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Escalas Breves sobre Diversas Perspectivas da Morte

CAPÍTULO III – Análise e Interpretação dos Dados

2. Análise ao conteúdo das entrevistas

2.5. Escalas Breves sobre Diversas Perspectivas da Morte

A aplicação das Escalas Breves sobre Diversas Perspectivas da Morte decorreu nos meses de Dezembro de 2012 a Março de 2013, com o cuidado de explicar as questões, quantas vezes as necessárias, para que o idoso a entendesse e respondesse. Foi de difícil aplicação pela quantidade de itens e necessidade de explicarmos vários deles, como Barros-Oliveira e Neto (2004) referem que na sua aplicação exige-se certa cultura. A escala encontra-se no ANEXO 3.

Quanto às medidas de tendência central verificadas para os 43 itens, temos uma média de 201,48, uma variância de 461,84 e um desvio padrão de 21,49% (Quadro nº 46).

Quadro nº 46 - Valores de validade e de medidas de tendência central e dispersão para a idade das Escalas Breves sobre

Diversas Perspectivas da Morte

SS VA MI MD MA MC MF MN Casos Validos 35 35 35 35 35 35 35 35 Excluídos 0 0 0 0 0 0 0 0 Media 29,20 29,20 18,49 30,17 20,54 27,09 24,26 22,54 Mediana 30,00 31,00 17,00 30,00 21,00 27,00 25,00 24,00 Variância 27,341 47,871 24,257 19,440 32,373 36,257 18,432 3,373 Desvio Padrão 5,229 6,919 4,925 4,409 5,690 6,021 4,293 1,837

Nota: SS = Sofrimento e Solidão; VA= Vida Além Recompensa; MI = Morte com Indiferença; MD = Algo Desconhecido; MA = Abandono dos que dependem de nós com culpabilidade; MC = Morte como Coragem; MF = Morte como Fracasso; MN = Morte como Algo Natural.

Quanto à sua aplicação, verificámos 100% na validade dos itens aplicados, de acordo com o Quadro nº 46, verificou-se diferenças estatisticamente significativas entre as oito subescalas, com uma média que variou entre os M=18,49 na escala MI a M=30,17 na escala MD, com mediana que variou de Md=17 na escala MI a Md=30 na escala MD. Uma variância de V=47,871 na escala VA e V=3,373 na escala MN e o desvio padrão entre DP=1,837 (MN) e DP=6,919 (VA).

Antes da análise dos resultados das Escalas Breves sobre Diversas Perspectivas da Morte foi efectuada uma análise psicométrica baseada na consistência interna avaliada pelo Alpha de Cronbach (α).

Quadro nº 47 - Alpha de Cronbach das Escalas Breves sobre Diversas Perspectivas da Morte

Alpha de Cronbach Alpha de Cronbach Baseado nos Itens Estandardizados

N de Itens

,826 ,844 43

A consistência interna global obtida das Escalas Breves sobre Diversas Perspectivas da Morte foi de 0,844 (Quadro nº 47), e as diferentes dimensões apresentam valores entre 0,527 e 0,822 (Quadro nº 48), revelando assim uma boa consistência interna a nível global.

Quadro nº 48 - Alpha de Cronbach dos itens estandardizados das Escalas Breves sobre Diversas Perspectivas da Morte

Alpha de Cronbach Alpha de Cronbach

Baseado nos Itens Estandardizados N de Itens

SS ,618 ,627 6 VA ,810 ,822 6 MI ,520 ,527 5 MD ,618 ,638 6 MA ,743 ,739 5 MC ,766 ,766 6 MF ,640 ,617 5 MN ,777 ,774 4

Nota: SS = Sofrimento e Solidão; VA= Vida Além Recompensa; MI = Morte com Indiferença; MD = Algo Desconhecido; MA = Abandono dos que dependem de nós com culpabilidade; MC = Morte como Coragem; MF = Morte como Fracasso; MN = Morte como Algo Natural.

A nível das subescalas, todos os valores de consistência interna situam-se acima dos 0,60, excepto na dimensão: MI: que: apresenta: um: α=527. Foi observado para as restantes subescalas o valor de α:=,810 para a subescala VA, α:=,777 para a subescala MN, α:=,766 para a subescala MC revelando uma boa consistência interna por apresentar valores elevados (Quadro nº 48).

Valores um pouco abaixo dos encontrados no estudo de validação do questionário, com uma amostra heterogénea, realizado pelos autores, cujos resultados foram para os oito factores de: SS (α:=:083):VA (α:=:094):MI:(α:=:084):MD:(α:=:086):MA:(α:=:083):MC:(α:=: 083):MF:(α:=:087):MN:(α:= 0,78) (Barros-Oliveira & Neto, 2004), embora se verifique uma boa consistência interna neste estudo.

Quadro nº 49 - Correlações entre as oito subescalas das Escalas Breves sobre Diversas Perspectivas da Morte e variáveis

sociodemográficas

SS VA MI MD MA MC MF MN Género Idade Religião Estado

civil Habilitaçõe s literárias SS 1 VA ,292 1 MI -,176 ,052 1 MD ,284 ,125 -,391* 1 MA ,354* -,157 -,176 ,460** 1 MC ,398* ,458** -,033 ,425* ,406* 1 MF ,351* ,088 -,482** ,548** ,590** ,604** 1 MN -,012 -,013 ,094 ,235 ,295 ,177 ,194 1 Género ,179 -,017 -,306 ,459** ,146 -,007 ,148 ,100 1 Idade ,153 ,372* -,070 ,276 -,013 ,155 ,181 ,151 ,099 1 Religião -,206 -,357* ,230 -,480** -,047 -,349* -,091 -,241 -,198 -,550** 1 Estado civil ,083 -,060 -,200 ,307 ,006 ,087 -,011 -,104 ,209 ,253 -,421* 1 Habilitações literárias -,296 ,216 -,061 ,015 -,242 -,101 ,027 -,049 ,028 -,189 ,229 -,474** 1 Nota: SS = Sofrimento e Solidão; VA= Vida Além Recompensa; MI = Morte com Indiferença; MD = Algo Desconhecido; MA =

Abandono dos que dependem de nós com culpabilidade; MC = Morte como Coragem; MF = Morte como Fracasso; MN = Morte como Algo Natural.

