3. ENSINO MÉDIO INTEGRADO AO TÉCNICO PROFISSIONALIZANTE
3.2 O ensino médio integrado no IFSP
Com sólida experiência na oferta de educação profissional técnica de nível médio, o IFSP decidiu manter os modelos concomitante e subsequente e voltar a oferecer o ensino médio integrado ao técnico profissionalizante no final de 2008 (FERRETTI, 2011).
Em 2012, assinou um acordo de cooperação13 com a Secretaria da Educação
do Estado de São Paulo com o objetivo de ofertar educação profissional técnica de nível médio para os alunos matriculados na rede estadual. A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo se responsabilizaria pela organização e oferta das disciplinas próprias do ensino médio, por meio de uma escola parceira e o IFSP pela formação profissional, mas a partir de 2015 o projeto, que sofreu muitas críticas e enfrentou inúmeras dificuldades, quase já não era mais adotado.
Até 2016 o IFSP oferecia cinquenta e um cursos integrados ao ensino médio, distribuídos conforme o Quadro 2.
Quadro 2. Número de cursos integrados ao ensino médio ofertados pelo IFSP CURSOS Quantidade Câmpus
INTEGRADO 51
Técnico em açúcar e álcool 1 Matão
Técnico em administração 3 Jacareí, São Roque, Suzano
Técnico em agroindústria 1 Avaré
Técnico em agropecuária 1 Barretos
Técnico em alimentos 3 Barretos, Matão, São Roque
Técnico em automação
industrial 3 Salto, Sertãozinho, Suzano
Técnico em comércio 1 Caraguatatuba
Técnico em edificações 1 Votuporanga
Técnico em eletroeletrônica 3 Bragança Paulista, São Paulo, Suzano
Técnico em eletromecânica 1 Itapetininga
Técnico em eletrônica 3
São João da Boa Vista, São Paulo, Sertãozinho
Técnico em eletrotécnica 1 São Paulo
Técnico em eventos 1 Avaré
Técnico em informática
9
Araraquara, Barretos, Bragança Paulista, Capivari, Cubatão, Presidente Epitácio, Salto, São João da Boa Vista, São Paulo Técnico em informática para
internet 1 São Carlos
Técnico em lazer 1 Avaré
Técnico em manutenção e
suporte em informática 1 Votuporanga
Técnico em mecânica 5
Araraquara, Bragança Paulista, Piracicaba, São Paulo, Sertãozinho
13 Acordo de Cooperação Técnico-Educativo n.º 002/2011 celebrado entre IFSP e Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.
Técnico em mecatrônica 5
Avaré, Catanduva, Presidente Epitácio, Registro, Votuporanga
Técnico em qualidade 1 São Paulo
Técnico em química 3 Capivari, Catanduva, Química
Técnico em redes de
computadores 2 Boituva, Catanduva
Fonte: A autora, a partir de pesquisa documental disponível em: <http://pre.ifsp.edu.br/dados-cursos>.
O câmpus Barretos, inaugurado no segundo semestre de 2010, aderiu à parceria com a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e, de 2012 a 2014, ofertou o ensino médio integrado ao técnico profissionalizante nesses moldes. Essa experiência potencializou o câmpus a disponibilizar essa modalidade de ensino com projetos pedagógicos próprios e formada integralmente por professores da instituição. No momento atual, apresenta os cursos de Agropecuária, Alimentos e Informática.
Essas são as descrições dos cursos disponíveis no endereço eletrônico da instituição:
O curso de Técnico em Agropecuária visa contemplar a formação nas áreas agrícola e zootécnica, ou seja, produção vegetal e animal, com a proposta de proporcionar a interdisciplinaridade entre as duas áreas de conhecimento. O Técnico em Agropecuária Planeja pode atuar em propriedades rurais, empresas comerciais, estabelecimentos agroindustriais, empresas de assistência técnica, extensão rural e pesquisa além de Parques e reservas naturais.
O curso Técnico em Alimentos apresenta disciplinas teóricas e práticas, nas quais são trabalhados fundamentos da química, biologia, processamento de alimentos de origem animal e vegetal, análises de alimentos e garantia da qualidade. Também terão foco disciplinas nas áreas de economia, gestão, empreendedorismo e informática. O profissional poderá atuar nas áreas de industrialização, manipulação, desenvolvimento e pesquisa em indústrias alimentícias, de insumos, bebidas, embalagens, supermercados, instituições de pesquisa, laboratórios de análises químicas, microbiológicas e sensoriais, cozinhas industriais e órgãos de vigilância sanitária entre outros. Ainda terá um perfil diferencial, com ênfase no processamento e na qualidade de carne e derivados, e de frutas cítricas.
