Após o desenvolvimento do Estudo Exploratório, deu-se início à próxima fase
deste trabalho, a realização das entrevistas. Considerando a problemática desta
pesquisa: Qual é a identidade do pedagogo atuante na escola pública nos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental? Objetivou-se, nesta etapa, aprofundar as reflexões
sobre a identidade do pedagogo escolar, com o intuito de responder o problema de
pesquisa.
Primeiramente, a pesquisadora retomou a leitura dos questionários, pois as
respostas obtidas serviram de referencial para a elaboração do roteiro para as
entrevistas.
Os estudos de Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1999, p. 168) esclarecem
sobre a diferença entre o questionário e da entrevista,
Por sua natureza interativa, a entrevista permite tratar de temas complexos
que dificilmente poderiam ser investigados adequadamente através de
questionários, explorando-os em profundidade.
A entrevista é um dos principais instrumentos usados nas pesquisas das
ciências humanas, desempenhando papel importante nos estudos científicos. De
acordo com Oliveira (2012, p. 86), “A entrevista é um excelente instrumento de
pesquisa por permitir a interação entre pesquisador (a) e entrevistado (a) e a
obtenção de descrições detalhadas sobre o que se está pesquisando.”.
Segundo Lüdke e André (1986, p. 34), a grande vantagem dessa técnica em
relação às outras “[...] é que ela permite a captação imediata e corrente da
informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais
variados tópicos”.
Conforme Moreira (2002, p. 54), a entrevista pode ser definida como: “[...]
uma conversa entre duas ou mais pessoas com um propósito específico em mente”.
A pesquisa utilizou-se da entrevista semiestruturada, essa técnica permite a
presença de um roteiro de entrevista, mas não há a necessidade de seguir esse
roteiro na íntegra. O pesquisador pode acrescentar outras perguntas ou inverter a
ordem das mesmas.
Para Triviños (1987, p. 152), entrevista semiestruturada:
[...] favorece não só a descrição dos fenômenos sociais, mas também sua
explicação e a compreensão de sua totalidade [...] além de manter a
presença consciente e atuante do pesquisador no processo de coleta de
informações.
Para a elaboração do roteiro das entrevistas, foram utilizados, como
referências: a concepção de educador construído pela ANFOPE (Capítulo I), as
contribuições dos teóricos pesquisados na revisão de literatura, as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia e o Caderno Pedagógico -
Subsídios à Organização do Trabalho Pedagógico nas Escolas da Rede Municipal
de Ensino de Curitiba (CURITIBA, 2012).
O roteiro para as entrevistas contém cinco blocos de questões (APÊNDICE
2). A primeira parte de perguntas trata sobre a formação acadêmica, tempo de
serviço na RME, tempo na função de pedagogo e sobre o tempo de trabalho na
escola. Os demais blocos foram elaborados com perguntas relacionadas às
dimensões epistemológica, política, profissional.
O roteiro serviu para conduzir a entrevista, mas o desenvolvimento de cada
entrevista aconteceu de forma diferenciada, pois alguns pesquisados abordavam os
assuntos antes de ser feita a pergunta, outros não respondiam a questão e
discorriam sobre outros assuntos. Flick (2004, p. 106) esclarece sobre a condução
das entrevistas semiestruturadas, “[...] o entrevistador pode e deve decidir, durante a
entrevista, quando e em que sequência fazer quais perguntas.”
Para participar das entrevistas foram selecionados nove pedagogos, a partir
dos seguintes critérios: 1) Pedagogos com respostas mais significativas, críticas e
pontuais, no Estudo Exploratório, ou seja, pedagogos com respostas que
contribuíram para responder preliminarmente o problema de pesquisa; 2) Tempo de
serviço na RME: mais de 10 anos; 3) Tempo na função de pedagogo: mais de 10
anos.
Dos pedagogos entrevistados seis possuem uma especialização e os demais
possuem duas. No (QUADRO 2) podem ser visualizados os pedagogos participantes
da pesquisa. Para manter o anonimato dos participantes da pesquisa, os pedagogos
entrevistados receberam outra denominação conforme (QUADRO 2) a seguir.
Pedagogos Tempo de serviço
na RME
Tempo na função
de pedagogo
Tempo de trabalho
na escola
Pedagogo 1 21 anos 10 anos 7 anos
Pedagogo 2 25 anos 18 anos 10 anos
Pedagogo 3 12 anos 10 anos 4 anos
Pedagogo 4 12 anos 11 amos 6 meses
Pedagogo 5 13 anos 12 anos 6 anos
Pedagogo 6 23 anos 17 anos 6 meses
Pedagogo 7 13 anos 11 anos 6 anos
Pedagogo 8 20 anos 12 anos 4 anos
Pedagogo 9 13 anos 10 anos 10 anos
QUADRO 2 – SUJEITOS DA PESQUISA.
FONTE: Autora (2014)
Todas as entrevistas foram agendadas com antecedência e foram realizadas
em locais apropriados, silenciosos, para que não ocorressem interrupções. As
entrevistas foram gravadas com o consentimento dos entrevistados, posteriormente
foram realizadas as transcrições. A pesquisadora optou pela transcrição literal,
respeitando o discurso do sujeito. As entrevistas tiveram a duração média de 64
minutos, conforme (QUADRO 3).
Pedagogos Duração das entrevistas
Pedagogo 1 50min
Pedagogo 2 1h 05min
Pedagogo 3 63min
Pedagogo 4 1h 15min
Pedagogo 5 58min
Pedagogo 6 1h 11min
Pedagogo 7 52min
Pedagogo 8 1h 17min
Pedagogo 9 1h 02min
QUADRO 3 – DURAÇÃO DAS ENTREVISTAS.
FONTE: Autora (2014).
Após as transcrições das entrevistas, deu-se início à análise e à
categorização dos dados. O processo de análise dos dados coletados apresentado
nesta pesquisa buscou compreender a complexidade do trabalho desenvolvido pelos
pedagogos da RME e caracterizar a identidade deste profissional. Para isso, as
transcrições das entrevistas foram lidas e relidas com o objetivo de perceber a
essência do trabalho pedagógico desenvolvido pelos pedagogos pesquisados.
O material coletado foi analisado e classificado à luz das três dimensões
(Epistemológica, Política e Profissional) construídas a partir do roteiro elaborado
para a entrevista. Após essa primeira fase, realizou-se o mapeamento das
informações. A pesquisadora foi assinalando elementos comuns e contrários que
apareciam nos relatos dos pedagogos.
Neste momento de leitura e releitura das transcrições e mapeamento das
informações surgiu uma nova dimensão: a relacional. Compreendeu-se que a
dimensão relacional também se constitui como um elemento que auxiliará na
caracterização da identidade do pedagogo escolar, concepção ilustrada pelo
(GRÁFICO 11), pois a relação pedagógica é uma relação humana, portanto,
reveladora de amorosidade, permeada de conflitos de ideias, instada ao diálogo,
prenha de contradições, antagonismos e complementaridades.
GRÁFICO 11 – AS DIMENSÕES CONSTITUTIVAS DA IDENTIDADE DO PEDAGOGO
FONTE: Autora (2014)
Após classificar o material coletado dentro das quatro dimensões
(Epistemológica, Política, Profissional e Relacional), dando continuidade ao
processo de análise dos dados, a pesquisadora elaborou um quadro (ver
APÊNDICE 3) identificando, para cada dimensão, subcategorias e categorias que
pudessem auxiliar no processo de análise.
No documento
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
(páginas 109-114)