ou a Medicina Chinesa deixam de preconizar a car-ne como alimento. Novamente reafirmo a sentença inicial: cada pes-soa é um Universo. Não existem dietas ideais para toda a Humani-dade.

Macrobiótica

Este é um tipo de dieta que se tornou popular na segunda metade do século XX. Desenvolvido por Sakurazawa Nyoiti, mais conhecido como George Ohsawa, foi difundido à partir da França, lugar onde ele se radicou.

Divulgado como uma espécie de verdade universal que poderia cu-rar todos os males da Humanidade, a Macrobiótica se tornou logo um excelente negócio pois a maioria de seus produtos não podia ser encontrado no comércio normal. Lojas macrobióticas e empresas de produtos macrobióticos proliferaram por todo o mundo.

A base da Macrobiótica são teorias de Ohsawa que ele divulgava como sendo utilizadas “no Oriente”, principalmente a interação Yin/ Yang. Entretanto a idéia que ele tinha sobre esta polarização se cho-ca frontalmente com os fundamentos da Medicina Chinesa, originá-ria desta idéia e seguida por japoneses e outros povos do extremo oriente. Não se sabe de onde a interpretação dele veio, mas não faz parte da Medicina Oriental. Seu grande consumo de soja, excesso de cereais e a limitação no consumo de frutas não são, principalmente em se tratando de um país como o Brasil, recomendáveis. Soja em excesso irrita os rins e o pâncreas dos ocidentais, pois não temos os dispositivos genéticos dos orientais para trabalhar com este alimen-to. Muito cereal presente na alimentação (70 a 90%, segundo Ohsawa) pode causar espessamento do sangue e diversas incompatibilidades

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orgânicas, pois nem todos toleram carbohidratos em excesso. A idéi-as de limitação no consumo de frutidéi-as é muito comum em dietidéi-as nidéi-as- nas-cidas em países com clima temperado ou frio. Mesmo dietas taoístas que são famosas pela saúde e pela longevidade que podem proporci-onar são extremamente direcionadas para o clima em que foram cri-adas e não podem se aplicar a um país tropical como o Brasil. Aqui podemos e devemos usar mais frutas do que estas dietas orientais preconizam.

A Macrobiótica pode ser uma interessante opção por algum tempo. Seu conjunto básico prevê uma dieta restritiva com 14 dias de dura-ção, que pode ser experimentada por aqueles que desejam tentar esta forma de alimentação. Mas não se pode recomendar isto para todos, durante toda a vida, mesmo porque ela viola os fundamentos da Medicina Oriental que afirma seguir.

Dieta de Baixo Carbohidrato

Conhecida também como “Dieta do Dr. Atkins” ou “Dieta da prote-ína”. Extremamente polemizada, o trabalho do Dr. Atkins não deixa de ser interessante. Ele se baseou nos problemas do excesso de carbohidratos e formulou uma dieta baseada no consumo de proteí-nas e gorduras. Este trabalho foi tremendamente combatido, pois como vimos, os dogmas referentes à carne vermelha e à ingestão de gordura animal são muito fortes.

Na verdade sua idéia era sensata, pois reduzia drasticamente o con-sumo de carbohidratos por duas semanas, retornando aos poucos até limites aceitáveis. Ele desenvolveu este método depois de expe-rimentar com centenas de pacientes e nele mesmo.

É interessante notar o ódio mortal que muitos desenvolveram dele e de seu trabalho, especialmente vegetarianos radicais. Quando ele morreu, grupos de vegetarianos radicais divulgaram material mos-trando que ele havia morrido do coração, acima do peso e com pres-são alta e outros problemas. Conclupres-são deles: a dieta era um fracas-so. Entretanto, ela funcionou (e continua funcionando) para milhares

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de pessoas. O que aconteceu, então? Ora, uma pessoa perseguida e atacada violentamente como ele foi por todo o tempo depois de di-vulgar sua dieta, desenvolve vários problemas de saúde. A tensão emocional, estresse, angústia e mesmo depressão que este tipo de perseguição pode provocar acabam com a saúde de qualquer pessoa e provocam muitos problemas, como a hipertensão e a obesidade. Cito este caso por dois motivos: mostrar o que o estresse e outras emoções fortes podem fazer com uma pessoa e também dar um exem-plo do que um mero dogma alimentar e muito radicalismo pode cau-sar.

