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Capítulo 4 – Caracterização da Investigação

4.3 Análise da Informação Recolhida

4.3.2 Entrevista ao Sr Eng Miguel Covas

Com a entrevista feita ao Sr. Eng. Miguel Covas, foram recolhidas informações que permitiram não só colmatar a sua falta em alguns assuntos como também corroborar ou contrariar informações obtidas com a entrevista anteriormente revista.

Assim sendo, na abordagem da primeira temática, foi possível conceber a ideia de que o entrevistado considera a crise actual como não sendo exclusiva do Estado Português, estendendo-se às empresas e à população também, e de que encara o futuro com algum optimismo, pois apesar de considerar o futuro incerto e imprevisível, referiu a hipótese de em tempos de crise surgirem oportunidades. Ainda nesta temática, salienta que a retoma económica só ocorrerá com a circulação de dinheiro, com investimentos. Assoma-lhe que estarão a ser tomadas as medidas correctas, embora faça a ressalva de que só a longo prazo poderão estas ser avaliadas. Os investimentos mais indicados serão os de valor acrescentado, tendo em conta que estes deverão ser feitos em segmentos de mercado distintos, salvaguardando efeitos negativos na economia global de eventuais crises específicas de determinado sector ou cluster.

Já na segunda temática, o Sr. Eng. Miguel Covas considera que Portugal é vítima de

disparidades de desenvolvimento regionais e que estas são notórias em índices e

indicadores estatísticos, apesar de referir que em termos de infra-estruturas de comunicação, as disparidades não se verificam. Apesar de apontar o Litoral, Lisboa e o Porto como sendo Centros monopolizadores de atenção (daí contribuírem muito mais para o PIB), de referir que a Beira Interior se apresenta como uma Periferia e afirmar que ao longo do tempo o Governo Português tem procurado mitigar os problemas do Interior, faz a ressalva de argumentar que a PT não olha para o país como se estivesse fragmentado, não descriminando locais nos seus investimentos, procurando aliás ajudar ao desenvolvimento local (o que de certa forma, vai de encontro ao referido pelo entrevistado anterior, que apesar de não nomear Periferias ou Centros, reconhece que existem disparidades e considera que o país deve ser visto como um todo não fragmentado). Na localização de investimentos, o entrevistado aponta que se não se considerarem as características naturais e geográficas do local (essenciais em alguns géneros de investimentos), então o local onde este se irá realizar, tanto poderá ser no Interior, como no Litoral, destacando que terá de haver algo mais do que estradas, pois actualmente o capital humano e as suas qualificações e formação são essenciais na atracção

de investimento. Permanece ainda incerto quanto à descentralização feita até ao momento.

empresas, não cabendo ao Estado fazer todo o trabalho, restringindo-se este à garantia das condições necessárias para que o sector privado actue e ainda ao fomento da sua internacionalização (uma vez que as empresas exportadoras terão um protagonismo mais notório).

Na terceira temática, o entrevistado demonstra considerar o Grupo PT um caso de sucesso, pois soma triunfos ao longo da sua história, tem vindo a alargar a oferta de produtos e serviços e é sempre líder onde quer que se situe, referindo-se ainda ao Grupo como sendo um exemplo de uma privatização que correu bem, não referindo portanto acusações de concorrência desleal com o uso das golden shares, referindo aliás a OPA lançada pela Sonaecom como sendo um obstáculo que se consegui-o ultrapassar. O principal desafio actual identificado encontra-se no Brasil, com a Oi. No decorrer desta temática confirmou informação anteriormente recolhida sobre as empresas subsidiárias mais usualmente associadas ao Data Center (nomeadamente, a PT Prime e PT-SI) e adiantou a forma como os recursos são partilhados no Grupo (algo que terá continuação com o referido Data Center). Na quarta temática, o entrevistado avançou que apesar de o projecto vir a fornecer as empresas do Grupo, servirá também para prestar serviços de cloud computing a clientes seus, daí este nascer de uma estratégia de penetração do mercado das clouds. Na formação desta estratégia não surgiu nenhum obstáculo. O entrevistado além de confirmar características do projecto já consideradas e de avançar com outras de cariz mais técnica, salienta que este além de possuir uma política de sustentabilidade, já se encontrava todo

planeado e definido, o que contraria informações cedidas por Pedro Farromba, sendo

portanto o Centro de Supervisão e Gestão de Redes algo já planeado de início, tendo o seu anúncio sido feito mais tarde, uma vez que o projecto está a ser implementado por etapas, onde certos passos só são tomados de acordo com os resultados e sucessos obtidos nas etapas anteriores (sendo aliás referido como um processo evolutivo).

Relativamente aos critérios considerados na localização do investimento, o Sr. Eng. Miguel Covas, confirmou o que já se sabia e havia sido recolhido da entrevista anteriormente analisada, tendo avançado critérios associados às características naturais do local, ao

fornecimento de energia e à oferta de pessoal qualificado. O processo foi realizado com o

recurso a uma empresa internacional de renome (não tendo chegado a referir o nome), que no seu estudo de localização não discriminou nenhuma zona de Portugal, tendo portanto analisado todos os concelhos de Portugal, algo que entra em sintonia com a visão partilhada pelos dois entrevistados referidos até ao momento. O Sr. Eng. Miguel Covas salientou que

não houve dúvidas na decisão final, não tendo existido nenhum critério que só por si tenha definido o local, uma vez que o melhor local foi determinado a partir da avaliação de todo

o conjunto de critérios. Contrariando de certa forma o Dr. Pedro Farromba, avança ainda

que os critérios considerados não estavam totalmente dependentes da resposta da

autarquia ou da sua proactividade, tendo a dinâmica apresentada pela Covilhã sido

considerada como apenas mais um critério e não algo muito determinante na escolha do local. Apesar disso, salienta que a proactividade da autarquia foi a melhor de entre todos os municípios (tendo sido todos proactivos), o que se materializou na sua proposta apresentada à PT (Óbidos surge como a segunda autarquia em termos de proactividade). O diálogo bilateral entre a autarquia e a PT é confirmado, sendo salientado que além de este ter sido muito produtivo, a autarquia é considerada como um parceiro valioso no projecto do Data Center, avançando ainda que a PT não saiu lesada em nenhum aspecto da negociação. Relativamente à UBI, a opinião formulada é já contrária à de Pedro Farromba, uma vez que considera que a

Universidade tem tido um trabalho até ao momento muito positivo. Nesta instituição, o

entrevistado vê ainda um grande potencial, destacando as sinergias entre a UBI e o Parkurbis. Quanto ao projecto, a opinião que forma é a de que este tem uma grande potencial para a PT, assim como para a Covilhã, tomando como certa a criação de clusters de sistemas de

informação ou tecnologias de informação (algo que aconteceu em casos similares noutros

locais do Globo), crença partilhada pelo Grupo, sendo prova disso a própria criação do Centro de Inovação em Tecnologias de Informação. Aliás, tal como foi na entrevista anterior referido, o Data Center é apontado como uma futura fonte ou polo de desenvolvimento para a Covilhã, destacando a circulação de dinheiro e a projecção internacional que o projecto está a dar à cidade, salientando ainda que os seus benefícios são transversais a toda a Beira Interior. Relativamente às críticas referidas pelo fecho do aeródromo, o entrevistado usa argumentos semelhantes aos do Dr. Pedro Farromba, tomando o cuidado de remeter a decisão do seu encerramento para a autarquia. Quanto ao possível impacto paisagístico dos moinhos eólicos, a resposta é igualmente semelhante, referindo que para se cumprir o princípio da sustentabilidade e se garantir energia limpa, certos preços têm de se pagar.