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Capítulo 4 – Caracterização da Investigação

4.3 Análise da Informação Recolhida

4.3.3 Entrevista ao Sr Vereador João Esgalhado

Com a entrevista obtida ao Sr. Vereador João Esgalhado, foi possível adquirir um conjunto de informações bastante relevantes, uma vez que estas transmitiram uma perspectiva diferente sobre o caso, mesmo pertencendo o entrevistado à mesma instituição que o Dr. Pedro Farromba. Além disso, permitiram a elaboração de conclusões bastante pertinentes e que de certa forma colmataram a falha em alcançar certas confirmações ou constatações, que não foram obtidas com os dois entrevistados anteriores, uma vez que estes se encontravam de certa forma comprometidos com os seus cargos, daí não poderem fazer certo tipo de afirmações ou avançar algumas informações.

Com a primeira temática, o que se obteve da entrevista correspondente, foi a confirmação da existência da crise actual e de como esta além de económica é social, de uma postura pessimista em relação ao futuro, sendo que o entrevistado considerou que o nível de vida que até então se vivia, irá demorar muitos anos a ser recuperado e finalmente que a atracção de investimentos representa de facto, alo lado da contenção da despesa, uma parcela importante do processo de resolução da crise, sendo salientado que este não se deve concentrar exclusivamente em sectores inovadores ou que usem intensivamente as novas tecnologias, pois apesar de estas serem importantes, os sectores tradicionais não só devem não devem ser descurados, como devem antes ser reforçados (aspecto que não foi referido em mais nenhuma entrevista). Esta preocupação do entrevistado, foi bastante evidente ao longo da entrevista, tendo sido referida por diversas vezes.

Na segunda temática, o entrevistado identifica claramente a Beira Interior como uma

Periferia, tal como os anteriores o fizeram, salientado que assim o vêm os próprios dirigentes

do país e que estas disparidades são especialmente notórias na distribuição demográfica pelo território, algo que considera mau para o país, por se estar a perder com esta situação a possibilidade de explorar as oportunidades que o Interior poderá deter. Sobre este assunto, entra em contradição com o Dr. Pedro Farromba ao identificar com certeza a Covilhã como

sendo igualmente parte da Periferia. De seguida, faz de imediato uma ressalva sobre algo

que considera essencial para o desenvolvimento local e que será uma constante referência ao longo da entrevista, nomeadamente, que o concelho deve se esforçar ao máximo por cooperar e se unir a Castelo-Branco e Guarda, para resolverem problemas comuns e ganhar massa crítica, poder de reivindicação e competitividade (processo que aponta como estando muito embrionário). Ainda neste tema, o entrevistado ao identificar motivos para investir numa

cidade do Interior, nomeadamente, o conhecimento criado no Ensino Superior e nos Parques de Ciência e Tecnologia, o potencial Turístico dos recursos locais, a tradição industrial aliada a I&D e ainda o potencial agrícola, aproveita para apontar uma crítica à estratégia de desenvolvimento delineada para o município que não possui o sector agrícola uma algo que também deve ser explorado (o que vai de encontro ao que já havia sido referido no primeiro tema). Tal como o Dr. Pedro Farromba, a crise dos lanifícios é identificada como algo nefasto e como o perigo de investir num único sector ou cluster, concordando ainda ao identificar como ineficaz o trabalho do Governo Central ao nível local.

Já na terceira temática, o Sr. João Esgalhado demonstra dar uma grande importância a que se inicie não só um processo de descentralização administrativa e fiscal mas também de regionalização, com as CIM‟s a actuar eventualmente como ponto de transição para a eventual nova divisão do território. Na sua opinião, para que este processo ocorra é necessário que à motivação local, se una a vontade política central, destacando mais uma vez a necessidade de os organismos e instituições locais unirem esforços, de forma a criarem sinergias supramunicipais, algo aliás pretendido pela UE. O entrevistado aproveita ainda para criticar algum “populismo” nos dirigentes locais, que embora sirva para conquistar eleitorado, não será a mentalidade ou modo de agir mais indicado.

