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o emprego de pero e porem como conectivos contrajuntivos; 4) a não ocorrência das conjunções mas pero, ergo, macar que,

4 Itens conjuncionais que só ocorreram em textos do séc

3) o emprego de pero e porem como conectivos contrajuntivos; 4) a não ocorrência das conjunções mas pero, ergo, macar que,

que (condicional, modal, temporal, final), fora se, fora que, en / de/, per guisa que, segundo que, segundo como, almeos que, entre que, cada que, ao tempo que, sol que, e das correlações tãben... como, ante... que, quantos... que, segundo como... assi, assi como... bem assi, detectadas em textos de séculos anteriores, o que ratifica a afirmação de que esses itens conjuncionais caíram em desuso nos séculos XIV ou XV (Barreto, 1992);

5) o aparecimento das conjunções: somente, contudo, de modo que, de feição que, já que, logo, caso que, a que, primeiro que; 6) o emprego de algumas novas correlações: muito... que, mais... que e non... que (contrajuntivas), mais... quanto mais (proporcio- nal), tanto... como se (comparativa), não... quanto mais (aditiva); 7) o aparecimento das conjunções como e segundo, para estabe- lecer a relação de conformidade, antes só expressa através de corre- lações;

8) o emprego das conjunções por quanto, cõ quanto e e!!!!! quanto, nas formas ainda não-gramaticalizadas;

9) o aparecimento de itens adverbiais que, mais tarde, seriam con- junções: por isso, por conseguinte, embora;

As conjunções empregadas no séc. XVI seriam, pois, as especificadas a seguir:

I Coordenativas:

Aditivas – e ~ y ~ he, nem ~ neem ~ n$!, que

Adversativas – mas, porém ~ por$!, peró, que = senam, senam ~ se

nam ~ senõ ~ senã ~ senom, cõ tudo ~ com tudo ~ contudo ~ con tudo, ante ~ antes, toda via ~ todavya ~ todavia.

Alternativas – ou, e = ou

Conclusivas – logo, por tanto ~ portamto ~ portanto, por isso ~

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Explicativas – peró, peró que, porém, ca, pois ~ poys, que

II Subordinativas

Causais – perque ~ porque ~ por que, posto que, pois ~ poys, dado

que, ca, como, que, como que, ya que ~ já que, uma vez que, por quanto

Concessivas – ainda que ~ aynda que ~ a$da que ~ imda que ~ 3!da

que ~ aimda que, peró que, dado que, posto que, que, mais que, cõ quan- to ~ com quanta ~ com quanto, por quamta ~ por quanto

Condicionais – se, senõ ~ senã ~ senãa ~ senão, caso que

Conformativas – segundo ~ seg! ~ seg!do, como , cõforme ~

confforme ~ comforme

Comparativas – como, como se ~ como que, assi como Consecutivas – assi que, se maneira que

Finais – pera que ~ para que, por que ~ porque ~ per que

Modais – como, assi como ~ asy como ~ asi como, de maneira que,

que, de modo que, de feição que

Temporais -$! quanto ~ em quanto ~ $!"quãto ~ em quãto ~ en- quanto, quando ~ quãdo ~ cando, depois que ~ depoys que ~ despois que, tanto que ~ tãto que ~ tamto que, primeiro que ~ prymeiro que,

enquanto ~ em quanto ~ $! quanto, em quãto ~ $! quãto, té que ~ até que

~ ata que ~ atee que, ante que ~ ãte que ~ antes que ~ amtes que

Integrantes – que, se

III Correlações conjuncionais

Coordenativas:

Aditivas – nam... mas ~ nam somente ~ como ~ nam somente...

mas ~ nam somente... mas ainda ~ nã somente... mas ~ nam somente... mas aynda ~ nam... mas ~ não... mas ~ não... mas antes

Alternativas – ou... ou, ora... ora, quer... quer, nem... nem ~ n$!... n$!