Dieta da Longevidade

Segue a idéia de quanto menos calorias ingerimos, mais vivemos. Embora existam comprovações de laboratório (em ratos), não creio que uma restrição muito grande resolva alguma coisa.

Vi a algum tempo atrás uma matéria em uma revista sobre esta dieta. E as pessoas que apareciam na revista elogiando a dieta eram verda-deiras caveiras que tentavam sorrir para mostrar o quanto eram feli-zes sendo pele e osso. Seus olhos encovados me deixaram uma pro-funda impressão, pois dentro da Medicina Chinesa damos muita importância à compleição, conjunto de qualidades da fisionomia como cor da pele, brilho dos olhos, cor dos olhos, estado dos cabelos, apa-rência da pele, etc... E, segundo minha experiência e meus estudos, todas as pessoas apresentadas na matéria estavam doentes. Pode ser que seus exames médicos estejam em ordem e que estejam satisfeitas do modo como viviam, mas estavam doentes. E isto irá aparecer, cedo ou tarde. Não creio que atinjam realmente a longevidade. O próprio site especializado neste tipo de dieta (http:// www.calorierestriction.org/) alerta para os vários efeitos colaterais e riscos deste tipo de dieta. Existem algumas fotos de membros, to-dos sorridentes com seus olhos funto-dos e rostos encovato-dos. Não ten-te algo tão drástico.

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RESUMO

Não existe dieta ou método de alimentação único para toda a Humanidade. Cada pessoa é um caso.

Procure se conhecer melhor e crie sua própria dieta. Tenha um modo pessoal de se alimentar, de acordo com sua idade, tipo físico, fisiologia e estado emocional.

Dietas restritivas funcionam por algum tempo, ao redor de duas semanas, pois descansam o organismo da digestão dos alimentos faltantes. Depois disto começam a aparecer as defi-ciências.

Cuide de você e ouça a si mesmo.

Evite medidas drásticas ou mudanças bruscas de alimentação. Faça tudo devagar e naturalmente.

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COMO COMER?

Todo tipo de dieta realmente funciona com algum tipo de pessoa ou por algum tempo, por isso vemos esta verdadeira Babel sobre ali-mentação. Todos querem dar seu testemunho de que seu sistema alimentar é mais funcional, mas se esquecem de que pode funcionar bem apenas com eles mesmos e algumas outras pessoas. Nunca com todo mundo o tempo todo.

A cada dia assistimos uma enxurrada de informações sobre alimen-tação, muitas vezes baseada em descobertas científicas “derradei-ras”. E nossa compreensão da alimentação, ao invés de aumentar, se transforma em confusão... Conceitos tidos como verdades caem por terra e antigos vilões da alimentação são elevados à categoria de heróis. Tudo porque a ciência ocidental se preocupa em tentar en-contrar leis universais aplicáveis a toda a Humanidade e ignora a individualidade.

A Medicina Oriental nos mostra que, dentro de leis universais, sem-pre existe a individualidade. Portanto, nos conhecer melhor é um caminho mais seguro do que apenas seguir os estudos de outros. A ciência é uma referência, um guia, e não a verdade definitiva. Vamos ver algumas idéias gerais sobre o que comer, como comer, quanto comer e quando comer, dentro da filosofia médica oriental.

O que comer

Vimos na primeira dica que cada ser humano é um universo próprio. Isto vale também para a alimentação, sendo muito difícil encontrar duas pessoas no planeta que possam comer exatamente as mesmas coisas. Além das características intrínsecas de cada um de nós temos que levar em conta também as alterações criadas pelo meio ambiente

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na forma de poluição, problemas no trabalho, dívidas, problemas familiares, entre-safra de alimentos, e outros fatores que se alteram continuamente. E nosso organismo precisa ser ouvido se quisermos comer para ficarmos saudáveis.

A solução é o auto-conhecimento, aquela palavra tão alardeada na Nova Era e tão pouco compreendida. Conhece-te a ti mesmo e tudo te será revelado, é nossa regra primordial. Vou lhe ensinar agora a preparar uma dieta alimentar totalmente sua, apenas sua, baseado no que faz bem ou mal para você.

