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Entrada no Campo e Contato com os Participantes

5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.5 Entrada no Campo e Contato com os Participantes

A nossa entrada no campo de pesquisa aconteceu em meados do mês de outubro de 2014 e se estendeu até o mês de janeiro de 2015. Apesar de conhecermos parte significativa do corpo docente do antigo curso de Letras, já que fomos aluna desse curso de 2008 a 2012, a realização da coleta de dados não se deu sem dificuldades.

Num primeiro momento, entramos em contato com servidores do SEAP, com o objetivo de conseguirmos o quadro de horário de aulas, a fim de que pudéssemos consultar e convidar aqueles professores que pressupúnhamos atender aos critérios da pesquisa. Também através desse setor foi feito o intermédio entre nós e a coordenação do curso de Letras- Português para termos acesso ao PPC completo do curso.

Decidimos entrevistar professores que compusessem as diferentes áreas nas quais a licenciatura em Letras encontra-se subdividida e que fossem cabíveis, no que diz respeito aos critérios de investigação e ao desenvolvimento da nossa pesquisa, como já mencionamos anteriormente. As áreas cujos professores foram informantes são as seguintes: Latim; Linguística; Língua Portuguesa e Literatura/Teoria Literária.

Uma vez identificados os possíveis informantes, utilizamo-nos de diferentes meios para realizarmos o convite de participação no estudo, seja pelas redes sociais, através de ligações telefônicas, e-mail ou mesmo pessoalmente.

Ao entrarmos em campo, buscamos observar os dias em que mais de um possível informante tivesse aula na Universidade, com a finalidade de em um mesmo dia poder abordar o máximo de sujeitos possível, já que constatamos desde a nossa entrada no campo que a disponibilização de um momento na agenda docente era um fator que dificultaria a imediata coleta de dados.

No mês de outubro, enviamos e-mail a uma docente que foi vice-coordenadora do curso de Letras à época da elaboração e implantação do currículo de Letras- Português, a fim de compreender como foi feito esse processo, bem como conhecer os nomes de alguns sujeitos que tiveram participação significativa na reconfiguração do curso em questão. Marcamos um encontro na sala da professora. Além da riqueza dos dados por ela fornecidos, as indicações feitas por essa docente foram de muita importância para que entrássemos em contato com outros sujeitos.

Também nesse mesmo mês entramos em contato pessoalmente com dois professores da área de Literatura, que, apesar de atenderem aos critérios da pesquisa, não se sentiram à vontade para participar da investigação.

Da área de Língua Portuguesa, entramos em contato cinco docentes, sendo que apenas dois foram efetivamente entrevistados. As entrevistas realizadas com os dois participantes dessa área aconteceram em espaços diferentes, mas nas dependências do mesmo Centro.

No início do mês de dezembro, em uma de nossas visitas ao campo, conseguimos conversar com um professor da área de Latim. No que diz respeito à área de Linguística, só conseguimos identificar duas professoras que atendiam aos critérios de seleção de sujeitos para este estudo. No entanto, só foi possível entrevistar apenas uma delas, visto que não conseguimos entrar em contato com a outra docente da área. No mês de janeiro, entrevistamos outros dois sujeitos que participaram de reuniões para a reforma do curso de Letras, ambos indicados pela vice-coordenadora do curso. Os convites feitos a ambos se deram pela internet.

Assim como o quadro de horários, as atas de reunião do colegiado do curso de Letras foram acessadas com o intermédio de uma técnica em assuntos educacionais do SEAP. Os livros de atas do curso foram consultados na sala do SEAP, na presença defuncionárias desse setor. O acesso a esse material se deu no início do ano de 2015.

5.6 Procedimentos de Análise de Dados

A a análise de conteúdo, ao ter suas possibilidades de realização ampliadas e enriquecidas, não mais atendendo apenas à objetividade e à quantificação, mas permitindo o exame de conteúdos qualitativos, foi incorporada no universo das pesquisas qualitativas. E foi nesse sentido que ela serviu ao nosso trabalho, uma vez que viabilizou a leitura, a descrição e a interpretação de nossos dados qualitativos, conteúdos verbais adquiridos nas entrevistas e na análise de documentos, como já indicado. É pertinente dizer também que foi com base na teoria das representações sociais, em sua abordagem genética ou processual, que criamos as categorias de análise. Dessa forma, tal teoria nos ajudou a pensar o modo de agrupamento dos dados, o qual se deu de maneira a explorar a dimensão do contexto, da explicação e das práticas das representações sociais, com vistas a atender ao objetivo geral deste estudo, qual seja, desenvolver a análise de representações sociais da reforma curricular do curso de Letras por parte de professores que participaram da reestruturação da licenciatura em língua portuguesa e/ou atuam nesse curso de graduação. O exercício de análise de representações sociais por Arruda (2005, p. 232) é assim definido:

“Alcançar a representação social é, portanto, em si, um exercício de interpretação: a pesquisa visa exatamente a coleta de indícios e a sua sistematização pelo/a pesquisador/a para chegar a esta interpretação, que se faz apelando a vários recursos. A representação é a construção de grupos específicos, sua versão ou negociação do real”.

Desse modo, para realizar esse exercício interpretativo de que nos fala Arruda, escolhemos fazer uso da análise de conteúdo porque essa técnica nos ofereceu procedimentos adequados para a análise de nosso corpus. Assim sendo, a partir da análise de conteúdo, organizamos, processamos e interpretamos uma quantidade significativa de informações segundo as suas características e significados, em conjunção com a teoria das representações sociais.

A análise de conteúdo dispõe de um rigoroso e sistemático método que passa por: organização da análise; codificação; categorização; descrição; inferência/interpretação dos dados. Uma vez que categorizados e descritos os dados, facilitamos a interpretação, porque as etapas anteriormente mencionadas contribuíram para a delimitação do material a ser examinado e problematizado a partir do nosso referencial teórico e da revisão de literatura.

Essas etapas e procedimentos nos ajudaram a processar o material bruto advindo da coleta de dados, separando o que, de fato, serviria ao nosso estudo, segundo os propósitos definidos.

Tendo em vista a análise de conteúdo de Bardin (1977), entre os tipos de análises possíveis, a categorial leva em consideração a totalidade dos textos, passando pelo crivo da classificação e contagem (quando se faz necessário o uso de porcentagem). No nosso caso, escolhemos a análise categorial porque ela favorece a classificação “dos elementos de significação constitutivos da mensagem” (p. 37). Desse modo, a partir do estabelecimento de critérios de classificação, pudemos organizar os diferentes elementos presentes no nosso corpus, desmembrando o texto em categorias e reagrupando os dados – movimento metodológico que nos permitiu operacionalizá-lo, conferir maior inteligibilidade a ele e aos resultados desta pesquisa.

Além disso, essa ferramenta de tratamento de dados, como indica Sá (1998), é amplamente usada no estudo de representações sociais, já que através dela é possível ler e interpretar mensagens presentes em documentos ou entrevistas, por exemplo, decifrando o(s) objeto(s) de representação de dado grupo social.