Rosa Virgínia Mattos e Silva e Américo Venâncio Lopes Machado Filho (orgs.) Adversativas – nõ... senõ ~ nã... senã, nã... que, all... senom

Subordinativas:

Concessivas – por mais... que

Comparativas – mais... que ~ mais que ~ mais... de que ~ mais do

que ~ mays... que ~ mais ca, maior... que ~ maior... do que ~ moor... que, menos... que ~ menos de que ~ menos do que ~ menos... do que, assi... como ~ como... assi ~ bem como... assi ~ assy... como ~ asy como, tanto... como ~ tanto como ~ tam... como ~ tã... como, milhor... que ~ melhor... que ~ mylhor do que ~ tanto como ~ tanto como ~ tam como ~ tãto... como ~ tã... como, tanto... quanto ~ tam... quãto ~ quãto... tãto, tal... como

Consecutivas – tam... que ~ tanto... que ~ tanto... qua ~ tã... que,

ante... que, assi... que ~ assy... que, nam... que, tanto... que ~ tanto que ~ tamto... que ~ tam... que ~ tã... que ~ tão... que, mais... que, tama- nho... que ~ tamanho que, tal... que ~ (tal)... que ~ tall... que, melhor... que, muito... que

Modais – assi como... assi ~ assi... assi

Proporcionais – quanto... tanto ~ tanto quanto, quanto mais... tan-

to mais ~ quãto mays... tanto... mays ~ quãto mays... tãto mays, quãto mays... tanto menos

Como se pode observar, o processo de desaparecimento e de apareci- mento de itens ocorre continuamente na classe das conjunções a qual não deve ser considerada uma classe de inventário fechado, mas uma classe produtiva, diferente, portanto, dos chamados “instrumentos gramaticais”. Analisada a constituição mórfica das conjunções detectadas, especifi- camente, em corpus do séc. XVI, verificou-se terem sido conservados mui- tos dos processos de formação de itens conjuncionais observados no português arcaico; alguns processos, entretanto, não mais se verificaram, enquanto outros surgiram, o que se pode concluir observando a fórmula geral estabelecida por Barreto (1992), para os itens conjuncionais do por- tuguês arcaico, e a fórmula5 ora estabelecida, que apresenta os processos

de formação de itens conjuncionais no séc. XVI:

Essas diferentes possibilidades de formação de itens conjuncionais no português do séc. XVI podem ser assim ilustradas:

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1. Art + N + Conj. uma vez que 2. N + Conj. caso que 3. [Pron + N] todavia 4. Pron. + Conj. cada que tanto que 5. Pron. + N + Conj. cada vez que 6. V + Conj. dado que posto que salvo se 7. Adv.

mas < mais < magis

somente, logo, antes, ora, pois < post

Século XVI N Pron Num V Adv Conj [Conj + Pron] Prep [Prep + Adv] [Prep + Pron] [Prep + Prep] [Prep + Art] Conj → Art N Pron V Adv Prep [Prep + Pron] [Prep + V] (Conj) Art N Pron V Adv Prep Conj [Prep + Prep] [Prep + Pron] [Prep + N] Conj → N Pron Adv Prep Conj V [Prep + Pron] (N)(V)(Conj) Português Arcaico Século XVI

Rosa Virgínia Mattos e Silva e Américo Venâncio Lopes Machado Filho (orgs.)

8. Adv. + Conj.

assim que, assim como, ainda que, mais que, já que, primeiro que, pois que, antes que, tanto que, até que

9. Conj.

e < et, nem < nec, se < si, ou < aut, ca < quia, quando < quando que < que, como < quomodo

10.Conj. + Conj. como se como que 11. Prep. segundo conforme 12. Prep. + Conj.

até que, porque, para que, a que, salvo que 13. Prep. + Pron.

cõ tudo, por quanto, cõ quanto, em quanto, entre tanto, por tanto, por isso, em tanto

14. [Prep. + Pron.] pero < per hoc 15. Prep. + N + Conj.

de maneira que de modo que

16. [Prep. + Pron.] + Conj. pero que

17. Prep. + Pron. + Conj. em tanto que

com tanto que

18. Prep. + Pron. + N + Conj. em tal caso que

19. [[Prep. + Prep.] + Conj.] desque (des < de ex) 20. [Prep. + [Prep. + Pron.]]

