• Nenhum resultado encontrado

Entrevistas ao Sr Reitor, Professor Doutor João Queiroz e ao Sr Pró-Reitor, Professor

Capítulo 4 – Caracterização da Investigação

4.3 Análise da Informação Recolhida

4.3.4 Entrevistas ao Sr Reitor, Professor Doutor João Queiroz e ao Sr Pró-Reitor, Professor

Com a entrevistas realizadas ao Pró-Reitor e Reitor da Universidade foi possível obter informações muito valiosas para o estudo do caso. Além de poderem vir a contrariar ou corroborar outras entrevistas, entre si podem igualmente fazê-lo e assim obter uma melhor percepção da posição da Universidade da Beira Interior.

Das duas entrevistas realizadas o que se apurou na primeira temática, foi que tanto o Senhor Reitor como o Senhor Pró-Reitor reconhecem a existência da crise, avançando o primeiro que Portugal vive num estado recessivo e instável e em crise política, o que lança o desafio de encontrar o equilíbrio certo entre a despesas e a riqueza gerada, enquanto o segundo afirma ser esta uma crise financeira que possui basicamente duas principais origens, nomeadamente, as nefastas políticas de despesa adoptadas nos últimos anos e ainda a falta de confiança que os investidores possuem nas instituições e organismos nacionais e europeus. Quanto ao futuro o Professor Doutor João Queiroz apesar de considerar que não se irá recuperar totalmente em 2013, mantem uma atitude optimista, considerando que nestas ocasiões surgem sempre oportunidades, enquanto o Professor Doutor Tiago Sequeira mantem uma atitude mais pessimista, considerando que algumas das políticas para resolver a crise estão correctas, mas que estas deveriam ser mais ambiciosas, fazendo a salvaguarda que não só pelo corte cego de despesa se chega à resolução, pois terão de haver reformas estruturais na administração pública. Ambos identificam a atracção de investimentos como importante, especialmente os inclinados para a inovação e valor acrescentado, apontando o Senhor Pró-Reitor que apesar de estarmos no bom caminho, falta alguma ambição e que o mercado de trabalho deve ser de facto flexível, algo importante para tornar o país atractivo a investimentos externos (o Senhor Reitor mantem-se incerto se serão as medidas adoptadas até agora são correctas).

Na segunda temática, ambos os entrevistados consideram ser óbvias as disparidades no

território português, com o Senhor Reitor a aponta-las na falta de população, emprego e

dinâmicas locais e o Senhor Pró-Reitor a apelidá-las de históricas e estruturais, daí considerar que serão difíceis de alterar, fruto da grande dispersão populacional em núcleos urbanos pequenos (o que acarreta custos e não lhes dá expressão significativa). Este ainda identifica a

Covilhã como uma Semiperiferia, com dificuldades em fixar pessoas e investimentos,

enquanto o Senhor Reitor embora identifique Periferias e Centros e avance com descriminações positivas como uma eventual solução, não concorda em apelidar zonas dessa forma (efeito algo discriminatório). Ninguém identifica disparidades no acesso ao Ensino

Superior. O Professor Doutor João Queiroz identifica no Governo Central falta de vontade e

eficácia em actuar ao nível local, enquanto o Professor Doutor Tiago Sequeira pelo contrário avança que não é perceptível mas o Governo Central trabalha mais pelo Interior do que possa parecer (efeitos positivos é que serão mais difíceis de se registarem), embora agora a sua prioridade deva ser controlar o défice.

Na identificação dos protagonistas o Senhor Reitor afirma que estes serão todos os stakeholders ou agentes locais que estejam interessados, sendo que só juntos numa única força se poderá de facto acreditar no desenvolvimento local. Faz ainda a ressalva que clusters também terão protagonistas, mas apenas se forem difíceis de imitar noutros locais, ou seja, se forem muito específicos a dada região, não serão estandardizáveis. Já o outro entrevistado, na sua resposta optou por tomar o exemplo da Covilhã, onde identificou o poder local e a

Universidade como os principais protagonistas, papel que retirou aos clusters, pois na sua

opinião estes na região ainda não existem (o que existe não poderá assim ser apelidado de cluster). Relativamente à descentralização, existe discordância entre os entrevistados. O Senhor Reitor avança que a descentralização é necessária (administrativa sobretudo, algum receio da fiscal), assim como a regionalização. Na outra entrevista, obteve-se a opinião contrária, sendo nesta o país é interpretado como demasiado pequeno para permitir uma descentralização do poder (concordando porém com o reforço das CIM‟s). Sobre a crise têxtil, a opinião de ambos é semelhante, reconhecendo a magnitude que esta teve mas que actualmente já não possui efeitos visíveis (contrariando a informação do Dr. Pedro Farromba). Nas condicionantes ao desenvolvimento, foram destacados os investimentos

(independentemente da área) e avançado que qualquer coisa que permita fixar população será um contributo importante. Quanto ao tecido empresarial local, as informações recolhidas são semelhantes entre si e para com as entrevistas do Dr. Pedro Farromba e Sr. João Esgalhado,

ou seja, uma tecido diversificado mas frágil na sua maioria, exceptuando alguns casos extraordinários de grande sucesso.

