• Nenhum resultado encontrado

Os institutos federais de educação, ciência e tecnologia e as propostas para a

No documento Renata Nicizak Villela (páginas 32-37)

2. A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL

2.2 Os institutos federais de educação, ciência e tecnologia e as propostas para a

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) compõe a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, instituída pela Lei n.º 11.892, de 29.12.2008. Historicamente, origina-se com a Escola de Aprendizes e Artífices de São Paulo, mais tarde Liceu Industrial de São Paulo, Escola Industrial de São Paulo, Escola Técnica de São Paulo, Escola Técnica Federal de São Paulo e Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo (IFSP, 2014a, p. 30). Tais mudanças podem ser analisadas a partir da Figura 2.

Figura 2. O IFSP e os principais dispositivos legais regulamentadores da educação profissional técnica de nível médio

Fonte: A autora.

A Figura 2 ilustra-nos a trajetória da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica que culminou com a criação dos Institutos Federais em 2008 e os principais dispositivos legais regulamentadores da educação profissional técnica de nível médio, discutidos ao longo desta pesquisa. Destaca, ainda, as diversas transformações sofridas por essa modalidade de ensino e por essa instituição, em um período muito curto de tempo.

Os Institutos são definidos pela referida lei como:

[...] instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas, nos termos desta Lei (artigo 2.º).

Portanto, os Institutos podem oferecer cursos em todos os níveis de ensino, o que viabiliza a verticalização e a integração da educação básica ao ensino superior, sendo esta uma das finalidades e características dessas instituições. Caldas, Domingos Sobrinho e Pacheco (2012, p. 22) ainda assinalam que, “para efeitos de regulação, avaliação e supervisão das instituições e dos cursos de educação superior ofertados, os Institutos Federais são equiparados às Universidades Federais”. Importante ressaltar que, apesar da correlação com as Universidades, os Institutos Federais, além de serem instituições de ensino superior, são de educação básica e, sobretudo, de educação profissional.

De acordo com dados do Ministério da Educação (MEC), compõem a Rede Federal de Educação 38 Institutos Federais, presentes em todos os Estados do País, e instituições que não aderiam aos Institutos Federais: dois Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET Rio de Janeiro e CEFET Minas Gerais), 25 escolas vinculadas às Universidades Federais, o Colégio Pedro II do Rio de Janeiro e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Na seção II, artigo 6.º, da lei de criação dos Institutos Federais – Lei n.º 11.892, as finalidades e características dessas instituições são assim colocadas:

I – ofertar educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e modalidades, formando e qualificando cidadãos com vistas na atuação profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional;

II – desenvolver a educação profissional e tecnológica como processo educativo e investigativo de geração e adaptação de soluções técnicas e tecnológicas às demandas sociais e peculiaridades regionais;

III – promover a integração e a verticalização da educação básica à educação profissional e educação superior, otimizando a infraestrutura física, os quadros de pessoal e os recursos de gestão;

IV – orientar sua oferta formativa em benefício da consolidação e fortalecimento dos arranjos produtivos, sociais e culturais locais, identificados com base no mapeamento das potencialidades de desenvolvimento socioeconômico e cultural no âmbito de atuação do Instituto Federal; V – constituir-se em centro de excelência na oferta do ensino de ciências, em geral, e de ciências aplicadas, em particular, estimulando o desenvolvimento de espírito crítico, voltado à investigação empírica;

VI – qualificar-se como centro de referência no apoio à oferta do ensino de ciências nas instituições públicas de ensino, oferecendo capacitação técnica e atualização pedagógica aos docentes das redes públicas de ensino; VII – desenvolver programas de extensão e de divulgação científica e tecnológica;

VIII – realizar e estimular a pesquisa aplicada, a produção cultural, o empreendedorismo, o cooperativismo e o desenvolvimento científico e tecnológico;

IX – promover a produção, o desenvolvimento e a transferência de tecnologias sociais, notadamente as voltadas à preservação do meio ambiente (BRASIL, 2008, online).

O texto retirado da referida lei é manifesto no que diz respeito à relação dos IF com o desenvolvimento local e regional, o que evidencia o compromisso dessas instituições com a diminuição das desigualdades sociais no País. Para tanto, é necessário articular trabalho, ciência e cultura na perspectiva da emancipação humana, ou seja, de uma formação mais contextualizada, abrangente e flexível, que supere a fragmentação entre educação e trabalho, a fim de potencializar o fazer humano na busca por caminhos de vida mais dignos (PACHECO, 2011).