Esqueça por um momento tudo o que conhece sobre alimentação: calorias, regimes, colesterol, fibras, açúcar, vitaminas, tudo. À partir deste momento você começará do zero. Pegue papel e lápis e primei-ramente faça uma lista de tudo o que costuma comer, o mês inteiro em todas as refeições. Será uma lista grande, mas necessária. Depois faça outra lista, de tudo o que gosta de comer. Relacione seus praze-res gastronômicos sem culpa. Em seguida crie uma terceira lista com todos os alimentos que lhe fazem mal. Pode ser uma pequena azia, uma indigestão, enxaqueca, qualquer tipo de distúrbio, até espinhas. Observe que devem ser alimentos que lhe fazem mal, e não os ali-mentos de que não gosta. Existe uma grande diferença entre os dois grupos. Se sua lista de alimentos problemáticos tiver menos de cinco itens, mal sinal. Você precisa se observar e se conhecer melhor. Agora compare a primeira lista (alimentos costumeiros) com a ter-ceira lista (alimentos que fazem mal). Você está no caminho certo. Observe cuidadosamente se os problemas de saúde que passou ulti-mamente não foram causados por algum alimento específico. Se teve uma grande dor de cabeça na noite de terça-feira e foi o único dia em que almoçou lingüiça, desconfie. Através desta análise você vai des-cobrir que pode evitar facilmente comer algo que lhe fará mal. Pense em como pode evitar este alimento ou substituí-lo por outro. Agora compare a segunda lista (alimentos preferidos) com a terceira lista (alimentos que fazem mal) e repare quais alimentos que gosta

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lhe agridem o organismo. É triste mas é a dura verdade. Muitas vezes algo que amamos comer nos é extremamente prejudicial. Isto ocorre em alguns casos onde algum sentimento nos empurra num processo autodestrutivo. Pode ser uma culpa, um remorso, uma bai-xa auto-estima, uma depressão. Nosso corpo sabe ebai-xatamente o que nos faz mal. Se este for o caso, procure ajuda especializada e tente superar este problema emocional.

Sempre que tiver um mal-estar em algum dia, anote tudo o que co-meu nas 24 horas antes do problema. Pode ser que não tenha rela-ção, mas é essencial que você comece a compreender a simbiose en-tre saúde e alimentação.

Aos poucos você começará a perceber o que pode comer ou não, em que quantidade e em que horário. Tudo isto é significativo e o bom senso sempre deve imperar. Eu, por exemplo, posso comer quanta carne de boi eu quiser, mas se comer carne de porco por mais de duas refeições meu rosto fica cheio de espinhas. De qualquer forma, se me oferecer um sanduíche de pernil, eu posso comer. UM sandu-íche. Da mesma forma o molho de tomate me agride o estômago, mas é pior à noite (certeza de acordar com uma baita azia de ma-nhã...). Entretanto, um pouco de molho de tomate no almoço, por exemplo, pode ser tolerado. Desde que seja pouca quantidade (o molho que tem em uma pizza é uma porção aceitável) e não coma mais nada agressivo (como pizza de calabresa dois dias seguidos. E à noite).

Este tipo de informação não está nos manuais de nutrição, repletos de tabelas, gráficos e informações contraditórias. Você terá que apren-der sozinho através do auto-conhecimento. Mas você irá ter muitos outros benefícios ao se conhecer melhor.

Combinação

A combinação entre alimentos é muito importante. Ao começar sua caminhada de auto-conhecimento você pode perceber que determi-nado alimento está em sua lista negra mas que algumas vezes você o

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come sem problemas. A resposta pode estar na combinação dele com alguma outra coisa. Já contei minha experiência com o frango e o pimentão, se lembra? Era uma combinação malévola. Cada pessoa é uma pessoa e cada situação é uma situação.

Cuidado com combinações. Parte do amido é digerido na boca mas se ela ficar muito ácida a digestão é prejudicada. Portanto comer algo com amido (pão, macarrão, arroz) depois de comer uma fruta ácida pode atrapalhar sua digestão. Almoçar bebendo suco de laran-ja, por exemplo. Via de regra, evite frutas após as refeições. As fru-tas passam direto pelo estômago e são digeridas no intestino, por-tanto se forem consumidas após outros alimentos elas terão que esperar sua vez até serem digeridas e fermentarão no estômago. Isto pode não representar nada para você mas para alguém pode ser um problemão.

Estas são apenas algumas idéias gerais sobre combinações de ali-mentos. O melhor é verificar em sua lista negra se estes alimentos lhe fazem mal sempre ou só quando estão acompanhadas por outra coisa.

