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A evolução da Lei do Estágio no Brasil

THE IMPORTANCE OF SUPERVISED INTERNSHIP IN THE BUSINESS ADMINISTRATION PROFESSIONAL FORMATION

2.1 A evolução da Lei do Estágio no Brasil

A legislação de estágio em vigor, Lei nº 11.788/08 (BRASIL, 2008), sancionada em 25 de setembro de 2008, apresenta embasamento jurídico para que o estágio permaneça como parte do processo pedagógico e formação acadêmica do educando. O Parágrafo 2º do Artigo 1º da legislação do estágio expressa e fundamenta o propósito do mesmo:

§ 2o - O estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho. (BRASIL, 2008).

Em agosto de 1971, a Lei Federal nº 5.692/71 (BRASIL, 1971), que visava fixar diretrizes e bases para o ensino de 1° e 2º graus e dar outras providências, tornou obrigatório o viés profissionalizante da educação de nível médio. Em seguida, em 1972, através do parecer elaborado pelo Conselho Federal de Educação (CFE) nº 45/72 (BRASIL, 1972), o estágio profissional supervisionado se estabeleceu como exigência sine qua non para a formação técnica dos setores primários e secundários, exceto das áreas de serviços.

O processo de regulamentação do estágio profissional supervisionado obteve um marco significativo no ano de 1977 com a homologação da Lei Federal nº 6.494/77 (BRASIL, 1977) – a primeira lei a abordar especificamente o tema. Com este novo decreto, ficou explícita a proposta do processo de estágio.

Para diferenciar as atividades exercidas com base na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) da prática realizada pelo estudante em formação, criou-se a nova Lei do Estagio (Lei Federal nº 11.788/08). Como justificativa para nova proposta de lei, a relatora e então Deputada Manuela D’Ávila afirma que:

[...] ao se assegurar aos estudantes estagiários direitos mínimos aqui propostos, estaremos evitando que os estudantes sejam utilizados como mão-de-obra e

A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO Ingrid Custódio Matheus de Oliveira NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ADMINISTRAÇÃO Larissa Corrêa Gouvêa Matheus Silva da Costa Miriam Nóbrega Pacheco

Rev. Augustus | ISSN: 1981-1896 | Rio de Janeiro | v.25 | n. 50 | p. 130-144 | mar./jun. 2020. 134

estaremos assegurando que a função do estágio na vida acadêmica não seja desvirtuada e sim aproveitada para seu real propósito, inclusive previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96). (BRASIL, 2007).

A lei sancionada em 2008 enfatiza que o estágio é uma via de preparação para o mercado de trabalho, tornando-o responsável pela inserção profissional do estudante – tema ausente na lei anterior. Este viés reafirma o estágio como meio institucionalizado de acesso a experiência de conhecimento prático. (OLIVEIRA; PICCINI, 2012).

O estágio supervisionado é definido em seu art. 1 como: “Art. 1º Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos [...]”. Os parágrafos 1 e 2 do art. 1 também estabelecem que o estágio faz parte do projeto pedagógico do curso em que o estagiário se encontra devidamente matriculado, além de ter como objetivo o aprendizado de competências da atividade profissional, assim como o desenvolvimento do estagiário para a vida cidadã e para o trabalho. Desta forma, é perceptível a importância do estágio supervisionado na formação de um futuro profissional, portanto faz-se necessária uma análise da evolução da lei que formaliza a atividade do primeiro.

A primeira Lei de estágio de nº 6494 surge no Brasil em dezembro de 1977, com o objetivo de formalizar a atividade de estágio supervisionado. Esta lei possuía algumas inadequações, já que permitia que empresas contornassem a legislação trabalhista, fazendo com que as atividades desenvolvidas pelos estagiários não estivessem de acordo com seu desenvolvimento acadêmico, pois não atribuía quase nenhuma responsabilidade de fiscalização as instituições de ensino, deixando maior parte da responsabilidade por parte do estagiário e do concedente do estágio conforme pode-se observar em seu art. 3: “Art. 3º A realização do estágio dar-se-á mediante termo de compromisso celebrado entre o estudante e a parte concedente, como interveniência obrigatória da instituição de ensino.”.

A lei de 1977 também caracteriza-se por não especificar os direitos dos estagiários durante o desenvolvimento de suas atividades de estágio, além de não especificar limites de carga horária para o desenvolvimento das atividades, sendo o horário estabelecido entre a concedente e o aluno, desde que não atrapalhasse seus horários de aula.

Em setembro de 2008 a Lei de nº 6494 é revogada em detrimento da nova Lei de estágio de n

º

11788. Esta nova lei tem como principal diferença a inclusão de maior responsabilidade de fiscalização por parte das instituições de ensino, incluindo-as na celebração

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do termo de compromisso juntamente ao estudante e à concedente, conforme o requisito de seu art. 3: “II – celebração de termo de compromisso entre o estudante, a parte concedente do estágio e a instituição de ensino”.

Outras mudanças importantes trazidas pela nova lei de estágio se referem a alguns direitos garantidos ao estagiários: limitação da jornada da atividade de estágio para 6 horas diárias e 30 horas semanais, com exceção de cursos onde a teoria e pratica se alternam, nesses casos podendo a jornada chegar a 40 horas semanais; obrigatoriedade de pagamento de bolsa e de auxílio-transporte em caso de estágio não obrigatório; redução da carga horária do estagiário em dias de avaliações estabelecidas pelas instituições de ensino; acompanhamento das atividades desenvolvidas pelo professor orientador estabelecido pela instituição de ensino; estabelecimento de limite máximo de 2 anos de duração do estágio na mesma parte concedente, com exceção de estagiário portador de deficiência; e garantia de recesso remunerado de 30 dias sempre que o estágio tenha duração superior a 1 ano, recesso esse preferencialmente gozado durante as férias escolares do estagiário.

O aumento das demandas por qualificação e experiência no mundo do trabalho amplia a abrangência de tempo e conteúdo dos estágios (TREVISAN; WITTMANN, 2002). Desta forma, percebe-se uma mudança drástica da Lei de estágio de 1977 para a de 2008, adaptando a realidade do estágio a realidade pedagógica e produtiva necessária para a formação de profissionais brasileiros.