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ERA UMA VEZ: RELATO DE EXPERIÊNCIA DESENVOLVIDO POR MEIO DA LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

LITERATURE IN CHILD EDUCATION: A STORY ALWAYS NEEDED TO BE TOLD

3 O USO DA LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

4 ERA UMA VEZ: RELATO DE EXPERIÊNCIA DESENVOLVIDO POR MEIO DA LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

Eis, pois, o relato de experiência na Educação Infantil – EI, da Profa. Terezinha de Jesus Normandes Lanzellotti, cujo contexto contemporâneo e as manobras vivenciadas em sua formação levaram-na a experimentar novas oportunidades e o que de fato, como se constrói o imaginário a cerca das experiências que envolvem a programação e a parte curricular na Educação Infantil.

“A partir de 2012, iniciei um trabalho de mediação em leitura no Programa Prazer em Ler – PPL, promovido pelo Instituto C&A. Este trabalho chegou-me a convite de uma amiga que atuava em um polo de leitura denominado Conexão Leitura, que reúne bibliotecas comunitárias, localizadas em vários bairros da Cidade do Rio de Janeiro, a fim de que estas desenvolvessem ações voltadas à formação de leitores e à promoção da leitura literária.

O PPL, intencionalmente, tem o propósito de atingir metas explícitas ligadas ao trabalho de promoção da leitura que já é desenvolvido por estas bibliotecas comunitárias em alguns Projetos de Arte-Educação e Educação pelo Trabalho, apoiados pelo Instituto C&A. A visão deste Programa aponta à efetivação do direito das crianças e adolescentes, como já foi

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dito, na promoção de a uma educação de qualidade para a construção de uma sociedade participativa, justa e sustentável.

Sua missão é garantir o direito da população do Rio de Janeiro à cultura literária e o acesso ao livro. Após muito trabalho e divulgação, o Conexão Leitura, passou a ser a Rede Conexão Leitura – RCL e disponibilizava mais de 16 mil livros de literatura ao povo carioca, particularmente às comunidades onde o programa está inserido, a saber: na Mangueira, no Complexo da Maré, em Rio das Pedras, no Cerro Corá, na Casa Branca, na Chácara do Céu, no Riachuelo e no Salgueiro.

Com o passar do tempo, a partir de sua atuação em rede nacional, este programa ganhou grande proporção e, atualmente, é um trabalho que objetiva garantir ações políticas voltadas para o fortalecimento e a implementação do Plano Nacional de Leitura e Escrita – PNLE.

Em vista disso, em março de 2015, em Salvador (BA), a Rede Conexão favorece a formação da Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias. Hoje, contribui na rearticulação da Rede de Bibliotecas Comunitárias do Estado do RJ – REBCRIO.

Durante sua caminhada, a rede Conexão Leitura conseguiu criar a Frente Parlamentar do Livro, Leitura e Bibliotecas na Câmara Municipal do Rio, seguindo os passos orientados pelo Plano Municipal do Livro, Leitura e Bibliotecas – PMLLB, a fim de ser um espaço de discussão sobre o plano proposto entre a sociedade civil, os vereadores e o governo municipal.

Foi aí, que iniciei a minha trajetória acadêmica neste espaço, ao motivar a minha relação com o livro e a leitura, onde tive a oportunidade de manter os primeiros contatos com a Educação Infantil nas escolas da Rede Municipal, inseridas no bairro da Maré – onde atuo como professora.

Em 2008, já graduada em Serviço Social pelo Centro Universitário Augusto Motta – UNISUAM – e, consequentemente, foi com esta formação que percebi que a criança requer cuidados e atenção especial para sua formação infantil de forma plena e qualitativa. Em dado momento de minha trajetória, senti a necessidade de uma formação mais específica e voltada para o magistério da Educação Básica, especificamente, o da Educação Infantil.

Neste contexto, busquei esta complementação acadêmica no Curso Normal de Formação de Professores para Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental o Centro Educacional Victor e Wladimir – CEVIW. E, atualmente, uma especialização, lato-sensu,

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em Docência em Educação Infantil, pela Universidade Castelo Branco – UCB, que vem a enriquecer de experiências leitoras o meu currículo e, de certa forma, a minha atuação pessoal e profissional.

Frente a esta contextualização – na qual apresento um pouco de minha experiência e trajetória formativa – evidencia-se a necessidade de ampliar a discussão sobre a literatura na Educação Infantil como uma forma de potencializar práticas educativas que, por meio da leitura literária, alcancem essa formação humana mais completa dos educandos, como preconizado no referido Plano.

A fim de potencializar esta reflexão, eis que se apresenta na seção a seguir uma discussão sobre a primeira etapa da educação básica, a saber: a Educação Infantil, a saber:

Era uma vez um projeto fascinante, multidisciplinar, denominado Sabendo Mais, que desenvolve diversas atividades na promoção do conhecimento literário, linguístico, lógico- matemático, artístico e humanístico junto às escolas da rede pública de educação, particularmente, em comunidades com alta vulnerabilidade social, localizadas no bairro da Maré, fui então, convidada para fazer parte desta equipe. Desse modo, atuo neste Projeto de Educação e Cultura atendendo aos alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental com a missão de ampliar e integrar seus conhecimentos.

