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PARTE II | ESTUDO DE CASO

EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS COLECTIVOS/ PÚBLICOS”

Unidades de Registo

Sub-Categorias Ocorre Não Ocorre Não se consegue apurar

observância

Acessibilidades e Redes Viárias (+) - -

Infra-Estruturas Urbanas (+) - -

Equipamentos Colectivos (+) - -

Síntese: o quadro supra permite-nos concluir que o Município do Fundão aposta fortemente numa intervenção local ao nível da activação das múltiplas sub-dimensões da categoria Redes de Infra-estruturas e de Equipamentos e Serviços Colectivos/ Públicos, ao inscrever várias propostas de acção no âmbito de cada uma delas: Acessibilidades e Redes Viárias (“variantes às aldeias e cidade do Fundão, com vista a desviar o tráfego do atravessamento dos aglomerados/ perímetros urbanos e acessos directos a outras vias principais”; “assegurar o transporte escolar por carreiras regulares, por meios próprios da CMF e através da realização de Circuitos Especiais de Aluguer” – CMF, 2008); Infra-Estruturas Urbanas (“construção de

ETAR’s para saneamento e abastecimento de água na generalidade dos aglomerados do concelho”; “construção de um centro de tratamento de resíduos sólidos urbanos e pela colocação de ecopontos nas sedes de freguesia” – CMF, 2008); Equipamentos Colectivos (“aposta no aumento de valências com respostas sociais ao nível da infância – creches - e terceira idade – lares – e outras dirigidas à prevenção e segurança” – CMF, 2008).

Conclusão: o desenvolvimento local hoje terá de ser capaz de ir muito para além dos tradicionais modelos de intervenção pública, não sendo já compatível uma aposta de investimento centrada na exclusividade da construção de equipamentos e de infra-estruturas básicas, sendo necessário intervir de forma incisiva na diversificação das áreas de acção, com vista à resolução dos problemas locais (de cariz multidimensional). No entanto, é importante que os Municípios, ao terem de intervir na dimensão “Infra-estrutural/ Equipamentos e Serviços Colectivos”, o façam de forma a que os seus investimentos abarquem não apenas as infra-estruturas básicas (saneamento, abastecimento de água, sistema de recolha de RSU, etc.) e estruturais (estradas e rede de transportes públicos, etc.) mas igualmente os equipamentos e serviços colectivos, nas suas diversas perspectivas (protecção social, saúde, cultura e lazer, desportiva, educativa, etc.).

Quadro 12. – PDM/Fundão: dimensão “SÓCIO-COMUNITÁRIA”

Unidades de Registo

Sub-Categorias Ocorre Não Ocorre Não se consegue apurar

observância

Problemas Sociais Básicos (+) - -

Problemas Sociais de “Segunda e Terceira Gerações”

(+) - -

Síntese: a análise aos indicadores apurados permite constatar que o Município do Fundão optará por resolver as necessidades e aspirações individuais e colectivas da sua população satisfazendo, por um lado, os Problemas Sociais Básicos (“apoio à melhoria das condições de habitabilidade dos edifícios nas zonas urbanas mas também nas zonas rurais, desenvolvendo projectos de requalificação habitacional e, simultâneamente, de realojamento de pessoas mais carenciadas” – CMF, 2008) e, por outro, os Problemas Sociais de Segunda e Terceira Gerações (“inverter a tendência de esvaziamento populacional nas freguesias rurais do concelho, p. ex., através da redução das taxas de imposto municipal sobre os imóveis e da

atribuição de verbas por cada casamento e nascimento registado em algumas freguesias, bem como promovendo o aumento da qualidade de vida das pessoas de maior idade, através de projectos específicos, como o PAPI – projecto concelhio de apoio às pessoas idosas” – CMF, 2008).

Conclusão: no século XXI à acção pública dos Municípios, com vista à promoção do desenvolvimento local, é exigida “qualidade”. É-lhes pedido que sejam capazes de ultrapassar a resolução dos problemas de “primeira geração”, indo de encontro às preocupações dos munícipes, já grandemente centradas na satisfação dos problemas de “segunda e terceira gerações”, como, p. ex.: acesso a serviços de saúde de qualidade; combate ao abandono, absentismo e insucesso escolar; implementação de políticas de ataque à pobreza e exclusão social; incentivo à igualdade de oportunidades e cidadania.

A Figura 4 permite-nos concluir que a “concepção” de desenvolvimento local plasmada no PDM/Fundão abarca uma visão simultâneamente “integrada”, porque articulando as suas várias dimensões e “hierárquica”, porquanto o faz segundo a percepção diferenciada da importância de umas em relação a outras (sobrevalorizando determinadas dimensões - ou, mesmo dentro destas, certas sub-dimensões - em contraponto com a subvalorização a que outras são submetidas).

