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Capítulo 4 – Caracterização da Investigação

4.3 Análise da Informação Recolhida

4.3.1 Entrevista ao Dr Pedro Farromba

Da entrevista realizada ao Dr. Pedro Farromba, diversas informações (algumas mais resumidas, outras mais extensas) foram possíveis de retirar.

Respectivamente à primeira temática abordada na entrevista, o que se conseguiu extrair essencialmente foi que o entrevistado possui alguma incerteza em relação ao futuro, considerando-o imprevisível e perspectivando que nos próximos três anos existirão muitas dificuldades, sendo que a actual crise económica só será ultrapassada se forem tomadas as medidas correctas, devendo ter estas como ponto assente a prioridade que é a atracção de investimentos, sobretudo investimentos inovadores e que apostem em tecnologia (algo que a autarquia da Covilhã já considerou), adiantando ainda que Portugal, apesar de tudo, possui boas condições para a atracção de investimentos.

Já na segunda temática, o Dr. Pedro Farromba não avança com a distinção de zonas em Portugal que recaiam nas categorias de Periferia ou Centro, admitindo porém que existem

fortes disparidades de desenvolvimento em Portugal, fruto da falta de visão e de saber

interpretar o país como um todo (o que se denota na ineficácia de todos os governos até agora em actuar a nível local), não se devendo discriminar qualquer zona do país na atracção de investimentos, pois cada local ou cidade (inclusive, no Interior) tem o seu potencial e oportunidades por explorar. No entanto, é notório que considera a Covilhã uma excepção na

região, no que toca ao desenvolvimento, identificando como seu potencial a sua oferta em

termos de qualidade de vida, formação e inovação. Respondendo à questão do porquê investir numa cidade do Interior, salienta o caso da Covilhã que se diferencia em vários aspectos, como a qualidade de vida, a oferta de formação superior, aposta em inovação, entre tantos

outros. O grande resvés do sector têxtil, é notório ainda hoje em dia, especialmente no número de desempregados no concelho (e na sua baixa qualificação e idade avançada, o que dificulta a sua reinserção no mercado de trabalho) e na restruturação pela qual o sector teve de passar (salientando que este é ainda um sector importante, empregando aproximadamente 2.000 pessoas e que a cidade consegui evoluir ao longo dos anos, graças à UBI e ao trabalho da autarquia). A queda deste sector representa bem o perigo de investir num único cluster e ter a economia local concentrada apenas num género de actividade. Finalmente, a terminar esta secção da entrevista, aponta sem dúvidas, o Governo Central como sendo ineficaz a actuar a nível local.

Na terceira temática, o entrevistado demonstra possuir alguma incerteza quanto à hipótese da regionalização, apesar de considerar a descentralização essencial e apoiar o reforço do poder das autarquias e das cooperações e sinergias entre estas criadas. Atendendo ao actual ambiente macroeconómico, provavelmente não será a melhor altura para definir caminhos no desenvolvimento local, salientado porém que estes podem ser pensados e que o desacordo que existe vem precisamente da falta de pensar no país como um todo. Considera que no concelho existem as instituições necessárias e estão consolidadas e sem adiantar muito, afirma que ainda haverá espaço para melhorar e que os conflitos nunca foram preocupantes. As principais condicionantes ao desenvolvimento da região que identifica são o turismo, que considera não estar satisfatoriamente bem aproveitado, e o investimento empresarial, que considera estar no bom caminho com a criação de parques industriais, o trabalho do Parkurbis, a internacionalização do tecido empresarial, a qualidade da formação da região e ainda com a disponibilidade de energias alternativas actual (embora aponte ainda a necessidade de apoio e de desenvolver um trabalho conjunto com o Governo Central, embora não seja talvez a melhor altura). Ainda dentro desta temática, identifica como principal meta da autarquia, a fixação de pessoas, para a qual foi identificado como essencial a garantia de emprego (através do fomento do investimento e apoio às empresas locais) e de qualidade de vida (através da oferta de educação, cuidados de saúde, cultura e desporto). Quanto à liberdade fiscal, diz ser esta inexistente e que provavelmente não é necessário mais liberdade, mas antes adaptar-se a cada caso (denunciando aqui a existência de alguma burocracia e falta de flexibilidade nos processos fiscais). Sobre o tecido empresarial local, afirma ter estes empresas tanto numa boa situação como numa má situação, identificando-o alguns exemplos de algumas que se encontram em áreas variadas e actualmente a fazer investimentos na direcção correcta, ou seja, em I&D. Finalmente, define a UBI como uma instituição fechada, com muita matéria

ainda por trabalhar, sendo esta pouco activa no desenvolvimento local, ao participar pouco e ao ter um nível de investigação reduzido.

Já na quarta temática, o Dr. Pedro Farromba confirma no estudo de localização, os vários critérios já considerados e referidos e acrescenta outros, como o impacto benéfico no desenvolvimento local, a disponibilidade de grandes quantidades de água, recursos de energias alternativas ainda por explorar, o dinamismo denunciado pelo concelho e ainda a

proactividade da Câmara Municipal da Covilhã e a sua capacidade em comunicar com

entidades empresariais, considerando que este critério foi fundamental e essencial no processo de tomada de decisão da PT. Dos critérios considerados no estudo, aqueles que ainda não se verificavam e foram pelo poder local disponibilizados foram a canalização de água, a

disponibilidade imediata de terreno para a construção do Data Center e certas isenções fiscais (incluindo o Imposto Municipal sobre Imóveis e o Imposto Municipal Sobre as

Transmissões Onerosas de Imóveis). O contacto inicial foi feito pela PT, tendo logo sido estabelecido um diálogo bilateral e uma boa relação, não apontando o entrevistado nenhum

aspecto de onde a Covilhã poderia ter saído prejudicada. Adianta ainda que o

investimento em discussão será muito benéfico à região, considerando provável que o projecto se venha a tornar numa nova condicionante de desenvolvimento local (no fundo, uma nova fonte ou pólo de desenvolvimento), desde que sejam tomadas as medidas correctas e feito o trabalho necessário (não querendo adiantar sobre que investimentos procuram atrair para o concelho). De entre os vários benefícios para a região, o entrevistado destaca a criação de postos de trabalho e circulação de dinheiro, com a fixação de pessoas e o recurso por parte da PT de produtos e serviços de empresas locais (destacando ainda o envolvimento que poderá surgir com empresas e elementos do Parkurbis e do CHCB). Relativamente às contestações que surgiram, considera infundadas as que defendiam o não encerramento do aeródromo, ao apontar que este estava obsoleto e já estaria para encerrar e que apesar de isso ter sido antecipado e da carga emocional associada a este, é um sacrifício mais do que benéfico para o concelho, salientando ainda que um novo será construído, apesar de actualmente não existirem fundos para tal. Quanto à contestação do impacto paisagístico das torres eólicas, revela que estas não serão construídas de frente para a cidade e que na Serra estas deverão ser consideradas como um mal necessário. Finalmente, avança que o projecto foi modificado para adicionar o Centro de Gestão de Redes e que existe potencial por explorar com o projecto, especialmente na atracção de investimentos, não querendo adiantar nada relativamente a esse aspecto.