A criação dos Institutos Federais tratou-se de “uma estratégia de ação política e de transformação social” (PACHECO, 2011, p. 17), centrada no desenvolvimento econômico e tecnológico do País, mas também na inserção cidadã de milhares de brasileiros.

O artigo 7.º revela os objetivos dos Institutos Federais, indicando que essas instituições devem atuar em ensino, pesquisa e extensão e ofertar educação profissional técnica de nível médio, cursos de formação inicial e continuada e educação superior; garantindo 50% de suas vagas para cursos de educação profissional técnica de nível médio, prioritariamente na forma de cursos integrados e 20% para “cursos de licenciatura, bem como programas especiais de formação pedagógica, com vistas na formação de professores para a educação básica, sobretudo nas áreas de ciências e matemática, e para a educação profissional” (BRASIL, 2008, n.p.).

Ortigara (2014) aponta que, ao criar os Institutos Federais, o governo indicou a direção da integração entre o ensino médio e o ensino profissional na tentativa de superar a dualidade entre educação propedêutica e formação profissional. A legislação orientou, também, para o desenvolvimento de projetos comprometidos com uma educação integral, voltada para a formação cidadã e para a transformação social. No que diz respeito à estrutura organizacional (também definida pela Lei n.º 11.892), a administração dos Institutos Federais tem como órgãos superiores o Colégio de Dirigentes (de caráter consultivo, presidido pelo reitor do IF e composto por este, pelos pró-reitores e pelos diretores-gerais de cada um dos câmpus) e o Conselho Superior (de caráter consultivo e deliberativo, também presidido pelo reitor do IF e composto por representantes dos docentes, dos estudantes, dos servidores técnico-administrativos, dos egressos da instituição, da sociedade civil, do Ministério da Educação e do Colégio de Dirigentes).

Cada IF tem como órgão executivo a reitoria, composta por um reitor e cinco pró-reitores nomeados por aquele, sendo pró-reitor de administração, pró-reitor de desenvolvimento institucional, pró-reitor de ensino, pró-reitor de extensão e pró-reitor de pesquisa e inovação.

Os câmpus de cada IF, por seu turno, contam com orçamento anual predefinido e são dirigidos por diretores-gerais eleitos conforme legislação específica; estes são auxiliados por um diretor adjunto de administração e um diretor adjunto educacional. No que tange ao IFSP, a instituição teve em 2009 um reitor nomeado em caráter

pro tempore e no final de 2012 seu primeiro reitor eleito pela comunidade, consultada

novamente no final de 2016.

Após uma expansão da rede federal sem precedentes históricos, hoje o IFSP distribui-se entre 12 câmpus avançados10 e 31 câmpus (IFSP, RG,11 2015, p. 71). Os

câmpus são distribuídos conforme mapa ilustrado a seguir.

Figura 3. Mapa dos câmpus do IFSP – 2016

Fonte: Repositório Digital do IFSP.

10 Conforme Portaria do IFSP n.º 1.291, de 30.12.2013, câmpus avançado é uma Instituição de Ensino vinculada administrativamente a um câmpus ou, em caráter excepcional, à Reitoria.

11 Relatório de Gestão do exercício de 2015, documento apresentado aos órgãos de controle interno e externo e à sociedade como prestação de contas anual.

Além da oferta de educação profissional técnica de nível médio (integrada ao ensino médio, concomitante e/ou subsequente), educação superior (licenciaturas, bacharelados e cursos de tecnologia), pós-graduação (lato sensu e stricto sensu), o IFSP disponibiliza os seguintes cursos:

 Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) ofertado a alunos que não tiveram acesso ao ensino fundamental ou médio na idade regular, na perspectiva de uma educação inclusiva.

 Educação a Distância (EaD), sendo:

- Rede e-Tec Brasil oferta educação profissional e tecnológica a distância, financiada pelo MEC, com o propósito de ampliar e democratizar a oferta de cursos técnicos de nível médio, públicos e gratuitos;

- Programa Indutor de Formação Profissional em Serviço dos Funcionários da Educação Básica Pública (Profuncionário) a fim de garantir a formação continuada para os profissionais da educação.

No documento Renata Nicizak Villela (páginas 32-37)