O objetivo principal deste projeto foi o de fazer com que as crianças atendidas se tornem capazes de operar sobre seus próprios pensamentos, que façam relações e que, a partir delas, ampliem o seu conhecimento de mundo. Consequentemente, na oficina que desenvolvo, propicio e estimulo as crianças a sentirem o forte desejo pelo saber e que venham a desenvolver habilidades que sejam indissociáveis e relevantes no seu processo de aprendizagem.

Nesses 5 (cinco) anos de atuação neste projeto, percebi muitas das conquistas vivenciadas por esta equipe multidisciplinar, onde foi firmada uma sólida parceria com a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através da 4ª. Coordenadoria Regional de Educação – 4ª CRE, com as escolas da rede municipal, preferencialmente, os Espaços de Desenvolvimento Infantil – EDI e os Centros Integrados de Educação Pública – CIEP.

As escolas, por mim atendidas, são duas: a primeira, trata-se de um EDI onde atendo turmas do pré-escolar, nas turmas do Pré 11 e Pré 12, EI A1, EI A3, EI B1 e EI B2 e a segunda, uma escola do Campus da Maré, atendendo a turmas do ensino fundamental, nas turmas 101A,

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102A, 201B e 202B. Estes atendimentos acontecem uma vez por semana, com duração de 1hora de atividade em cada turma, cujas turmas apresentam o quantitativo de 27 alunos em média.

Salienta-se que o trabalho desenvolvido durante o turno escolar, nestas turmas, busca- se por meio de atividades educativas e culturais, regulares e planejadas influenciar de forma positiva o desenvolvimento integral dessas crianças. A oficina de Linguagem e Literatura, da qual faço parte, tem como tema “O uso da Literatura na Educação Infantil”. A oficina tem por objetivo contribuir com o processo de autoconhecimento, com a construção do conhecimento literário e com as formas pelas quais a criança consegue aprender a ler e a escrever. Nesta perspectiva matriculei-me num curso de Pós-graduação a fim de enriquecimento curricular e profissionalmente”.

Nesse sentido, a partir do que foi vivenciado e relatado pela educadora, com formação pedagógica e com a perspicácia de uma assistente social, é possível afirmar que faz-se necessário, sobretudo, uso da literatura e das atividades com jogos desde a educação infantil (SMOLE; DINIZ; CÂNDIDO, 2000), pois entende-se que o mundo está cada vez mais ilustrado, por mídias, revistas, fatos, fotos, dentre outros e a criança está sujeita a esta visualização e, cada dia mais exposta ao vivenciar determinadas situações que exigem dela uma decodificação de um indicador que ainda não se sentem ou não se fizeram pertencentes. Assim, proporcionar maiores vivências por intermédio de as atividades lúdicas e que auxiliem no desenvolvimento das habilidades necessárias ao processo de alfabetização e do letramento.

O investimento maior na oficina é a motivação em despertar nos alunos e em seus professores o entendimento de suas potencialidades, sempre dialogando com estes professores sobre como é eficaz esta cumplicidade. Neste sentido, empoderar os alunos de suas competências é o pensamento primeiro do Projeto, já que o entendimento de Educação Integral deveria mover nossas ações e escolhas para despertar e fortalecer nas crianças o entendimento de que suas habilidades e inteligências são múltiplas e devem ser usadas em diversas áreas da vida escolar e social. (ANTUNES, 2011, p. 12).

A propósito, neste contexto, em minha oficina de Literatura, apresento histórias rápidas, com texto curtos e com um enredo simples e vivo, aproximando-se, ao máximo das vivências das crianças ouvintes. Os elementos disparadores para o início das conversas e interações nas oficinas são as palavras-chaves, escolhidas pelo grupo e retiradas do universo da

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literatura. O trabalho com figuras – ilustrativas – que explore o som das palavras, ampliando temáticas com as personagens inseridas na coletividade, favorecendo a socialização, sobretudo, para que na escola aconteça.

Esta proposta faz com que seja apresentada, com clareza para as crianças, o que seja esta oficina tendo como ponto de partida o olhar sensível das mesmas. Cada oficina oferecida atende a uma das faixas etárias contempladas pelo projeto, particularmente, para cada uma de suas especificidades, entendidas aqui como; brincadeiras particulares; manifestações corporais; fases do crescimento e desenvolvimento próprio de cada criança, explorando o conhecimento de si e do outro; intencionalmente, incentivando a descoberta dos sons, da musicalidade e da oralidade, a iniciação às artes e às ciências; o que é próprio das experiências perceptivas através dos sentidos e da linguagem.

Desse modo, experimentar a autonomia e autoria na relação com os livros, permite-se que a sala de aula seja um espaço de construção dos saberes e possibilidades de diálogos entre as próprias crianças, o mediador e o livro. De tal forma que aprendendo a serem ouvidas, a se expressarem sem angústia, a ouvir e reconhecerem a figura do outro é que, neste espaço, a relação entre a comunicação e o diálogo se estabelece porque é por meio da linguagem que se criam significados e se estabelecem trocas de experiências. Mesmo porque a concepção de linguagem como forma de interação humana, como o lugar de construção de relações sociais, faz com que os falantes se tornam sujeitos de suas interrelações.