Quanto ao perfil integrado da opção local do “desenvolvimento” podemos constatar a concordância ao nível do discurso político (orientações de desenvolvimento objectivadas pelo executivo camarário) com o realmente estabelecido no PDM:

F i g ur a 4 . - Í n di c e d e f r e q uê n c i a r e l a t i v a da s di m e n sõ e s d e de se n v o l v i m e nt o l o c a l p r i v i l e gi a d a s n o P D M / F u nd ã o 7,8% 15,4% 23, 0% 15,4% 23, 0% 15,4% Económi ca Patr i móni o Pol ít i ca Ambi ent e Inf r a./ Equi p. Sóci o-Comum.

“… de alguma maneira insere-se dentro dos princípios do que é o desenvolvimento local, ou seja, temos uma abordagem territorial, dentro desta abordagem verificámos que o Fundão é um mosaico de paisagens, sobretudo, rurais, e construímos planos de intervenção, cada um deles orientado para esse tipo de paisagem rural, que depois condiciona o que é a análise socioeconómica de cada uma dessas sub-zonas (…). Posteriormente existiu uma abordagem integrada desses mesmos territórios, ao nível económico, social, ambiental, cultural, etc. (…) alcançando-se uma perspectiva de intervenção sistémica ….” (Vereador da CMF, Dr. Paulo Fernandes)

Porém, a perspectiva acima adoptada não confere um “estilo” que se possa considerar inovador, nem tão-pouco tradicionalista. Diríamos então que se encontra a meio caminho entre as duas vias, uma vez que, se por um lado, consegue ir para além da resolução das necessidades básicas dos munícipes, articulando as de segunda e terceira gerações (sub- categorias da dimensão “Sócio-comunitária”), por outro, ainda privilegia uma visão hierárquica entre as muitas outras dimensões do desenvolvimento local (sem a assunção prática de algumas das suas sub-dimensões, como é o caso da convergência híbrida da perspectiva económica, onde apenas se encontra privilegiada – sobrevalorizada - a sub- dimensão “Actividade Cariz Mercantil”, não se observando a respectiva interacção com os demais princípios: reciprocidade; domesticidade; redistribuição; i.e., subvalorização das sub- dimensões: “Actividade Cariz Não-Mercado” e “Actividade Cariz Não-Monetário”).

Em primeiro lugar encontramos as dimensões “Política”:

“Os próprios PDM’s têm os seus requisitos, do ponto de vista da sua montagem, dentro do que é a auscultação da comunidade (ao nível dos seus processos de discussão pública), mas o que nós fizemos foi uma auscultação prévia, antes da discussão pública propriamente dita e fomos, por um lado, em termos de auscultação a todas as freguesias e munícipes, numa perspectiva de recolha de propostas, indo para além daquilo que [efectivamente] é determinado por decreto (obrigações formais) e, por outro lado, fizemos várias acções de sensibilização em termos do discurso e da comunicação que se prenderam com as lógicas tendenciais do que é hoje em dia o ordenamento em relação aos PDM’s de 1ª geração [por correlação] com os que podemos chamar de 2ª geração.” (Vereador da CMF, Dr. Paulo Fernandes)

e “Infra-estruturas Básicas e Equipamentos Colectivos (a propósito desta dimensão observa-se um claro afastamento entre a vontade política – que a subvaloriza - e as propostas efectivadas no PDM - sobrevalorizadas):

“[Uma das dimensões de desenvolvimento mais estratégico é sem dúvida a que se prende com] a ampliação do espaço urbano, pois hoje temos que ser muito cautelosos (…), preocupando-nos, para além das necessidades mais materiais e infra-estruturais, cada vez menores, com os princípios que se colocam em termos da qualificação do meio urbano, que não se prendem, digamos, por uma requalificação, mas antes com questões ao nível dos serviços ou pontualmente ao nível da optimização de infra-estruturas, mas orientadas para a qualidade ….” (Vereador da CMF, Dr. Paulo Fernandes)

Numa segunda linha, as dimensões do “Património”, “Ambiente” e “Sócio-Comunitária” (configurando uma justaposição entre as concepções políticas e as propostas valorizadas no PDM ao nível de cada uma):

“… por outro lado, é o posicionamento de um concelho que ainda tem características rurais, sendo o mesmo ainda vivencial e com valores patrimoniais muito interessantes, permitindo que as pessoas invistam no Fundão e assim aqui venham habitar e constituírem a sua família (...). É por aí que a nossa estratégia se encontra montada (…) jogando-se hoje alguma coisa na requalificação do meio urbano, nomeadamente no centro histórico, e muito na questão da mobilidade e nas acessibilidades, quer numa perspectiva de melhoria urbana quer da sustentabilidade e melhoria da qualidade do ambiente urbano, desviando trânsito, criando sistemas de transportes públicos mais versáteis e amigos do ambiente.” (Vereador da CMF, Dr. Paulo Fernandes)

Por último, observa-se a dimensão “Económica”, estabelecida em desconformidade com a óptica da promoção económica de cariz plural e por isso mesmo subvalorizada, no sentido em que também ela é essencial para o up-grade de um “outro” desenvolvimento.

PARTE III | ECONOMIA SOLIDÁRIA, PLANEAMENTO TERRITORIAL E

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