* Correlaçãosignificativa para nível 0.05; ** Correlação significativa para nível 0.01

Ao analisar a correlação entre as Escalas Breves sobre Diversas Perspectivas da Morte e as suas 8 dimensões (Quadro nº 49), verifica-se a existência de associações moderada a alta e estaticamente significativas entre cada dimensão e a escala global, variando estas entre r=,520 e r=,810, com maior destaque nas dimensões Vida Além da recompensa (VA), Morte como algo Natural (NM), Morte como Coragem (MC), Abandono dos que dependem de nós com culpabilidade (MA).

Da análise dos resultados, quanto às correlações das oito subescalas entre si, podemos destacar as associações mais satisfatórias, que apontaram um nível de significância do estudo de:p:≥:001

 uma moderada correlação positiva entre a Morte como Fracasso (MF) e Morte como Coragem (MC) com r=,604; a Morte como Fracasso (MF) e o Abandono dos que dependem de nós com culpabilidade (MA) com r=,590; a Morte como Fracasso (MF) e Algo Desconhecido (MD) com r=,548; o Abandono dos que dependem de nós com culpabilidade (MA) e Algo Desconhecido (MD) com r=,460; e a Morte como Coragem (MC) e Vida Além Recompensa (VA) com r=,458.

Dados que estão relacionados com o estudo de Alves (2008, p. 80) quando menciona o seu medo da morte através da afirmativa: “Mas:eu:tenho:medo:do:morrer:Pode:ser:doloroso:O: que eu espero: não sentir dor. (). Quero também estar junto das coisas e das pessoas que me dão:alegria”. Pelo que o desprendimento deste mundo que se conhece ser de difícil aceitação e considerado como um fracasso na luta da vida, além da importância que se dá a quem se ama;

Da análise dos resultados, quanto às correlações das oito subescalas entre si, podemos destacar as associações mais satisfatórias, que apontaram um nível de significância do estudo de p:≥:005

 uma moderada correlação positiva entre a Morte como Coragem (MC) Algo Desconhecido (MD) com r=,425; a Morte como Coragem (MC) Morte como Sofrimento e Solidão (SS) com r=,398; o Abandono dos que dependem de nós com culpabilidade (MA)

Morte como Sofrimento e Solidão (SS) com r=,354; a Morte como Fracasso (MF) Morte como Sofrimento e Solidão (SS) com r=,351.

Correlações concordantes com o pensamento de Moody e Arcangel (2006, p. 91) que narram, ser

comum que os sobreviventes à perda se apoiem nas suas doutrinas religiosas para trazerem uma certa ordem ao caos do sofrimento. Essas pessoas procuram esperança, conforto, compaixão nos sermões que escutam, nas leitras que fazem das escrituras, e na comunidade religiosa em que estão inseridas. Infelizmente, contudo, as pessoas em luto só encontram medo e perseguição nos universos religiosos.

Da análise dos resultados, quanto às correlações positivas das oito subescalas e as variáveis sociodemográficas, podemos destacar as associações mais satisfatórias, que apontaram um nível de significância do estudo de p <.01e p <.05:

 Género - moderada correlação positiva com a Morte como Desconhecido (r=,549; p <.01);

 Idade - moderada correlação positiva com a Morte como Vida do Além e Recompensa (r=,372; p <.05).

Relativamente à correlação entre a Perspectiva de Morte e a Escala Geriátrica de Depressão (GDS-30), como se pode observar através do Quadro nº 50, a depressão relaciona- se de forma moderada e positiva com a dimensão Sofrimento e Solidão (r=, 353; p<. 05). Assim, os dados sugerem uma moderada relação directa entre o sofrimento, abandono de quem se ama e a culpa perante a morte associa-se a sinais depressivos.

Quadro nº 50 – Correlações entre as oito subescalas das Escalas Breves sobre Diversas Perspectivas da Morte e a GDS-30

SS VA MI MD MA MC MF MN GDS-30 SS 1 VA ,292 1 MI -,176 ,052 1 MD ,284 ,125 -,391* 1 MA ,354* -,157 -,176 ,460** 1 MC ,398* ,458** -,033 ,425* ,406* 1 MF ,351* ,088 -,482** ,548** ,590** ,604** 1 MN -,012 -,013 ,094 ,235 ,295 ,177 ,194 1 GDS-30 ,353* -,234 -,120 ,152 ,006 -,197 ,001 -,238 1

Nota: SS = Sofrimento e Solidão; VA= Vida Além Recompensa; MI = Morte com Indiferença; MD = Algo Desconhecido; MA = Abandono dos que dependem de nós com culpabilidade; MC = Morte como Coragem; MF = Morte como Fracasso; MN = Morte como Algo Natural.

* Correlação significativa para nível 0.05 ** Correlação significativa para nível 0.01

3. Discussão dos resultados e verificação das questões de