Já na terceira temática, obteve-se informação referente à Universidade que permite avançar com a descrição das suas principais etapas e da sua origem como um encontro entre vontade

política central e motivação local para que o Politécnico e posteriormente Universidade se

situassem na cidade (o empenho autóctone foi fundamental, para sustentar o ensino superior, mesmo não sendo a Covilhã uma capital de distrito). Os entrevistados quando confrontados com perguntas semelhantes sobre o futuro da Universidade e críticas apontadas, adoptaram posturas diferentes. O Senhor Reitor realçou constantemente que a Universidade reconhece algumas das críticas apontadas como sendo verdade, daí estar actualmente a investir muito em se abrir aos stakeholders locais e em contribuir mais e melhor para a região, seja melhorando a sua eficiência ao investir com mais intensidade num número de áreas do conhecimento muito específico, onde já garante qualidade e reconhecimento (por exemplo, medicina), ou transformando o conhecimento gerado em negócios e dinâmicas empreendedoras (garantindo a fixação de alunos), passando pelo aumento das publicações científicas da UBI. Desta forma, acaba por admitir as acusações anteriormente recolhidas. Já o Professor Doutor Tiago Sequeira assume uma postura um pouco mais defensiva, afirmando que a Universidade não tem necessariamente de ser a solução para todos os problemas locais, que possui uma boa publicação científica e ainda que se encontra actualmente a corrigir

alguns dos aspectos das críticas apontadas, pois admite que a Universidade poderia ser no

passado algo fechada mas que já não o é e que a sua prioridade actual não é essa. Nos pontos onde parece haver mais discrepâncias nas respostas, é na sobreposição de cursos com os politécnicos de Castelo-Branco e Guarda, sendo que o Senhor Reitor não considera a situação um problema e o Senhor Pró-Reitor avança que a sua resolução seria pertinente (embora seja difícil o processo). Quanto aos conflitos com outras entidades, este último não identifica nada de relevante, enquanto o outro entrevistado dá a entender que a relação da UBI com a Câmara Municipal poderia ser melhor. Relativamente à empregabilidade, ambos recusam identificar nesta um problema. Na identificação de “instrumentos” da Universidade no apoio ao desenvolvimento local foram destacados o UBI Medical, a parceria com o Parkurbis, o

recente regulamento de spin-offs e a própria formação prestada.

Finalmente na quarta temática, os entrevistados dão desde logo respostas diferentes na divulgação sobre como tiveram conhecimento do projecto da PT para a região, sendo que o Senhor Reitor afirma que veio de uma comunicação privada de alguém associado à PT e o

Senhor Pró-Reitor que veio através da Câmara Municipal, quando esta convidou a Universidade para reuniões tripartidas onde se encontrava a PT com o seu Data Center. Ambos apontam que a postura assumida pela Universidade foi de proactividade e grande

abertura e entrega, pretendendo portanto contribuir e ajudar a PT no seu projecto. Apesar de

ter sido salientado que a UBI já possuía uma relação com a PT, foi apontado que a comunicação está a crescer e desenvolver-se significativamente, tanto para mais que foram identificadas várias oportunidades de fomentar a sinergia entre as duas entidades, mais especificamente três. A primeira, já em curso, consiste na adaptação de conteúdos

programáticos de cadeiras em Mestrados ou no terceiro ano de Licenciatura de determinados

áreas (por exemplo, engenharia informática ou electrotécnica), o que permitirá a fixação de alunos (prioridade da Universidade) que estarão aptos a trabalhar para a PT, sendo os mais capazes e especializados nas tarefas pretendidas. A segunda é a criação e fomento de

projectos de investigação e desenvolvimento em parceria com a PT. A última é a prestação de serviços de Cloud Computing da PT à Universidade. Ambos consideram que este será

sem dúvida um projecto “âncora” para a região, ou seja, além de o investimento inicial permitir já a fixação de pessoas e a circulação de dinheiro e o fomento de dinâmicas locais, o Data Center servirá de chamariz a outras empresas, que eventualmente necessitarão de se situar no local (o que no entender dos entrevistados irá requerer contactos com a Universidade, estando esta aliás já pronta e aberta para novos investimentos). Desta forma, a PT é identificada como uma clara fonte de desenvolvimento local no futuro, daí até assegurarem que estão confiantes no sucesso do projecto.

Por ambos os entrevistados, o Data Center foi considerado com um caso apropriado para o estudo da atracção de investimentos numa cidade do Interior de Portugal.