empero

21. [Prep. + [Prep. + Pron.]] + Conj. empero que

22. [Prep. + Conj.] + Conj. depois que

23. Prep. + [Prep. + V] por conseguinte 24. Prep. + Adv. + Conj.

por mais que

Uma vez ciente dos processos mórficos formadores dos itens conjuncionais da língua portuguesa, no séc. XVI, é possível determinar quais os processos mais produtivos. Como se pode verificar, são as prepo-

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sições, por excelência, os principais elementos formadores de conjunções, através de processos diversos:

Processos Nº de conjunções

Emprego isolado do item Justaposição a pronomes Justaposição a uma forma verbal Justaposição a um anafórico Associação ao que ou se

Em posição inicial, precedendo uma base nominal

2 16 1 1 5 2 Total 27

Depois das preposições, são os advérbios os elementos mais impor- tantes para a constituição de itens conjuncionais, também através de pro- cessos variados:

Processos Nº de conjunções

Emprego isolado do item Associação ao que Associação ao como Em correlações 6 8 1 10 Total 25

Aos advérbios, seguem-se os verbos, quer associados à conjunção que, quer em correlação e os nomes associados à conjunção que:

Processos Nº de conjunções Verbos Associação ao que Em correlação 2 1 Total 3 Nomes Associação ao que

Em sintagma e associado ao que Justaposição dos termos de um SN

1 1 1

Total 3

Os pronomes também são elementos formadores de itens conjuncionais: o pronome cada associado ao que constitui a conjunção

cada que (arc.); vários outros pronomes formam correlações, quer com

Rosa Virgínia Mattos e Silva e Américo Venâncio Lopes Machado Filho (orgs.) Processos Nº de conjunções Pronomes Associação ao que Em correlações 1 4 Total 5

Os adjetivos dão origem apenas a três correlações conjuncionais. O elemento negativo faz parte da constituição de uma correlação conjuncional:

Processos Nº de conjunções

Em correlações 1

Total 1

As conjunções provenientes de conjunções latinas, deram origem a três itens conjuncionais, quando associadas a outras conjunções, e a duas correlações, quando repetidas:6

Processos Nº de conjunções

Associação a outras conjunções Em correlações

3 2

Total 5

Tomando por base o continuum apresentado por Hopper e Traugott (1993:104) para a recategorização de categorias lexicais:

Categorias maiores> Categorias medianas> Categorias menores [Nome, Verbo, Pronome] [Adjetivo, Advérbio] [Preposição, Conjunção]

e confrontando com os dados obtidos na presente pesquisa, chega-se à conclusão de que existe uma hierarquia de seleção de categorias para a formação dos itens conjuncionais. A categoria menor (preposição) e a me- diana (advérbio) são mais selecionadas para a formação de itens conjuncionais do que as categorias maiores (verbos, nomes e pronomes).

Categorias Nº de conjunções formadas

Menores Preposição Conjunção Medianas Advérbios Adjetivos Maiores Nomes Verbos Pronomes 27 8 25 3 3 3 5

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Esse fato pode ser explicado, talvez, pelo caráter gramatical, mais ou menos acentuado, das formas gramaticais. Formas mais gramaticais pare- cem ter maior facilidade em se tornarem ainda mais gramaticalizadas, en- quanto formas menos gramaticais parecem ser mais resistentes à gramaticalização.

1 CVB – Cartas do Padre Antonio Vieira, escritas na Bahia. 2 CVM – Cartas do Padre Antonio Vieira, escritas no Maranhão. 3 SS = Sermão da Sexagésima, do Padre Antônio Vieira.

4 Nesse exemplo, pode-se também admitir que somente esteja empregado como valor adverbial,

estando elíptica a conjunção adversativa.

5 Nessa fórmula, as chaves indicam que um dos elementos por elas delimitados pode ser

utilizado na constituição das conjunções. Os parênteses, por sua vez, indicam que um dos elementos neles contidos podem combinar-se com qualquer um dos elementos anteriores.

6 Conjunções provenientes de conjunções latinas : e < et, ca < quia, como < quomodo, nem

< nec, ou < aut, quando < quando, que < que, se < si.

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Adverbiais portugueses

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