Quantidade

A quantidade de comida que ingerimos é uma das causas de muitos de nosso problemas de saú-de. Grandes volumes de alimentos somados ou relacionados com a ansiedade faz mais obesos do que todo o colesterol do planeta. Somos educa-dos a pensar que praticamente morreremos se pularmos uma refeição ou que ficaremos

debili-tados e anêmicos ao seguir um regime de restrição alimentar por uma semana. Bobagem. Grande parte da população ingere uma quan-tidade de comida maior do que o necessário, sem contar que os ali-mentos industrializados tem muito mais “sustância” que os naturais e poderiam ser utilizados em menor quantidade.

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de-penderá de cada pessoa. Muitos ficam em jejum a manhã toda e vão apenas almoçar, sem problemas. Outros comem pequenas porções, seis ou sete vezes ao dia. Tudo dependerá do que for melhor para você e do seu costume, também. O fator cultural é muito influente na quantidade de refeições. Mas lembre-se de que deve comer se sentir fome e não quando tiver vontade de comer. Fome e gula são coisas diferentes e saber esta diferença é um passo importante no auto-conhecimento. Comer se tornou uma forma de preencher lacunas de nossa vida. Se alimentar deixou de ser uma necessidade do organis-mo para se tornar uma atividade qualquer que pode ser feita cons-tantemente, ao bel-prazer, como diz na embalagem de um salgadi-nho que eu por acaso li: “a maneira mais divertida de passar o tem-po”. Então comida agora é passatempo, diversão?

Vários trabalhos e estudos constataram que alguma carência na quan-tidade de alimentação torna as pessoas mais saudáveis ao invés de debilitadas. O Dr. Liu Zhengcai, pesquisador e especialista em medi-cina chinesa, realizou um brilhante trabalho na análise da longevidade de anciãos chineses, todos com mais de 100 anos (e existem milhares na China). Ele descobriu que muitos deles se alimentavam muito pouco. Estudos feitos posteriormente com ratos mostraram que aque-les que tiveram restrições alimentares viveram mais e com mais saú-de do que aqueles que tinham comida à vontasaú-de. Estes saú- desenvolve-ram várias patologias, como nefrite e câncer.

Monges orientais, yogues e ascetas em geral se alimentam muito pouco e vivem saudáveis, o que parece comprovar este argumento. Mas veja que falamos “pouco” no sentido de “menos” e não no de “miséria”. Entre comer pouco e ficar desnutrido existe uma grande distância. A verdade é que geralmente comemos muito mais do que necessitamos, por gula, problemas emocionais ou outro motivo. Procure regular a sua alimentação pelo quanto você realmente deseja comer. Normalmente se aconselha que se ingira cerca de 70% da capacidade do estômago, ou seja, saia da mesa antes de ficar repleto. Isto dá uma sensação de leveza e tranqüilidade. Evite raspar a

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pane-la para não “desperdiçar comida”. Coma somente o que tiver vonta-de e eduque-se para conhecer a fronteira entre “necessidavonta-de” e “ex-cesso”. Ao forçar mais comida repetidas vezes, seu estômago se di-lata e seu organismo se acostuma com aquela nova quantidade. Da próxima vez, sua fome será maior para poder ocupar a nova capaci-dade do estômago e assim por diante.

Modere sua quantidade de comida antes que necessite de uma ope-ração de redução de estômago...

Época

Estamos acostumados a comer mais ou menos do mesmo modo du-rante o ano todo. Isto não é muito sábio, não importa o tipo de dieta que utilizemos a não ser que você more em um lugar que tem apenas um tipo de alimento o ano inteiro, o que não acho que seja sue caso. Nossa alimentação deve seguir as épocas do ano, as estações do ano. Conhece o I Ching, o Livro das Mutações? É uma obra maravilhosa escrita na China antiga há mais de 3.000 anos que possui uma filoso-fia extremamente profunda. Segundo este livro tudo no Universo está em constante mutação, nada fica estático o tempo todo. Portan-to nossa alimentação deve seguir o padrão de mutação do Universo, ao menos nas estações do ano.

O melhor seria consumir brotos, alimentos crus e frescos na Prima-vera, época de crescimento e recuperação da letargia do Inverno. É a hora certa para regimes de desintoxicação e emagrecimento. Evite alimentos picantes e diminua os alimentos ácidos.

O Verão é época de plenitude, o clímax, e pede alimentos crus, frutas e mais líquidos, mas sem exageros. Reduza a quantidade de comida e faça várias pequenas refeições ao longo do dia. Evite alimentos salgados e diminua os alimentos amargos.