Sobre as principais condicionantes ao desenvolvimento da região, o Sr. João Esgalhado diz serem várias mas apenas desenvolve a proximidade com Espanha (resposta bastante diferente dos restantes entrevistados), que considera pertinente referir como sendo uma oportunidade única e ainda evidenciar o quão pouco ainda contribui para o desenvolvimento local (sendo que a abordagem para ser competitiva, deverá ser feita a um nível a um nível supramunicipal). De entre vários “instrumentos” da autarquia para incentivar o desenvolvimento, destaca vários, sendo um deles o Parkurbis, o qual identifica como importante e como tendo a funcionar em paralelo uma estrutura de atracção de investimentos (do género do AICEP), mas que no entanto se encontra com problemas de rotatividade de empresas. Relativamente à liberdade fiscal partilha em parte da visão do seu colega Vereador, ao afirmar que a liberdade fiscal embora importante, não deverá ser completamente

atribuída ao poder local. Ainda dentro desta temática, vai de certa forma ao encontro do Dr.

Pedro Farromba, ao identificar as empresas na região como frágeis exceptuando alguns casos pontuais de sucesso, avançando ainda que os investimentos actualmente se orientam para o sector do Turismo e para o das TIC‟s. No entanto, ao contrário do Dr. Pedro Farromba, a

Finalmente na quarta temática, o entrevistado além de confirmar o início de actividade em Dezembro de 2012 do primeiro bloco de Data Center (e só mais tarde os restantes edifícios), refere ainda a eventual necessidade de logo apôs o início de actividade do Data Center, se ter de vir a construir uma edifício suplementar que exerça funções de repositório, isto se se vier a confirmar o desejo do Estado Português em ocupar o espaço por completo do primeiro bloco, o que iria comprometer hospedar clientes oriundos dos contractos estabelecidos com a Microsoft e Cisco. Quando questionado sobre quais os principais critérios avaliados e os

motivos para o investimento se situar na região, o Sr. João Esgalhado salientou a existência

de três factores que foram decisivos. Dois de ordem natural, nomeadamente, o reduzido risco

sísmico e as baixas temperaturas verificadas em grande parte do ano. O terceiro

correspondeu à proactividade da Câmara Municipal da Covilhã e à sua motivação para abdicar de muita coisa, para que o investimento se realizasse, nomeadamente, a oferta do vasto terreno do aeródromo, desde logo pronto a iniciar obras; a oferta de água canalizada de forma gratuita durante a vida do projecto, para satisfazer os consumos significativos da estrutura; a concessão de exploração das capacidades de fornecimento de energia eólica que o concelho tem e ainda extensas isenções fiscais durante a vida do Data Center. Deste modo, vai de encontro ao que foi referido pelo Dr. Pedro Farromba (dando informação mais detalhada que este último) ao referir as acções da autarquia como um dos principais influenciadores da decisão da PT, o que contraria o que foi avançado pelo Sr. Eng. Miguel Covas (não chega até a referir a Universidade). De seguida, o entrevistado avançou que o Senhor Presidente da Câmara que avaliou aquilo de que a autarquia abdicava como sendo colmatado pelos benefícios que o empreendimento pode levar à cidade, opinião de encontra correspondência no que a seguir avança ao referir os benefícios para a região, nomeadamente, a geração de postos de trabalho qualificados (que com o tempo irão aumentar em número) e a formação de uma nova vantagem competitiva da Covilhã. Avança ainda que acredita que se irá de facto criar um cluster na região, que irá atrair mais empresas e investimentos (daí considerar o caso um bom estudo da atracção de investimentos no Interior), para os quais espera que não seja necessário a Câmara dar os mesmos incentivos e privilégios que deu para o Data Center. Quanto às críticas associadas ao projecto, aproxima- se das opiniões dos entrevistados anteriores, ao as não considerar infundadas mas antes uma opção da autarquia na sua avaliação dos benefícios e malefícios do investimento, embora tenha referido que eventualmente não seria mesmo necessário o projecto situar-se no aeródromo, pois haveria uma alternativa viável. Ainda sobre o futuro do Data Center, daí se

vir a formar de um cluster, salienta que apesar de o futuro ser incerto, o projecto foi concebido para se construído em quatro fases, propositadamente para acautelar certas hipóteses, isto embora não tenha posto em causa o seu sucesso, que considera estar garantido, uma vez que a PT onde investe, fá-lo bem e com objectivos de ser líder.

O Data Center foi considerado pelo entrevistado com um óptimo caso para estudar a atracção de investimentos numa cidade do Interior de Portugal.

4.3.4 Entrevistas ao Sr. Reitor, Professor Doutor João Queiroz e ao Sr. Pró-