O Técnico em Informática é um profissional que pode atuar em diversos ramos e áreas: atua no desenvolvimento de rotinas de cálculo e tomadas de decisão, manipula base de dados mono ou multiusuário, utiliza ferramentas de programação visual, e elabora programas em linguagens de alto nível, efetua e avalia testes nos programas desenvolvidos. Também atua no projeto e desenvolvimento de sistemas computadorizados, através de metodologia adequada, aplica técnicas de gerenciamento de Banco de Dados em modelos práticos, e elabora pesquisa de produtos e custos para instalação de redes de computadores, elabora e especifica projeto de redes de computadores, executa a instalação de rede física e testes de funcionamento, desenvolve programas em linguagens comercialmente utilizadas e Projetos Lógicos e Físicos destinados a atender às necessidades de informatização e
automatização de setores administrativos de uma empresa, dentre outras atividades (IFSP, on-line, acesso em março de 2017).
Os cursos são oferecidos nas dependências do IFSP câmpus Barretos e, de acordo com as estruturas curriculares (Anexo A), são organizados em período integral, divididos em três anos. As disciplinas são ordenadas em Base Nacional Comum, Parte Diversificada, Formação Profissional e Projeto Integrador. O ingresso acontece anualmente mediante processo seletivo e em 2017 foram ofertadas 80 vagas para o curso de Agropecuária e 40 vagas para cada um dos outros cursos.
De acordo com a Organização Didática dos cursos ofertados pelo IFSP (IFSP, 2013),14 são critérios para a aprovação nos cursos técnicos de nível médio integrados
ao ensino médio a obtenção de média das notas finais igual ou superior a seis em cada área do conhecimento (Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Disciplinas Técnicas e Projeto Integrador) e frequência global mínima de setenta e cinco por cento. Os estudantes que obtiverem nota final da disciplina igual ou superior a quatro e inferior a seis e frequência mínima de setenta e cinco por cento das aulas e demais atividades podem realizar provas de reavaliação, em que a maior nota substitui a menor. Os alunos com frequência global mínima de setenta e cinco por cento e que não forem aprovados por média tem suas situações analisadas pelo Conselho de Classe Deliberativo.
Os cursos ofertados pelo IFSP são consoantes à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, com as Diretrizes Curriculares Nacionais e com o Plano de Desenvolvimento Institucional. Assim, concebem o ser humano como ser sócio- histórico e a educação profissional técnica de nível médio a partir da perspectiva da educação integral e politécnica.
Organizada a cada três anos, a prova do Pisa avalia a situação da educação básica no mundo e concentra-se em alunos de 15 e 16 anos. A pesquisa é organizada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne países desenvolvidos e teve seus resultados de 2015 divulgados em dezembro de 2016. Esses dados foram utilizados pelo governo federal15 como uma das
justificativas para a urgência de reforma do ensino médio. De acordo com os dados
14 Resolução n.º 859, de 7 de maio de 2013. Aprova a Organização Didática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo.
15 Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=42741>. Acesso em: 29 mar. 2017.
divulgados pela entidade,16 a pontuação das escolas federais supera a das escolas
particulares, estaduais e municipais.
Figura 4: Pontuações no Pisa
Fonte: Pisa
A rede federal representa a minoria das vagas ofertadas para o ensino médio, e o bom desempenho na avaliação está ligado aos altos investimentos na estrutura física e na contratação de profissionais capacitados, à boa remuneração e estabilidade da carreira docente e à aplicação prática dos conteúdos curriculares. A maioria dos alunos da rede federal está matriculada em instituições de educação profissional e passa por algum tipo de seleção, o que também acaba interferindo nos resultados apresentados.
Percebemos, portanto, que o ensino médio necessita de reformas que superem paradigmas curriculares tecnicistas e mercadológicos. As propostas devem considerar professores e alunos como ativos no processo de ensino-aprendizagem e, entre outros aspectos, devem assegurar a permanência dos alunos na instituição, o reconhecimento da heterogeneidade desse grupo e a ampliação de recursos financeiros.
Por fim, os Institutos Federais e o ensino médio integrado, por eles ofertados, podem representar movimentos de resistência a propostas educacionais que fragmentam o conhecimento e que não tenham caráter crítico-emancipatório e de compromisso social de oferta de educação pública, gratuita e de qualidade.