O Outono é a hora de se preparar para o Inverno. Consuma alimen-tos mornos, mais “pesados” como as carnes, e sopas e caldos

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diver-sos. Passe a cozinhar seus legumes. Evite alimentos amargos e dimi-nua os alimentos picantes

Inverno é sinônimo de redução de atividades, de uma menor movi-mentação devido ao frio. Frio este que pede comidas mais gorduro-sas e mais carnes na alimentação. Fuja de alimentos crus e coma no-zes, amendoim e frutos oleaginosos. Evite alimentos doces e dimi-nua os alimentos salgados.

Dentro da filosofia chinesa temos 5 elementos, portanto 5 estações do ano. Incluímos então a chamada “5ª Estação”, no final do Verão e começo do Outono. Uma transição do clímax do Verão para a prepa-ração do Inverno. Recomenda-se alimentação mais neutra como os cereais. Evite alimentos ácidos e diminua os alimentos doces. Não vou entrar em muitos detalhes, mesmo porque grandes partes do Brasil não possuem as quatro estações bem definidas. A regra geral é procurar comer alimentos locais e da época, sempre que pos-sível. Aumente os alimentos quentes quando o tempo esfriar e vice-versa (mas cuidado com os gelados, pois atacam sua saúde). Assim você estará seguindo as mutações corretamente.

RESUMO

A alimentação deve ser algo individual. Não existem regrais gerais aplicáveis a toda a Humanidade.

Assuma a responsabilidade pela sua saúde, conforme falamos na dica 4 (Sua Saúde é Você Quem Faz). Se você sabe que co-mer sanduíche todo dia lhe faz mal e continua fazendo, o pro-blema será todo seu. Nenhum médico do planeta, ocidental ou oriental, poderá lhe ajudar.

Procure descobrir o alimento que lhe faz mal, quando lhe faz mal e junto com que outro tipo de comida o efeito é pior. Não se esqueça de pesquisar também o que lhe faz bem. Colo-que estes alimentos sempre em seu cardápio.

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Cuidado com as combinações. Nem sempre uma mesa muito variada é sinônimo de saúde. Muitos alimentos criam proble-mas quando misturados. Procure conhecer o que lhe afeta. Não encha completamente seu estômago. Coma apenas 70% de sua capacidade, mesmo que deixe a mesa com um pouco de fome.

Quando estiver doente, com algo simples como uma gripe, procure reduzir a quantidade e a variedade de comida ingerida. Dê um tempo para seu organismo se restabelecer. Procure comer sempre os alimentos da estação do ano cor-respondente. Evite coisas muito fora do padrão. Nozes e ave-lãs consumidas no Natal, que é Verão aqui no Brasil, é um bom exemplo de erro.

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DERRUBANDO MITOS

DOS ALIMENTOS

Alimentação é sempre uma preocupação de todos que buscam uma vida saudável. A relação entre o que comemos e como nos sentimos ou somos sempre foi muito óbvia na cultura humana. Mas nas últi-mas cinco décadas experimentamos um grande avanço na pesquisa científica relacionada com a alimentação. Novos estudos analisaram a composição e efeitos de vários alimentos e pesquisas ampliaram nosso conhecimento sobre a digestão e assimilação. Embora a rela-ção entre alimentarela-ção e saúde seja conhecida desde os primórdios da Raça Humana, nunca o Homem se preocupou tanto com o que come e nunca ele comeu tão mal.

No início apenas se comia o que podia ser encontrado e quando era encontrado. Depois passamos a criar, plantar e colher nossos tos. À partir do século XX passamos a contar com muito mais alimen-tos, de várias regiões diferentes, e passamos a efetuar grandes in-dustrializações na alimentação. Foi o início de diversos problemas. Vamos analisar agora alguns mitos da alimentação que ocorrem não apenas debaixo das barbas da ciência ocidental mas também em ou-tras correntes de pensamento. Lembre-se de que toda pesquisa ci-entífica é feita à partir de modelos estatísticos, conforme vimos ante-riormente, estando pois sujeita a funcionar apenas na faixa média. Também os avanços científicos acabam por derrubar “verdades” anteriores e acrescentar outras novas, que com o tempo também se-rão descartadas. Mesmo assim estas pesquisas são importantes? Cla-ro! Mas lembre-se sempre de que são apenas referências e nunca verdades absolutas. Muitas pessoas se enganam neste aspecto e diri-gem toda a sua vida segundo os “últimos avanços” da ciência. Mas os “últimos avanços” de hoje amanhã estarão caídos por terra.

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Desenvolva seu auto-conhecimento e descubra o que é realmente bom para você ou não, independente do que outros digam.

Dogmas

A principal praga que assistimos é a dos dogmas e meias-verdades científicas. Pesquisas mal-feitas, superficiais, contraditórias, inconclusivas ou parciais muitas vezes derramam informações pela metade e são avidamente divulgadas pela imprensa com sensaciona-lismo como “a última palavra” da ciência. E estas meia-verdades ou equívocos se propagam e criam uma cultura resistente às mudanças que são normais na ciência. Tornam-se dogmas difíceis de serem derrubados.

É o caso por exemplo do uso da margarina em detrimento da man-teiga. Esta questão será analisada melhor adiante, mas aqui cabe uma consideração. Nunca fui adepto da margarina e quando se ventilou que existiam riscos potenciais nas gorduras trans, tratei de me infor-mar melhor. Procurei na internet e achei um artigo excelente, de uma nutricionista, que explicava detalhadamente o que eram as gorduras

trans e seus efeitos maléficos no organismo: enquanto a manteiga

pode apenas aumentar o “colesterol ruim”, a gordura trans não só aumenta o “colesterol ruim” como diminui o “colesterol bom”. Con-clusão óbvia: é pior que a manteiga. Mas a nutricionista termina o artigo afirmando que, apesar de todos os problemas da gordura trans, comer margarina ainda é melhor do que a manteiga porque esta é “de origem animal”. Entendeu? Nem eu!

A carne vermelha também sofreu com isto. Ela é acusada de ser a responsável por pelo menos 75% das desgraças da Humanidade, pelo que se nota por aí. Embora seja difícil provar tudo isto. Muitos arti-gos tem sido escritos contra toda esta cultura de condenação à carne vermelha e à gordura animal, mas isto não aparece na imprensa. Como bem demonstra o Dr. Drauzio Varella em seu site, “... fica claro que as recomendações atuais para evitar gordura animal nas refeições são, no mínimo, desprovidas de fundamento científico” (http://drauziovarella.ig.com.br/artigos/carne_introducao.asp).

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Quando se levantou na imprensa que a carne vermelha pode provo-car o Mal de Parkinson, a Academia Brasileira de Neurologia (ABN), através de seu Departamento Científico de Transtornos do Movi-mento, teve que emitir uma posição oficial a respeito disto, negando veementemente a veracidade das informações e mostrando que são estudos mal-feitos ou inconclusivos. Mas isto não chegou a ser uma notícia importante.

O leite é considerado como alimento imprescindível, mais por dogma do que por evidências científicas. Para mostrar como funciona um dogma globalizado, existe uma campanha em curso para tentar im-por a alimentação com leite e derivados aos chineses, pois isto não faz parte de sua cultura. Os ocidentais não conseguem entender como uma criança cresce forte e saudável sem beber leite, logo os chineses devem bebê-lo também. Mas 99% dos chineses não toleram a lactose, embora sejam um mercado enorme e atraente para os laticínios. Muitos outros dogmas poderiam ser descritos, como o do carbohidrato como alimento indispensável e o consumo excessivo de calorias e sedentarismo como origem da obesidade. Mas podemos acabar queimados numa fogueira em praça pública...

Arroz Integral

Após os anos 60 se tornou muito comum a afirmação de que o arroz branco é nefasto e que o arroz integral é saudável. Isto nasceu do trabalho de George Ohsawa, divulgador da Macrobiótica. Segundo esta filosofia os povos do Oriente consomem arroz integral, e por isto são mais saudáveis. É um equívoco, pois os orientais consomem arroz branco, como se pode constatar facilmente com pessoas que viajaram até lá ou em filmes e fotos. Na Índia se consome o arroz integral, chamado de “arroz com cutícula”, como se fosse um prato determinado, como “arroz à grega”. A maioria consome mesmo o arroz branco, assim como japoneses e chineses. O arroz integral, es-curo, pode ser tremendamente indigesto para muitas pessoas e seu uso pode ser liberado após algumas experiências pessoais. Mas não se sinta obrigado a comer arroz integral como se sua saúde depen-desse disto. Os orientais não o fazem.

Referências

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